Beautiful Nightmare escrita por AnneNeveu


Capítulo 1
Onde tudo começou




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Dei uma olhada ao meu redor e contemplei minha nova casa. Finalmente, estava tudo em ordem. Casa limpa, armário organizado, todos os móveis no lugar.

– Terminei, aqui. Posso, por favor, tomar um banho? - Gritei para minha mãe que regava as plantas no jardim.

– Vai lá, filha - Lily sorriu docemente. O cabelo loiro caía sobre os ombros muito brancos, cobrindo a tatuagem na nuca em que se lia "Charles", nome de seu primeiro e único amor. - Você merece um descanso.

Apesar do trabalho semi-escravo que ela me forçou a fazer, não conseguia ficar chateada com minha mãe. Bastava olhar para aquele par de olhos grandes e redondos pra qualquer vestígio de irritação ir embora. Era quase como olhar para um bebê, ou um filhotinho. Larguei a vassoura de lado e fui em direção ao meu novo quarto. Pôsters de bandas de rock cobriam a parede cinza, destoando com o tom feminino do tapete felpudo cor de rosa. A cama king-size estava forrada com um dos lençóis de linho da mãe, que brilhavam de tão brancos. Em cima da cabeceira, porém, estava o único objeto do recinto que realmente chamava a minha atenção. O quadro de fotos mostrava cenas felizes com amigos e familiares, mas não me lembrava mais o motivo dos meus tantos sorrisos. No centro do quadro havia a imagem mais preciosa, minha foto com o papai, a última que eu tirei antes de ele falecer. Aquele aperto conhecido voltou ao meu peito, as lágrimas se empurravam para sair. Fazia apenas um mês. Um mês desde que meu herói se fora, sem despedidas, sem explicações. Sumiu sem deixar rastro algum, apenas a dor que queimava dentro de mim. Seu corpo foi achado poucos dias depois do desaparecimento, carregando consigo a única pista de quem era seu verdadeiro agressor: Dois furos pequenos no pescoço, e um corpo drenado de sangue.

Balancei a cabeça para sair do transe. Sempre ficava assim quando lembrava do papai. Eram tantos sentimentos juntos que eles tomavam conta do meu racíocinio e expulsavam minha capacidade de pensar. Saudade, raiva, dor, confusão. Tudo junto num sentimento que não tem nome, mas possuía a capacidade de me deixar atordoada. Levantei o colchão superior e tateei em busca da minha salvação. Ali estava, prestes a remover todo o meu sofrimento, dezenas de mini-garrafas de bebida. Big apple, vodka, tequilla... Bebida para todos os gostos. Peguei uma das garrafas e escondi no meio dos sais de banho que estava levando no colo. Agora sim eu iria relaxar de verdade.Entrei na banheira borbulhante e coloquei os fones de ouvido no máximo. De olhos fechados inspirei fundo, tentando reconhecer as essências que havia colocado na água. Baunilha, jasmim e, é claro, verbena. Esta estava presente em todos os meus banhos e bebidas desde que eu descobri o que matou meu pai. Digo 'o que' ao invés de 'quem' porque o assassino não era um humano propriamente dito, apesar de, para os menos observadores, se parecer com um. As diferenças são muito significativas, porém imperceptíveis caso não se esteja procurando por elas. Essa criatura que matou meu pai tem grave intolerância a luz solar, uma dieta um tanto limitada (e bizarra), e não pode entrar onde não foi chamada. Ela é rápida, forte, seus sentidos são extremamente aguçados e ela possui a estranha capacidade de influenciar os pensamentos alheios. Essa criatura é imune ao tempo, sem a ajuda de nenhum produto de beleza sua aparência permanece intacta, e sua saúde é de ferro. Talvez por isso ela seja considerada imortal. Ah não ser, é claro, que você tenha a brilhante ideia de enfiar uma estaca de madeira em seu peito sem vida. Meu pai foi morto por um mito, uma lenda, uma criação da imaginação humana, que no entanto foi real o suficiente pra sugar a vida do corpo de quem eu mais amava. O assassino do meu pai era, nada mais, nada menos do que um vampiro.


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