“(...) A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. (...)”  

Já se passava das onze horas da noite e eu não tinha escrito mais que cinco linhas da minha redação que a professora Murphy me mandara fazer para a aula de amanhã. Meu olhar cansado sobre a tela do computador me fazia pensar que eu deveria estar na cama. Eu já poderia ter escrito o texto, caso tia Susana não me desse uma lista de afazeres para fazer antes que ela chegasse a casa. Eu e Luce só terminamos todas as coisas da lista quando Steve e Mel chegaram a casa para jantar conosco, e lá se vai mais tempo desperdiçado. Aposto que Luce também estava acordada fazendo as questões que o seu professor de física havia pedido. Mel pelo que tinha nos falado, já estava em dia com todas as obrigações escolares.

Era engraçado o fato de Mel ser mais nova que eu e Luce, e mesmo assim frequentar aulas mais avançadas – tipo algumas aulas da minha turma. Steve me explicou que aqui em Londres, valorizam-se muito as notas escolares. Diferente do Brasil, você poderia optar por fazer parte de uma aula avançada e escolher com qual professor você tomaria aquela matéria, caso suas notas fossem altas. Normalmente, matérias onde se tinha os melhores professores, as turmas se enchiam mais rápido. Como eu não sabia quais professores eram bons, confiei nos conselhos de Luce. Devo admitir que a maioria era realmente ótimos, porém, certos profissionais, como a professora Murphy pareciam que queriam matar o aluno de medo e de deveres.

“(...) O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas)  e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. (...)”

Forcei a me concentrar na pesquisa que sobre o tema. Queria dizer que eu gostava muito de História, bom, eu gostava até conhecer a minha professora. De fato, ela velhinha já tinha presenciado toda a história da humanidade. Ok, ela nem era tão velha assim. Consegui escrever mais algumas linhas, mas parecia que meu corpo estava presente e minha mente vagava em algum lugar distante dali. Aliás, nem tão distante assim. Eu ainda pensava no episódio com Ashley mais cedo. Era comum eu ficar meio... Desconfortável e um pouco triste com as provocações dela, e aposto que qualquer um, por mais que se disse que era forte, ficaria no mesmo estado que eu se fosse tachada como ridícula e idiota.

O pior nem era isso. Era saber que ela e sua turma me julgavam por eu estar com o Harry, e não por quem eu realmente era. No fundo, eu entendia o que ela sentia, afinal, eu também sou Directioner.  Quando soube que o Zayn, Liam e Louis estavam namorando senti ódio das namoradas deles e queria que eles terminassem. Mas tudo isso acontecia porque eu gostava muito deles. Porém, eu acabei aceitando e respeitando, e hoje, sou louca pela Eleanor, Danielle e Perrie. Sei que elas devem ter passado pelo que eu passei no inicio, mas depois de um mês juntos, eu pensei que isso já teria diminuído. Doce ilusão a minha.

Ashley nunca tinha visto os meninos pessoalmente, o máximo que tinha chegado perto deles foi em shows. Uma vez, segundo Jenna, Harry teria respondido uma tweet dela, consequentemente, a deixou eufórica que imprimiu a pagina e saiu mostrando a todos do colégio. Desse dia em diante, Ashley tinha seu mais novo favorito da banda: Harry Styles. Ela liderava um fã clube deles na escola, e desde a minha entrada no colegial ela tinha dedicado seu todo a me atormentar junto com suas amigas. Suspirei alto em meu quarto, e olhei para a tela do computador. Mordisquei os lábios e abri outra pagina na internet e digitei o endereço do twitter.

Depois de quase duas semanas sem entrar com medo da última visualização que eu tinha visto sobre mim e Harry, eu queria novamente ver o que estava acontecendo naquele universo cibernético. Digitei meu endereço e senha e não demorou muito para minha página do twitter abrir. Eu agora tinha 766.884 mil seguidores, nervosa digitei Nina Carter e cliquei em buscar. As cinco primeiras tweets me deixaram espantadas.

“Não dou mais que 2 meses para Harry terminar o com a Nina Carter, aquela asquerosa!”

“NINA CARTER SAI DE PERTO DO MEU BEBÊ VOCÊ NÃO MERECE ELE!”

“Só eu acho que a Nina Carter é burra, ridícula e feia?”

“HONESTAMENTE? Sou mais bonita que a Nina Carter. Harry tá acostumado com pouco.”

“ PUTA FEIA SEM NOÇÃO, EU TE ODEIO NINA CARTER! MORRA!”

Ok, já foi o bastante. Fechei rapidamente a janela no computador e fiquei sem acreditar. Aquelas palavras iriam me torturar pelas próximas 24 horas. Eu teria sorte se eu conseguisse dormir hoje. Eu sou tão feia assim? Insuportável assim? Com tantas pessoas falando isso, eu já estava me convencendo que era isso mesmo. Forte. Você precisa ser forte. Logo, logo tudo isso terminará e elas irão lhe aceitar como aceitaram as outras meninas. Era só questão de tempo, eu precisava simplesmente esquecer tudo e...

A janelinha do Skype abriu e logo aquele som de chamada de vídeo tomou posse do meu quarto. Sorri timidamente por ver quem era. Não demorei em atender a chamada e alguém com cabelos cacheados e olhos incrivelmente verdes aparecer do outro lado da linha. Harry tinha um sorriso largo em seus lábios, e pelo que eu pude perceber ele parecia estar em seu apartamento.

- Isso não horas de você está acordada? – Ele perguntou me provocando. – Pensei que tinha aula amanhã.

- E tenho. Mas a minha professora me mandou fazer uma redação de 500 palavras para amanhã.

- Me deixa adivinhar, é aquela professora baixinha que você disse que veio da pré-história?

- Essa mesma! Ela não gosta de mim, estou lhe dizendo.

- O que você fez para ela fazer isso? – Harry quis saber.

- Fiquei um pouco dispersa na sala e não soube a resposta para uma pergunta dela. – Corei por ele começar a rir.

- Dispersa? Pode falar que estava pensando em mim, baby. – Ele continuava rindo.

- Convencido você, hein? – Dei língua. – E você, porque está acordado essa hora?

- Cheguei agora do ensaio fotográfico que te falei, e resolvi entrar um pouco aqui para responder algumas perguntas das fãs. – Ao mencionar a palavra “fãs” eu fiquei tensa e não falei nada. – Nina? Tá bem? Você parece que viu um fantasma...

- E-eu estou bem... É só cansado aposto. – Tentei sorrir. – E sono também.

- Vai te deixar feliz se eu te contar o que estou planejando para esse final de semana?

- Depende. É coisa boa?

- Se você acha que ir à praia boa, tudo bem. – Ele sorriu do outro lado, fazendo aparecer àquelas covinhas que eu tanto amava.

- Vamos à praia? Eu tô precisando mesmo pegar uma corzinha. – Brinquei.

- A família do Louis tem casa lá, e nós vamos. Eu, você, Mel, Luce, Josh, Niall, Zayn, Perrie, Louis, Eleanor e Liam e Dani.

- A casa vai dar doze pessoas? Mais os pais de Louis? – Fiquei preocupada.

- Pais? Não vai ter pais de ninguém. Só a gente. – Um sorrisinho malicioso brotou de seus lábios. – Tem quarto suficiente para quatro casais. Já reservei o nosso.

- Calma, um bando de garotas e garotos em uma mesma casa sem um responsável? – Ao ouvir o que Harry disse fiquei vermelha. – Nosso? Não vamos dormir juntos. Você dorme na sala.

- Qual é, baby! Cada um vai dormir com suas namoradas, porque eu não posso dormir com a minha?

Porque eu sou virgem e não estou preparada para isso ainda! Pensei comigo mesma, porém apenas respondi:

- Porque não. Mel não vai dormir com o Niall, eu tenho certeza e Luce também não vai dormir com Josh.

- Niall recebeu um não da Mel, mesmo. Não sei de Luce e Josh. – Ele pausou. – Vai me deixar dormir sozinho?

- Você vai dormir com Niall e Josh. Não vai estar sozinho. – Ponderei.

- Não tô acreditando nisso. É uma brincadeira né? Me diz que é.

- Bom, essa é a condição que eu aposto que a tia Susana vai exigir caso ela deixa a gente ir.

- Tá. Tá. Tudo bem. – Harry revirou os olhos. – Mas podemos dizer que vamos fazer uma coisa e fazer outra. Ela nem vai estar lá.

- Harry...

- Já entendi, já entendi. – O notei suspirando do outro lado. – Vocês vão matar a gente qualquer dia desses.

- Ninguém nunca morreu por isso. Ei, quando vamos nos encontrar? Estou com saudades.

- Acho que só no final de semana, tá complicado esses dias. Também estou morrendo de saudades de você. Pode ir preparando esse maxilar para nossa viagem, viu?

- Ai Meu Deus! – Começamos a rir juntos. – Não acredito que finalmente vou conhecer as meninas.

- Aham, e aposto que você vai adorá-las mais do que já gosta. Olha só, eu te pego sábado de manhã na sua casa, ok?

- Certo. Vamos só nós dois ou vai ter mais alguém? – Indaguei.

- Nós dois. Niall vai levar a Mel e aposto que Josh vai querer ir de moto com a Luce. Os meninos tem seus próprios carros e tudo mais.

- Tudo bem, então. Agora o próximo passo é convencer tia Susana. – Olhei o horário, já eram quase doze e meia da noite. – Amor eu tenho que ir agora. Preciso terminar a redação e arranjar tempo de dormir.

- Também acho que já vou, tô cansado. Amanhã eu te ligo. Te amo.

- Também te amo, Harry.

Eu estava meio desconfortável com essa viagem, quero dizer, nunca tinha viajado sozinha com nenhum namorado que eu tinha tido – se é que o que eu tinha poderiam serem chamados de namorados – e agora eu iria passar o final de semana na praia com Harry numa casa sem nenhum adulto. Alguma coisa me dizia que isso não iria prestar. Principalmente por ele pensar que pode dormir comigo. Eu não estava preparada para aquilo, dormir com Harry era o que muitas garotas queriam e eu estava cheia de medo. Obriguei-me a focar em minha redação, afinal, eu tinha menos de sete horas para terminar e conseguir dormir. O assunto sexo poderia esperar.