Era diferente quando eu não namorava Harry Styles, quando eu morava no Brasil e toda essa loucura de Londres não me perturbava. Eu sentia saudades de poder entrar no twitter e escrever besteiras quaisquer porque eu sabia que ninguém iria ligar, sentia saudades de poder ir para qualquer lugar e não me preocupar com o que as pessoas achariam da minha roupa ou o que falariam de mim. Com certeza, era a privacidade e respeito às coisas que eu mais sentia falta. Mas também, estar com o Harry me trouxe tantas coisas boas... Nossos momentos juntos eram incríveis, o jeito como ele me fazia rir, o seu sorriso e até sua cara emburrada. Eu estava dividida.

Foi difícil eu conseguir despistar os paparazzi que ainda estavam em frente a minha casa para me encontrar com o Harry. Mas admito que foi mais difícil ainda entrar no táxi e seguir o caminho do complexo onde os meninos moravam. Eu sentia que iria gritar e chorar ao mesmo tempo e sair correndo daquele veículo. Eu estava nervosa. Era a primeira vez que eu veria Harry depois daquele dia turbulento do meu aniversário – cujo acontecimento eu ainda queria esquecer – de qualquer forma, eu não sabia como ele estava. Eu queria que isso acabasse logo, eu não queria mais sentir o que eu estava sentindo.

Dentro de vinte minutos, eu visualizei o condomínio onde os meninos moravam. Eu não ia muito para lá, apesar de Harry sempre fazer questão de me levar. O apê do Harry – como ele gostava de chamar o seu cantinho – ficava ao lado da residência do Louis. O lugar mantinha cores discretas e era grande. Sai do carro com meu coração pela boca, e paguei o taxista. Olhei para o chão antes de me aproximar da porta. Você vai fazer o que é certo, Nina. Coragem! Tais palavras tomaram conta da minha cabeça e sentindo com um pouco de coragem, andei até a porta e bati. Harry não demorou em abrir a porta, ele usava short azul, com uma camisa com as mangas dobradas de mesma cor. Ainda estava com sua toca favorita. Era exatamente como antes, com a exceção da expressão cansada e triste que demonstrava.

- Oi.

- Oi. – Harry não olhava para mim, pelo menos não diretamente. – Aham... Entra.

Eu odiava o fato dele não me olhar nos olhos e também parecer tão triste. Adentrei a casa como Harry tinha pedido. Os moveis, fotos e quadros estavam exatamente no mesmo lugar desde a última vez que eu tinha vindo aqui. A casa de Harry era completamente moderna, apesar daquela bagunça comum de qualquer garoto. Nós no sentamos no sofá cor de vinho e largo que existia na sala de estar. Por um longo tempo, o silencio predominou entre nós até eu ter coragem de falar a primeira coisa que tinha vindo à minha cabeça.

- Temos que conversar. – Nossa, que inteligente, Nina!

- É, eu sei. Você me parece bem.

- Não... – Eu sorri sem graça – Eu pareço bem mais não estou.

- Devo te pedir desculpas por isso.

- Harry, não foi sua culpa. Na verdade, era eu quem deveria estar te pedindo desculpas. Eu agi de cabeça quente, estava estressada e chateada e... Acabei descontando tudo em você. Eu nunca deveria ter dito o que disse... Desculpe.

- É verdade que você não sabe se gosta de ser minha namorada? – Harry rebateu ignorando tudo que eu disse antes.

- Já disse que eu estava em péssimo estado então falei tudo que não deveria. – Suspirei. – Você pode me perdoar?

- Acho que se eu te perdoar não vai adiantar muita coisa. – Harry me olhou nos olhos. – Eu já sei a onde essa conversa vai dar, Nina.

 Agora eu entendi porque ele não estava me olhando. No momento em que vi os olhos de Harry, senti que os meus estavam se enchendo de lágrimas. Os olhos de Harry estavam vermelhos e um pouco inchados, o que demonstrava que ele havia chorado. O olhar era tão expressivo que eu poderia sentir a dor que eles transmitiam como se fosse algo palpável. Senti meu estomago embrulhar, meu instinto gritava para eu ir abraçá-lo, confortá-lo, e dizer que tudo iria ficar bem, mas, não iria.

- Eu amo você. Eu acho que nunca senti o que sinto por você por qualquer outra pessoa. Você apareceu de repente na minha vida e se tornou tão especial... Foi grande sorte, encontrar você e os meninos nessa cidade grande. Tivemos tantas coisas boas juntos...  – Nessa altura, eu sabia que algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto. – Eu pensei que eu era forte para ficar com você sem me importar com o que as pessoas falam, mas... Eu acabei descobrindo que eu sou uma fraca. – Eu desviei o olhar dele. – Não consigo mais aguentar isso... Eu não pertenço a esse seu mundo.

- Você pertence sim! Vamos enfrentar isso juntos! Eu também amo você, eu quero que você fique. É tão difícil? – Harry não derramou nenhuma lágrima, mas eu sabia que estava se segurando. – Eu não quero te perder.

- Você nunca vai me perder. Eu sempre serei sua independente do que aconteça. – Eu tentei sorrir. – Eu quero que você deseja feliz, quero que conquiste o mundo com sua voz! Quero que tenha um futuro brilhante... E nesse futuro não tem espaço para mim. Harry Styles precisa de alguém igual a ele, não de uma estudante que as fãs odeiam.

- Isso quer dizer que... Se eu fosse uma pessoa normal... Nós ainda poderíamos estar juntos. – Aquilo não foi uma pergunta, mas eu concordei mesmo assim. – Não posso pedir mais que fique. Você deixou bem claro que não quer.

- Harry não é que eu não queira...

- É sim! – Ele elevou a voz. – Se me amasse mesmo, enfrentaria tudo isso comigo! Você sabia que seria isso quando aceitou namorar comigo. Quando as pessoas se amam, elas devem ficar juntas. Independente de tudo e todos! Admita, você deixou de lutar.

- Não vamos terminar brigando... Por favor.  

- Não há briga onde uma decisão já está tomada. – Harry suspirou fundo. Sua expressão tão fria quanto suas palavras. – Acho que a nossa história é igual à de Romeu e Julieta. Fardada a um final trágico. Eu queria que fosse diferente.

Aquelas palavras pareciam tão afiadas quanto uma faca. Harry estava com raiva e meu coração dizia para eu voltar para ele. Mas eu não queria prejudicá-lo, não queria que ele brigasse com as fãs por minha causa, não queria que elas deixassem de gostar dele por causa de mim e odiava o fato daquelas meninas do banheiro terem razão. Foi então que eu percebi o que eu estava fazendo. Eu estava abrindo mão da minha felicidade para deixar ele feliz. Mesmo que doesse agora, Harry teria tudo de volta. O carinho das fãs, as inúmeras campanhas e – eu odiava pensar nisso – alguém boa o suficiente para ficar com ele. É para o seu bem, Harry, pensei.

- Posso pedir uma coisa? – O tom que Harry usou me deixou com um aperto no coração.

- Depende.

- Um último beijo?

Eu fiquei olhando o seu rosto. Ele parecia vulnerável e duvido que eu parecesse mais forte que ele. Mesmo sabendo que era melhor não beija-lo, eu não consegui. Quando dei por mim, meus lábios estavam grudados ao dele, e no momento que fiz isso, soube que eu iria sentir tanta falta disso. Os lábios de Harry eram tão macios, e ele me beijava com tamanha delicadeza que eu nem percebi que ainda estava chorando. Minhas mãos acariciaram sua face eu queria ter uma última boa lembrança de nós dois. Queria me lembrar como era sentir a respiração dele perto da minha, de como meu coração de comportava quando ele estava por perto. Assim como todas as coisas, nosso beijo teve fim. Eu não queria sair de perto dele e ele também não queria sair de perto de mim. Era como se tivéssemos um imã que impedia que nós nos afastássemos.

- Eu lamento por isso tudo. – Engoli o choro. – Será melhor assim, você vai ver.

- Já falou tudo que queria? Tem um evento para eu ir mais tarde. – Harry se afastou bruscamente de mim. – A única coisa boa nisso tudo é que eu vou poder curtir a minha vida sem me preocupar com nada agora. Irei aproveitar o máximo.

- Não quero te atrapalhar mais. – Falei rapidamente já me levantando. – Boa sorte com a banda.

Ele não falou nada antes deu me aproximar da porta, quando minha mão já se encontrava na fechadura. Ele falou duas palavras me instantaneamente fizeram que escorre lágrimas em minha face. Droga! Chega de chorar!

- Cuide-se, Nina.

- Cuide-se também Harry.

Eu não me virei para encará-lo, não queria que ele percebesse que eu estava chorando. Mentalmente eu adicionei algumas palavras àquela nossa última conversa: Eu nunca vou deixar de amá-lo. Mas quando você ama alguém verdadeiramente, você sacrificaria qualquer coisa para o melhor daquela pessoa. Eu sabia que ele ficaria melhor sem mim. Sem uma garota idiota para atrapalhar a sua carreira. Ao achar o táxi, adentrei rapidamente dizendo o endereço da minha casa. Porém, quando o velho taxista ligou o rádio – por ironia do destino – estava tocando Last Kiss, a música da Taylor Swift. Esquecendo que eu estava em um táxi com um motorista que eu nem sabia quem era, eu comecei a chorar.

And I'll go sit on the floor (E agora eu sentarei no chão)

Wearing your clothes (Vestindo as suas roupas)

All that I know is I don't know (Tudo que eu sei é que eu não sei)

How to be something you miss (Como ser algo que você sinta falta)

I never thought we'd have a last kiss (Eu nunca pensei que teríamos um último beijo)

Never imagined we'd end like this (Eu nunca imaginei que acabaríamos assim)

Your name, forever the name on my lips (O seu nome para sempre o nome nos meus lábios)

Junto com aquela triste melodia, eu me sentia totalmente despedaçada e perdida.