Always At Your Side - Season 2 escrita por Ágatha Geum


Capítulo 3
Desculpa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem..
Eu ia postar ontem mais a mer** da net não pegou e deu error...
Mas tá ai...
Obrigada pelos comentários e boa leitura...



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April e Damon não demoraram muito para chegar à casa do rapaz. O local estava escuro e as janelas estavam embaçadas por causa do frio intenso que fazia do lado de fora. Ao acender a luz, ambos se deram conta de que não havia ninguém. Nenhum ruído foi escutado e nem o costumeiro escândalo que Stefan fazia toda vez que estava presente. Era provável que o melhor amigo estivesse enrolando em algum lugar para se distrair com relação aos acontecimentos no ensaio final do casamento de Bonnie.

Damon ficou desolado com o comportamento de Elena. Nunca imaginou que algum dia a veria agir daquela maneira. Ela parecia uma maluca, sem estribeiras. Ao lembrar-se dela, lembrou-se também do acordo que tinha feito com Bonnie antes de ir embora e sentiu um incômodo dentro do peito. A namorada parecia destemida a evitá-lo por motivos que ele já sabia que era sua culpa. Fazia semanas que ele e ela não colocavam as cartas na mesa e, toda vez que tentava se aproximar da morena, ela se afastava com alguma desculpa.

A única pessoa que poderia lhe dizer o que acontecia com Elena era Bonnie mas nem ela conseguiu ajudar. Pensar que a namorada poderia estar depressiva, jamais lhe passou pela mente, pois as lembranças que guardava daquela menina-mulher eram muito mais agradáveis se comparado à nova Elena com tendências ao histerismo. Damon temia pelo pior, mas não estava pronto para encará-lo naquele momento. Queria tomar seus remédios e ficar na cama, brincando com o controle remoto à procura de alguma coisa para assistir. Queria esquecer o que havia acontecido na igreja.

– Qual das guloseimas você vai querer primeiro, Dam?

A mente de Damon estava tão distante que, ao ouvir a voz de April, deu um sobressalto. Ficou com raiva por ela o chamar assim, já que esse era o apelido que apenas Elena e Stefan o chamavam. Aproximando-se do sofá, se desfez do grosso casaco e se sentou. Consultou o relógio e notou que estava na hora de tomar um de seus vários medicamentos. Sua cabeça estava fervendo e suas ideias se misturavam em um misto de preocupação e decepção. Nem se lembrou de que havia parado em uma padaria a pedido de April para comprar alguma coisa para comerem.

– A que você preferir - respondeu Damon oferecendo um sorriso de canto. A agonia que sentia era tanta, que mal conseguia se esforçar em ser agradável.

O que acontecia com Elena, afinal? Pensou ele distanciando-se mais uma vez de onde estava. Fazia tempo que eles não ficavam juntos como um casal e Elena não parecia muito feliz ao seu lado. Ele não conseguia lembrar o momento em que tudo se tornou diferente entre eles. Era difícil ter que se convencer de que a harmonia que os interligavam estava por um fio. Por um breve momento, chegou a questionar os sentimentos dela por ele, mas xingou-se mentalmente por fazer isso.

Ainda preso aos devaneios e não dando a atenção devida a April, pensou mais uma vez na conversa que teve com Bonnie. Se Elena estava depressiva, ele era o culpado. Se ela quisesse, poderia terminar o relacionamento, mesmo que ele relutasse para que isso não acontecesse. Por mais que o silêncio sobre a veracidade de alguns fatos relacionados à sua saúde fosse omitido, Damon não queria preocupá-la e nem vê-la longe dele, pois em legítima defesa só queria aproveitar seus momentos com a mulher que amava da melhor forma possível.

Era uma realidade que Damon acordava todos os dias com a certeza de que aquele seria o último. O mesmo sentia Elena ele sabia intimamente. Ele também sabia que o comportamento dela também se alterou, devido à crença de que ele não sobreviveria ao desafio que o destino lhe oferecera. Mas Damon tentava a todo custo pensar positivo mesmo que sentir pena de si fosse à saída mais eficaz de ceder a leucemia.

Enquanto ele lutava, os Salvatore permaneciam imparciais. Sua mãe não ligava mais por causa da última conversa que teve com seu pai e, o próprio, continuava a viver sob um teto de vidro à custa da reputação de ter uma família quase perfeita. Mesmo que lamentasse o afastamento dos pais, Damon os entendia. Ele fez sua escolha e não sentia arrependimento algum.

Ninguém sabia, mas a doença já estava em um nível muito avançado, mas controlada. De acordo com os atestados médicos, ele poderia viver sua vida, mas precisaria de tratamentos constantes. Se fizesse tudo certo, teria uma vida mais longa. Mas Damon não queria isso. Não queria ser meio zumbi enquanto tentava recolher os fragmentos do que era antes de descobrir que estava fadado a um câncer. O único fragmento da sua vida com que se preocupava era Elena Gilbert. Nada mais importava a não ser ela.

Enquanto estava preso em pensamentos, April o encarava curiosa. Parecia a coisa mais certa, eles dois, sozinhos naquela casa. Eles poderiam colocar a conversa em dia e, quem sabe, ela conseguiria algo a mais e fazê-lo notar de que Elena não suportaria ficar ao lado dele e enfrentar a doença. A ruiva sabia que ela conseguiria, pois foi à única que se manteve fiel a ele, ao contrário da garota que todos consideravam perfeita. Isso era o que ela pensava. Em sua opinião, ainda era injustificável o relacionamento entre Elena e Damon. E, quando encarou Damon cansado e abatido, sabia que deveria mudar a sorte para o seu lado.

Quase inconsciente Damon focalizou os olhos de April. Seus neurônios deram uma folga, para seu alívio. April estava estática diante dele com o cenho enrugado. Ele acabou por relembrar dos planos que ambos combinaram para o fim de tarde: assistir a um filme e comer porcaria, algo não recomendável para a saúde do rapaz. Mesmo sendo repreendido pela ruiva, ele queria se dar ao luxo de se render as boas guloseimas. Queria voltar a sentir como era viver despreocupadamente.

Seus olhos azuis perpassaram pelas mãos da única pessoa disposta a ficar em sua companhia, e viu que em uma delas estava um pote de sorvete e na outras duas colheres. Perguntou-se em que momento a ruiva havia saído da sala e invadido a cozinha para pegar os talheres e se servir do sorvete. Sem pedir licença April sentou-se ao lado dele, disposta a fazê-lo lhe dar a atenção que achava que merecia.

– Nunca me esqueci do seu vício por sorvete. Como você consegue consumir tanto e não ficar resfriado? - perguntou April, estendendo-lhe uma colher.

– Nunca parei para pensar sobre isso. - Damon pegou a colher e dera de ombros. - Acho que sou imune a ele.

April sorriu e estendeu o pote na direção dele. Após Damon ter se servido, colocou-o entre os dois e começou a saborear sua parte com os olhos ainda fixos nele.

– O que aconteceu com a Elena? Ela estava muito estranha hoje.

– Eu queria muito saber, acredite - disse Damon, se servindo de uma colherada de sorvete e colocando na boca. - Ela anda estranha há semanas. Desde a minha primeira cirurgia, acho que ela resolveu me evitar.

April se moveu no sofá de maneira que ficasse mais perto de Damon.

– Não sei se você soube, mas Josh está de volta à cidade. Pode ser um motivo para Elena estar tão distante - disse April, tranquilamente. Josh era o ponto fraco de Damon. Se cutucasse da maneira certa, poderia gerar pontos a seu favor.

– Eu fiquei sabendo, mas nem me preocupo com isso - respondeu Damon, impassível. - E Elena não estaria tão distante se fosse por culpa dele. Ele não é tão idiota em causar um pequeno dano no nosso relacionamento, pois sairia culpado e não ficaria com a garota. Aprendi isso com Stefan.

April deu um sorriso enviesado e prosseguiu.

– Eu acho que você deveria se preocupar Dam. - Lexi dera um longo suspiro, afastando os cabelos ruivos dos ombros. Damon já estava ficando incomodado com April – Josh sempre foi perdidamente apaixonado pela Elena. Acredito que ele não se pouparia em tentar tê-la de volta.

– Isso eu sei, mas acho que ele não teria essa capacidade - explicou Damon, prontamente. - Se ele quisesse alguma coisa com a Elena já teria atingido o objetivo já que ela não está muito feliz comigo.

– Eu não entendo seu relacionamento com ela, honestamente - indagou April baixando a colher, observando-o. - Vocês são extremamente opostos. Tudo bem, você sempre gostou dela, essa parte eu entendo, mas a Elena que eu conheço sempre foi muito centrada em seus objetivos. E, talvez, o fato dela estar quase 24 horas com você, cheia de preocupação, pode ter motivado o distanciamento dela.

Damon a encarou, surpreso. Isso deu oportunidade para a ideia mais ridícula se apoderar de sua mente. Elena poderia ter todos os defeitos, mas ela não estaria com ele por pena, estaria? Ele sentiu a respiração sair cortante de seus pulmões cansados e uma onda de enjoo assolou seu estômago. Não queria comer mais nada. Arrependeu-se de imediato em ter aceitado a companhia de April. Já bastava de tanta negatividade.

– Elena continua centrada nas coisas que ela deseja. Ela mandou muitas aplicações para algumas faculdades e parece que ela vai conseguir entrar na Oxford. Eu deixei bem claro para ela não desistir do que quer por minha causa.

– Ela jamais falaria que você a atrapalha, Dam. Ela nunca foi uma pessoa direta. Você deveria saber que ela aguenta e guarda tudo o que sente até explodir. E eu acho que foi isso o que aconteceu hoje, na igreja. Ela está esgotada a ponto de magoar a melhor amiga. Essa não é a Elena que eu conheço.

– Nem eu! Ela saiu correndo quando me viu. Você não sabe a sensação terrível que me dominou. Senti-me um inútil.

Pego de surpresa, Damon sentiu a mão de April tocar a sua. Por mais que estivesse frio, o toque o aqueceu de maneira inesperada. Automaticamente, puxou a mão de volta, colocando-a sobre seu joelho. Ele nem notou o desapontamento presente no rosto da jovem.

– Você precisa conversar com a Elena. Não adianta só um estar apaixonado dentro desse relacionamento. Se ela passou em Oxford ela irá embora. E você, como vai ficará?

– Aliviado por ela. Não é fácil aguentar um estorvo como eu.

– Você não é um estorvo, Dam. – April tentou mais uma aproximação, mas ele estava na defensiva. Isso começou a agitá-la por dentro. - Não fale isso porque não é verdade. Se Elena acha que você é um estorvo não sei por quais motivos ela ainda fica te iludindo sendo que não está a fim.

– Bem... Você sempre foi amiga dela e...

– Fui até dormir com você há anos atrás - interrompeu-o April com firmeza, para deixar a afirmação registrada e relembrá-lo sobre o momento que compartilharam juntos.

– Não importa! - Damon fez um aceno breve com a mão. - Você sempre foi amiga dela e deve saber melhor do que eu se ela vai querer continuar nesse relacionamento. Eu posso facilitar as coisas. Bonnie pediu para que eu a chamasse para conversar. Não sei se Elena vai querer fazer isso.

– Vocês precisam se resolver, Dam. - April ofereceu seu maior sorriso, sem sucesso. Damon não a olhava, fitava apenas a colher que girava entre seus dedos. - O mais rápido possível. Você e a Elena são adultos e vão conseguir chegar a um acordo. Às vezes, nós achamos que amamos uma pessoa, mas na verdade é apenas uma ilusão.

– Eu sempre soube que amava a Elena e eu realmente a amo. Não me importa se ela vai me querer ou não, mas tenho a convicção de que ela é a garota certa para mim.

April sentiu a punhalada daquelas palavras direta no peito. Sentiu seu corpo tremer e sentiu certo nojo do sorvete que degustava com extrema vontade. Abandonou a colher, da mesma forma que Damon.

– E se ela não achar que você é o cara certo? - perguntou April tentando controlar a voz trêmula. Suas mãos suavam de ansiedade.

– Terei que seguir minha vida. Não posso forçá-la a algo que ela não queira - disse Damon, dando um longo suspiro. Pensar que poderia perder Elena a qualquer momento doía, mais do que os efeitos colaterais do tratamento.

– Você precisa de alguém que te entenda, Dam. Que compreenda o estado que você está. - April engoliu seco e se levantou, inquieta. Precisava convencê-lo de que Elena não era para ele. Era sua última cartada. - Eu não queria contar, mas no dia em que você estava anestesiado, na primeira cirurgia, Elena estava com Josh. Por isso o citei no começo da conversa.

Damon sentiu seu corpo gelar. Podia imaginar Elena passeando pelas ruas nova-iorquinas na companhia de qualquer pessoa, menos do ex-namorado. Ele lembrava muito bem o tipo de relacionamento que eles tiveram e de todas as vezes que teve inveja do loiro que sempre foi mais solícito do que ele.

– Eles são amigos. Não posso proibir Elena de ter amigos - afirmou Damon, sem ter muita certeza do que sentia.

– Isso vale para ex-namorados também?

– April, se o meu relacionamento com a Elena fosse a base de proibições, você não estaria aqui agora.

– Mas não fomos namorados.

– Mas tivemos uma relação muito íntima.

April suspirou.

– Isso sempre ficará entre nós, não é?

Damon moveu-se no sofá e resolveu esticar as pernas. Sentia-se fraco à medida que o tempo para tomar seu remédio expirava. Aquela conversa já estava tomando um ritmo totalmente diferente e ele começou a se preocupar. April parecia destemida em boicotar o seu namoro com Elena, por motivos que ele não conseguia entender. April, Lexi, Bonnie, Elena e Katherine sempre foram as amigas inseparáveis como ele, Stefan, Matt, Jeremy e Tyler. Não seria possível que April estaria disposta a vê-lo em maus lençóis.

– Sim, April, ficará - disse ele tentando ser incisivo.

– Eu queria que as coisas fossem diferentes, sabe? - April caminhou até a janela. Passou a mão pelo vidro desembaçando-o e passou a fitar as casas cobertas de neve do lado de fora. - Não queria que essa confusão tivesse início.

– Nós fizemos uma bobagem quando éramos adolescentes. Não podemos ficar nos martirizando desse jeito pelo resto da vida.

April se virou para ele de braços cruzados, indignada.

– Foi uma bobagem para você? - perguntou ela, enfurecida.

Damon a observou confuso.

– April, aonde você quer chegar com essa conversa?

Foi à vez de Damon ficar em pé. Com certa dificuldade, ele se equilibrou da melhor maneira que conseguiu e encarou April à espera de uma resposta. As bochechas dela estavam rosadas e os lábios contraídos. Ele temia pelo que viria a seguir, mas sentiu algo se agitar no seu bolso, o que ajudou a quebrar o clima daquela discussão.

Ao pegar o celular, a tela piscava o nome de Elena e isso o fez apreciar alguns segundos de alívio.

– Antes de atender, me responda! - April se aproximou dele, deixando uma diferença de poucos centímetros entre eles. - Valeu a pena abrir mão daqueles que podem te oferecer um tratamento melhor por causa de um amor que você nem tem certeza se durará?

Damon ergueu o dedo indicador, pedindo para que ela aguardasse e atendeu o celular.

– Elena?

– Damon, você está em casa?

– Sim, estou, por quê?

– Pode abrir a porta? Está muito frio aqui.

Ele abriu um sorriso que deixou April extremamente perdida. Ao desligar o celular, virou-se para ela e disse:

– Sim, April. Valeu e ainda vale a pena. Você deveria seguir sua vida. Eu amo a Elena. E, se isso não mudou durante o período em que estávamos separados, isso não mudará agora - respondeu Damon, pausadamente, para que ela realmente entendesse cada palavra que ele pronunciava. - Não vou desistir da Elena.

Damon se aproximou dela, deu um longo suspiro e finalizou:

– Você precisa desistir de mim, April.

Por um breve segundo, April pensou que se debulharia em lágrimas, mas não faria isso na frente dele. Não poderia se mostrar fraca depois de um tapa na cara causado por sua mais nova desilusão amorosa.

– Elena está na porta. Acho melhor você ir.

April pegou sua bolsa e a jogou nos ombros. Sua garganta estava seca. Seu coração ainda pedia para que desse uma última investida, mas sua razão a alertava que, tudo o que ela poderia ter feito, já havia sido cumprido.

– Espero que não se arrependa, Damon. De verdade!

Damon acompanhou April até a porta. Elena estava encostada no batente, abraçando o próprio casaco de tanto frio que sentia. Os cabelos castanhos lhe cobriam a face. Ao notar que April estava com seu namorado, apenas a deixou partir, ignorando o modo furioso como a ruiva a encarou.

– Eu posso explicar Elena. - Damon se pronunciou assim que deixou Elena entrou na casa.

– Não quero saber, Damon - disse Elena, com a voz calma.

Damon notou que a expressão da morena estava suave, muito mais serena com relação ao seu estado de espírito quando apareceu na porta da igreja.

– Eu já sei bem o que a April estava fazendo aqui, mas não quero criar uma discussão sobre isso. Não vale a pena - informou Elena, indicando que falar sobre April não era o que almejava para finalizar aquele dia.

Damon respirou mais tranquilamente assim que ela conclui a frase. Imaginou que Elena fosse fazer um escândalo por saber que ele estava a sós com a garota que, há poucos instantes, queria que o relacionamento dos dois terminasse.

– Tudo bem - concordou ele. - Não falaremos sobre isso.

– Acho melhor. - Elena caminhou até o centro da sala e dera uma olhada para o topo da escada. Todas as luzes estavam apagadas. Isso garantiu a certeza de que Damon estava sozinho.

– Elena, acho que precisamos conversar.

Damon acompanhou os passos da namorada e parou de frente para ela. Elena ainda estava impassível, porém surpresa com a atitude que deveria ter sido sua.

– Precisamos mesmo.

Por um lado, Damon não queria ouvir aquela confirmação. O rumo de qualquer conversa que pudessem ter dava a ele a sensação de que seguiriam caminhos separados assim que Elena cruzasse a porta.

– Bonnie me fez prometer que acertaríamos as coisas. E eu vou fazer minha parte. - Damon dera um passo à frente e pigarreou. Ergueu as duas mãos e tirou os cabelos castanhos do rosto da namorada, carinhosamente. - Não sei o que anda acontecendo conosco, mas te sinto distante de mim, Elena. Acho que metade dessa distância aconteceu por minha causa. Sinto-me responsável pela nossa relação ter mudado muito de uns meses para cá. Juro para você que não foi intencional. Só estava tentando te proteger do pior. Achei que assim ficaríamos mais unidos, mas acabei fazendo tudo errado. Eu tenho o dom de fazer tudo errado e você sabe disso, mas não seria estúpido o bastante de não te querer mais, de não querer que você continuasse me apoiando nesse momento complicado... - ele fez uma pausa, recuperando o fôlego. - Eu não posso nem pensar na ideia de você terminar comigo, Elena. Eu não vou suportar isso.

– Eu não quero terminar com você, Dam. - respondeu Elena umedecendo os lábios rachados por causa do frio com a língua. Percebeu que seu namorado estava desesperado pela entonação da voz. - E me sinto aliviada em saber que você também não quer.

Elena respirou fundo e sentiu as emoções que a dominaram momentos atrás voltarem com força total. Precisava desabafar e a única pessoa que poderia ouvi-la era Damon.

– Dam, eu amo você. Amo muito. Eu jamais pensei que algum dia eu fosse me apaixonar desse jeito, mas aconteceu. Ainda mais quando esse amor é direcionado a você, Damon Salvatore. Talvez, eu sempre fui apaixonada por você, mas sempre fui muito orgulhosa em admitir. - Elena sentiu sua garganta queimar, mas não desistiu de completar seu raciocínio agora que havia tomado coragem. - Eu só quero que você pare de se esconder e abra o jogo comigo. Eu sei que você está em um estado de saúde complicado, mas eu posso suportar isso. Deus! Eu já suportei tanta coisa. - ela se aproximou dele e pegou uma de suas mãos. - Eu não quero ficar de fora sobre o que está acontecendo e não quero vê-lo falando dos seus problemas pelas minhas costas. Eu não quero brigar por causa da April, mas às vezes acho que você sempre preferiu falar com ela do que comigo.

– Eu nunca contei dos meus problemas para ela, Elena. Ela nunca foi uma boa ouvinte e tudo que ela queria tirar de mim era você. Não posso confiar em uma pessoa assim.

Elena se assustou um pouco com a revelação dele. April estava se comportando da mesma maneira quando começou a ter alguns namoros perdidos em NY. Ela ficava obcecada e isso nunca foi saudável para ela.

– Eu sei, eu sei... - Elena respirou fundo e ficou calada por alguns segundos. Precisava colocar os pensamentos em ordem. - Quando soube que ela te visitava eu fiquei muito brava. Tivemos um desentendimento no dia em que você foi submetido à primeira cirurgia. Fiquei enciumada e me senti inferior. Droga, eu sou sua namorada, sou eu que era para estar ao seu lado e ninguém mais.

Elena não conseguia suportar a dor que sentia. Toda aquela situação a consumia por dentro como um parasita. Damon a abraçou forte e sentiu as lágrimas quentes da namorada lhe tocar o rosto. Ela parecia muito pequena em seus braços magros. Mesmo com essa mínima diferença, Damon sabia que o coração dela pertencia a ele e vice-versa.

– Eu quero que você fique do meu lado para sempre, Elena. Eu jamais pensaria em ter alguém como April como namorada. E antes que continue a pensar bobagens, eu não contei nada a ela sobre meu tratamento. Na verdade, ninguém sabe. Talvez, só Tyler porque ele trabalha no hospital. Nem Stefan e nem Matt sabem das minhas verdadeiras condições.

– E quais são suas verdadeiras condições, Damon? - Elena se afastou de seus braços e o encarou sem pestanejar.

Ele deslizou suas mãos pelos braços de Elena até alcançar as mãos dela. Estavam geladas e trêmulas.

– Meu tratamento está correndo bem, Elena. - Damon virou o pescoço para o lado, erguendo um leve olhar desafiador para a namorada que mostrou descrença ao dar um riso baixo e amargurado. - Elena, me escuta!

Eles se olharam. As mãos de Damon se encaixavam perfeitamente nas dela. Ele notou que fazia muito tempo que não a tocava que não sentia sua pele sobre a dela.

– Estou escutando, Damon - disse ela, apertando seus dedos contra os dele.

– Meu tratamento está indo bem. Eu tenho que fazer quimioterapia e radioterapia todos os dias. Algo que você sabe. Meu corpo está aceitando bem, melhor do que antes. Já não passo boa parte do meu tempo dormindo, só se o remédio for muito forte. Acredite Elena, se eu não estivesse bem o bastante, não estaria na minha casa.

Elena não disse nada. Queria que Damon continuasse. Precisava ser convencida de que nada de pior aconteceria entre os dois.

– Nem na igreja - completou ele, ao perceber que Elena não falaria nada. - Qualquer dúvida, pergunte ao meu médico. Eu te dou toda a liberdade que precisar para falar com ele. - ele apertou as mãos de Elena, como se ela pudesse sair correndo de sua casa. - Elena, eu prometo que a partir de agora não irei te esconder mais nada. Você é minha namorada e eu a amo. Sou completamente apaixonado por você. Se aguentei tudo isso até agora, foi simplesmente porque te tenho e preciso lutar contra essa doença ao seu lado.

As lágrimas voltaram a cair dos olhos de Elena. Ela permaneceu quieta enquanto Damon secava seu rosto com as costas de sua mão. Partia seu coração vê-la daquele jeito. Aquela cena foi o suficiente para fazê-lo ver que não poderia continuar com sua tática fracassada de impor limites a sua doença à Elena. Precisava dela. Precisava dela mais do que qualquer coisa no mundo.

– Tudo vai ficar bem, Elena, eu prometo - disse ele lhe dando um beijo na testa. - Nós vamos encarar isso juntos. Nada de segredos. Não mais.

Elena meneou a cabeça positivamente e fungou o nariz. Sentia-se melhor e percebeu que o verdadeiro elo que existia entre Damon e ela não poderia ser quebrado. Ela deveria se manter firme e ao lado dele, mesmo que no final das contas terminasse sozinha.

– Eu ficaria agradecida se não escondesse mais nada de mim - disse Elena apoiando uma de suas mãos no rosto pálido de Damon. - Por favor, não faça mais isso.

– Não irei! - Damon segurou seu queixo gentilmente e lhe dera um beijo rápido nos lábios. O toque foi suficiente para fazer com que ele voltasse a sentir esperança de que logo sairia daquela emboscada.

– Obrigada! - agradeceu ela, embaraçada.

Houve um momento de quietude até Damon se lembrar do que April havia dito sobre Josh. Não queria procurar briga, mas precisava saber se era verdade.

– Bem... Já que estamos em uma fase sem segredos, preciso te perguntar uma coisa.

– Pergunte.

– Josh estava com você na noite da minha primeira cirurgia?

– Sim, estava! - confirmou Elena, sem demora.

Elena estava esperando que Damon recuasse e voltasse a ficar na defensiva, mas não aconteceu. Ele a puxou pela cintura e encostou sua testa sobre a dela.

– O que ele queria?

– Ele me levou até o hospital para vê-lo - disse Elena, procurando as palavras certas sobre a verdade entre a relação dela e a de Josh. - Dam, promete que não vai gritar ou qualquer coisa do tipo?

– Não! Se você não surtou por causa da April, sou completamente capaz de aguentar qualquer coisa da parte do Josh.

Elena se afastou um pouco do namorado e pigarreou.

– Josh está me ajudando a pagar seu tratamento.

Ela jurou que Damon fosse desmaiar. A palidez em seu rosto havia ficado mais intensa e ela sentiu seu coração bater na garganta. Quando ele recuperou o foco da conversa, apoiou suas mãos sobre os ombros da morena, olhando-a abismado.

– Josh Smith? Pagando meu tratamento? Esse mundo está louco demais, não acha? - Damon tinha o tom de voz debochado. Não conseguiu se conter. A atitude de Josh era irônica demais.

– Não use esse tom, Damon.

– Eu uso sim. Ele está fazendo isso para te conquistar - disse ele, dando os primeiros indícios de que estava começando a ficar aborrecido.

– Damon, você disse que não se irritaria com o assunto.

– Ok. Desculpe! - Damon alisou a testa nervosamente e se recompôs. - Por que ele está fazendo isso?

– Eu pedi. Na verdade praticamente implorei. A estadia e o tratamento no hospital haviam ultrapassado a quantia que seus pais deixaram quitado e o convênio não queria ajudar a cobrir. Desculpe Dam, mas não vi outra saída. Fiquei desesperada.

Damon sentiu uma ponta de orgulho pela força da namorada. Era disso que ele precisava, além de saber que era amado por ela. Elena só recorreria à ajuda de alguém se realmente precisasse. E ele tinha certeza que foi isso o que aconteceu com relação a Josh. Mesmo com esse pensamento, ele sabia que era inevitável não sentir ciúmes do ex-namorado de Elena, que era considerado um príncipe pela sociedade londrina.

– Mesmo ele me ajudando não quer dizer que quero ficar com ele. - reiterou Elena, veemente. - E prometi pagá-lo com uma quantia todo mês.

Foi à vez de Damon fazer uma pausa. Sua mente o impedia de raciocinar corretamente, lembrando-o da maneira distante que estava assim que havia chegado a casa.

– Então terei que te ajudar com isso.

– Dam, não precisa.

– Ah! Precisa sim! Não vou te deixar sozinha nessa. Se Josh me ajudou, o máximo que posso fazer é te ajudar a pagar de volta.

– E como você pretende fazer isso, Damon?

– Darei meu jeito. Não se preocupe.

Sem pensar duas vezes, Elena caiu em seus braços, abraçando-o com toda força que ainda lhe restava. Não queria soltá-lo. Queria ficar daquele jeito para sempre.

– Agora sim somos um time, Salvatore.

Ela ouviu a risada rouca do namorado e não conteve seu próprio sorriso.

– Obviamente que sim, Gilbert. - ele virou o rosto, ficando a poucos centímetros de distância da namorada. - Mais algum segredo que precisa ser revelado?

Elena colocou a mão distraidamente sobre a barriga. Sentia que aquele não era o momento certo para dizer a Damon que estava grávida. Eles haviam passado meses juntos, mas ao mesmo tempo separados. Ela precisava acertar as coisas com ele antes de revelar que ele seria pai.

– Por enquanto não - respondeu ela dando um meio sorriso. - Qualquer segredo que surgir, pode deixar que eu te conto.

Ele sorriu e encostou seus lábios suavemente nos dela. Parecia uma eternidade que não beijava Elena e sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Os lábios dela não fizeram objeção ao toque de Damon, e logo se fundiram com os dele em um beijo ardente, apaixonado e cheio de saudades. Ela sentiu seu coração bater aliviado enquanto colocava sua mão sobre o peito do namorado. A cada dia que passava, ela sabia que ele era o homem da sua vida e que não poderia abandoná-lo.

O mesmo pensava Damon ao aprofundar a intensidade do beijo enquanto a mantinha junto ao seu corpo pela cintura. Não queria que aquele momento acabasse. Parecia que nada de anormal acontecera nos últimos dias, e que ele e Elena haviam congelado naquele momento, cheio de promessas e palavras de confiança.

Quando se soltaram, eles permaneceram de olhos fechados. Damon acariciava os cabelos da namorada enquanto ela ainda acariciava seu peito.

– Eu tenho uma ideia. - disse Damon com a voz rouca.

– Qual ideia?

– Eu acho que está na hora de irmos para o próximo passo da nossa relação.

Elena ergueu o rosto, curiosa.

– Que passo, Damon? - ela alteou a sobrancelha desconfiada.

– Acho que devemos morar juntos.

– Como? Damon, isso é...

Antes que ela pudesse responder, Damon voltou a beijá-la com maior intensidade em comparação ao beijo anterior. Elena cedeu ao toque urgente, abraçando-o pela nuca. Estava apaixonada e isso dificilmente seria arrancado de seu peito.

Continua...


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Notas finais do capítulo

xoxo