(Sobre)viver escrita por Luiza Holdford 2


Capítulo 1
Capítulo 1 - Mortos


Notas iniciais do capítulo

Falo lá embaixo!
Boa leitura!



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Desde o meu “renascimento” eu contos meus dias de vida. Primeiro, segundo, terceiro e quarenta e sete milésimo octingentésimo sexagésimo segundo. Eu vivi dias demais.

Mas, em algum momento, eu perdi a conta. Eu perdi uma série de pequenas lembranças também. Eu só lembro vagamente da minha mãe, vagamente de Rosalyn Cartwright. Não que a segunda importasse tanto assim, mas a primeira importava. Rosalyn um dia foi morta por quem um dia eu amei.

Não me lembro da metade das pessoas que matei, mas tenho uma lista com os nomes delas. Giuseppe Salvatore a encabeça.

A maioria de momentos que eu ainda lembro são coisas que eu queria esquecer. Eu não me lembro do sorriso de minha mãe, mas eu me lembro da morte do meu pai. Em minhas mãos. Isso é um tanto traumatizante.

Katherine era uma lembrança constante, e ainda assim esquecida. Amaldiçoo-a pelo menos estado de criatura das sombras, porém mais do que nunca tenho certeza que não a amo. A morta. Nunca mais a veria, nunca poderia me vingar.

Eu não sei o que faço nessa cidade que foi o início de minha jornada. Eu nasci aqui, cresci aqui e morri aqui. E nasci de novo. Um ciclo que deveria ter um fim, mas nunca teve. E Katherine é julgada como culpada. E a pobre vítima a amava. Vítimas, aliás. Nunca mais vi Damon, e prefiro manter as coisas assim.

Eu estava de novo em Mystic Falls, e porque Zachary ainda vivia. E ele teria um herdeiro, e eu teria que voltar ali. A casa ainda era minha, a cidade ainda era minha. Ser um Salvatore faz de você deus aqui. Ser um fundador, na verdade.

Mas Zachary não merecia minha revolta. Ele só vivia, e me tratava razoavelmente bem, apesar do que eu sou. Ah, ele sabia disso. Eu gostava dele e isso era o que importava.

A cidade me trazia lembranças demais. Coisas que eu poderia ter esquecido, mas não conseguia. Qual dia da minha vida era hoje? Eu só queria correr. Correr dos meus problemas, de minha sede, da minha vida. Eu queria correr de mim mesmo, da minha existência patética.

Eu precisava matar para me alimentar, e humanos, de preferência. Eu nunca seria completo sem a vida deles correndo pelas minhas veias. Ok, então eu não seria.

Animais, e eu precisava de um. Eu corri, e não de mim, mas atrás de algo. Esquilos. Meu irmão riria de mim agora, mas eu fazia o necessário para ser menos mau, menos escuro, menos sombrio. Mais... Socialmente aceitável. Humano. Eu fazia um bom trabalho com isso.

Esquilinhos bonitinhos não podiam ser considerados mortes. Não havia uma lista com os nomes deles, porque eles não tinham nomes. Era como matar uma vaca. Ambos podem correr, tem pernas, e podem tentar fugir. Só não conseguem. Você é pior por matar uma alface, ela nunca pôde se defender.

Mas o esquilo só me dava forças o suficiente para sobreviver. Eu era fraco, e nem mesmo para vampiro eu servia. Eu era um inútil, um estorvo.

Ainda que não fosse completo, eu ainda tinha habilidades superiores aos humanos. Audição, por exemplo. Eu podia ouvir um carro caindo no rio a quilômetros daqui. Eu podia salvar essas pessoas e tentar me redimir um pouco.

Mas não pensem que eu só queria diminuir a minha conta com Deus. Eu realmente queria salvar essas pessoas, eu queria ser bom.

Eu corri o mais rápido que pude até a ponte Wickery, e eles ainda estavam vivos. Eu cheguei lá, e eles ainda estavam vivos. Eu mergulhei, e só o homem ao volante estava consciente. Mas eles estavam vivos.

Eu tentei abrir a porta para ele, mas ele se recusou. Seria isso um suicídio? Mas por que levar toda a família?

Ele apontava incansavelmente para trás. Claro, a filha. Ele queria salvá-la primeiro. Sem querer entrar em lembranças tristes, mas salvar-me foi algo que me pai fez questão de não fazer. Eu era uma mancha que ele eliminou. Talvez tenha sofrido, mas eu e Damon éramos manchas e ele deveria aniquilá-las.

Eu não reparava em nada, eu só nadei até o lado dela, abri a porta e levei a garota à superfície. E eles ainda estavam vivos. Ou quase. Eu pulei de volta e nadei até o carro, mas eles estavam mortos. Simples assim, eles estavam mortos. Em um segundo eles tinham um alma, no outro, eram só corpos. Eu era só um corpo também, mas eu incrivelmente respirava e tinha que comer. Eu me alimentava de vidas, mas não fui eu que tirei essas. Eu queria salvá-las.

Voltei de novo à superfície, e o pequeno corpo da garota repousava na grama. Inconsciente, mas viva. Ou nem tanto. Katherine.

Mas não podia ser ela. Katherine não tinha família, e essa garota tinha. Katherine não tinha sequer sentimentos. Katherine não tinha quem se importasse com ela. Aquele homem deu sua vida por essa garota.

E, principalmente, Katherine estava morta demais para estar na minha frente. Enterrada. Ela e mais um monte de vampiros, todos realmente mortos. Aquela não era Katherine. Mas era como se fosse.

Ao maligno se acendeu. Deixar essa garota morrer pode ser considerado vingança? Drenar sua vida era se vingar de Katherine?

Não, não era. Aquilo era mais uma crueldade. Eu era um aspirante a cara bom, crueldades não eram permitidas na minha dieta.

Era melhor chamar a polícia de deixar a fascinante cópia do meu carma viver. A garota tinha um celular inutilizado. Eu também tinha um. Eu roubei o chip da operadora dela e liguei para a polícia.

Era óbvio que eu tinha situação financeira para uma ligação, antes que me chamem de pobre. Mas eu não queria me envolver naquilo, e infelizmente o meu número estava no meu nome.

Eu queria poder largar aquele corpo inconsciente ali, e junto a lembrança. Mas ela me fascinava demais, e eu fiquei ali, pensando.

Era um enorme enigma a sua incrível semelhança com Katherine. Era algo que eu estava disposto a descobrir. Mas seria só sua aparência igual? Ou seus modos também? Talvez seja uma boa ideia mantê-la longe de Damon, só por via das dúvidas.

Logo eu pude ouvir, ao longe, a sirene da viatura policial. Esconder-me, isso, eu não queria ser ligado ao caso. Uma mulher já nos seus 40 e poucos anos desceu do carro e analisou a situação. Um carro afundado, uma menina deitada na relva. Situação comum.

Ela, na verdade, parecia abalada. Cidade pequena, provavelmente se conheciam, e não é exatamente agradável encontrar seus vizinhos mortos assim.

Eu não fiquei lá para ver muito, seria deprimente. Ela deve ter acordo, a garota. E eu nem sei seu nome. Mas ela me deixou curioso.

Corri para fora da cidade. Aquilo não era permanente, eu iria voltar. Eu precisava saber mais de tão fascinante garota, começando pela sua aparência. O que a deixava tão igual a  Katherine? Isso me parecia algo sobrenatural, mas eu já estava acostumado. Eu mesmo era.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o título está péssimo, a sinopse está péssima e a história, estranha. Mas eu meio que gosto dela.
Estou postando mesmo por experiência. Se ela tiver uma aceitação legal, eu escrevo mais. Com uns cinco reviews eu posto o próximo. E me desculpem se os cinco reviews chegarem e eu demorar, ando muito enrolada com o colégio e outras fics.
Sejam legais e me deixem um review, mesmo se ruim e para me xingar, certo?