E Eu Vos Declaro... escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 7
O grande dia




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EPOV

Maldito seja esse dia. Maldita seja minha sogra e suas conversas entediantes. Maldito seja o sagrado matrimônio.

Maldita seja a ressaca.

Eu fui expulso da minha cama às 10 da manhã, apenas algumas horas depois de ter chegado em casa. Após o jantar de ensaio, eu saí com Emmett – um ato irresponsável, mas felizmente nada deu errado. E depois do que foi praticamente uma soneca, eu estava de pé. Para um noivo, eu era a pessoa menos animada da família. Rosalie me fez levantar, tomar um banho e entrar no carro do meu tio para irmos até a casa de Bella. A maldita cerimônia só começaria ao anoitecer.

Quando chegamos, o jardim dos Swan já estava praticamente pronto. Vários funcionários trabalhavam nisso como se organizassem um set de filmagem para algum programa importante – e, se esse fosse mesmo o caso, eu não me surpreenderia. Bella estava escondida em algum lugar, sendo arrumada por pessoas que, ao contrário dela, realmente se importavam com isso.

Eu esperava que ao menos tivesse um tratamento especial – afinal, era meu casamento, certo? Completamente errado. Meu café da manhã foi um copo de leite e alguns biscoitos que Sue me entregou de mal grado, reclamando que eu estava atrapalhando o trabalho na cozinha. Eu sentia como se não fizesse a mínima falta em meu próprio casamento, enquanto toda a movimentação estava voltada para a noiva. Carlisle e Charlie desapareceram também, conversando em algum lugar do jardim, e eu simplesmente me recusava a ficar com Jasper e suas esquisitices. Eu me joguei em um dos sofás da imensa sala de estar e fechei os olhos, esperando por um milagre que fizesse minha cabeça parar de latejar e as horas passarem mais rápido.

- O que você está fazendo aí? – A voz da minha sogra anunciou que estava uma pilha de nervos. Eu ergui a cabeça, vendo ela andar até mim com um vestido curto demais para a idade que ela não assumia. Emmett a seguia com um sorriso zombeteiro nos lábios.

- Eu... O quê? – Eu franzi a testa com sua pergunta óbvia.

- Levanta daí, agora! Nós temos coisas demais a fazer pra você ficar aí deitado! Por que você ainda não se vestiu? – Ela colocou as mãos na cintura.

- Porque você não entregou minha roupa. – Sentei, dando os ombros inocentemente.

- Eu... Não? Merda! – Ela virou atordoada, quase trombando com Emmett. – Sue! Sue, temos uma emergência aqui, rápido! – Ela começou a gritar. A empregada gorducha veio correndo da cozinha com o chamado. Ambas passaram a agir como se a casa estivesse pegando fogo. – O terno de Edward! Onde está?

- No quarto de hóspedes, senhora Swan. Eu mesma passei. – Ela respondeu, segurando um pano de prato nas mãos.

- Ótimo, venham comigo, vocês dois. – Eu levantei, seguindo a mulher escada acima, junto com meu melhor amigo. - Ainda bem que Emmett chegou cedo, porque sabe-se lá onde a Alice se meteu! Eu disse pra Bella que ter essa menina como madrinha não ia funcionar! – Ela tagarelou até que chegássemos a porta do quarto. Nós entramos, mas ela continuou do lado de fora. – Está dentro do guarda roupa, você vai encontrar, não tem quase nada ali. Vamos logo, homem, já passa da hora do almoço, e eu... Ai, droga, Sue, mais uma coisa! – Ela gritou uma última vez antes de sair e fechar a porta.

Emmett esperou alguns segundos e então caiu na cama, gargalhando. – Eu não sei quem é pior, a mãe ou a filha! – Zombou.

- Se ainda está na dúvida, é porque não conhece a filha direito. – Grunhi, abrindo as portas do guarda-roupa.

- Ora, vamos! Aquela coisinha? Não faz mal a uma mosca. – Ele rebateu, divertido.

- O que? – Eu virei imediatamente para ele, franzindo a testa. – Você realmente se lembra de quem estamos falando? Isabella Swan, a garota que invadiu um clube de strip e bateu em uma prostituta? Ou que tal se eu te lembrar que ela é a mesma garota que te ameaçou com uma faca no Natal passado?

- Ela não fez nada, realmente. – Ele deu os ombros. – Só faz barulho por nada. Você é exagerado.

- Eu estou dizendo, ela é perigosa. – Eu peguei o terno do cabide e puxei os sapatos para fora com meu pé. – Ela não perde uma boa briga! Sem contar que é tão teimosa, mimada, e adora falar sobre esses movimentos feministas de merda. Quem vê aquela demônia falando acha o máximo, acha que é super inteligente e sei lá o quê, mas ela é só uma filhinha de papai tentando alguma rebeldia.

- Se eu não te conhecesse... – Ele sorriu.

- Nem termine essa frase. – Eu grunhi enquanto já me trocava.

Ele gargalhou outra vez. – Relaxe, cara. O que são alguns meses com ela, comparado a grana que você vai ganhar? – Eu não precisei responder sua pergunta retórica, sorrindo para seu reflexo. – Além do mais, você não é nenhum idiota. A garota vai sair correndo quando você colocar rédea curta, vai por mim!

Eu coloquei meu paletó por cima de tudo, rindo junto com ele. Eu encarei meus próprios olhos no espelho, tentando dar um jeito na minha gravata, quando a porta abriu com força e uma vozinha fina inundou o quarto. – Edward, eu tenho um... Mas que diabos você está fazendo? – Alice quase gritou, ficando a minha frente e me ajudando com a minha gravata.

- Eu... Hm, obrigado. – Franzi a testa ao analisar o nó perfeito que ela fez. – O que você ia dizer?

- Eu tenho um recado da Bella pra você. Eu vou levar as mulheres para o jardim, e você vai até ela. Disse que precisam conversar. No quarto da Renée, você sabe, porque todas morrem de medo da Mimosa. – Explicou, olhando seu próprio reflexo no espelho.

- E elas tem razão. – Fiz uma careta, e ela apenas riu.

Finalmente Alice enxergou o reflexo de Emmett, e se virou, fazendo uma careta para ele. - Ugh! Você. – Ralhou.

- É muito bom revê-la. – Ele sorriu, irônico. – Como anda a vida aí embaixo?

Eu nunca tive nada contra Alice. Apesar de algumas frescuras a mais, era uma criaturinha aturável. Mas Emmett... Eles simplesmente não podiam estar no mesmo cômodo. Quando namorávamos, eu e Bella fizemos algumas tentativas de sair todos juntos, os quatro, mas desde a primeira vez não deu muito certo. Emmett e Alice se odiaram, Bella consequentemente não simpatizou muito com ele ao vê-lo insultando sua melhor amiga, e eu decidi que ficar em casa e transar com a minha namorada era mais interessante do que tentar uni-los.

- Seu idiota! Eu esqueci que você estaria aqui! Se você fizer alguma coisa para estragar o casamento da minha melhor amiga... – Ela apontou um dedo para ele.

- Exceto que nem mesmo a sua melhor amiga se importa com esse casamento. – Revirou os olhos.

- E daí? Eu me importo e vou fazer de tudo pra que seja perfeito. Eu sou a madrinha, essa é a minha função. – Ela empinou o nariz, fazendo Emmett gargalhar. – Seu idiota prepotente! Um passo em falso e você está fodido!

- Eu estou morrendo de medo. – Ele provocou, entediado.

- Isso é porque você nunca me viu em um casamento! – Ela gritou e saiu, fechando a porta com força outra vez para tentar fazer uma saída dramática.

Eu suspirei, retribuindo seu olhar divertido da mesma maneira. – Eu vou ver o que a noivinha quer. Você vai... Sei lá. Procura o Jasper.

Eu larguei minhas roupas ali mesmo e saí do quarto, tomando a direção oposta de Emmett, que desceu as escadas. – O que? Ele aprendeu a falar? – Ouvi ele zombar atrás de mim.

Eu ri sozinho, já longe dele, avançando para o quarto que Alice me indicou. Eu bati na porta e coloquei apenas a cabeça para dentro, me certificando de que ela estava mesmo sozinha.

- Ah! Oi, é você. – Ela me olhou pelo reflexo do espelho enorme, mexendo no próprio vestido. Pela primeira vez sua expressão ao me ver era de tédio, e não raiva. Isso era um avanço. – Precisamos conversar.

Eu entrei e fechei a porta, analisando-a dos pés à cabeça. Tudo bem, eu não deveria ter reagido assim; elogiar Bella ia contra meus princípios. Porém, se ela tinha alguma qualidade, definitivamente era sua aparência. E, droga, como estava linda. Eu tinha uma queda por mulheres em vestidos tomara-que-caia. E por linda, eu realmente digo isso; ela não me dava vontade de arrancar sua roupa, e sim de tirar uma foto e emoldurar na parede do meu quarto.

- Você... Nossa! Que gata! – Eu sorri.

- Há-há. – Ela achou que eu estava sendo irônico.

- Mas você não deveria estar pronta. – Eu me joguei na cama, apoiando os braços atrás da cabeça. – Ainda é cedo e você é uma noiva, afinal de contas.

- Noivas não atrasam de verdade, Edward. É só pra deixar os otários esperando.

- Nem ouse! Minha cabeça já está doendo demais. Quero acabar logo com isso. – Reclamei.

Ela virou para me olhar pela primeira vez, erguendo as sobrancelhas. – Sua cabeça o quê? Edward, você está de ressaca? Onde você esteve ontem à noite? – Ela quase gritava.

- Calma! Eu só estava tendo uma despedida de solteiro decente. Tirando o atraso depois que você fudeu tudo. – Sorri.

- Pensei que você tivesse “tirado o atraso” semana passada. – Ela zombou, séria.

- O que teve semana passada? – Franzi a testa.

- Meu chá de panela? Você e alguma prostituta? A discussão pelo telefone?

- Ah! – Relaxei outra vez, rindo. – Não, aquilo foi outra coisa.

Ela virou para o espelho outra vez, bufando. – Ótimo. E eu fiquei aqui com um bando de velhas, ganhando facas.

- Isso é porque elas não sabem como você é perigosa. – Eu ri. – Ei, você quer ouvir os meus votos? Eu decorei e tudo.

- Não, obrigada.

- Começa assim: “Bella, desde a primeira vez...”

- Edward! – Ela grunhiu.

- “Que transamos...” – Eu completei, e ela arregalou os olhos. – É brincadeira! – Gargalhei.

- Você me dá nojo!

- Mas você adorava. – Eu sorri. – Aliás, você não teve nenhuma despedida de solteira, não é? Se quiser, eu estou aqui pra isso... E juro que te pago bem.

Ela pegou uma escova de cabelo de cima da penteadeira e atirou na minha direção. Eu rolei na cama para que não me atingisse. – Ei! Sem violência! – Eu fiquei em pé, já na defensiva.

- Você quer conversar direito comigo ou não? – Ela cuspiu.

- Tudo bem, tudo bem! – Cruzei os braços, divertido. – Desembucha, minha noivinha! Qual é o problema?

- Nenhum. – Ela sentou no pequeno banco da penteadeira, cruzando as pernas por baixo do vestido cheio. – Eu apenas quero te mostrar uma coisa. – Ela abriu uma das pequenas gavetas, tirando um cheque e erguendo.

- O que é isso? – Eu perguntei, sério.

- Ao que parece, meus pais ficaram emocionados com o meu casamento, e me deram uma pequena ajuda de custo. – Ela virou a cabeça, sorrindo como uma psicopata. – E você sabe o que isso significa, Edward? – Eu não respondi. – Significa que se eu quisesse, eu poderia desistir exatamente agora. Eu podia pegar essa grana e ir viver a minha vida. Mas... Hoje eu estou boazinha, sabe?

Ela ficou em pé e andou até mim, balançando o cheque na mão. – Eu vou continuar com o plano, porque uma grana a mais não me fará mal. Mas... – Ela estava quase da minha altura com os saltos que usava. – Eu não preciso mais de você. Você está nas minhas mãos. Vai fazer o que eu mandar, ou eu conto tudo pro seu titio, e você só ganha sua herança com 50 anos de idade.

- Sua cobra maldita! – Eu gritei, me aproximando a ponto de quase beijá-la. – Você tá fodida! Eu juro que eu...!

- É isso que você quer, Edward? – Ela ergueu as sobrancelhas, cínica. – Você quer passar o resto da sua vida dependendo do seu tio?

- Pensei que você fosse me ajudar! – Eu fechei os punhos, começando a tremer.

- E eu estou ajudando! – Ela arregalou os olhos. – Eu estou casando pra te ajudar. Só quis anunciar que suas ameaças idiotas não vão mais dar certo. Eu mando agora.

Eu olhei diretamente em seus olhos sérios, fazendo uma tentativa frustrada de arrancar o cheque de suas mãos. Ela se esquivou e começou a rir da minha cara. Fechei os olhos, derrotado, e só os abri novamente quando senti seus braços envolverem meu pescoço. – Eu te vejo no altar, meu noivinho. – Ela piscou pra mim, irônica.

(...)

Era realmente óbvio que eu nunca tivesse me interessado pelas tradições de um casamento. Porém, parado ali durante muito tempo, precisei prestar atenção. Era tudo branco e rosa – um rosa muito claro. Em contrapartida, algumas mulheres usavam vestidos chamativos demais. Os homens eram simplesmente a mesma coisa, o mesmo molde multiplicado. As cadeiras dos convidados estavam enfileiradas perfeitamente, o que eu tinha certeza que era obra de Rosalie, e eram separadas bem no meio por um longo tapete branco.

Minha raiva tinha passado. Eu já havia falado com Emmett sobre o assunto, e ele finalmente entendeu qual era o tipo de garota com quem estávamos lidando. Infelizmente, naquele momento eu não tinha muito o que fazer. O casamento ia acontecer e o plano estava indo no caminho certo – era nisso que eu me focava.

Nisso, e no pescoço de Bella devidamente quebrado.

O juiz se aproximou e sorriu ligeiramente para mim. Eu retribuí, ficando de costas para ele ao perceber uma movimentação no fundo do jardim. A cerimônia logo começaria. A maioria dos convidados já estavam sentados, conversando baixinho. Esme e Carlisle estavam bem a minha frente, e minha tia, é claro, chorava. Eu não compreendia o que se passava no rosto de seu marido.

Rosalie veio com um enorme sorriso até mim, erguendo um pouco a barra de seu longo vestido. – Como você está? Nervoso? – Perguntou, colocando a mão em meu ombro.

- Eu vou ficar bem. – Sorri falsamente para ela.

- Bella está linda! – Ela anunciou em um sussurro.

Eu trinquei os dentes, lembrando da nossa conversa. – Eu imagino.

Ela se aproximou um pouco para beijar minha bochecha, e então começou a se afastar. – Eu vou sentar ali com Jasper, ok? Boa sorte, querido!

Eu fiz uma pequena careta quando ela não podia mais me ver, voltando a encarar as pessoas em silêncio. Renée sentou no primeiro banco, assim como meus tios, mas do lado oposto do tapete. E então, uma música muito suave começou a tocar. Eu estiquei o pescoço como uma criança curiosa, e todos ficaram em pé, olhando para trás.

A primeira coisa que vimos foi Vanessa, a garotinha saltitante espalhando pétalas de flores pelo chão. No auge de seus 6 anos, ela era filha de Kate, uma amiga da família. Alguém alertou para que fosse mais devagar, e a felicidade da menina desapareceu. Ela parou de pular e passou a tacar as flores no chão com força, emburrada.

Atrás dela vieram três casais, as damas de honra e os padrinhos*. As mulheres, com vestidos da mesma cor, carregavam pequenos buquês de flores. Eram alguns amigos que eu e Bella mantínhamos contato. Bom, acho que simplesmente nunca tivemos amigos de sobra, mas aqueles conhecidos ficaram felizes com o convite.

*Na tradição americana, as mulheres escolhem as “bridesmaids”, chamadas aqui de damas de honra, e uma “maid of honor”, a madrinha, responsável por ajudá-la na organização do casamento. O homem escolhe um “best man”, seu padrinho de honra, e alguns “groomsmen”, que eu traduzi aqui apenas como padrinhos.

Em seguida, a cena mais estranha possível surgiu diante dos meus olhos: Alice e Emmett, de braços dados, vindo em minha direção. Eles pareciam se repelir, mal encostando um no outro. Como madrinha e padrinho de honra, deveriam manter a pose. Ele era o responsável pelas alianças também, isso é, se ainda não as tivesse perdido.

 Não demorei a ver Bella se aproximando lentamente, de braço dado com Charlie. Estava claro como ele tentava segurar o choro. A garota, por sua vez, sorria e acenava como se fosse a rainha da Inglaterra. Ela carregava um buquê igual aos das damas de honra, porém maior. Eu podia ouvir os murmúrios de algumas mulheres sobre como ela estava bonita. A única coisa que eu não conseguia entender era porque diabos todos andavam tão devagar. Em certo momento, comecei a tremelicar as pernas, ansioso.

Finalmente, eles chegaram até mim, e a diversão de Bella acabou. Charlie lançou um olhar estranho para mim, e então me entregou a mão de sua filha. Meu sogro sentou junto a sua esposa, e nós dois viramos de frente para o juiz. Eu pude ouvir o barulho das pessoas sentando atrás de nós; as damas de honra e a madrinha se acomodaram enfileiradas do lado da noiva, e os padrinhos do meu. Emmett ficou bem ao meu lado, reprimindo o riso.

O juiz começou a falar, mas eu estava mais atento à voz de Bella ao meu lado, muito baixa.

- Não fique emburradinho assim. – Ela provocou. – Isso vai ajudar nós dois, talvez assim você crie alguma responsabilidade.

- Eu odeio você.

- É recíproco!

Houve um momento de silêncio nosso enquanto sorriamos para o padre, discretamente voltando a conversar.

- Minha mãe chorou por pelo menos meia hora quando me viu pronta. – Ela resmungou.

- Pelo menos acho que você comeu alguma coisa, não foi? Eu só ganhei alguns biscoitos o dia inteiro! – Sussurrei. – Eu não vejo a hora desse maldito dia acabar.

- Idem. – Ela bufou. - Edward, eu sei que eu não gosto de você, mas hoje é uma exceção. Você está oficialmente convidado para encher a cara comigo hoje. Nós merecemos.

- Então precisamos ser rápidos, porque Esme comprou pouca bebida.

- Não! Aquela virgem Maria de merda! – Ela grunhiu.

- Eu sei! – Arregalei os olhos, concordando.

Nós saímos de nossa pequena e estranha bolha quando o juiz pediu nossos votos. Foram as palavras mais falsas já pronunciadas por ambos, mas todos ficaram emocionados. Eu simplesmente não poderia ter escolhido uma atriz melhor. Nós segurávamos as mãos um do outro, e nossos olhares não se separavam.

 - Você, Edward Masen, aceita Isabella Swan como sua legítima esposa, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na probreza, amando-a, respeitando-a, sendo fiel todos os dias da sua vida, até que a morte os separe? – O juiz perguntou, e todas as cabeças se viraram para mim.

- Sim. – Sorri, triunfante.

Ele fez a mesma pergunta para a noiva, que abriu um grande e irônico sorriso para mim ao responder. – Sim.

Eu virei um pouco para encarar Emmett, sem soltar as mãos de Bella. Ele deu um passo a frente e me entregou as alianças. Nós encaixamos o anel um no dedo do outro, ambos com uma força desnecessária, sempre mantendo um sorriso no rosto.

O juiz sorriu para mim, realmente simpático, e então nos declarou marido e mulher. – Você pode beijar a noiva.

Eu olhei diretamente para Bella, que fez uma careta conforme eu me aproximava. Eu puxei seu corpo para o meu e colei nossos lábios, enquanto todos os convidados aplaudiam aquela falsa união.

(...)

- Foi tudo tão repentino! – Kate tagarelava com uma taça de champanhe na mão. – Algum motivo especial para a pressa? – Ela automaticamente olhou para a barriga de Bella, como a bela fofoqueira que era.

- Acho que só... Não podíamos esperar mais. – Sorri falsamente para minha noiva, abraçado a ela.

- Vocês sempre formaram um casal tão lindo! – Ela suspirou. – Bella, eu sinto por não ter aparecido no chá de panela, mas a Vanessa... Você sabe...

- Está tudo bem, Kate. – Ela atuou. – O importante é sua presença agora. – Sorriu. – E onde está sua menina, afinal? Acho que ainda nem a vi hoje!

Eu tentei não rir, apertando melhor minha mão em sua cintura. Bella estava especialmente falsa naquela noite. E nossas famílias, especialmente animadas.

De certa forma, todo o esforço daquelas mulheres malucas estava valendo a pena – mesmo com a falta de bebida alcoólica, o excesso de flores e o quase desmaio de Esme quando Bella e eu saímos de braços dados do altar, eu precisava admitir que todos, inclusive eu, estavam se divertindo. A pista de dança improvisada no meio da grama estava cheia, os convidados riam em alto e bom som em suas mesas, e todos aproveitavam enquanto eu e Bella fazíamos nosso papel, recebendo elogios e cumprimentos.

- Ela está... Em algum lugar. – Kate respondeu, olhando para trás. – Você não sabe como é difícil controlar essa garotinha! E eu só tenho uma! – Ela riu, e nós a acompanhamos. – Esperem só, logo será a vez de vocês!

Eu estava prestes a responder quando Bella me interrompeu, rindo. – Ah, não, isso... Isso realmente vai ter que esperar! Nós acabamos de nos casar, quer dizer, não! – Ela riu mais ainda, batendo de leve em meu peito. – Talvez um ou dois anos... – Sorriu inocentemente, dando os ombros.

Kate pareceu um pouco ofendida com a resposta, sorrindo e pedindo licença para procurar sua filha. Bella bufou e resmungou apenas para que eu ouvisse. – Ai, meu Deus! Qual é o problema dessas pessoas com filhos?

- Eu sei! – Estendi a mão para um garçom que passava, retirando uma taça de champanhe de sua bandeja sem nem mesmo olhar para ele. – É como se tipo, as cobranças não acabassem mais, não é? Porra, eu estou casado, o que essa gente tem a ver com a minha vida? – Continuei antes de beber um longo gole.

- Como se essa menina tivesse sido planejada. – Ela continuou amargamente, se referindo a Vanessa. – Aposto que com uma mãe tão burra ela... Ah, oi, querida! – Bella parou a frase para cumprimentar uma convidada, um pouco longe de nós. Elas apenas acenaram uma para a outra, e então a noiva bufou. – O que eu faço pra conseguir um pouco de álcool por aqui? Não, não esse negócio nojento! – Ela reclamou quando eu mostrei a taça que acabara de pegar.

- Você queria o quê? – Revirei os olhos. – É um casamento!

- Exatamente! Em casamentos, as mulheres ficam bêbadas, tristes porque percebem que não estão nem perto de se casar. – Ela explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – E os homens ficam bêbados porque... Eles são nojentos e é só isso que sabem fazer. Mas é claro que, nesse casamento organizado pela santíssima Esme, não tem uma única gota decente para todas essas pessoas!

Ela se afastou do meu abraço enquanto gesticulava, garantindo que apenas eu ouvisse suas reclamações. Quando eu tentei retrucar, ela ergueu uma mão e indicou para que eu parasse, olhando para algum ponto na multidão que não identifiquei. Eu franzi a testa, entortando um pouco a cabeça, e então um pouco longe enxerguei o motivo de seu silêncio. Em um vestido muito curto, estava Tanya, a stripper da minha despedida de solteiro. Ela conversava animadamente com Emmett; ele tinha essa filosofia de vida de que as mulheres encalhadas em casamentos eram as mais fáceis, e por isso não podia perder tempo. Mesmo que elas cobrassem.

- Edward... – Bella perguntou calmamente. – Por que tem uma prostituta no meu casamento?

- Ela... Eu a convidei. Tinha problema? – Sorri, cínico.

Ela virou com os olhos em chamas, fazendo menção de segurar meu colarinho, mas logo repensou e desistiu. – Problema? Você não pensa no que você faz, não é? E se alguém perguntar quem é ela, o que você pretende fazer?

- Eu digo que é uma velha amiga de Emmett. – Apontei para os dois muito próximos, rindo juntos.

- Você acha que tudo é muito fácil! – Ela bufou.

Eu revirei os olhos e tentei retrucar, mas fomos interrompidos por uma garota risonha e sua potente câmera fotográfica. – Uma foto dos noivos junto com o bolo? – Perguntou.

Nós olhamos juntos para a mesa enorme e os enfeites ainda maiores. De mãos dadas, obedecemos o pedido da fotógrafa, parando bem ao lado do bolo – eu desconfortavelmente fiz como dizia e abracei Bella por trás, forçando um sorriso para a câmera. A foto mal foi tirada e a noiva discretamente se afastou do meu abraço.

Outros convidados, e principalmente nossas famílias, se juntaram a nós para mais algumas fotos. Eu precisei ficar o tempo colado em Bella, sorrindo para todos os elogios e vez ou outra a beijando nos lábios, como mandava o plano. A última foto foi com Alice e Emmett, e então a garota começou a pular a nossa volta e gritar para que cortássemos o bolo. Ela estava animada como se fosse seu próprio casamento.

- Você sabe o que diz a tradição, não é? – Eu sorri enquanto abaixava a espátula pelo recheio, e então puxava o pedaço cortado para um prato.

- Não se atreva. – Bella ameaçou, baixinho.

Com um enorme sorriso, eu peguei um garfo de cima da mesa e me aproximei ainda mais dela. Todas as pessoas riam e gritavam, pedindo que eu fizesse isso. Bella deixou claro em seu olhar que haveria consequências, mas eu simplesmente não pude perder a chance. Eu peguei uma pequena quantidade do bolo e coloquei em sua boca delicadamente, mas antes que todos a nossa volta se decepcionassem, ergui a mão e virei o prato cheio direto no rosto da noiva.

Houve um pequeno momento de silêncio enquanto os convidados analisavam meu ato exagerado. E então, as gargalhadas foram unânimes. Sem soltar um único som, Bella limpou os olhos o suficiente para abri-los e me encarar. Eu observei enquanto ela, nada delicada, enfiava as mãos magrelas no topo do bolo e pegava um belo punhado da massa. Antes que eu pudesse fugir, ela jogou tudo na minha cara, esfregando até parte do meu cabelo.

Eu tentei limpar meus olhos também, mas um pouco do glacê ainda me incomodava. Arregalei os olhos para ela, que começou a rir como uma maluca, lambendo seus dedos. Quem assistia aquela cena pensava que éramos apenas um casal se divertindo de uma maneira nojenta, mas nós sabíamos que nossas brigas mais sérias eram resolvidas com atitudes infantis como aquela.

Eu a imitei e levei minhas mãos até o bolo, pegando o resto da camada superior. Eu envolvi seu pescoço com os braços e esfreguei toda a comida em seu cabelo enquanto ela gritava; eu quase podia ouvir o choro de Rosalie por ver sua obra-prima sendo destruída.

- Tudo bem, tudo bem! – Alice interrompeu, ainda rindo, sabendo que logo poderíamos ir longe demais. Ela afastou Bella de mim, que tentava se aproximar como um touro furioso, e pediu educadamente para os garçons próximos dali servirem o bolo.

Nós voltamos para dentro da casa por alguns minutos para nos limpar. No restante da festa, ela só falou comigo quando foi estritamente necessário, ou quando estávamos em público. Acho que ficou furiosa além do normal, porque nem mesmo me xingar ela tentou.

Quando todos já haviam se entupido de bolo, Alice convidou todas as mulheres para se reunirem e tentarem pegar o buquê; eu me afastei de Bella e fui até um canto, junto com Emmett, observando a cena ridícula. A noiva jogou o buquê para trás e todas as garotas, inclusive a minúscula Vanessa, se amontoaram como galinhas em busca de um punhado de milho. As flores já destruídas foram parar nas mãos de Rosalie, que se emocionou com a expectativa da tradição funcionar.

A festa continuou por tempo suficiente que Bella dançasse com seu pai, tivesse sua liga retirada por mim e, escondida, dividisse a última garrafa de champanhe comigo, como havia prometido. Não foi suficiente. Nós também tivemos nossa valsa juntos, com pisadas de pé propositais, e então eu dancei uma breve música com Esme, que insistia em fazer papel de mãe para mim em ocasiões importantes.

Para nossa felicidade, não era tão tarde da noite quando os convidados começaram a ir embora e nós decidimos partir para o aeroporto. Nós nos despedimos e saímos do jardim com aplausos, chuva de arroz e recomendações sobre os dias que passaríamos no Rio. Nós nos jogamos dentro do carro, exaustos, revirando os olhos ao mesmo tempo ao olhar pela janela e lembrar o pesadelo que estava sendo aquele dia.

E então eu percebi que era apenas o começo.

Teaser do próximo capítulo!:
"- Bella? Será que eu posso te fazer uma pergunta? – Edward murmurou, me olhando por cima de seus óculos escuros.
Aquela era a primeira vez que nos falávamos. Não ouve nem mesmo um bom dia, nada. Eu já esperava que ele acordasse confuso, e felizmente (ou não) eu tinha lembranças vívidas na memória para ajudá-lo. Acho que ele só esperava o momento certo para trazer o assunto à tona.
- Pode falar, Edward. – Eu analisei a aliança em meu dedo distraidamente, fingindo que não sabia do que estava por vir.
- Por que eu me lembro de você nua em cima de mim? – Ele mal encontrou sua voz, apertando a ponte do nariz conforme a dor o incomodava mais."


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Notas finais do capítulo

Olá meus lindos e lindas, que saudades que eu estava de vocês! Sim, Nina falando aqui! Eu sei que não sou muito freqüente mas é que, confesso, não dou muito pra ficar postando, eu sou mais a menina por de trás dos capítulos sabe? Por que fiquem sabendo que a Carol não é nada sem minhas idéias UAHUHAHUAHUAHUA, mentira, ela tem idéias boas também (não tão boas quantos as minhas but...)
Mas enfim, eu sempre vejo os comentários animados de vocês, principalmente de pessoas que nos acompanham desde The Cullens e nossa...isso é muito bom, eu e a Carol damos altas risadas ao planejar os capítulos dessa fic e só digo que ainda tem muito por vir, vocês ainda não viram nada xD
Pois é, vim aqui postar e dar um oi! Espero que não se esqueçam de mim e se lembrem que a maioria das idéias geniais vem da minha pessoa xD
Beijos a todos e valeu mesmo por estarem acompanhando e sempre com a gente, vocês são uns lindos!
Até o próximo capítulo :*