Já se passavam das 14:00, quando Nana gritou do primeiro andar da casa para seu filho:

–Tsu-kun! Gokudera está aqui!

O jovem de cabelos prateados trazia consigo um par de livros, que pareciam ser de matemática ou geometria, talvez. Mas isso não importava. Nana vivia feliz em saber que seu pequeno tinha amigos que se preocupavam com ele. Assim, pediu que Hayato subisse as
escadas, pois sabia que Tsuna estava "ocupado" com seu videogame e, provavelmente, nem teria ouvido seu chamado.

O aluno rebelde da escola, mas também o número um da turma, subia as escadas em direção ao quarto da pessoa que mais admirava no mundo. Não apenas por ser líder da maior família mafiosa existente, mas sim, por ele ser quem é: Sawada Tsunayoshi, seu chefe, seu amigo, e atualmente, seu namorado. Ah, não exatamente um namorado, mas a pessoa com qual trocava carícias e contava seus segredos. Bem, isso parece ser a definição para namorado, mas, novamente, não era exatamente isso. Continuou andando até chegar na porta do quarto. A bateu, esperando uma resposta.

–Já vai! - gritou uma voz de dentro do quarto.

Na verdade, ainda demorou um bocado até que Gokudera fosse atendido pelo dono do quarto, mas quando estava pronto para bater na porta mais uma vez, ela foi aberta.

–Gokudera-kun! - Cumprimentou o mais baixo. - Desculpe a demora, não pensei que era você aí. Ninguém me avisou que você havia chegado.

Realmente, Tsuna não havia ouvido sua mãe chamá-lo. Mesmo assim, convidou seu parceiro para entrar em seu quarto, se desculpando pela bagunça. Era impossível não reparar nas cuecas e camisas que haviam sido jogadas em cima da cama, mas Gokudera, que via todos os atos de seu chefe como propositais e inteligentes, não disse nada, apenas continuou caminhando até chegar à mesa de estudo, onde colocou seus livros.

–Que livros são estes, Gokudera-kun? - perguntou o pequeno mafioso.

–São de matemática, consegui eles na biblioteca da escola. - respondeu o maior, puxando e abrindo um dos livros.

Aquela situação era familiar para ambos. Era nessas tardes de estudo que se debruçavam no chão, trocando inocentes beijocas, e, às vezes, algumas mordidas. Tsuna sempre foi um garoto tímido, qualquer pressão já era demais para ele... e beijar outro homem, por mais inocente que fosse, o fazia ficar pasmo, arrependido. Mas queria continuar, por mais puro que fosse, tinha seu pequeno lado pervertido.

–Ahh?! Álgebra de novo?! Disse o moreno ao ver a página do livro que foi aberta. - Você sabe que eu não entendo isso.

Gokudera não era o melhor professor do mundo, explicava qualquer coisa, seja ela qual fosse, de modo complicado, cheia de teorias e gráficos estranhos, principalmente para Tsuna, pois sempre o viu como alguém que merecia mais que uma aula comum. Sempre achou que deveria dar uma aula ao nível do décimo chefe Vongola, mas sabia que apenas chegar em sua casa e abrir livros não daria certo. Era necessária uma motivação.

–Juudaime. - Disse o jovem professor, virando seu rosto ao aluno e se aproximando.

–Go-Gokudera-kun? - Perguntou o pequeno, assustado com a aproximação repentina.

–Eu vou te ajudar a se concentrar, Juudaime. - Respondeu, aproximando seu rosto ao do menor e fechando os olhos lentamente, tocando levemente seus lábios. O beijo deu-se continuidade e logo envolveu-se em um abraço amoroso.

O de cabelos prateados gostava de provocar o moreno. Em certos momentos, levava sua boca ao pescoço de seu parceiro e o mordiscava. Tsuna, mesmo tímido, não continha sua exitação e deixava alguns gemidos baixos escaparem. Parecia que aquilo não ia acabar nunca, se passara dez, vinte, trinta minutos e tudo continuava igual. Ficaram mais de uma hora assim, sem notar o tempo passar.

Enquanto seu pescoço era beijado, Tsuna virou seu rosto à mesa de estudos, visando os livros que o amigo havia trazido e se lembrando o verdadeiro motivo da visita de seu guardião.

–Gokudera-kun! Os livros, o relógio! - exclamou.

–Hãn? O que foi Juudaime? - perguntou o maior, confuso.

–Não é melhor estudarmos agora? Logo são 16:00 e...

–-HÃN?! 16:00 HORAS?! JÁ?! - disse Gokudera, cortando a fala de seu parceiro.

–Você tem algum lugar para ir, Gokudera-kun? - perguntou o menor.

–Na verdade, eu preciso mesmo arrumar minha casa até as 17:30... mas, Juudaime, não precisa se preocupar! Se você quiser, eu posso ficar aqui até a hora que o senhor desejar!

–Arrumar a casa? - perguntou o Décimo, percebendo que Gokudera estava estranho.

–É-é... bem, é que eu, eu não... costumo arrumar, sabe. E... ah, sempre é necessário um pouco de organização! Haha, haha! - respondeu o maior, dando risadas forçadas. – Mas agora, Juudaime, vamos aos estudos!

Tsuna, mesmo achando que Gokudera estava muito estranho, preferiu ficar sem questioná-lo. Assim, os dois se aproximaram à mesa e começaram a estudar. O maior tentava dar a melhor explicação possível, ao ponto de vista dele, era algo simples. Já, para o moreno, era coisa demais, ele não conseguia entender praticamente nada que seu amigo dizia, mas certas vezes, fingia entender, para evitar que voltasse ao ínicio das explicações complicadas.

Já haviam se passado uma hora e meia e Tsuna ainda não conseguia entender a matéria, mas ao olhar ao relógio, viu que o tempo havia se passado mais rápido que imaginava.

–Gokudera-kun, já são 17:30... - Disse Tsuna, alertando seu colega. Já que segundo ele, teria que, nesse horário, voltar para casa e limpá-la urgentemente... por mais estranho que isso fosse.

–Ah, me desculpe, Juudaime, queria poder ficar mais um pouco, mas, estou indo! Até mais. - Despediu-se o maior.

O menor também se despediu. Respirou aliviado quando seu colega-professor saiu pela porta. Estava realmente exausto daquela matemática impossível para ele. Mas a matemática parecia perseguí-lo, e, ao deitar na cama, viu que os livros que Gokudera havia pego na biblioteca da escola estavam ainda sobre a mesa, ele havia esquecido de levá-los consigo. Tsuna sabia que não alcançaria seu amigo agora, não porque estava longe, mas porque estava com muita, muita preguiça, então preferiu deixá-los ali e entregá-los no dia seguinte, antes da aula, na casa de Gokudera. Assim, voltou ao videogame e mais tarde, foi dormir.