Opostos? escrita por Depp Ramona


Capítulo 4
CAPÍTULO 3 – O primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Disse que ia postar capítulo novo, mas minha Camila linda me convenceu *-*
Só mais unzinho por hoje, né? :3



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Era quarta-feira, ainda cedo. Ville levantava da cama de mais uma mulher que encontrou por aí. Qual o nome dela? Não lembrava, não fazia questão. Mas precisava de uma boa despedida das noites quentes antes de começar a trabalhar. Agora teria uma menina louca e suicida em mãos, que conveniente!

Chegou ao local marcado, que parecia ser a casa da sua futura “patroa”, no horário, 8h00 da manhã, e encontrou com a mãe da moça. Rosana era o nome dela. Ela parecia animada.

- Olá, Ville. Pronto para conhecer a fera?

- Claro, claro. Eu estou ansioso para vê-la!

- Ótimo. Entre, essa é a casa dela. Está bom para você?

- Sim, minha casa é no bairro vizinho. Está perfeito.

Era uma bela casa. Branca, com estilo antigo, mas um pouco mal cuidada. Ficava em um bairro nobre da cidade, nada mais comum para uma família aparentemente rica. Quando entraram na sala de estar, Ville se assustou com uma figura estranha no sofá, diante a TV. Encolhida, escondida, não prestava atenção no programa que passava, que era mais um daqueles programas matinais, com receitas e fofocas, mas fitava a TV muito fixamente, como se fosse a única coisa interessante ali. Era uma moça bonita, mas estava bem descuidada, a roupa desleixada, o cabelo penteado de qualquer jeito. Então seria ela que receberia seus cuidados.

- Lara, acorda. Olha quem eu trouxe. – disse Rosana, com um tom tranquilo.

Lara olhou tão rapidamente para Ville, com um leve sorriso, que se desmanchou ao ver que não era o que esperava: seu Júlio de volta.

- Vai embora. E leva ele também. – reclamou, voltando a olhar a TV.

- Dá uma chance pra ele, menina, não seja má educada! O nome dele é Ville. Ele é finlandês e vai cuidar de você.

- Olá querida. – disse Ville, se aproximando de Lara. – Não precisa se preocupar, serei seu amigo, tudo bem?

- Se quer ser meu amigo, comece saindo por aquela porta e nunca mais voltando. Não quero ninguém aqui. – respondeu, afastando-se de Ville no sofá.

- Bom, eu preciso ir. – disse Rosana. – Vou deixar vocês se entendendo. E por favor, Lara, seja educada. Volto mais tarde para te ver. Tchau. – fechou a porta.

Cinco minutos se passaram. Somente o som da TV quebrava o silêncio. Até que Lara se esqueceu da presença de Ville e começou a cantar:

- Closure has come to me myself. You will never belong to me…

Ville viu ali a chance de puxar algum assunto, então começou:

- Ah, gosta de música, não é? Bom, eu tinha uma banda na Finlândia, eu era o vocalista. Se quiser, eu te mostro alguma das nossas músicas. – disse, com um sorriso largo no rosto.

- Tá, tanto faz. – respondeu, fazendo pouco caso – O que você quer?

- Vim cuidar de você. Sua mãe me contratou para isso. Sabe, ela se preocupa com você, e a partir de agora, eu também me preocupo. Mas não vou forçar nada. Imagino como se sente e sei que a última coisa que quer é mais um vindo te encher com mensagens de auto ajuda ou um lembrete do horário do seu Rivotril.

- Como você sabe disso tudo? É depressivo também?

- Não, não. Só sei o que acontece nessas situações. Conheci muitas mulheres como você. Mas sei que cada caso é um caso, então, se quiser me contar sua história, esteja à vontade.

- Você não me respondeu. – retrucou, séria – Como sabe disso tudo? É mais um psicólogo ou psiquiatra infiltrado?

- Hummm, digamos que eu tenho certa diferença que fazem as mulheres confiarem mais em mim.

- Por acaso você é gay? – perguntou, arqueando uma sobrancelha.

- Sou. Qual o problema?

- Vejamos então se é. – agora em tom desafiador. – Vai lá na cozinha. Pega a minha caixinha de remédios de cor salmão. Está em cima da pia.

Ville não entendeu o que Lara queria com isso, mas foi. Chegando lá, viu três caixinhas de cores muito parecidas. Qualquer um julgaria que eram iguais, laranja, só isso. Como saberia qual delas seria a cor de salmão? Então se lembrou de que tinha visto várias calcinhas de cores como aquelas. Fácil, era a caixinha do meio! A caixinha da esquerda era laranja avermelhado e a caixinha da direita era laranja escuro. Aquele teste estava fácil demais.

Ao voltar para a sala de estar, Ville percebeu um som diferente. Eram gemidos. Lara tinha sintonizado a TV em um canal pornográfico! Agora vinha a real provação.

- Ah, então você acertou a cor da caixinha. Parabéns! Agora senta aqui, vamos ver esse filme. Parece bem divertido! – disse Lara, com um sorriso levemente diabólico.

Ville, ao ver a cena que passava na TV, deixou a caixinha de remédios cair, fazendo Lara rir divertidamente. Aquilo era covardia! Que homem resiste a um filme pornô? Ainda mais com a TV em um volume consideravelmente alto. Aquele teste estava cruel demais. Mas acalmou e sentou-se. Tentou se concentrar em qualquer cena visualmente feia ou bizarra para se distrair, mas aqueles gemidos o tiravam a concentração. Estava muito difícil, mas conseguiu se concentrar e acabou relaxando, torcendo para que nenhuma cena mais “elaborada” aparecesse, se não seria o fim. Depois de alguns minutos, Lara desligou a TV, um pouco irritada. Ville pode ficar tranquilo.

- Desisto. Você não esboçou nenhuma reação! – reclamou Lara

- Mas não é assim o jeito certo de me testar. – riu Ville. – Na verdade, eu gosto tanto das mulheres, que sempre quis ser uma. Não, não vou me transformar em mulher, mas vocês são mágicas, místicas, especiais, – continuou, acariciando os cabelos de Lara – eu gosto disso, eu gosto de vocês, quero entender, quero ajudar, quero ser amigo.

- Então porque prefere homens? – ela ainda duvidava.

- Não é disso que viemos falar, não é? Me conte sobre você!

Lara reclamou um pouco, mas acabou cedendo e o contando sua história. Ela parecia bem e continuou assim o resto do dia: leve, sem descontroles, sem choro. Até a noite, quando recebeu a visita de sua mãe, que deu uma notícia um pouco desconfortável: iria fazer uma viagem. Lara precisaria de atenção integral de Ville, que foi para sua casa um pouco atordoado pela notícia.

Aquela missão fácil não parecia mais tão simples assim, mas ele estava disposto a tudo isso. Ajudaria aquela moça e ainda ganharia dinheiro, seria muito bom! O único lado ruim é que sentia que ia se envolver, de alguma forma acabaria de apegando. Mas deixou esse pensamento de lado. O que tivesse de acontecer, aconteceria. E dormiu sozinho pela primeira vez desde que chegou ao Brasil.


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Notas finais do capítulo

Agooooora sim, amanhã tem mais u_u



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