A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

CONTAGEM REGRESSIVA! FALTA APENAS 1 CAP!!!
Bem, esse tá meio dramático, mas cês sabem... é o último dela na Capital. Eu disse que postaria ontem, mas fiquei sem ideia, e só hj eu consegui terminar o cao. ESPERO QUE GOSTEM :D



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– Nick - Disse eu calmamente, embora estivesse nervosa sobre o que eu estava prestes a fazer - Precisamos conversar. Sério.

Ele levantou as sobrancelhas, perguntando silenciosamente o que era, enquanto me soltava.

– E-eu vou l-levar a sério aquela história de... - Travei.

– De? - Ele perguntou me encorajando a continuar. Cheguei perto de seu ouvido e disse o que estava entalado na minha garganta.

– Fugir.


Ele ficou lá me encarando sem alterar a expressão. Como se dissesse "tá falando sério?" ou "sem chance!"

De repente, a possibilidade de ir para o desconhecido sozinha e ficar sem meu melhor amigo me atingiu como um soco no rosto. Meu rosto começou a esquentar um pouco e comecei a falar desesperadamente.

– Olha Nick eu até entendo se você não quiser ir, por que é uma ideia maluca ...

– Kath...

– ... e é provavel que acabemos mal por que é praticamente impossível fazer isso mas eu quero ir de qualquer jeito e...

– Kath!


–... mesmo que você não for eu vou por que eu não aguento mais ficar aqui e... - Ele tapou minha boca com as duas mãos.

– Vai me ouvir? - Balancei a cabeça em concordância.

– Eu vou com você, não importa aonde você vá. Eu vou estar sempre com você, ok? Achei que depois desses dez mil anos de amizade você já tivesse sacado isso. E você, sozinha na floresta? Sem ninguém para te socorrer caso aconteça algo? Sem chance.

Sem palavras. Fiquei literalmente sem palavras. Apenas com a boca aberta, espantada por ele ter aceitado sem ao menos hesitar.


– Você teria feito o mesmo por mim, caso fosse o contrário. Certo?

Apenas balancei a cabeça em concordância. Ele me puxou para perto e me abraçou. Ficamos ali, apenas olhando o sol. Não tenho ideia de quanto tempo ficamos daquele jeito, só sei que o sol já estava bem alto no céu.

– Quando vamos? - Ele perguntou.

– Não quero nunca mais olhar nas caras do trio de babacas inúteis cheios de estrume na veia.

– Trio de babacas inúteis cheios de estrume na veia?

– Foi como eu apelidei o belíssimo trio fedido da cobrinha metida.


Ele riu um pouco, mas era uma risada um tanto... Nervosa.

– Então... Temos que planejar. - Ele disse um tanto... Empolgado? Não, não, devia ser só o nervosismo mesmo.

– Sim... Tive umas ideias aqui.

Fui contando para ele meu plano. Hoje, sábado, passaríamos o dia em casa, pesquisando sobre as fronteiras, os pontos menos vigiados, etc. Amanhã separaríamos tudo. Suprimentos, roupas, tudo o que precisaríamos para ficar na floresta. Depois da vida toda assistindo aos Jogos, eu tinha mais ou menos uma ideia de como sobreviver na mata. Sempre ter água, achar comida, ter armas por causa de animais ferozes, achar abrigos, nunca fazer fogueiras e muitas outras coisas. Iríamos na segunda. Em vez de ir ao colégio, vamos para a floresta. Meus pais vão ficar achando que eu fui dormir na casa de Nick e os pais de Nick achando que ele veio para a minha casa. E assim o primeiro dia passaria despercebido. Quando meus pais descobrissem a verdade, talvez já teriam se passado vários dias, e então já estaríamos bem distantes.


Ficamos mais um tempo olhando o horizonte, sem falar nada. Só aproveitando o momento, nossos últimos dias na Capital. Nossos últimos dias sem passar dificuldade, sem medo de ser pegos, sem medo de morrer.

De repente, meu bipp começou a dar sinal. Bipps eram aparelhinhos de mandar e receber mensagens, além de ouvir músicas, jogar uns joguinhos esquisitos, como pac man e receber notícias. Eu tinha um pequeno Bipp rosa e roxo, com adesivos de flores.

"Venha para a casa agora. O almoço está pronto.

– Mamãe"


Dei mais um abraço em Nick e disse que tinha que ir. Ele, segundo ele mesmo, ficaria mais um pouco. Dei um beijo em sua bochecha e soltei:

– Nick... Tem certeza que você vai? Tem certeza? - Ele balançou a cabeça em concordância. E então eu fui para casa.


– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -


Depois do almoço, subi correndo e fui ao computador. Meus pais, por serem Idealizadores, tinham o mapa de Panem e o mapa da Capital. Me tranquei no quarto e começei a pesquisa. Localizei e marquei minha casa, para saber mais ou menos minha localização. Achei a casa de Nick e o Campinho e os marquei também. Procurei e procurei os pontos fracos nas fronteiras da Capital, que, infelizmente, é rodeada de montanhas, o que dificultaria bastante nosso "trabalho".

Mas, depois de meia hora, achei. Achei!! Um ponto frágil, meio abandonado. Ele era bem distante, mas nada que eu e Nick não poderíamos chegar. O problema é que alguns encarregamentos, de armas e produtos, chegavam por ali. Mas esse era, definitivamente, o ponto mais frágil na "cerca". Mandei uma mensagem pro Bipp de Nick.

"Achei um ponto. Marca a minha casa e por ela ache o Campinho no seu computador. Está a noroeste do campinho, passando bastante do prédio de tributos e ao contrário da ferrovia.." D.D.P.

– Kath"

D.D.P. é a sigla que eu dei para Descarga De Produtos. Quando ele achasse, entenderia. Bom, pelo menos eu espero que ele entenda.

Fui pesquisar mais coisas, como por exemplo como chegar lá. Anotei tudo e então me deitei. Começei a pensar sobre que esse ERA meu penúltimo dia na Capital. Então, não sei por que, tive uma ideia esquisita. Fiz uma lista das dez coisas que eu iria fazer aqui antes de ir.



Coisas que eu quero fazer antes de Ir:

– Ouvir todas as músicas do meu Bipp

– Ir no Cream Centre (Loja de Sorvete)

– Fazer compras no Shopping

– Ver minhas primas

– Ver meu filme preferido

– Olhar o prédio dos tributos

– Ver o sol nascer

– Comer bolo de chocolate com calda de caramelo e recheio de chocolate

– Ir no campinho de novo

– Me despedir de Simon


Olhei bem para a lista. Já eram 15:30. Olhei a lista, olhei o relógio. Levantei da cama fui me arrumar. Ia cumprir a lista.

Doze minutos. O tempo exato que levei para me arrumar. (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=57665732)

Enfiei a lista na bolsa e saí de casa.


– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -

Quando cheguei em casa, estava exausta. Comi um sorvete de três bolas de creme, chocolate e flocos na Cream Centre. Fui ao shopping e, sem querer, encontrei as quatro, Anthea, Annazi, Porzia e Guess. Compramos muitas coisas, inclusive meu bolo de chocolate com calda de caramelo e recheio de chocolate. Fomos no cinema e vimos meu filme preferido. Como já eram 19:00, vim para a casa, mas não antes de dar uma boa olhada no prédio dos tributos.


Coisas que eu quero fazer antes de Ir:

– Ouvir todas as músicas do meu Bipp

– Ir no Cream Centre (Loja de Sorvete) X

– Fazer compras no Shopping X

– Ver minhas primas X

– Ver meu filme preferido X

– Olhar o prédio dos tributos X

– Ver o sol nascer

– Comer bolo de chocolate com calda de caramelo e recheio de chocolate X

– Ir no campinho de novo

– Me despedir de Simon


Marquei na lista o que já tinha feito. O pior eu deixaria para depois. Então, botei os fones de ouvido e fui escutar música. Mais um "X" para marcar na lista. Jantei, e fui dormir.

– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -

Acordei bem cedo. Embora a animação de ontem tenha servido para esquecer um pouco o que ia fazer, hoje era um dia crucial. Iria arrumar minha mochila. Botei um vestidinho amarelo e laranja e desci com a mochila na mão.

Como meus pais não tinham acordado ainda, eu começei a arrumar a mochila. Separei:

– Cinco pacotes de biscoito

– Cinco maçãs

– Uma caixa de fósforos

– Três garrafinhas de água

– Duas facas médias e afiadas

– Duas blusas

– Uma calça

– Dois pares de tenis

– Uma peruca, caso eu precisasse

– Um batom, também se eu precisasse

– Uma foto dos meus pais

– Um short

– Um casaco

– Um par de chinelos amarelos

– Um sabonete.


Ainda bem que a mochila era bem grande.

Hoje eles não trabalhavam, pois era domingo, então assim que eles acordaram eu escondi a mochila.

Tomamos café conversando normalmente, rindo aqui e ali, mas eu estava meio tensa. Eles perceberam, mas eu despistei. Sugeri, inocentemente, ou nem tanto, para que eles fossem no cinema, pois tinha um filme muito bom em cartaz, Os Amantes de Ljandrya. Que ridículo. Bem, eles aceitaram, para a minha alegria. Precisava conversar com Simon.

Assim que eles foram, fui ao quartinho dele. Na sala, tinha uma escadinha para baixo, onde dava em um quartinho com uma cama, uma tv, uma cômoda e um banheiro. Bati na porta umas duas vezes e ele atendeu com uma cara de assustado, como se se perguntasse o que alguém fazia em seu quarto.

– Oi Simon. Posso falar com você? - Ele fez um sim com a cabeça. Depois, olhou questionador para o teto, como se perguntasse se íamos falar aqui mesmo ou lá em cima.

– Aqui mesmo. Posso entrar? - Ele fez que sim.

Me sentei em sua cama e ele fez o mesmo.

– Olha, preciso de um favor seu. Serei eternamente grata. - Ele me olhou um pouco espantado.


– Eu quero que você diga, quer dizer, desculpe, dê um recado a meus pais, que amanhã eu vou dormir na casa de Nick. Não só amanhã, mas, sei lá... Essa semana. É, isso mesmo, essa semana. - Ele me olhou como se eu estivesse dizendo alguma mentira.

– Você está achando que eu estou mentindo né? - Ele balançou a cabeça em concordância.

– É... Eu não vou dormir lá. - Ele me olhou espantado. - Eu vou... Vou... Fugir - Ele quase teve um infarte. Arregalou os olhos totalmente e ficou me encarando descrente.

– Sabe, eu não aguento mais isso... Eu vou fugir, mas meus pais não podem saber disso. Enquanto eles acharem que eu estarei a casa do Nick, eles não se preocuparão. Quando eles finalmente notarem algo, já estarei longe. - Ele apontou para a própria boca e depois para meu coração. Senti meu peito se contrair com a possibilidade de eu virar uma Avox. Nunca mais falar, nunca mais poder sair, apenas servindo alguém como uma empregada. Sendo maltratada... Olhei para meus pés, e ficamos em silêncio por alguns minutos.


Então pensei em uma coisa. Será que ele gostaria de ir conosco? Descartei essa ideia no momento que ela apareceu. Meus pais, se o avox deles simplesmente sumisse, eles desconfiariam. No momento que chegassem em casa.

Olhei para ele.

– Você faria isso por mim? - Ele tinha uma expressão triste, como se a ideia de me ver fugindo e possivelmente morrendo ou virando uma Avox era ruim para ele. Como se ele tivesse pena de mim. Eu pensava que ele não se importasse comigo, mas tendo em vista que eu tento ser sempre gentil com ele e me comunico com ele enquanto os outros o destratam... Talvez com ele ficando sozinho sua vida seria pior. Tentei não pensar nisso.

– Faria?

Ele balançou a cabeça em concordância. Aposto que ele entendia a minha ânsia de fuga. Embora ele tivesse problemas piores que os meus, a ânsia era a mesma. Fugir. Deixar para tras os problemas.

Dei um sorriso fraco em sua direção e soltei um "obrigada" tímido. Saí de seu quarto e fui para cima meditar um pouco.


– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -

Acordei. Era uma manhã fria e nublada. Era hoje. Hoje. Botei um vestido azul escuro, penteei os cabelos e desci. Minha mãe já estava acordada, então pisquei para impedir as lágrimas, por ser a última vez que a veria, e fui até ela. A abraçei quase chorando e ela me perguntou o que foi. Despistei novamente.

– Vamos comer, Kaethe. - Assenti e comi com ela. Logo depois, meu pai desceu, o abraçei fortemente também.

– O que está havendo com você filha? - Disse minha mãe.

– Nada, mãe.

– Está quase na hora da escolha, filha. Vá se arrumar. Disse meu pai.

– Ok papai. Estou indo.

Enquanto subia as escadas, os ouvi murmurando coisas como "o que está acontecendo com ela?"


Quando subi, chamei Simon. Queria me despedir dele. Quando ele entrou em meu quarto e o abraçei.

– Tchau Simon. Queria que você soubesse que você foi ótimo. Sempre fez tudo direitinho. Gosto muito de você. Obrigada por tudo viu? - Ele apenas balançava a cabeça em concordância. Acho que ele estava um pouco emocionado, pois aposto que em todo esse tempo que ele esteve trabalhando como Avox ele nunca recebeu qualquer demonstração de afeto. Ele me entregou um bilhete, deu um sorriso fraco e saiu. Acho que eu sentiria falta dele... Era um cara legal.

" Você sempre foi uma ótima patroa. Obrigada por tudo que já fez por mim. Por tentar me fazer me sentir mais a vontade, não me tratar mal. Espero que coisas boas aconteçam com você. E lembre-se, a males que vem para o bem. Não importa o que aconteça, nunca desista. Novamente, obrigada."

Agora sim uma lágrima escorreu por meu rosto. A limpei e me arrumei. Estava na hora. Meu pai me esperava.


– Vamos? - Ele disse.

– Vou a pé. - Disse com a voz trêmula. - Tchau pai, tchau mãe, amo vocês, e sempre amarei.

Eles me abraçaram forte e eu quase começei a chorar. Adeus pai... Adeus mãe... Adeus Simon... Adeus escola...

– Nós também te amamos. E sempre te amaremos.

E então eu saí de casa. Hoje seria um longo, longo, longo dia.



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Notas finais do capítulo

Faltam 4 dias pro meu niver *-*
Bem, comentem heim! amanhã já começa a fuga!
comentem!!! comentem!!!