A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A FUGA!
- 3...
- 2...
FALTAM SÓ 2 CAPS ALÉM DESSE!!!
Esse ta meio esquisito, mas bem, é importante para a decisão dela... De qualquer forma, espero que gostem :)



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Levantei cedo, botei um vestidinho rosa, penteei os cabelos e saí do quarto. Pensei em passar no quarto de Nick para conversármos, mas depois de ontem, nem sabia como eu iria olhar pra ele sem, no mínimo, ficar vermelha.

Quando desci, Simon estava botando as coisas na mesa. Olhei de um lado para o outro, para ver se minha mãe ou meu pai estavam por perto. Já que não estavam, fui falar com Simon.


– Bom dia Simon. - Disse, enquanto chegava perto da bancada da pia para ajudá-lo. Ele apenas deu um sorriso fraco e balançou a cabeça em saudação.

– Quer ajuda? - Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, como se dissesse não. - Mas eu vou ajudar você - Afirmei. Mas ele apontou para os olhos e depois para a escada. Eu entendei. Ele queria dizer que se minha mãe ou meu pai o vissem comigo, ele seria severamente punido por ter contato com seus "patrões".

– Tudo bem - Disse eu. Logo após eu falar com ele e me sentar, minha mãe e meu pai apareceram na escada. Ainda bem que eu não o ajudei, senão ele seria pego.

– Onde está Nicholas, filha? - Disse minha mãe enquanto se sentava.


– Ah, ainda está dormindo. Vou chamá-lo.

Então levantei e subi as escadas correndo. Parei na frente da porta do quarto de hóspedes, me preparando psicológicamente para nosso "encontro". Porém, enquanto me concentrava, ouvi ele falando algo.

– Kath! Não! Nããão!

Quando entrei no quarto, ele se remexia na cama, inquieto. Sua testa estava pingando de suor, seus olhos fechados com força. Ele murmurava algo de vez enquando, mas eu não ouvia, pois ele falava bem baixo. O balançei levemente de um lado para o outro enquanto dizia:

– Nick, Acorda!

Geralmente ele tinha sono leve, mas hoje ele custava a acordar. Enquanto o balançava, peguei algumas palavras e frases, como "eles nos acharam" e "corra". O balancei mais forte. Quando acordou, sentou rapidamente e soltou um grito baixo e abafado enquanto respirava pesadamente.

– Você está bem? - Ele pareceu só perceber minha presença nesse momento, por que levou um susto.


– O que você ta fazendo aqui? - Ele soltou. Fiz uma careta involuntária por causa de sua resposta ríspida. Ele percebeu, e pediu desculpas baixinho.

– Você está bem? Repiti.

– Ah, er, t-to sim! Por que n-não estaria? - Disse ele, atropelando as palavras.

– Mentira.

– Verdade!

– Mentira.

– Por que eu mentiria pra você?

– É o que eu estou me perguntando. - Falei ríspida. Já estava começando a me irritar.


Ele abaixou a cabeça e ficou remexendo os dedos, como sempre fazia quando estava nervoso.

– O que foi? Qual é, me fala! Você sabe que pode contar tudo pra mim.

– Já disse que não é nada! Por que você veio aqui?

– Vim te chamar pra tomar café, mas você só vai sair dai quando me contar.

– Aff. Vou trocar de roupa pra descer. Quer ficar aqui mesmo? - Ele deu um sorriso malicioso. Bufei e desci, pra tomar café. um Nicholas todo ferrado desceu as escadas uns cinco minutos depois. Todos tomamos café em silêncio.

Quando ele foi tomar banho pra ir pro colégio, minha mãe chegou perto de mim e perguntou baixinho:

– Por que ele está mancando, com o dedo super inchado e com a bochecha roxa? - Operação enganar a mãe Ativada.


– Ah... Ele caiu de cara no chão ontem.

– Foi isso mesmo, Kaethe?

– Foi sim. - Ela me olhou com aquela cara Não-acredito-em-nada-que-você-disse e Converso-com-você-depois. Mas deixou passar e foi fazer outra coisa.

Tomei meu banho e me arrumei pra escola. Meu pai ofereceu uma carona, mas recusei, pois eu e Nick tínhamos muito o que conversar, e a sós.

Fomos andando bem quietos, até eu quebrar o silêncio.

– E então?

– E então o que? - Ele disse.


– Você ainda tem que me contar o que aconteceu. O que você estava sonhando, para ter acordado daquele jeito, e o que eu tinha a ver com isso.

– Como assim o que você tinha a ver com isso?

– Eu ouvi você murmurar meu nome. Algo sobre eu correr, que "eles" - Falei fazendo aspas - nos acharam. - Ele gelou, e voltou a olhar pros dedos, como fazia quando estava nervoso.

– Foi só um sonho ruim - Ele murmurou tão baixo que quase não ouvi.

Resolvi parar de presioná-lo. Quando ele quisesse falar, ele falaria. Ficamos em silêncio por algum tempo. Então, toquei num assunto que me pertubava.

– O que será que eles aprontarão na escola?


– O que?

– O que será que eles aprontarão na escola? - Repiti, um pouco impaciente.

– Ah, sei lá. - Então ele voltou a olhar pra frente. Ele tinha um olhar vago, como sempre fazia quando estava pensando em algo. E esse algo não tinha nada a ver com a escola. Ou com o trio de babacas inúteis cheios de estrume na veia. Me perguntei novamente o que ele tinha sonhado. Mas desde quando ele guardaria segredo e agiria tão sério diante uma coisa boba como sonhos? Isso já estava me irritando e intrigando. Foi apenas um sonho! Que coisa!

– Sei que não sairemos dessa escola sem alguma traquinagem deles. Isso já está ficando chato.

– Uhum. - Ele disse ainda meio "alienado".

Chegamos na escola depois de vinte minutos de caminhada. Assim que passamos pelo portão, percebi olhares estranhos. Eu sabia que, desde que entrássemos na escola, ela seria pior que os Campos de Punição.


Nick parecia ter voltado a si, pois também estava tenso, como eu. Como já eram 10:00, quando começava a primeira aula, fomos direto pra sala, para a aula com a Srª Godrick.

Assim que entramos, vi Celle, Seth e Magnalla com quase toda a turma em volta. Eu sabia que eles não se vingariam sozinhos. Todos eram malditos puxa-saco do trio de babacas inúteis cheios de estrume na veia. Então, o belíssimo trio fedido usaria todos contra nós. E eles atacariam sem nem sequer hesitar. Tudo para agradar a cobrinha metida Snow. Bando de maria-vai-com-as-outras. Que ódio!

Todos olharam pra nós quando entramos. Olhares acusadores, como se tivéssemos cometido um crime terrível. Então olhei pra Seth, cuja os machucados eram bem piores do que os de Nick, e dei um sorriso bem discreto, que apenas eles três perceberam, e o vi amassando um papel com força, para controlar a ância de pular em meu pescoço. Eu gargalharia de sua reação, se não soubesse que ele pular em meu pescoço seria melhor do que qualquer coisa que eles farão.

E infelizmente eu estava certíssima.


Nos sentamos nas últimas cadeiras, para não sermos notados. Mas isso, é claro, não funcionou.

Depois de umas meia hora de aula, a professora pegou um bilhetinho da mão de Celle que estava passando por aí. Ela leu e arregalou os olhos.

– Srª Scarf e Sr Wierschen, venha comigo por um minuto. - Gelei. O que estava naquele bilhete? Eu não tinha feito nada! Enquanto andava vagarosamente por entre as cadeiras, ouví as risadinhas idiotas de todos, menos, claro, de Nick. Olhei para ele e o vi com uma cara de espanto enquanto ele andava atrás de mim.

Assim que saímos da sala, a Srª Godrick fechou a porta e nos olhou como se fossemos criançinhas travessas de quatro anos que haviam feito alguma traquinagem.

.- Os senhores podem me explicar o que é isto?

Li o papelzinho em sua mão. Com uma caligrafia cuidadosa, estavam escritas palavras que eu nunca havia escrito.

"Sua cobrinha metida, hoje eu e meu amigo acabar com esse seu rosto feio na saída. Já cuidamos do seu amiguinho, o Seth babaca, e veja só como ele está. Você é a próxima.

– Kaethe & Nicholas"


– Eu não sei, não escrevi isto! - Disse eu.

– Nem eu. Não bateria nela!

– Eu até acreditaria em vocês, queridos, se não tivesse visto como o Sr Crane se encontra. - Infelizmente não podíamos discutir contra ela neste ponto.

– Mas eu posso provar que não fui eu que escrevi! Minha letra não é assim e além do mais ninguem em sua sã consciência escreveria o nome nas ameaças e...

– Me poupe, Srª Scarf. Detenção para os dois briguentos. Vão ficar por uma hora depois da aula hoje e amanhã e quarta estudando sobre bulling.


– Mas...

– SEM MAS! Na próxima vez que encontrar bilhetes deste calão que tenham a ver com vocês, seu caso chegará ao diretor. Estamos entendidos?

Fiquei chocada. Simplesmente chocada. Nick não falava nada. Só olhava para a professora com os olhos arregalados. Os dois responderam "sim" com um desânimo horrível. Ainda bem que, com os jogos tão perto, meus pais só chegavam as 10:30 da noite, pois senão eles notariam que eu demoraria e me perguntariam o que houve. E eu, claro, não poderia responder.

Voltamos para a aula, evitando olhar para os outros na sala. Nos sentamos em silêncio, e assim continuou o resto da aula. No almoço, trocamos poucas palavras, e depois voltamos ao silêncio na aula seguinte.

– Não acredito nisso - Disse eu enquanto me encaminhava para a biblioteca para a nossa detenção ridícula.

– Nem eu. - E voltamos, novamente, ao silêncio.


– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -

A semana foi horrível. Passamos por todo tipo de "tortura" possível. Tanto psicológica quanto física. Tinham baldes de tinta caindo em minha cabeça, comida entornada, meu armário todo cheio de cola, estragando meus livros, minhas coisas sumindo, comentários maldosos, pés na minha frente fazendo com que eu caísse toda hora, empurrões, e as ameaças. Falando que se eu não fizesse o que eles queriam, os pais de Nick seriam despedidos (por que Seneca Crane não sabia que foi Nick que bateu em seu filho, e se eu não fizesse Seth contaria, fazendo com que eles fossem demitidos), bateriam no Nick etc, e que se eu contasse pra ele sobre as ameaças pra alguem, qualquer pessoa, nós dois sofreríamos as consequências. E o pior é que Nick sofria as mesmas ameaças, só que ao contrário. As ameaças dele tinham a ver comigo. Que aconteceria, várias coisas comigo se ele não obedecesse. Meus deuses, isso estava indo de mal a pior, cada dia um novo horror, uma nova agressão, um novo xingamento, uma nova ameaça. Eu já estava entrando em desespero, não podia chegar com cara abatida em casa, pois não podia contar a meus pais, Nick estava tão abatido quanto eu, não daria para desabafar com ele, pois ele já sabe, o que me deixava mais angustiada, além do sonho estranho que ele havia tido e o beijo, que eu esqueci com toda essa confusão. Eu sabia que eles se vingariam, mas eu não sabia que chegaria a tal ponto, e que eu me afetaria e me abateria tanto com isso.

Enquanto refletia sobre isso deitada em minha cama, estava ficando cada vez mais depressiva. E, para piorar, sempre que eu ficava triste eu tinha mania de pensar em TUDO que era triste em minha vida. Pensei sobre como não podia ser eu mesma, ou vestir o que quisesse que eu morava numa cidade em que uma barbárie como os Jogos Vorazes eram vistos como festa, que os meus próprios pais eram os homens e mulheres que faziam os jogos se tornarem cada vez mais sangrentos, a crueldade que a Capital tratava os distritos, pensei em Simom, com sua mãe que fora chicoteada até a morte, seu irmão morto numa das edições sangrentas dos jogos, ele cruelmente mutiládo, condenado a ficar mudo pelo resto da vida, e que ninguém me entendia, ninguém entendia meus pensamentos além de Nick. Oh, Nick, Nick. O que estava acontecendo com ele? Por que ele não estava me contando o que estava sentindo? Quando dei por mim, estava soluçando desesperadamente. Então uma coisa me veio na cabeça. A única solução de meus problemas. Da minha angústia diária.

Liguei para Nick, marcando um encontro às 8:00 da manhã de amanhã no campinho. O campinho era uma colina com grama e árvores, um dos pouquíssimos lugares "verdes" aqui na Capital.


– x -x - x - x - x - x - x - x - x - x -


Cheguei no campinho uma hora antes do combinado, pois precisava refletir um pouco sobre o que eu estava prestes a fazer. Pensei e pensei, mas não ache nenhuma outra solução. Então, voltei a refletir sobre minha vida, enquanto tirava a casquinha de um machucado provocado pelas unhas feias e grandes de Magnalla, aquela filha de uma... ah esquece. Começei a soluçar de novo, quando um par de fortes braços me abraçaram por trás. Olhei para trás, a tempo de ver Nick se sentando do meu lado. Ele estava com profundas olheiras, e me perguntei o por quê, embora já soubesse a resposta.


– Então, por que a senhorita estava soluçando e me fez acordar cedo e vir para o campinho as 8:00 da manhã?

– Nick - Disse eu calmamente, embora estivesse nervosa sobre o que eu estava prestes a fazer - Precisamos conversar. Sério.


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Notas finais do capítulo

u.u vcs já imaginam a conversinha né >:D
Mandem reviews, pliis, preciso saber o que vcs estão achando. Podem criticar, desde que seja uma crítica construtiva, por que se não estiverem se sentindo bem com algo, só falar que eu tento resolver da melhor forma possível, ok?
bjuus, até a próxima :D