Percy Jackson E Os Jogos Vorazes escrita por Mileh Diamond


Capítulo 53
O lendário Distrito 4


Notas iniciais do capítulo

Uou, deorou muito mais do que eu esperava, me sinto uma bruxa g-g Desculpas especiais a Leila, porque nos ultimos meses eu fui a pior cunhada ever por não ter sequer entrado no site, e ao Chão kun que se deu ao trabalho de ir até o tumblr para me caçar.
Devo dizer que esse é o antepenúltimo capítulo da fic. Ele só tem algumas informações adicionais sobre a Guerra contra Gaia. E não gente, não li A Casa de Hades ainda, mas em compensação já sei de tudo que acontece (ou quase)
Lá vamos nós...



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Pov Percy

Os próximos meses passaram como um grande borrão. Um borrão de problemas todos os dias. Aparentemente o meu ato das amoras serviu como uma fagulha para uma série de rebeliões por toda a Panem. Reforçaram a segurança nos distritos, há muito mais pacificadores do que antes. Recebi até uma visita pessoal do Presidente Snow, mas isso não é algo que eu queira comentar, foi terrível.
E como se já não bastasse, há ainda os problemas pessoais. Todos os dias tenho pesadelos relacionados a guerras, a arena, a Annabeth e a Katniss. Ás vezes os sonhos juntam tudo isso, como uma guerra em uma arena onde eu tenho que escolher entre Annie e Kat. Mas quando eu escolho uma, a outra simplesmente desaparece. Hera deve estar me castigando por não seguir as ordens dela. Porém, eu nunca fui de seguir regras.
Os problemas de Katniss se tornaram meus problemas também. Ela também tem pesadelos, porém os dela parecem mais massantes do que os meus. Ou apenas é o fato de que ela é mais sensível.
De qualquer forma, quando ela acorda gritando todas as noites, eu estou lá para consola-la. Acostumamos a dormir no mesmo quarto, por conta dos pesadelos. Tive alguns problemas com a mãe de Katniss nas primeiras semanas, mas agora ela aparentemente me suporta. E não, eu não durmo na mesma cama que a Kat. Não somos namorados de verdade para fazer isso, ora.
E como se não bastasse todos esses problemas, ainda tem o Gale. Pelas próximas semanas após a nossa volta ao Distrito 12 ele me olharia como se eu fosse o próprio Hitler, apenas sem o bigodinho esquisito. A relação entre ele e Katniss também ficou conturbada, aparentemente. Isso é mau no meu ponto de vista, pois ele é o único cara que eu posso imaginar cuidando dela além de mim. E eu não quero voltar a pensar no Mellark.
A última conversa entre mim e Gale não correu muito bem. Basicamente envolveu olhares frios, desculpas, Katniss me matando em pensamentos, clima tenso e...bom, é melhor você ver por conta própria.

"Era de tarde quando Gale bateu na porta. Eu estava na sala da casa de Katniss, esperando a mesma, que estava se arrumando para passear comigo. Eu não estou brincando. Katniss Everdeen se arrumou para um passeio. De acordo com ela, era apenas uma promessa à Cinna que queria que ela se cuidasse mais, isso não é importante no momento.
Voltando, bateram na porta e eu atendi. A mãe de Katniss saíra junto com Prim. Quando vi que era Gale pensei "Ferrou".
Não conversamos desde que havíamos voltado da Arena. Eu tenho quase certeza de que ele quer arrancar a minha cabeça e usa-la como peso para papel ou coisa assim. Ao se dar conta de que era eu quem atendera, a cara dele se contorceu em uma careta.
–- Percy. - disse meu nome com um certo ódio. Eu desejava que ele tivesse errado para eu poder corrigir e quebrar o clima.
–- Gale. - eu falei com uma risada sem graça. Deuses, me matem agora.
–- A Katniss está em casa? - perguntou.
–- Sim, ela tá no quarto. Daqui a pouco ela desce. - silêncio mortal ligado - Entra. - disse abrindo caminho para ele entrar.
Meio que contra vontade ele entrou. Ficamos sentados, um de frente pro outro, cada um em um sofá. Ele me olhava sem nenhuma expressão. Eu teria menos medo se tivesse raiva de mim.
Tentei começar uma conversa.
–- Então você está trabalhando nas minas, né? - perguntei.
–- Sim. Cinco dias por semana, 12 horas de trabalho. - disse me encarando.
–- Hum, deve ser difícil.
–- É bem cansativo. Mas você não deve saber o que é isso, já que mal apareceu aqui e virou um vitorioso. - disse de dentes trincados.
Resolvi ficar em silêncio para não trazer mais problemas, mas pelo visto ele queria falar.
–- Você prometeu que ia cuidar dela. Apenas cuidar dela, não pedi-la em namoro. - disse em voz baixa e olhando para o chão.
Suspirei e respondi:
–- Fiz o melhor que pude, mas não tive escolha. Tive que fazer aquilo para deixar nós dois vi...
–- Aquelas trocas de carícias estavam muito reais para serem apenas encenações. - disse mal-humorado me encarando.
Eu poderia tentar me defender, mas ele continuou.
–- Por que fez isso? Sabia que eu gostava dela há tempos! Não há como se "apaixonar" por alguém em menos de 24 horas, ainda mais quando está com esses problemas de memória. - disse a última parte em tom de deboche e depois riu sarcástico - Até hoje eu não sei o que você é. Não é da Capital, isso é óbvio. Se fosse eles já teriam te prendido e muito menos deixado que você fosse campeão. - ele ficou olhando pra mim como se esperasse respostas - Estrangeiro? Veio de outro país? Isso eu posso descartar, visto que não há muitos lugares com vida além de Panem. - ele riu - Quem sabe você até pode ter vindo do 13! - por alguns instantes depois que ele disse isso seu olhar permaneceu sério, como se estivesse cogitando a possibilidade. Mas ao que se referia? Ao lendário Distrito 13? Sempre pensei que estivesse destruído, mas não é hora para pensar nisso. Seria apenas mais dor de cabeça.
–- Não me importa de onde você veio, - ele disse - eu só esperava que tivesse um pouco mais de juízo.
–- Eu gosto da Katniss, muito. E você não deveria ficar tão estressado, ela gosta de você também. - eu disse tentando consertar a situação.
–- Acertou a palavra: gosta. Ela apenas gosta de mim. Ela não gosta de você, ela ama você. Você não percebeu? Ela olha você diferente, mesmo por trás das câmeras. Ela sempre quer estar perto de você, mesmo quando não é preciso. Ela precisa de você e não de mim, é isso que me deixa com mais raiva! - ele disse a última parte quase gritando.
As palavras dele me atingiram com um soco certeiro no estômago. Analisando tudo o que ele dissera só poderia resultar em uma coisa: ele estava certo. Katniss realmente sentia algo a mais por mim. Aquilo me deixou mal, como se tivesse pegado uma gripe repentina. Eu estava temendo que isso acontecesse. Se ela está gostando de mim, a despedida será mais dolorosa. A última coisa que eu quero no mundo é fazer ela sofrer. Katniss não merece isso. Ela já tem problemas demais aqui no tempo dela. Não precisa de um semideus lunático para bagunçar as coisas de uma vez. Quando eu tive essa conversa com Gale, meu primeiro pensamento foi: eu preciso acabar com isso. Não sabia ao certo quanto tempo tinha até ir embora, mas estava decidido a fazer com que Katniss "desapaixonasse" por mim.
Perdido em pensamentos mal percebi quando Kat desceu as escadas pisando duro, fazendo parecer uma cena de filme de terror.
–- Que gritaria é essa?! Gale? O que está fazendo aqui? E por que estão discutindo? Sabem que não é educado brigar na sala de estar das visitas?! - dizia ela um pouco atropelada e com as bochechas vermelhas de raiva...ou seria de blush?
Minha vontade era de apontar para Gale e dizer "Ele começou!", mas sabia que isso era muito infantil. E também, eu estava mais interessado em ficar olhando Katniss arrumada. Devo dizer que um vestido e um batom fazem milagres, ainda mais quando a garota é a Kat.
–- ...eu deveria acertar os dois com uma flecha para aprenderem a agir como pessoas civilizadas! - aparentemente ela tinha continuado a nos repreender, mas meu déficit de atenção me impediu de saber do que se tratava. Provavelmente um longo discurso sobre como homens não sabem resolver brigas com classe. Claro, falou a garota que jogou uma faca no mentor...
–- Desculpe o incômodo, Katniss. - disse Gale interrompendo-a com a voz um pouco fria - Só passei para saber como você estava, visto que mal conseguimos nos falar de uns tempos pra cá. Mas se for preciso posso voltar outra hora. - disse se levantando e indo em direção a porta, sem esperar uma resposta.
Quando ele saiu, voltei meu olhar para Katniss. Ela parecia visivelmente incomodada com a situação, e um pouco culpada também.
–-Deveria ter falado com ele. - eu disse.
Ela se recompôs e me olhou de forma mortal.
–- E eu deveria te transformar em patê de peixe, Jackson!
Pela próxima meia-hora em que saímos ela ficou reclamando sobre como eu tinha o talento de colocar ela em problemas e blá, blá, blá. Eu não prestava muita atenção, estava com as palavras de Gale na minha cabeça. Ela não poderia estar apaixonada por mim. E eu nem deveria estar pensando nisso, pois já até sei como vai acabar. É uma das leis básicas da convivência: quando você se dá conta de que alguém te olha diferente, você começa a olhar diferente para esse alguém, no final temos duas pessoas apaixonadas."
As semanas seguintes a esse evento foram marcadas por minhas tentativas falhas de tentar ignorar a Katniss. Mas eu realmente não consigo, ela tem essa coisa que consegue me prender. Não sei explicar. É como se ela tivesse um pouco da Annabeth dentro de si, mas pensar nisso só deixa as coisas mais difíceis.

Agora estamos no Tour da Vitória, mais especificamente no Distrito 4. Antes disso começar tivemos uma pequena entrevista com Caesar Flickerman, onde ele fez a seguinte pergunta:
–- Então, Percy, ansioso para conhecer o tão falado Distrito 4?
Dei de ombros e sorri.
–- Um pouco. Acontece quando se passa meses sendo chamado de "D4" mesmo sem conhecer o tal lugar.
Eu realmente estava ansioso para aquela visita. Sentia que algo me aguardava naquele tão falado lugar.
Quando eu e Katniss nos encontramos na porta do trem, antes de sairmos, ela me perguntou:
–- Gostou do vestido?
Olhei a roupa que usava, um vestido azul-claro brilhante. Sorri e beijei sua bochecha.
–- Embrulhada para presente, gostei disso. Quando nos casarmos chamaremos o nosso filho de Cinna II.
Ela riu e segurou a minha mão.
–- Você é doido. Agora vai entender porque eu te chamo de D4. Esse distrito é um buraco com cheiro de peixe cheio de olhos verdes.
–- Eu ainda sou mais bonito.
–- Nem se acha.
Eu ia responder a altura, mas uma Effie nervosa por conta do horário passou por nós avisando que abririam as portas. Em poucos segundos estávamos engolfados pelas câmeras e luzes. Quando consegui desviar dos repórteres por alguns segundos, pude ter minha primeira impressão do Distrito 4. Era um lugar grande, não tanto quanto quanto o Distrito 11, mas razoavelmente grande. Ao longe eu podia ouvir o som do mar e das ondas que pareciam me chamar. Os habitantes ali eram em grande parte bronzeados e de olhos verdes, como descreveram para mim. Diferente do que eu esperava, eles não me olhavam com raiva ou admiração, mas sim com surpresa e incredulidade, principalmente por parte dos mais velhos. Ao passar por uma velha manca que andava com a ajuda de uma muleta, eu pude claramente ouvir ela dizer com a voz fraca:
–- O filho de Netuno retornou...
Franzi a testa. Eu conhecia Netuno como o planeta, mas então me lembrei que o deus romano dos mares tinha esse nome. Será possível que aquela gente ainda tinha contato com a antiga cultura dos Acampamentos? Eu acreditava que sim, pois parecia que quase todos ali me conheciam antes de eu ir para os jogos.

Depois do discurso e todo o roteiro ter sido feito, eu e Katniss fomos liberados por duas horas para passear, já que aquele era um distrito especial. Não pensamos duas vezes em ir direto para a praia.
Eu me sentia muito bem ali, como se estivesse na minha verdadeira casa. O céu limpo, a areia branca e as ondas baixas apenas melhoravam a paisagem. E como estamos em casa, não precisamos de formalidades. Tirei o paletó e as botas, deixando-os em algum banco ali perto. O vento bagunçava meus cabelos e eu ria como uma criança. Katniss resolveu acabar com um pouco da minha felicidade e me obrigou a segurar as sandálias dela.
De mãos dadas, nós caminhávamos pela praia.
–- É muita água...- murmurava ela olhando maravilhada para o mar.
Revirei os olhos e sorri.
–- Atlântico, Katniss. Katniss, Atlântico. Agora estão apresentados.
Ela fez um bico infantil.
–- Não sou tão burra assim, sei que o oceano é grande. É que ainda é impressionante. O máximo que eu já tive foi um lago de 100 m².
–- Panem deveria investir em turismo. Deixar o povo sem conhecer o mar é algo inaceitável. - disse fazendo uma cara séria e depois rindo.
Ficamos em silêncio por um tempo. Katniss lutava para manter o cabelo longe de seus olhos.
–- Sabe, desde a época Pré-Panem o nível do mar subiu cerca de dois metros. Se formos mergulhar ainda encontraremos vestígios dos antigos prédios. Dizem que foi por causa do aquecimento global e coisas do gênero. Eu nunca acreditei muito nisso, pois sempre achei que era um espaço muito curto de tempo para que tantas mudanças acontecessem. - ela olhou para mim - Agora eu tenho certeza disso. Não sei o que você fez nessa guerra, mas aposto que você usou bastante do seu poder. - ela suspirou - Desde já eu digo "obrigada" pelo seu futuro esforço em mudar as coisas, acabar com a guerra para conseguir um futuro melhor para as pessoas.
Olhei para longe, um pouco incomodado com o rumo que a conversa tinha tomado.
–- Só fiz - ou farei - o meu trabalho. Estou acostumado a salvar o mundo. - disse sorrindo enquanto colocava uma mecha do cabelo dela atrás da orelha - Mas esses são meus problemas, não precisa se preocupar. Por enquanto sorria e aproveite a maresia.
Ela riu.
–- Até rimou!
–- Viu? Sou um poeta! - pensei um pouco - O que aconteceria se eu te jogasse a água?
–- Eu ia te bater até que seu cabelo fique da cor da roupa da Effie.
Sorri e cruzei os braços para trás.
–- Que bom que a roupa dela é azul.
Com um movimento da mão fiz com que uma onda forte acertasse os pés dela, fazendo-a cair. Depois as outras ondas fizeram seu trabalho molhando ela. Kat se levantou cambaleante e, após cuspir um pouco de água, gritou com todas as forças:
–- Jackson, eu vou te enforcar!
Eu gargalhei e saí correndo. Se continuasse ali perderia todos os meus membros.
E então lá estávamos nós, dois adolescentes que se amam correndo um atrás do outro por causa de uma gracinha do garoto que fez a garota ficar irritadíssima com ele.
Após uns cinco minutos de corrida eu me cansei de ver Katniss tropeçando na areia e na barra do vestido, de forma que eu diminuí a velocidade para ela me alcançar. Ela pulou no meu pescoço me fazendo cambalear.
–-Te peguei, idiota. - ela disse me soltando logo depois.
–- Eu te deixei ganhar.
–- Ah, era um jogo?
–- Sim, eu chamo de "Irrite a caçadora mais linda de Panem".
–- Vocênão tem conserto mesmo.
Já ia responder quando minha visão capturou a presença de duas pessoas um pouco longe. Um homem, com seus vinte anos, e uma mulher também nessa faixa de idade. Katniss seguiu o meu olhar e seus olhos se arregalaram um pouco.
–- Conhece eles? - perguntei em voz baixa.
–- Claro que sim, são Finnick Odair e Annie Cresta. - ela respondeu fitando o casal - Achava que os vitoriosos não saíam de casa em dia de Turnê.
–- Bom, quando se mora em um distrito com uma praia eu não tiro a razão deles. - disse dando de ombros - Seria errado se fôssemos falar com eles?
Ela mordeu o lábio.
–- Não acho que seja uma boa ideia. Snow vai ficar sabendo de uma forma ou de outra. Ele om certeza não quer que fiquemos amiguinhos de outros vitoriosos.
–- Você tem razão. - pensei enquanto observava os dois. Agora eles já estavam perto e eu pude ve-los com mais clareza. Finnick era alguns centímetros mais alto que eu, com pele bronzeada e cabelos castanhos bagunçados. Annie era um pouco mais pálida, como se não saísse de casa com frequência. O cabelo castanho claro arruivado estava despenteado. Ela mal levantava o rosto para olhar para frente. Estava muito focada em fazer nós em um pedaço de corda. Ambos tinham olhos verdes brilhantes.
Eles pararam a nossa frente. Finnick me analisou de cima a baixo com um olhar um pouco estranho. Parecia dizer "Sério que esse é o vitorioso?" mais com um pouco de hesitação e curiosidade.
–- Percy Jackson. - ele disse quase em um murmúrio e logo depois estendeu a mão que eu apertei - Acho que já deve ter ouvido falar de mim. Finnick Odair.
–- Claro. É um prazer conhece-lo, Finnick. - disse com o meu melhor sorriso.
Annie levantou os olhos para me encarar. Seus olhos verdes pareciam vasculhar o fundo da minha alma a procura de algima resposta.
–- Um meio-sangue dos deuses antigos filho, chegará aos dezesseis apesar de empecilhos... - ela murmurou em uma voz quase inaudível.
Aquelas palavras eram familiares pra mim, de um jeito ruim. Como se eu já tivesse sofrido demais com aquelas linhas.
–- O que disse? - perguntei.
Ela pareceu ter se dado conta do que havia dito e balançou a cabeça furiosamente.
–- Eu não disse nada! - ela falou um pouco alto demais.
Finnick segurou seus ombros e falou com uma voz calma e séria:
–- Annie, acalme-se. Ele não é um inimigo. Não há necessidade de usar esse tom de voz.
Ela assentiu e voltou sua atenção para os nós da corda.
Katniss, que até agora apenas observara a conversa, finalmente foi captada por Finnick. Ruim.
Ele abriu um sorriso brilhante - sério, aquilo pode até cegar alguém - e beijou a mão de Kat.
–- Perdoe os meus maus modos em não cumprimenta-la devidamente, Srta. Everdeen. É um prazer conhece-la.
–- Encantada. - disse a mesma com um sorriso de orelha a orelha.
Limpei a garganta com uma careta chamando a atenção dos dois. Katniss me olhou feio enquanto Finnick riu.
–- Desculpe, força do hábito.
–- Sei. - disse com um pouco de mau-humor - Sabe, o que a Annie falou me soava familiar, quase como uma profecia. - a última parte saiu meio que contra a minha vontade. Eu mal fazia ideia do que estava falando, mas ao pensar melhor sobre isso era a pura verdade: aquilo era uma profecia.
Ele ficou sério e arqueou uma sobrancelha.
–- O que sabe sobre profecias?
Dei de ombros.
–- São aquelas rimas antigas que dizem o que vai acontecer no futuro, não?
Ele riu como se a ideia o divertisse.
–- É, basicamente isso. Quase sempre elas servem para nos colocar em confusões.
Ele desmanchou o sorriso e olhou para os lados um pouco ansioso, como se para garantir que ninguém ouviria aquela conversa. Analisando minhas atuais circunstâncias, eu duvido um pouco disso.
–- Sabe, Percy, desde o instante em que você apareceu na Colheita, todo o distrito 4 entrou em alvoroço. Isso porque suspeitamos de que você é...um conhecido nosso, digamos assim. Mas para confirmar preciso te fazer uma pergunta: - ele fez uma pausa antes de continuar - O que você sabe sobre meio-sangues?
Meu sangue gelou. O calor da praia não melhorava nada disso. Ao meu lado, Katniss ficou calada enquanto olhava de mim para Finnick repetidas vezes.
Suspirei e disse:
–- Eu sou um meio-sangue, filho de Poseidon.
Ele pareceu ficar mais nervoso com isso.
–- Você conheceu o Acampamento Meio-sangue?
Mordi o lábio inferior.
–- Acho que sim. Eu não me lembro com clareza. Grande parte da minha memória foi apagada por Hera.
–- Hera? A rainha dos deuses? - ele perguntou levemente surpreso.
–- Deusa-vaca. - murmurou Annie levemente irritada por não conseguir fazer um nó.
–- Não tenho certeza sobre a última parte, mas sim, é essa a Hera de que estou falando.
Finnick assentiu com a mão no queixo e um semblante pensativo.
–- Preciso que venha até a minha casa, Percy. Quero que esclareça algumas coisas, assim também poderei explicar outras. Podemos ir agora?
Olhei para Katniss.
–- Quanto tempo temos até Effie começar a arrancar os cabelos?
Ela pareceu acordar de um certo transe e respondeu:
–- Cerca de uma hora e meia, mas eu não acho que seria uma boa ideia...
–- Vamos lá, Katniss. Há coisas que eu preciso saber e sei que Finnick pode responder. - disse ansioso.
Ela pareceu hesitante por um tempo, mas depois suspirou consentindo.
–- Acho que se formos rápido não terá tantos problemas.
Finnick esboçou um sorriso satisfeito.
–- Sigam-me, contarei a vocês a história do Distrito 4.


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Notas finais do capítulo

As demoras não são perdoáveis, fui uma grande Hera com vocês ;-; TALVEZ, os últimos capítulos saiam esse mês. Vou tentar.
Fiquei cm saudade de vocês
Bjuxxx