Como era bom estar em casa! Abriu a porta de seu quarto e se jogou em cima da cama. Bruce ouviu um latido e percebeu que havia se jogado por cima de seu Dobermann Alemão. O animal rosnou para ele, mas pareceu ter reconhecido o dono, que não via há um bom tempo, e começou a lambê-lo.

Hannibal – o nome que ele carinhosamente havia dado ao cachorro – fora um presente de seu tio Earl, um dos membros da família que eram muito gananciosos, vivia tentando tirar a empresa de seu pai. Mas claro que Thomas era bem mais esperto, e conseguia dar a volta por cima.

Ficou acariciando seu cachorro por tanto tempo que nem percebeu que sua mãe estava na porta encarando-o. Bruce sorriu para ela. Marta era o tipo de mãe cuidadosa, que qualquer filho gostaria de ter.

Será que Jonathan teria uma mãe pra cuidar dele quando ele chegasse em casa?

 Não era hora pra pensar em Jonathan! Alôôô!

- Bruce, tem um amiguinho seu aqui que eu convidei pra passar esse tempo com a gente.

Bruce arqueou uma sobrancelha.

- Quem, mãe? – Ele perguntando esperando, sinceramente, que não fosse John Blake. Nas ultimas férias o menino ficara na sua casa a pedido de sua mãe, e bom... Não foi lá uma experiência muito boa.

- Seu amiguinho, John Blake! – A mãe bateu palmas, animada. Bruce entrou em pânico. Não! Outra vez não! John apareceu atrás de sua mãe com duas mochilas, sorrindo todo excêntrico.

- Oi Bruciiii! – John abriu os braços, esperando que Bruce o abraçasse. Nem em sonho.

- Oi Blake – Bruce disse frio, sua mãe lhe lançou um olhar assustador, fazendo com que Bruce mudasse a cara emburrada para uma expressão de boas-vindas quase que imediatamente.  – Que bom que veio!

- Obrigada por me deixar ficar, Dona Marta – John agradeceu educadamente, a mulher sorriu para os dois e desejou um “divirtam-se”, e saiu. – Eu vou fazer das suas férias um inferno! – Bruce encarou John assustado. O menino mordeu o lábio e tirou uma folha de dentro de uma de suas mochilas.

Ah não. Uma lista de coisas a fazer, não!

*

Seu quarto estava igual como tinha deixado quando saíra, parece que Marony entendeu quando dissera “nada de usar minha cama como pula-pula” logo que foi para a escola. Seu primo estava deitado na cama – que, infelizmente ficava no mesmo quarto – e encarava Jonathan desfazer as malas, com uma expressão bem entediada.

- Deve ser muito chato estudar naquela escola. – Marony fez uma cara enojada quando Jonathan tirou vários livros de dentro da mochila. O menino ajeitou os óculos e rolou os olhos.

- Você já estudou lá. – foi a vez de Marony rolar os olhos – E eu nem preciso lembrar o por quê de você ter sido expulso.

- Ah, lá vem o senhor “sermão”. Não estou afim de nenhum conselho de ética agora, ok? – Marony levantou-se furioso e foi para a sala. Ótimo, pelo menos poderia arrumar suas coisas em paz.

Deixou seu lado do quarto bem organizado. Gostava das coisas assim; eu seus respectivos lugares. Bermudas com bermudas, casacos com casacos, etc.

Seu celular caiu de dentro da mochila. Jonathan percebeu que ele estava sem bateria e o pôs pra carregar. Quando o ligou novamente, percebeu que havia, além de ligações perdidas, várias mensagens.

A primeira era de Selina.

Estou com sdds ♥

A segunda era de John.

Atendi eçe selular!

Bjks do Blake s2

O português dele era horrível!

E a última era de Bruce...

Ahn... Atende o celular, eu e Blake queremos conversar com vc!

Jonathan revirou os olhos. O que os dois queriam com ele? Adicionou o número de Bruce a seus contatos e em seguida ligou para o menino.

Respirou fundo.

Após três toques ele atendeu.

- Ei, Johnny!

- Andou me ligando, Bruce? – Jonathan ouviu uma gritaria do outro lado da linha. Foi quase impossível distinguir o que ele falara.

- Liguei sim. Escuta, Johnny, isso foi ideia do Blake, mas... Quer participar da festa do pijama que eu vou dar hoje? – Bruce parecia meio receoso em falar. Jonathan ouviu Blake gritar freneticamente do outro lado da linha “Aceita, Johnny! Aceita!”

- Tudo bem... Vou ver com meu tio.

*

- O que ele disse? – John e Eddie, que havia convidado também para sua festa do pijama, perguntaram quase ao mesmo tempo. – Ele vem?

- Vem. – Bruce mordeu o lábio inferior e jogou um travesseiro em Blake. Começaram uma guerra de travesseiros; penas brancas voavam para todos os lados, até seu cachorro começou a pular e latir.

- Quem mais nós vamos convidar? – Eddie perguntou enquanto roía uma bolacha.

Bruce checou sua lista telefônica. Não tinha tantos números, pois ele não tinha tantos amigos assim...

- Que tal se eu convidasse o Gambol? – Gambol era um riquinho que estudava à noite na universidade. Eddie e Blake o conheciam, ele jogava basquete como ninguém. Bruce lembrou-se que costumava andar com ele, Jack odiava o menino moreno, viviam se debicando.

- Ótima ideia! – Os dois vibraram – Quem mais? Que tal Bane?

- Nem morto eu trago Bane pra minha casa! Ele vai nos matar enquanto estivermos dormindo! – Os três riram.

- Tem o Anthony e o Oswald. – Bruce checou a lista de novo – Tem também o Victor. Ah, não, ele foi morar no Canadá.

- Quem é Anthony mesmo? – Eddie perguntou ajeitando seus óculos.

- Anthony Garcia, lembrou agora? – Bruce mexeu em seu celular, procurando uma foto dele. Haviam tirado no inverno do ano passado, quando eles ainda estudavam juntos. – E o Oswald Cobblepot vocês sabem quem é.

- Ah, o baixinho gordinho que parecia um pinguim – Os três caíram na gargalhada. Fazia tempo que não se divertia assim... Bruce estava contente por poder trazer seus amigos para sua casa em uma festa do pijama, iriam fazer coisas que meninos adoram fazer... Como jogar-video game. De preferência um jogo bem violento!

Mas Bruce ainda estava incerto sobre a reação de Jonathan. Ele nunca fora de se enturmar muito, ficava sempre no próprio canto. Suspeitava que, talvez, o menino não fosse se dar tão bem com seus outros amigos.

Precisava tentar. Não poderia deixa-lo em casa “mofando” enquanto Edward se divertia mais que ele!

*

- Ah, meu filho... – Carmine deu um longo e demorado suspiro – Claro que deixo você ir. Mas... Marony terá que ir junto!

Jonathan olhou apavorado para o tio. Ele só podia estar brincando! Ele era muito brincalhão, não era?! Um homem muito bem humorado!

- Mas ele não foi convidado, tio! – Carmine sorriu. Era óbvio que ele não estava falando sério.

- Se Marony não for, você não vai. – Jonathan respirou fundo. Ok, talvez ele não fosse aquele saco de humor que o menino achava que ele fosse.

- Tudo bem, tio. – Ele revirou os olhos.

- Marony, vai ver um pijama então, você vai a uma festinha com seu primo.

Iria ser uma ótima festa do pijama com aquele maconheiro junto. Seu tio não tinha limites, isso era uma coisa que ele nem conhecia.

O telefone do tio vibrou e Jonathan viu na tela o nome do professor de jiu-jitsu de Bruce. Ra’s Al Ghul. Seu tio Falcone o conhecia?!

Ele não havia visto o celular tocar, então Jonathan checou as mensagens e contatos dele.

Havia uma mensagem de Flass – um homem gordo que Jonathan não gostava nem um pouco – que dizia para eles se encontrarem no Beco do Narrows assim que fosse possível.

Seu tio era um homem perigoso, disso ele sempre suspeitara. Agora... O que Flass ou Ra’s iriam querer com ele no Narrows, ainda por cima? Jonathan nunca fora no Narrows, ficava perto do Asylum Arkham e seu tio o proibiu de ir até lá.

Tinha alguma coisa errada. E Jonathan estava disposto a descobrir o que era.