Lonely Star escrita por Lana Snakebald


Capítulo 2
Céu Azul




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/252631/chapter/2

Os últimos raios laranja do entardecer tocaram os óculos do americano e ofuscaram sua visão por um momento. Ele se surpreendeu quando olhara pro horizonte e percebera que o sol já estava se pondo. Não era de seu feitio hesitar tanto assim. Na verdade, ele nunca hesitava. Era impulsivo e sabia disso, considerava uma característica necessária pra um herói. Já que os verdadeiros atos de heroísmo surgem na emoção do momento, e não se tem tempo pra ficar pensando no que fazer.
Então, porque estava caminhando pelo pátio daquele hospital desde a hora do almoço? Parando de tempos em tempos em frente a janela dela, imaginando como ela estaria lá em cima, se seus ferimentos já estavam melhores...
Se ele ainda estava lá com ela.
Voltou a sentar no banco de pedra que ficava junto à fonte, onde ele tinha em vista, a quatro andares acima, o quarto onde ela repousava. Riu de si mesmo e achou graça. Não só pelo fato de estar tão temeroso em encontrá-la novamente, e por ter sentado naquele banco tantas vezes naquele dia. Mas, também por estar preocupado com ela, principalmente a considerar que fora ele quem perdeu a luta.
Sim. Ele, o América, uma das maiores potências do mundo atual. E estava a caminho de provar que não era só uma das potências, mas sim a maior potência do mundo moderno. E ele levara uma surra de uma aldeã agricultora. Não havia motivo nenhum pra se preocupar com ela, mesmo que ele a tenha machucado bastante, ela certamente estaria bem.
- Garota durona. riu ele consigo mesmo enquanto tocava suavemente o curativo em sua bochecha. Pensando que talvez fosse por isso que tivesse começado a gostar dela.
Então, enquanto o sol sumia no horizonte, ele sentia as sombras se aproximando rápido demais. E seu sorriso desapareceu. Ele não tinha o direito de gostar dela. Não depois de perder daquele jeito. Mas, não era isso... A pergunta era: Ele estava mesmo apaixonado por ela? Ou isso era só uma questão de rivalidade? Poderia ser. E ela não sabia. Não sabia porque ele havia mentido pra ela.
Sua mente fora tragada para o dia em que realmente havia conhecido Vietnam. No palácio das nações unidas, enquanto ele andava tranquilamente entre os corredores feliz por ter acabado de comprar seu big mac e um milk-shake duplo de chocolate com creme.
-Ah-ah! suspirou com um sorriso largo. Essas reuniões sempre me deixam com fome! È dureza ser o maior de todos os países. No final, sou sempre eu que tenho que ajudar todo mundo, se não esse pessoal fica perdidinho. Hehehe!
Sim, sim! Eram tempos bons. Ele estava ficando cada vez mais forte. E no final das contas aquela guerra havia sido até bem fácil de contornar. E fora até bastante divertida, pensou. Bem... Talvez os outros países não concordassem com ele, mas isso não era problema.
Foi então que passou pela porta que dava ao jardim do palácio e o viu. Sim, ele é enorme! Muito difícil de não se ver. Ainda mais desatacando-se naquela paisagem cheia de cores tão quentes e vivas, com suas roupas pesadas e sua aparência alva.
Rússia poderia parecer ingênuo aos olhos dos outros. Mas, já lutara ao seu lado e sabia que ele era um guerreiro muito esperto e traiçoeiro. Também não tivera problemas com a guerra, e assim como ele, estava se tornando muito forte.
Hunf! Ele só ajudou um pouquinho. A maior parte da guerra quem venceu fui eu. E é só ganhar um ou dois admiradores que ele já começa a se achar o irmãozão de todo mundo!
Rússia caminhou entre o jardim por algum tempo, poderia parecer distraído, mas o americano sabia que era sempre bom ficar esperto quando o grandão estava calmo demais. Então decidiu segui-lo.
Foi então que ele a viu.
O russo o levara até um coreto, um pouco afastado do pátio e bem próximo á um lago. Ela estava sentada sobre a amurada de madeira do coreto, com uma expressão tranqüila e pacífica, jogando pedaços de pão para patos que se reuniam próximo á borda para receber os petiscos.
Seu rosto lembrava o amigo Japão e o China. Ela devia ser do oriente. E era linda. Tinha uma beleza diferente da que se costuma ver. Pois não era tão alta, nem era dotada de curvas exageradamente voluptuosas, não tinha cabelos numa cor muito exótica nem seus olhos tampouco. Mas, sim, seu rosto era lindo. Tinha uma simplicidade bela, um olhar forte e cheio de espiritualidade, fazia com que ela parece mais velha e mais madura do que realmente deveria ser. Seus cabelos escuros tinham um brilho azulado e caiam sobre um dos ombros preso em um rabo de cavalo, eram tão sedosos e lisos como fios de seda.
E talvez o América tivesse ficado mais impressionado com a aparência da jovem, se o Rússia não tivesse invadido o cenário, aproximando-se dela com seu sorriso ingênuo e infantil.
- Ora! Boa tarde! sorriu o russo. Passei por aqui e quando a vi de longe pensei que fosse o China. Sinto muito pelo engano. Acho que não a vejo muito por aqui.
A moça olhara para o russo, meio aturdida com sua aproximação. Ela piscou algumas vezes, e talvez tivesse entrado em posição de ataque, caso não tivesse escutado o nome do irmão mais velho.
- Eu não costumo vir á essas reuniões. Mas, ultimamente tem havido muitas lutas e eu fico preocupada com meus irmãos. disse ela dando pouca atenção ao russo. Você é amigo do meu irmão China?
- Eh! Eu e o China somos muito amigos! não tanto quanto eu gostaria... sussurrou ele sombriamente em um lapso repentino que a moça mal notou. Eu e ele temos muito em comum. Nós dois valorizamos muito a nossa família.
- É mesmo? Entendo... Acho que o China sente falta de quando estávamos todos juntos. suspirou a moça com ares nostálgicos. Na verdade, muitas vezes eu também sinto...
- Ah! Ele comentou que tinha duas irmãs. Já que você parece ser a mais séria, você deve ser a Vietnam, certo?
Ela voltou sua atenção pro russo, mas apesar de seus olhos estarem nele, sua mente parecia estar perdida e algum lugar no passado. Ainda sim, Rússia continuava sorrindo inocentemente, apenas feliz por ter conseguido mesmo que só metade da jovem.
- É mesmo ótimo não é? Ter sempre a casa cheia de gente, uns ajudando aos outros... Todos crescendo e ficando fortes juntos, nos divertindo juntos. Um protegendo ao outro...
- É... a moça oriental sorriu fracamente. Esse mundo está mudando tanto. Está sendo cada vez mais difícil me virar sozinha neste lugar. Sinto falta de poder brincar com minha irmã Taiwan... Mas, eu nunca posso relaxar, tenho sempre que ficar alerta pra tudo.
Rússia recostou-se na amurada e sorriu dando de ombros.
Vietnam se deixou levar pela antiga lembrança de sua família unida. Ela e Taiwan corriam graciosamente pelo jardim de hortênsias, tentando fugir do animado e vivaz Coréia que saltava com suas roupas largas demais tentando pegá-las para fazer cócegas. China observava da varanda de sua casa, com as mãos enfiadas nas mangas do quimono, rindo ao olhar a cena como se fosse um verdadeiro chefe de família, com o sempre tão quieto e sereno Japão ao seu lado, e sem perceber Hong Kong, que, com um bolinho de feijão doce na boca, usava as duas mãos para tentar preparar um de seus fogos de artifício, enquanto o sensato Tailândia quase deixava cair seus óculos ao ver que, se o irmão conseguisse o que queria talvez eles tivessem que concertar um furo na parede da casa.
A moça suspirou suave como se aquela lembrança lhe servisse como uma refeição. Então olhou para o céu com a esperança no olhar.
- Não precisaríamos ter que lutar tanto se fosse assim.
A vietnamita se surpreendeu quando sentiu a mão enluvada do russo tocar a sua suavemente. Ela olhou para seu rosto e o viu com um sorriso meio entristecido. Ele afastou a mão da sua e voltou seu olhar para o chão de madeira do coreto.
- Eu... Acho que intimido um pouco as pessoas por causa do meu tamanho. A minha casa é muito fria também, e quase ninguém nunca vai me visitar. Por muito tempo sempre estive sozinho com minhas irmãs, mas... ele suspirou e voltou seu olhar para o lago. É cansativo não é? Ter que lutar sozinho o tempo todo...
A moça oriental sentiu certo encanto e simpatia por aquele olhar púrpura tão distante e solitário. Um sorriso que certamente escondia o que o russo realmente estava sentindo. Então ele voltou-se pra ela, mascarando-se de uma falsa alegria.
- Mas, né, eu encontrei o China e logo quando o conheci percebi que ele é do tipo que gosta de cuidar dos outros. Ele é bem esforçado também. Então, eu tive uma idéia e perguntei se ele não queria se juntar a mim.
- Que idéia?
- De construirmos uma grande casa. Uma bem grande a aconchegante pra que todos nós morássemos juntos, ajudando uns aos outros e nos fortalecendo. Podemos dividir tudo o que conseguirmos, e fazermos nossas refeições juntos, e brincar. Com certeza teria uma briguinha ou outra de vez em quando pra disputar quem tem de fazer cada tarefa doméstica. Mas, acho que isso também seria legal. então ele deu um risinho infante de alegria. É uma boa idéia, não é? Não parece divertido?
Vietnam olhou a inocência nos olhos do rapaz e esboçou um fraco sorriso. Talvez ele realmente entendesse como ela se sentia. E por mais que, de certa forma, aquele rapaz parecesse frio, seus sonhos eram lindos e a forma como ele falava transmitia certo aconchego.
- Sim. É uma ótima idéia.
- Certo. disse ele se afastando da amurada. Você é bem vinda caso queira ficar conosco, tudo bem? ele sorriu. Agora eu preciso ir. Tenho muita coisa pra fazer.
Rússia se afastou do coreto deixando a Vietnam perdida em seus pensamentos. Mas, o sorriso em seu rosto e as lembranças e sonhos de uma família unida e de todos dividindo uma casa grande, não se afastaram dela.
Rússia passou por debaixo da sombra daquela árvore, a caminho da entrada do palácio como se não soubesse de nada. Isso até ele parar repentinamente com um jeito meio sombrio e seu sorriso meigo dizendo:
- Ah-ah! Tem um passarinho guloso vigiando meus passos! ele o disse e olhou por cima do ombro para o tronco da árvore.
América saiu de trás da árvore e de sua sombra com um suspiro tedioso. Ele também sorria, um sorriso falsamente animado.
- Parece que me descobriram!
- É feio fazer isso, sabe? sorriu o russo, seus olhos se fechando meigamente. Mas, tudo bem, eu entendo que esteja preocupado.
O sorriso do americano desapareceu, um raio de sol refletiu em uma das lentes de seus óculos ocultando um de seus olhos, mas no outro se revelava um olhar sério e quase ameaçador.
- Preocupado por que?
- Você já não tem muitos amigos. E fica agindo como se não precisasse também. Mas, né, está estampado na sua testa que você está começando a se sentir solitário. uma sombra escura formava-se ao redor daquele russo, o vento pareceu mais frio de repente e ele girou seu corpo na direção do América para encará-lo de frente. E eu, sem forçar e nem chantagear ninguém estou começando a chamar mais atenção que você. Mesmo eu sendo mais simples e modesto que você. E também não sou tão rico. ele riu de um jeito tão doce e travesso quanto um garotinho. Nada de irrita mais do que isso, não é? e quando ele abriu os olhos novamente, seu olhar púrpura parecia flamejante e maligno de alguma forma. Sua voz também parecia menos dócil e mais baixa e rouca Não é?
América apenas o encarou furiosamente por mais algum tempo, depois ajeitou os óculos sobre seu nariz dizendo com um sorriso provocativo:
- Ah! Acho que um dos males de se ser tão incrível, habilidoso e forte, quanto eu... E ser alvo de inveja dos outros. então ele deu de ombros cinicamente. O que eu posso fazer? Não tem jeito mesmo. Eu tenho que suportar essas coisas. É o peso da fama.
Rússia riu.
- Inveja? Não. Eu não estou fazendo isso de propósito, sabe? Só achei curioso. Porque se todo mundo parar de te admirar e você deixar de ser o centro das atenções. Talvez você realmente comece a perceber que não é tão bom quanto pensa... E que não é o herói que pensa que é. então o Rússia voltou a sorrir inocentemente como se aquele ar sombrio que o rodeava antes nunca tivesse estado ali. Mas, eu acho que você não é, de tudo, uma má pessoa. Quando você desistir dessas suas idéias bobas e decidir deixar de ser tão egoísta pode vir fazer parte da nossa família... então ele voltou a tomar o caminho para dentro do palácio. Enquanto falava acenando para o americano ás suas costas Vai perceber que assim você vai conseguir muitos amigos. E de qualquer forma, é bem melhor do que ficar sozinho, não é? Nos vemos depois! Do svidaniya!
E depois daquilo o América decidiu procurar a Vietnam em sua casa, apesar de ter fingido não conhecê-la a principio.
Ele pensava sobre isso de cabeça baixa, enquanto estava sentado naquele banco de pedra sentindo o sereno frio da noite em sua nuca. Seu olhar azul vivo e seu sorriso pareciam tão murchos quanto um ramalhete de flores que ele trouxera pra Vietnam.
Ele suspirou passando a mão em sua nuca e massageando-a pra ver se sentia mais relaxado e menos confuso. Riu novamente e murmurou um your idiot pra si mesmo. Se seus sentimentos pela vietnamita eram reais ou não, não importavam agora. Ele já a havia perdido de qualquer forma.
Olhou mais uma vez para a janela daquele quarto. Sem saber que lá dentro, a moça estava de pé diante da janela, terminando de vestir suas roupas apesar dos curativos que ainda lhe cobriam o corpo.
Ela ouviu três batidas suaves na porta e quando voltou-se para ver quem era seus olhos encontraram o Rússia, com seu sorriso meigo e carinhoso de sempre.
-Vietnam! surpreendeu-se o russo. Já está de pé? Não pode! Ainda está muito machucada! Precisa descansar.
- Está tudo bem. disse a moça oriental recebendo o russo com um sorriso e terminando de amarrar seus cabelos no rabo de cavalo típico. Esses ferimentos irão se curar com o tempo. Ficar aqui não vai adiantar nada. Além do mais... Está uma noite tão linda! O céu está cheio de estrelas, eu odiaria ficar presa aqui, de qualquer forma.
- Poxa! Você me deixou preocupado! disse o russo com um ar meio infantil e reclamão. Em pensar que o América iria arranjar briga com você por causa daquilo. Eu me senti até meio culpado.
- Está tudo bem. então ela voltou seu olhar pensativo para a janela. Acho que foi graças á sua ajuda que eu consegui vencê-lo.
Vietnam estava tão compenetrada em seus próprios pensamentos, que não percebeu quando o loiro alto se aproximou dela e tocou-lhe o rosto suavemente. O toque a surpreendeu e quando ela voltou seu olhar para ele, encontrou aquele olhar tão solitário e, ao mesmo tempo, tão doce e gentil. Ele a olhava tão preocupado quanto orgulhoso.
- Não. Você o teria vencido da mesma forma, mesmo sem a minha ajuda. A flor mais forte do oriente...
A moça sorriu com as bochechas enrubescidas. O russo sorriu também e lhe beijou a testa.
- Por favor, seja mais atenta á sua saúde e não se arrisque tanto, certo? Mesmo sabendo que você era capaz de derrotá-lo, eu fiquei com o coração na mão quando soube da sua luta com o América.
Vietnam sorriu carinhosamente e assentiu com a cabeça.
- Vou tomar cuidado.
- Muito bom. E... Rússia foi até o lado de fora do quarto e apanhou um ramalhete de flores meio murcho que havia deixado lá fora. Ele trouxe isso pra você. Mas, acho que ficou com vergonha de entregar.
A moça oriental olhou seu tutor trazendo o ramalhete. Eram aquilegias, uma flor roxa de pétalas grandes. Era a flor do América. Apesar de estarem meio murchas a moça achou um belo gesto da mesma forma. Seu coração palpitava e ao mesmo em que ela sentia aquela sensação estranha de vergonha e carinho, ela também sentia dor.
O Russo deu de ombros e riu. E logo depois encaminhou-se a porta do quarto dizendo de uma forma genuinamente sincera daquela vez:
- Eu já tinha dito uma vez... Ele não é de tudo uma má pessoa.
Quando o russo se foi, Vietnam pegou uma pequeno envelope branco que se escondia entre as folhas do ramalhete. E teve de conter suas lágrimas quando o leu. Havia um pequeno desenho, muito mal feito de uma versão miniatura do americano dizendo: get well soon. Era algo que ela havia achado engraçado. A verdadeira emoção estava na outra mensagem:
Meu céu é cheio de estrelas que lutam pela liberdade. E mesmo tendo todas elas eu a desejei. E o seu brilho único e só, foi capaz de ofuscar minha visão. Estrela solitária do céu poente.
Vietnam largou o ramalhete sobre sua cama e saiu correndo pelos corredores do hospital.
Lá embaixo, não se ouvia muito mais do que o som das cigarras cantantes, e o bater da sola da bota daquele americano cheio de suspiros. Não estava tão escuro naquele jardim, graças a luz que saia das janelas do hospital. Mas, estava escuro o suficiente para que se pudesse ver um belo céu com seu manto azul marinho salpicado de milhares de estrelas cintilantes.
América olhava praquelas estrelas com uma tristeza dramatizada enquanto apoiava as duas mãos atrás da cabeça.
- Ah! Será que o Rússia vai mesmo entregar as flores pra Vietnam? ele suspirou. E logo depois deu de ombros novamente Bem, não importa mais mesmo. Acho que, de qualquer forma ela não quer mais me ver, depois de tudo.
Sim. Depois de pensar muito ele decidiu que era mesmo melhor desistir. Vietnam deveria ficar onde seu coração se sentia bem. E como o próprio Rússia dissera, talvez por causa de seu jeito ele não era uma pessoa de muitas amizades. Não teria como oferecer á moça o que ele oferecia: uma família. E era isso que ela queria. Pensou que poderia impressioná-la com sua força, mostrando que seria capaz de protegê-la e permitir que ela fosse a mulher que queria ser. Mas, de qualquer forma, talvez isso não fosse o suficiente.
Estava começando a se contentar com isso. Mas, ainda sim...
E então ele parou de caminhar repentinamente e baixou o olhar.
Ainda sim, aquela forma como ele estava desistindo e indo embora, era mesmo um pouco doloroso.
- Não tem jeito mesmo, não é? suspirou. Seus punhos se fecharam com força por um instante e logo depois relaxaram novamente. Não há... Nada mesmo que eu possa fazer. Eu preciso respeitar o desejo da Vietnam. Preciso desistir e ir embora. Afinal... Eu... Eu prometi...
- AMÉRICA!
O grito que vinha ás suas costas o surpreenderam. Ele voltou-se para trás confuso. Quase irritado por pensar na possibilidade de aquilo ser alguma brincadeira de mal gosto de alguém.
Não era.
Vietnam vinha correndo do hospital em sua direção. O rabo de cavalo balançava violentamente a cada passada, assim como as bordas do seu vestido oriental verde. Ela tinha lágrimas nos cantos dos olhos, apesar de parecer estar mais zangada do que triste.
E naqueles momentos, que pareceram se arrastar, América não sabia o que sentir, não sabia o que fazer, e também não sabia o que aquilo significava.
E sua confusão não melhorou quando o corpo da moça se chocou contra o seu peito e ela o abraçou tão forte que quase o fez cair pra trás.
Os ferimentos dele doíam com o contato. Os dela também. Mas, nenhum dos dois queria se separar naquela hora. Vietnam se encolhia e chorava nos braços do americano, com o rosto encostado em seu peito. América, aos poucos foi retomado a linha de pensamento e suas mãos foram se movendo quase que instintivamente ao redor da vietnamita, envolvendo-lhe os ombros com força, amparando sua cabeça contra o peito e encostando seu rosto nela.
- Antes... ela disse hesitante. Antes de você ir... Posso fazer só uma coisa?
- O q...!!!
Não houve muito tempo pra reação. Antes que ele se desse conta, ela já estava com os lábios colado aos seus. Ele ficou aturdido á principio, e então entendeu... Talvez, fosse aquilo que estava faltando. Sim. Talvez agora ele pudesse deixá-la sem sofrer tanto.
Os lábios do americano moveram-se sobre os dela e ele a abraçou forte. As mãos da vietnamita agarrava a blusa ás suas costas sobre seu casaco com força e ela apertava seu corpo contra o dele. Ele segurava o rosto dela e a puxava em sua direção.
Quando os dois se separaram eles olharam um pro rosto do outro. Vietnam se viu encantada por aqueles olhos azuis tão vividos e cheios de esperança e alegria, através das lentes finas dos óculos. Enquanto ele acariciava seu rosto com as costas dos dedos encarando os olhos preto azulados, ao profundos e fortes da moça
Ele sorriu.
- Se eu for embora agora, como eu prometi. Você me deixa voltar algum dia?
Vietnam olhou para aquele sorriso tão animado e inocente como o de um menino. Ela mesma enxugou suas lágrimas. América era como o vasto céu noturno que cobria o mundo sobre suas cabeças: um azul profundo e belo, e coberto por tantas estrelas.
Ela olhou pra ele com o sorriso que ele esperava ver nela no dia em que se conheceram.
- Sim. ela respondeu.
Ele riu mais uma vez e a abraçou. E por um longo tempo, antes de se separarem ficaram abraçados ali, embaixo daquele céu repleto de estrelas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem... Est fini! Foi bem rápidinha essa né? Será que da pra sentir saudade?
Um comentário aleatório: Eu sinto um prazer em especial em escrever cenas que remetam a cold war. Engraçado que eu adoro escrever sobre essa rivalidade do América e do Rússia. Mas, nunca tomei coragem pra escrever uma fic inteira SÓ disso... Nenhuma idéia me surge... Mas, enfim...
Eu tenho muito orgulho dessa fic. Apesar de Vietnam/América não entrar na minha lista de casais favoritos, é um bom casal!Bom de se trabalhar também. Não ta perfeita, mas ta bem escrita. E na minha humilde opinião ficou muito bonitinho!
Talvez eu faça outro trabalho desse casal...ou coloque cenas fanservices em outros trabalhos meus... (Eu adoro fanservice! Engraçado que eu faço fanservice pra mim mesma! Ja que ngm mais faz pra mim...)
Por enquanto fico por aqui. Espero que tenham gostado dessa double tanto (ou mais) quanto eu gosto (^-^)
Mil beijos hetalianos ♥