Capítulo 4

O carro de Sakura parou enfrente a casa de Noruma, junto com outros carros de outros convidados. Já eram oito e dez. Seu pai gostava de ser pontual, mas quando ela desceu do carro ela o viu saindo de outro. Ele andou até ele, enquanto Freddo estacionava.

–-Papai, porque não veio comigo?

–-Desculpe Sakura, eu tive que passar em outro lugar. Vamos, já deve estar começando. – disse ele esticando a braço para que ela o acompanhasse, e assim ela fez.

Eles passaram pelo jardim, que agora estava iluminado, e entraram na sala onde havia muitos convidados, mas o estranho é que eles estavam com uma cara de espantados e estavam murmurando. Sakura olhou para seu pai sem entender nada, até que um médico desceu as escadas indo na direção de um paramédico e conversando com ele. Quando o médico passou por Sakura e seu pai ele o parou e perguntou:

–-O senhor é o doutor não é?

–-Sim, sou eu.

–-O que esta havendo aqui?

–-O senhor é amigo do dono da casa?

–-Sim, eu sou, eu ia até mesmo fechar contrato com ele hoje.

–-Sinto lhe informar então que Noruma está morto. Um empregado foi o chamar e o encontrou deitado no chão sem pulso.

Sakura que havia escutado tudo disse:

–-Morto?!

–-Quieta Sakura. – disse seu pai – Mas ele morreu de que?

–-Ainda não se sabe senhor. Agora se me da licença, eu vou para a ambulância. Os paramédicos já irão descer com o corpo, assim que todo mundo sair.

–-Mas pai, quem vai mandar esse pessoal todo ir embora?

–-Eu vou Sakura. Caros amigos queiram me dar um minuto da sua atenção? – todos se viraram para ver o que Hisashi iria falar – Eu sou o Haruno Hisashi amigo do senhor Noruma e me foi informado que ele não esta bem, então é pedido que se retirem por favor. Peço desculpas em seu nome.

Todos ali presentes sabiam quem era Hisashi, e seu pedido foi uma ordem. Mesmo com murmúrios os outros convidados saíram, ficando ali, apenas Hisashi e Sakura.

Assim que todos saíram, os paramédicos chegaram e subiram para o quarto. Hisashi tinha uma expressão triste. Apesar de que junta das empresas seria uma despesa a mais para ele, Nomura era seu amigo desde o inicio. Hisashi sempre o avisou sobre sua segurança, sobre escolher melhor quem contrata, sobre não baixar sua guarda, mas pra que? Ele se sentou no sofá.

Apesar de Sakura não se dar muito bem com seu pai, ela ficou triste por ele, afinal era um amigo dele, um amigo dos tempos de sua mãe...

–-Pai, o senhor está bem?

–-Vá para o colégio filha. É melhor você passar a noite lá. Vou ficar por aqui e resolver tudo.

–-Mas pai...

–-Vai! O Freddo está lá de fora te esperando. Anda logo, quero ficar sozinho! Semana que vem eu passo no colégio e nós vamos às aulas de etiqueta e vou te apresentar companheiros da empresa. Puxa, ele não devia ter morrido... Mas foi até melhor, menos despesas...

Sakura ficou parada por um segundo olhando para seu pai. Ela estava com raiva por que até mesmo no momento em que o amigo dele morria, ele não deixava de pensar na empresa, não deixava de pensar em treina-la para assumir a empresa, achou até bom a morte de seu amigo por dar menos trabalho à empresa. A rosada caminhou para fora da casa, indo para o estacionamento a encontra de Freddo. Enquanto caminhava ela se lembrava de um pai amoroso, que colocava sua mãe e ela acima de tudo, e agora era esse homem frio que gritava com ela e que vive para sua amada empresa, que vê vantagem na morte de um amigo. Ela sentia vontade de chorar, mas as lágrimas já haviam secado. Noruma... Esse homem não era desconhecido como ela pensava, ela o conhecia desde criança. Apesar de desajuizado e meio doido, ele sempre a tratou bem, como um tio. Ela iria sentir falta das suas maluquices.

–-Sakura!

Sakura parou de caminhar, sua atenção voltou para a voz de quem a havia chamado. Era Freddo que havia saído do carro para chama-la.

–-Oi Freddo.

–-Mas já esta de volta? O que aconteceu? Eu vi um monte de gente saindo e...

–-Noruma morreu, Freddo.

–-O que? Mas de que? Como?

–-Ainda não sabemos.

–-Puxa Sakura-sama, eu sei que você até gostava dele. – disse ele dando um abraço nela – Vamos, eu te levarei pra casa.

–-Não, vamos para o colégio.

–-Mas não seria melhor passar a noite em casa?

–-Eu quero ficar com as minhas amigas Freddo.

–-Ah, sim, eu entendo. Vamos.

Ele abriu a porta do carro para ela e após ela entrar a fechou. Depois disso ele entrou no carro e começou a dirigir em direção ao colégio. Sakura ficava apenas olhando os carros passarem da janela. O silencio reinou o percurso inteiro. Mas seria melhor assim, não havia como manter um assunto.

Freddo chegou ao colégio, e mal acabou de estacionar e Sakura saiu do carro. Ela apenas deu-lhe uma boa noite e entrou. Não havia ninguém na recepção, mas a lanchonete devia estar aberta. A rosada decidiu ir até lá para pegar um chocolate quente, a noite estava ficando fria – apesar do calor do dia – e nada melhor que um chocolate quentinho para acalmar o coração e esquentar.

Ao entrar pela recepção, havia um corredor enorme e largo que se você o percorresse encontraria as salas de aulas e se fosse até o final chegaria à área de lazer, que era onde tinham máquinas e mesas de jogos, piscina, a lanchonete e mais coisas para se divertir. A lanchonete fechava as nove, e eram oito e meia ainda, então provavelmente ainda devia ter alguém lá. Depois que desse nove horas a garçonete ia embora e aquele lugar ficava totalmente vazio. Era o lugar preferido aonde Ino ia com seus namorados escondida.

Os pés da rosada já estavam latejando com aquele salto. Ela parou e olhou, ainda faltava muito para andar, então ela tirou os sapatos e os carregou na mão. Para distrair ela pegou seu celular de dentro de sua bolsa, colocou os fones e começou a escutar música enquanto caminhava. Sakura era meio eclética quanto a gosto musical, gostava das musicas calmas a agitadas, mas para o momento, uma musica mais tranquila seria melhor. Enquanto andava ela fazia pequenos passos com os pés e movimentava seu corpo conforme o ritmo da musica e cantarolava baixinho.

Com a distração em seus ouvidos e com seu corpo dançando, logo ela chegou à lanchonete. Era como ela havia pensado a garçonete ainda estava lá com seus fones de ouvido e seu queixo apoiado na mão sobre o balcão. Sakura tirou os fones e fez o pedido:

–-Boa noite, eu queria um copo de chocolate quente, por favor.

–-Já vai. – A garçonete era meio grosseira, mas Sakura já estava acostumada com isso, e se você parasse para conversar com ela, descobriria que ela é uma boa pessoa.

Enquanto o pedido não chegava, Sakura observava a área. A área de lazer era coberta por um vidro, e o desenho da lua refletida na piscina era muito bonito. Sakura se aproximou dela para olhar mais de perto, colocou os fones no ouvido novamente e deixou os sapatos no deck. Era lua cheia, e o desenho dela na piscina era perfeito, igualmente ao céu. A rosada estava tão concentrada na imagem que nem percebeu que alguém se aproximava devagar e parou bem atrás dela.

–-Hey, você não é aquela garota que eu encontrei mais cedo? – disse a pessoa perto do ouvido dela.

Sakura escutou a voz que vinha de perto e se virou para ver quem era, mas quando viu que a pessoa estava muito perto ela tomou um susto e acabou se desequilibrando e segurando nas roupas da pessoa que havia falado com ela, mas não adiantou muita coisa, por que ela caiu na piscina, mas a pessoa foi puxada junta, e ambos deram um grito.

Eles caíram na água muito juntos e Sakura continuou segurando agarrada na pessoa continuando de olhos fechados, mas a pessoa já fez o contrario, um pouco após o contato com a água ele abriu os olhos e abraçou a garota emergindo os dois para a superfície onde eles continuaram abraçados.

–-O - obrigada. – disse a rosada abrindo os olhos.

–-Desculpe, eu não devia ter te assustado. – disse a pessoa, achando bom a garota o abraçar.

Ao abrir os olhos por completo, Sakura olhou para o rosto da pessoa. Era um rosto masculino. Primeiro ela observou a boca, era vermelha e estava molhada assim como todo o seu rosto, depois ela olhou para um nariz pontudinho, depois pra três marquinhas de cada lado da bochecha, olhos azuis e um cabelo loiro. “Espera” ela pensou consigo mesma voltando para as bochechas. “Eu reconheço essas marquinhas, esses olhos e esse cabelo... Eles são de quem mesmo? Ah! É daquele garoto que caiu em cima de mim hoje. Espera, o garoto que caiu em cima de mim?!!”

Ao perceber quem estava a segurando, Sakura tomou um susto e se distanciou do garoto rapidamente. Ele ficou com uma cara de que não entendeu nada.

–-Você! O que você esta fazendo aqui? Pervertido! Você me assustou bastante!

–-Ei, ei, calma, eu não quis te assustar, foi um acidente. Eu apenas te reconheci e fui falar com você.

–-Podia ter me chamado, não precisava ter chegado tão perto assim de mim... –ela estava corando porque ela tinha gostado de sentir o cheiro dele tão perto dela.

–-Desculpe, eu não...

–-Ta tudo bem. – disse ela nadando pra fora da piscina, o loiro fez o mesmo.

A rosada saiu da piscina e torceu o seu cabelo e a barra de suas roupas. Ela estava encharcada, seu celular estava todo molhado. Ela tentou o ligar, mas ele tinha quebrado.

–-Droga! – ela praguejou – Estou toda molhada e meu celular quebrou.

–-Olha, tem algumas toalhas ali em cima das cadeiras! Eu vou buscar. – disse o loiro.

–-Atchim! Acho que vou ficar gripada. Puxa, hoje esta bem frio de noite! -disse ela cruzando os braços e os esfregando.

–-Aqui está. –disse ele estendendo a toalha e tirando a camisa.

–-O que esta fazendo?

–-Não da pra ficar com a roupa molhada pingando, eu vou tirar pelo menos a camisa e vou por a toalha.

–-Tá pronto! –disse a garçonete se referindo ao chocolate quente.

–-Bom, acho que agora esse chocolate vai ser melhor do que antes. Atchim! – a rosada caminhou em direção à garçonete e pegou a caneca – Eu iria te pagar, mas meu dinheiro esta todo molhado então, eu posso pagar amanhã?

–-Pode deixar já ta na minha hora mesmo. Eu vou fechar aqui, se vocês quiserem ficar depois tranquem a porta ok?! Fui.

Ao dizer isso ela logo desligou as luzes, pegou sua bolsa e saiu pelo corredor. Naruto recostou um pouco mais uma das cadeiras de praia e deitou. Sakura não entendeu direito, mas foi em sua direção carregando a caneca e puxou uma cadeira ao lado da dele e deitou também.

–-Você não vai para o seu quarto? – disse o loiro.

–-Não quer que eu fique aqui?

–-Não, não é isso. É que eu pensei que fosse tirar essa roupa molhada.

–-Eu pensei o mesmo de você. Então, porque não quer ir para o seu quarto?

–-Você já sabe não é?! Eu sou novo aqui na escola, cheguei hoje e eu quero ver mais como ela é. Eu vi pelos panfletos que tinha uma área de lazer, então eu resolvi ver. Eu estou meio sem sono e ficar no meu quarto é muito chato. E você, por que não vai ficar no seu quarto?

–-Eu tive uma noite um pouco complicada e não estou me sentindo muito à vontade de ficar com as meninas. Elas são minhas melhores amigas, mas às vezes é bom ficar um pouquinho longe. Eu estava com frio e resolvi pegar um chocolate quente, e foi aí que eu te vi.

–-Quer conversar sobre isso?

–-Não, é melhor não.

Eles ficaram em silencio por alguns minutos enquanto olhavam para o céu.

–-Hey, não vai tomar seu chocolate?

–-Ah, é mesmo! Eu tinha até esquecido dele. Quer um pouco?

–-Eu aceito! –disse o loiro sorrindo e pegando a caneca.

–-Sobre hoje mais cedo, o que você estava fazendo no dormitório das meninas?

–-Ha!Ha! É uma história meio engraçada sabe, é que... Como você já sabe eu sou novo aqui no colégio e não percebi quando errei na direção. – disse ele devolvendo a caneca.

–-Mas por que você estava correndo daquele jeito?

Naruto estava corando. Ele não queria dizer a verdade, que ele estava correndo disputando uma cama com seu colega de quarto, pra a menina mais linda que ele havia visto no colégio.

–-Bom... Digamos que eu precisava.

–-E porque que seu amigo estava com tanta raiva assim de você?

–-É... Bem, foi apenas um probleminha, nada de mais.

–-Sei... – ela olhava para ele com o canto do olho e um sorriso malicioso.

–-Sobre mais cedo, eu queria pedir desculpas por...

–-Por ser um pervertido?

Naruto ficou tão vermelho quanto Hinata quando ficava perto da pessoa que ela gostava.

–-Eu não sou um pervertido!

–-A é?! Então por que ficou olhando pra onde não devia?!

–-Eu...

–-Há! Mas não se preocupe, eu te desculpo. – ela sorria tão maldosamente – Mas mudando de assunto, o que são essas marquinhas? – ela dizia se debruçando na cadeira e apontado para as bochechas do loiro.

–-Isso? São como marquinhas de nascença.

–-Seus pais tinham?

–-Eu não sei direito. Meus pais morreram quando eu era muito pequeno. Eu tenho lembranças deles, mas o estranho é que eu nunca consigo me lembrar de seus rostos.

–-Ah. Eu sinto muito. Eu também perdi a minha mãe quando eu era pequena. Depois que ela morreu meu pai se tornou outra pessoa totalmente fria. – ela rodava a caneca na mão e assoprava.

–-Como sua mãe se chamava?

–-Naomi, Koga Naomi. Eu herdei o cabelo rosado assim dela.

–-Então seu cabelo é mesmo natural, eu pensei que era pintado. Que estranho alguém com cabelo rosa...

–-Olha quem fala a pessoa que tem marquinhas na bochecha!

Eles olharam um para o outro e começaram a rir.

–-Me desculpe eu não...

–-Ei, você está ouvindo esses barulhos? – disse o loiro.

–-Que barulhos?

–-Shh.

Eles se calaram por um tempo. O barulho vinha de trás da mesa de sinuca. “Ha! Ha! Ha! Você é muito engraçado. Sabe o que você é mais? Muito lindo e...”.

–-Eu conheço essa voz! –disse a rosada se levantando da cadeira rapidamente e deixando a caneca no chão.

–-De quem é? –disse Naruto se levantando atrás dela.

–-Eu ainda não sei direito, mas ela é muito familiar pra mim. Parece que o barulho vem de baixo da mesa de sinuca.

Eles andaram pé ante pé até chegar à mesa. Abaixaram-se e de repente um susto.

–-I - Ino e Ki - Kiba? O que vocês estão fazendo aqui, embaixo da mesa, se a - agarrando?

–-Hey, essa não é a menina que eu vi mais cedo? – disse Naruto.

–-Fica quieto baka!

–-Eeei!

–-Testuda, o que você esta fazendo aqui com o garoto que te atropelou mais cedo?

–-Eh, oi Sakura. – disse Kiba.

–-Esse cheiro, Ino você bebeu?

–-Calma mamãe, foi só um drink. Não se preocupe eu não estou bêbada. E você, por que esta toda molhada? Olha, o garoto loiro também esta... Saakuraa, o que você esta fazendo??

–-Eu só estava conversando Ino. Depois eu te explico, agora vamos pro quarto antes que alguém te veja aqui!

–-Ai, ta bom! Tchau Kiba-san, amanhã a gente conversa mais ok?

–-Er... Tchau Ino.

Ela se levantou de baixo da mesa de sinuca com a ajuda de Sakura. Ino estava realmente bêbada, mas  por sorte, não passou dos limites com Kiba, eles estavam apenas dando alguns beijos.

–-Eh, bem, me desculpe pelo o que aconteceu aqui. Amanhã a gente se vê ok? Como é o seu nome mesmo? –disse a rosada para o loiro.

–-É Naruto.

–-Bom, até amanhã Naruto. Vamos Ino.

Elas começaram a caminhar no corredor e Ino se virou e disse:

–-Até amanhã Kiba.

–-Anda Ino. Não tem como subornar os monitores como o Kakashi-sensei.

–-Ah, testuda, eu sei que você me ama e que daria um jeito!

–-Nos seus sonhos Ino-porca!

Enquanto elas saíram, Kiba pediu ajuda para Naruto para levantar, mas o loiro ficou o encarando.

–-O que foi que você esta olhando?!

–-Essas marcas que você tem no rosto são tatuagens? –disse ele se referindo a duas marcas que Kiba tinha no rosto, uma de cada lado.

–-O que?! Não baka, isso é de família! Agora anda logo e me ajuda a levantar!

–-Naruto, então você esta aqui?! –disse uma pessoa que havia acabado de parar no corredor.

–-Sasuke, o que você está fazendo aqui?

–-Eu estava te procurando com medo de que você tenha se metido em alguma encrenca. Por que você esta todo molhado?

–-Eu te conto no caminho do quarto. Kiba não é? Acho que você vai ter que se levantar sozinho, desculpe. –disse Naruto dando as costas a Kiba e caminhando na direção de Sasuke, passando pela cadeira onde Sakura estava e percebendo que ela havia esquecido o celular, o pegou.

–-Baka, o que você andou fazendo para ficar todo molhado? – disse Sasuke.

–-Cala a boca Teme. Por que você sempre acha que eu estou aprontando?

–-Por que você é um idiota.

–-Hey!

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Um pouco depois que Sakura saiu da casa de Nomura, seu pai foi até o segundo andar, onde os paramédicos estavam saindo com o corpo. Ele entrou no quarto, se sentou no chão apoiando as costas na cama e suspirou, sentiu algo o encostando. Olhou para ver o que era. Era uma taça. Ele a aproximou do nariz e cheirou. Era vinho tinto e ainda tinha um pouco. Hisashi se levantou com a taça na mão, foi caminhando até a sacada e a atirou no jardim.

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