Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 5
Feito não feito


Notas iniciais do capítulo

Ola! Desculpem a demora. Aqui esta o cap espero que vcs gostem!! Muito obg pelos reviews de vcs espero que continuem gostando da fic!! bjos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/250030/chapter/5

Sam estava deitada na cama se fingindo de doente. A mãe sabia, mas não havia quem a fizesse sair dali. Dizia sentir febre, dor de cabeça, de barriga, nos pés e em qualquer outra parte do corpo que lhe viesse a cabeça.

Após a noticia de que o príncipe havia passado a noite na floresta e conseguido regressar sozinho, Sam ligou um fato a outro. Era questão de dias para ir para a guilhotina. Temia pelos pais, por ela, pela aldeia. Do jeito que ele era, podia por fogo em tudo sem dó nem piedade. É bem verdade que ele estava sendo aclamado pelo feito, mas caso a acusasse de sequestro, temendo que ela contasse a vontade, sua palavra real valeria mais.

Sam estava com muito medo.

Passado alguns dias, resolveu sair de casa. Tudo estava na mais absoluta tranquilidade. Algumas emanas depois, voltou a vender maçãs, mas não se atreveu a se aproximar do palácio. Cada vez que se lembrava de ter chamado o príncipe de repugnante, de ter falado mal da realeza, sentia um frio no estomago, e podia sentir o gelo do aço atravessar sua garganta.

Estava sentada na porta de sua casa, pensativa e triste com as duas mãozinhas no queixo, quando Gibby veio correndo em sua direção.

-Sam!  Sua mãe esta perguntando se não vai vender maçãs com ela!

-Vou sim!

-Sam, você parece preocupada, o que houve? Nem quis mais ir ao bosque pegar maçãs! Quer dizer, a floresta...

-Shhhh! Se a minha mãe descobre que ainda ando na floresta ela me mata! Agora eu já vou!

O garoto ficou olhando a menina se afastar. Estava muito diferente. Em vez de correr, andava. Havia algo errado com Sam. A garota subiu na carroça com muito menos agilidade e se deixou conduzir até a cidade.

Arrumou a pequena banca de maçãs com a mãe, e sentou-se a espera de clientes. Já estava sentindo falta daquilo. O movimento das pessoas, dos ladrões que apareciam de vez em quando transformando a feira num carnaval.

Sam atendia os fregueses com a maior simpatia possível, sentindo sua alegria voltar. Já havia passado quase um mês, Freddie definitivamente não iria contar e perder sua fama de herói. Tinha que admitir que havia algo de especial por trás de toda a arrogância dele. Nunca iria descobrir. E talvez isso morresse engolido pela arrogância precoce dele.

Sua cliente favorita era a esposa do alfaiate, Alice Braga. Simpática e sempre sorridente, a mulher de cinquenta e poucos anos não só comprava frutas sempre que podia, como as vezes passava um longo período de tempo conversando com a garota. Uma das poucas que não se importava com seu jeito diferente, ao contrario, simpatizava.

Ao ver a garota que sumiu por varias semanas, a mulher chegou a dar um abraço nela.

-Sam, querida você fez imensa falta a essa feira.

-Duvido. –Disse timidamente. –Só a senhora acha, todos dizem que eu faço muita bagunça...

-Até dela sentimos falta, acredite. Se não voltasse nem viria mais aqui, pediria a criada que viesse só!

-Eu fiquei doente, mas já estou melhor!

-Pois bem querida, cuide-se.

A mulher se afastou indo em direção a outras barracas com um sorriso gentil Talvez gostasse tanto de crianças por ser impossibilitada de ter filhos. Outras pessoas poderiam se tornar amargas, mas ela transformou a dor em carinho para com outras crianças.

Tudo ia muito bem até Sam ouvir as trombetas soarem. Anunciando a passagem da carruagem real. Sam já esperava por aquilo, era comum o rei ir até a cidade. Ele ia quase todos os dias sempre ia sozinho. Ao banco, ou a casa do conde, raramente passeava entre os vendedores.

Mas e se Freddie tivesse dado ordens para capturar a filha da vendedora de maçãs? Ela era uma das poucas loiras e seu cabelo descomunal ajudava a identifica-la.

Sam pôs o cabelo todo para trás e manteve-se de rosto baixo durante toda a passagem da carruagem. Se algo acontecesse a sua família, ela mesma devoraria Freddie, como não deixou os ursos fazerem!

A carruagem parou há alguns metros. O rei, o conde  e outros homens se dirigiram a casa do Lorde Alcântara . Um alivio tomou conta dela. Foram apenas tratar de negócio. Tudo estava como devia ser.Voltou a vender as frutas e auxiliar a mãe, quando alguém se projetou diante da barraca.

-Bom dia!

-Bom...

E la estava ele. Parado, sorrindo, atraindo ainda mais olhares. Parecia gostar da situação. Ela era a dona da selva? Pois bem ele era o dono da cidade!  Sam pegou uns caixotes e se dirigiu ao muro onde estavam outros caixotes vazios.

Quando voltou, esperava que Freddie já tivesse ido.

-Sam minha querida. –Disse a mãe gentilmente. –Não ignore o príncipe, ele estava falando com você.

-O –oi.

-Oi. A sua filha sempre vai ao castelo entregar maçãs não é?

-Ah, é verdade. Esses dias ela estava doente, e não foi, mas não me diga que ela se comportou mal com vossa alteza?

-Não! Só vim cumprimenta-la, mas acho que ela não quer falar comigo! Vou voltar para a carruagem.

-Sam, em que diabos esta pensando? –Perguntou assim que o menino se afastou. - Sabe quantos vendedores gostariam que esse garoto parasse em suas bancas? Pegue uma maçã e vai atrás oferecer!

-Mas mãe...

-Agora! E seja gentil!

Completamente sem jeito, a menina pegou uma fruta na banca e caminhou até a carruagem. Freddie a olhou esperando por aquilo. Sorriu friamente frente a diferença entra menina na árvore e aquela a porta de sua carruagem.

-Oi. –Disse com um sorriso indecifrável.

-Por que...-Sam não escondia a aflição. - Por que vossa alteza não disse quem era?

-Não te devo satisfações. Foi um ótimo teste. E pode ter certeza, em lealdade esta vergonhosamente reprovada!

Freddie não deixou de reparar na angustia da menina, e entendia perfeitamente bem o por que. Achou que algo do tipo deveria regozijá-lo, entretanto foi tomado de uma piedade que o assustou. Isso só fez sua fúria aumentar.

-Minha mãe mandou te oferecer essa maçã. –Disse com um fio de voz.

-O que houve com você?

-Como assim?

-Sua mãe disse que estava doente. O que você tinha?

-Febre.

-Hm... Eu vim aqui quase todos os dias te procurar. Por um momento achei que não havia encontrado o caminho de casa.

Havia certo temor na voz do garoto. Sam olhou em seu rosto para verificar o sarcasmo. Não o encontrou.

-Vossa alteza estava preocupado...

-Claro que não! Quer dizer, me preocupo com meus súditos miseráveis, ora...

-Nossa, que encantador...

-Esta debochando de mim?

-Imagine...

-Não gosto de seu tom, aldeã... Tenha bom senso, esta brincando com fogo!

-Vossa alteza pode aceitar a maçã para que eu possa voltar ao trabalho?

-Não! Preciso de seus serviços!

-E o que vossa alteza deseja? –Perguntou cerrando os dentes.

-Temo que me peçam que eu repita meu feito.

-Que na verdade, vossa alteza não fez!

Freddie fuzilou a menina com o olhar. Ela estava entre irritada e debochada. Suas faces da cor da fruta que apertava entre os pequenos e finos dedo, a deixavam ainda mais bela.

-Vai me ensinar o caminho até que eu o aprenda. E isso em uma semana.

-E se eu não quiser? –Perguntou cautelosa.

-Não disse que eu era seu amigo?

Sam estranhou que ele não a ameaçasse lhe cortar a cabeça. Era óbvio que ela não tinha escolha, mas em vez de apelar para a sua autoridade real, preferiu se fazer valer de uma coisa que ele provavelmente nem sabia o que era.

-Amigo de uma aldeã miserável?

-É. –Disse ironicamente. -Isso se você aceitar ser amiga de um príncipe repugnante...

-Eu não sabia que você era...

-Agora sabe e ainda se recusa a me ajudar. Alias só me ajudou na floresta por que disse que a conhecia!

-É claro que não! Eu iria te ajudar de qualquer jeito.

-Retire-se, senhorita.

-Eu só queria ter certeza que não corro perigo me aproximando de você!

-Mas é claro que corre! Exceto se for como minha aliada, mas já que se recusa, passe muito bem!

-Deixe de teimosia, eu posso tentar lhe ensinar o caminho!

-Agora não quero mais!

-É claro que quer! Basta que me diga o dia o lugar e a hora!

-Eu não quero mais...

Sam cruzou os braços incrédula. Era o ser humano mais teimoso e mimado que já vira na face da terra. Seus pais certamente deveriam ter muito trabalho com ele. Queria confirmar o que aconteceria se ela não aceitasse e Freddie ou era muito inteligente e manipulador, e preferiu deixa-la na dúvida ou não era o carrasco que parecia ser e mesmo se recusando a admitir que precisava dela, não cogitava lhe fazer mal algum.

-Então ta, pois saiba que esta prestes a perder a única amiga que tem!

-Única? Poupe-me, estou cercado de amigos!

-Cadê? Só estou vendo eu aqui. Freddie, se precisa mim... Desculpe. Alteza, se precisa de mim...  Eu vou estar na estrada amanhã ás seis. Vossa alteza faça como achar melhor.

-Meu pai esta vindo, retire-se imediatamente. –Disse sem olha-la.

Antes de se retirar, Sam estendeu a maçã. Freddie hesitou um pouco, mas a pegou, entrando em contato com os dedos da garota. Um último olhar foi cruzado e então ela se foi. Quase correndo.

O rei aproximou-se ao lado do conde. Haviam ido resolver negócios no banco mas já voltavam, e o semblante de ambos denunciavam que as noticias não eram muito boas.

-Freddie, o que aquela menina queria aqui? –Perguntou o rei ao se aproximar.

-Me oferecer essa maçã.

-Ora, mas que belo gesto!

-Vossa alteza tome cuidado. –Interveio o conde. –Samantha é filha de um dos meus empregados, e sua aparência é um belo disfarce a sua verdadeira índole. Certamente a mãe a mandou vir aqui, ela não é nada a delicadezas. Tem modos de um troglodita.

Freddie deu de ombros rodando a maçã nos dedos. Os dois homens subiram na carruagem e se puseram a discutir assuntos aos quais o garoto mal prestava atenção. Entretanto, quando se distanciaram da cidade, Freddie ouviu atentamente do que falavam.

-O duque de Veneza deseja uma reunião comigo na próxima semana. –Dizia o rei. -A situação não é boa. Há boatos de uma conspiração suíça. Recebi uma mensagem de que há alguns deles infiltrados aqui no reino

-Não há como vossa majestade descobrir quem são?

-Não. Estão misturados aos demais plebeus. Não podemos simplesmente prender qualquer um que se pareça suíço. Precisaremos ter cautela.

-Entendo. –Respondeu o conde após uma gargalhada baixa.

- Nessa reunião traçaremos uma estratégia e saber quais os planos deles mesmo que não possamos retira-los do reino. E dessa forma acabarmos com seus planos.

-Me parece complicado. Precisaremos fazer a mesma coisa que eles estão fazendo. Nos infiltrar em seus domínios e saber o que estão tramando.

-Deixemos isso para a reunião na próxima semana. Freddie, você virá conosco, estão todos ansiosos para te ver.

Os olhos de Freddie brilharam com força. Sua fama de herói se espalhava pelo mundo afora, e só havia uma pessoa capaz de aniquila-la. Mas ainda precisava dessa pessoa, depois pensaria em uma forma de se livrar dela nem que fosse oferecendo dinheiro para que ela fosse embora.

Mas ela não havia aceitado da primeira vez, não aceitaria agora. Teria que se fazer valer do medo que ela sentia e ameaça-la para que sumisse para sempre. A ideia o perturbava, mas precisava pensar nele mesmo. Sam não era nada comparada a ele, não faria diferença. Em qualquer lugar sua vida seria a mesma, mas Freddie só era príncipe ali, e precisava lutar como podia para ser o melhor rei que aquelas terras já viram. Estava começando bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Espero que tenham gostado, se for o caso (ou não) deixem reviews, sim?? bjos e té a prx!!!