Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 4
Nada é por acaso


Notas iniciais do capítulo

Então, por que eu postei os dois agora? Pq só volto agora nem sei qd então é isso pelo menos adiantei a história. Vamos ver o que aconteceu com o Freddie? Nos vemos la em baixo!
AS VEZES COISAS RUINS ENTRAM EM NOSSAS VIDAS PELA JANELA E ABREM AS PORTAS PARA COISAS BOAS...



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Freddie acordou sentindo a cabeça doer. Esfregou os olhos e olhou em volta. Ainda estava perdido. No tempo em que estava ali já havia sentido fome, cansaço, desespero, já havia chorado, gritado e agora se entregava a terrível resignação em que se era possível em sua condição.

Após deixar Vincent para trás, colidiu com um galho e caiu desacordado. Encontrou o cavalo pastando, depois de muito caminhar em círculos, mas não havia solução, adentrara na floresta de tal modo que não conseguia achar o caminho de volta. Restava agora esperar que um urso o devorasse para que seu sofrimento tivesse fim mais rápido.

O dia já estava amanhecendo, presumiu ao ver os primeiros raios de sol. O pior é que não estava nem um pouco arrependido. Vincent o desafiara primeiro, aquilo foi necessário para mostrar quem mandava em quem. Mas o desespero o fazia querer voltar no tempo, completar o trajeto combinado e descansar na santa paz do seu lar.

Levantou, se espreguiçou e se pôs a caminhar puxando Bento. Passou a noite rezando na esperança de que o anjo fosse enviado em seu socorro. Os pés já doíam como nunca e mesmo tendo a certeza de que sua caminhada era inútil, não cogitava desistir.

O dia já estava completamente claro quando ele adentrou numa parte ainda mais densa da floresta. Sentiu a pele arrepiar e o coração acelerar quando ouviu um ruído vindo de cima de uma árvore. Sentiu medo. A ideia de ter a vida encurtada por um predador, antes reconfortante, agora que tão real, era assustadora. Não conseguiria correr, pensou, mas talvez em cima de Bento tivesse chance. Mas a proximidade já era grande de modo que nem ele ou o cavalo teriam chance.

Ouviu um baque a suas costas revelando que o predador saira de cima da arvore, onde o observava. Tremeu de medo, não ousou virar para ver do que se tratava.

–Bom dia.

Haviam animais falantes! Virou-se espantado e não soube se ficava mais surpreso ou decepcionado. Ou aliviado. La estava o seu “predador”. Uma menina magra, baixinha, loira e mal vestida. Comia uma maçã descontraidamente enquanto o observava atentamente o garoto.

–B- bom dia...

–O que faz aqui tão cedo? –Perguntou antes de morder sua maçã e continuar de boca cheia.-Certamente não é camponês.

–Não... –Freddie achou que estivesse sonhando. -Mas você também...

–Esta perdido não é?

–Não! –Enfureceu-se com o ar debochado da menina. -Sei exatamente onde estou!

–Então ta...

A menina levantou os braços se dirigindo a arvore novamente. Freddie, num surto de desespero a chamou hesitante.

–Não, por favor.

–O que?

–Te pago vinte moedas de ouro para me dizer o caminho para o palácio.

–E o que eu vai fazer la?

–Meu pai... –Hesitou. -Sou filho de um conde e ele é amigo do rei. Do palácio acho o caminho de casa.

Freddie acreditava que se dissesse quem era, certamente ela poderia sequestra-lo ou quem sabe mata-lo. Já havia sido advertido sob os inimigos do pai que rondavam pela floresta, e certamente aquela garota não estava ali sozinha. Suas vestes não o permitiria passar como camponês.

–Ora, mas e o que um pequeno fidalgo faz no meio da floresta a essa hora da manhã?

–Não é da sua conta! Você como mera aldeã, tem a obrigação de me auxiliar a encontrar o caminho de volta!

–Pois saiba que nem que você fosse o rei! Estou ocupada comendo maçãs. Se quiser te levo a minha casa quando eu acabar de comer e de la você se vira!

Só então Freddie reparou que se tratava da vendedora de maçãs. A garota cheirava a maçã até o último fio de cabelo. Os cabelos já passavam da cintura e tinham ondas em toda a sua extensão. Tão vasto, que não fosse ela uma menina pobre, diria se tratar de uma bela peruca amarela.

Freddie saiu do seu momento de distração sentindo a barriga roncar. O ódio lhe dominou o ser. Aquela menina estaria na guilhotina assim que ele chegasse em casa.

–Não esta facilitando as coisas, menina. Quando se encontra alguém da minha importância, uma infeliz como você tem que se sentir honrada em ajudar.

E ainda era ela quem não estava facilitando. A garotinha sorriu mastigando a maçã vendo as bochechas de do garoto ficarem da mesma cor da fruta. Não passava pela mente dela deixa-lo sozinho e perdido ali, mas de certo valia a pena tortura-lo um pouco.

–Meu caro, chego a conclusão de que mais do que arrogante, você é estúpido! Tenha um bom dia!

A garota voltou ao seu galho habilmente e voltou a colher maçãs e por em sua pequena bolsa. Freddie pensava em um modo de persuadi-la sem baixar a cabeça. Que diabos tinha feito para ser tão severamente castigado? Rezava todas as noites, ia a missa aos domingos, não era o suficiente?

Deu as costas e voltou a caminhar sozinho. Preferia morrer a ter que pedir ajuda a alguém que vendia maçãs a sua porta. Que se vestia piro que os mendigos a porta da igreja. Foi tirado de seus pensamentos ao sentir algo ser jogado contra o seu crânio.

–Leve esta maçã. Deve estar com fome.

–Ao contrario de você, desfruto todos os dias das mais fartas refeições. Leve esta para vender as portas como lhe é de hábito.

–Me conhece? –Perguntou descendo da arvore sorrindo. –Ora, mas como se eu nunca o vi na cidade?

Freddie sentiu ódio de suas palavras precipitadas. “Não, mas te vi da janela ontem”. Admitiria não só que era o príncipe, se pondo em risco eminente, como também o fato de tê-la observado atentamente pela manhã.

–Conheço muito mais gente do que o que pensa. –Disse apressando a caminhada.

–Conhece o Robie? Ou o Gibby? Você é amigo deles?

A menina caminhava ao lado dele aos saltos. Sentia ímpetos de rir com a habilidade que o garoto tinha de andar em círculos.

–Esta indo na direção onde ficam os ursos... –Advertiu cantarolando.

–Deixe-me. –Disse impaciente. -Se não quer me auxiliar, não espere obter a mínima cordialidade de minha parte!

–Por que não senta e come umas maçãs? Deve esta com fome! Depois te mostro o caminho. Conheço esses bosques com a palma da minha mão!

–Estamos na floresta!

–Pra mim é a mesma coisa. A primeira vez que me perdi por aqui tinha cinco aos, foi muito horrível, achei que morreria esquecida! Vou te ajudar!

Freddie encarou a menina de relance. Tinha lindos olhos azuis, e olhando de perto era tão mais maltrapilha quanto linda. O cheiro de maçã que ela exalava impregnava suas narinas fazendo seu estomago roncar ainda mais. Sentou encostado a um tronco sendo acompanhado da garota.

–E como conseguiu voltar pra casa? –Perguntou aceitando uma maçã.

–Meu pai me diz que moramos no lado sul do reino. Então passei a noite em cima de uma arvore alta e observei o sol nascer. Encontrei o leste e segui na direção do sul sem desviar. Algumas horas depois, estava na aldeia. Já tinham me dado como morta! –Ela riu com a lembrança. -Eu passei três dias aqui, sozinha.

–Pontos cardeais... –Disse.

–O que é isso?

–O que você falou. Norte, sul, leste, oeste.

–Eu chamo de lados. Mas o nome que você disse é mais bonito! Alias, como se chama?

–Freddie. E você?

–Sam. Samantha. Seu pai dever ser muito devoto ao rei pra por o mesmo nome em você. Alias o príncipe repugnante também se apelida de Freddie, não é? Espero que não sejam amigos, alias ninguém consegue ser amigo dele...

–Como pode falar mal de alguém que nem ao menos conhece?

–É o que dizem. Sempre vou entregar maçãs no palácio e nunca o vi! E como você é meu amigo, posso te dizer, não são pessoas boas. São os mais ricos e os que pagam menos as maçãs do meu pai! Jamais trabalharia para a realeza!

–Somos amigos? –Perguntou confuso.

–Hã... Você me conhece... Então... é meu amigo, não é?

Freddie assentiu sorrindo a contra gosto. Amigo de uma coisa como ela? Mas se aquilo o faria chegar em casa, valia a pena. Continuou comenda a maçã no intervalo em que ela devorou três. Ela era divertida e tinha os dentes que se assemelhavam a um colar de perolas, e por mais que detestasse admitir, de perto não era tão desagradável quanto Freddie gostaria que fosse.

–Bom, sente-se melhor? –Perguntou após um tempo de conversa -Não faz diferença, temos que ir agora!

O garoto se levantou apressadamente. Por um momento sentiu vontade de permanecer mais tempo sentado ali conversando. Mesmo com a garota falando mal dele mesmo, no fundo era divertido observar a ignorância do preconceito. Fora o fascínio que uma garota tão pequena no meio de uma floresta, àquela hora da manhã despertava.

Tiveram que voltar caminhando, pois a mata era muito fechada pra cavalgar. Após caminharem algum tempo tagarelando, descobriu que ela tinha dez anos, morava na aldeia que ele via de sua janela, e que também caçava com arco e flecha. Ela lhe contou historias engraçadas e ele nem se deu conta quando chegaram à estrada principal. Sentiu vontade de chorar de tanta alegria.

–Consegue achar o caminho daqui?

–Sim. –Disse em tom pomposo. -Seus serviços me foram de extrema importância e eles serão, assim que possível, devi...

–Pare de falar assim, seu bobo, levante esse rosto e volte como herói, não fale de mim a ninguém, isso fica sendo um segredo nosso. E caso se perca novamente, molhe o dedo com os lábios e verifique a direção dos ventos. Eles sempre vão pro Norte, a direção do palácio. Siga pelo leste para achar a estrada e pronto. Já que não consegue subir em arvores...

Sam se aproximou e ajeitou as vestes do garoto. Passou a mão em seu cabelo castanho arrumando como era possível e usou as mangas do próprio vestido pra limpar-lhe o rosto. Freddie se sentiu estranho, normalmente uma situação como aquela o faria empurra-la para longe, mas não o fez.

–Pronto, esta lindo! –Disse a menina sarcasticamente. –Parece um príncipe. Agora vai!

–Mas e o seu pagamento?

–Vai! Não precisa me pagar. Como mera aldeã, sinto-me honrada em ajudar! –Disse imitando a voz de Freddie.

Freddie montou no cavalo e sorriu agradecido. Ela retribuiu o sorriso se afastando. Quando a menina entrou no mato desaparecendo, a sensação de vazio o dominou novamente. Aquilo estava ficando esquisito. Cavalgou em direção ao palácio que não tardou a aparecer.

Sam pediu que ele não falasse que o ajudou, por que percebeu que ele era arrogante o demais para admitir que foi ajudado, e poderia até mesmo denuncia-la por sequestro, ou algo do tipo. Assim ficava melhor, ninguém saia perdendo, afinal a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco.

A chegada em casa de Sam foi normal, nenhuma novidade. Não ia contar que achou um filho de um conde perdido e o pirraçou como bem quis antes de ceder a arrogância do sujeito. Sem duvidas seria castigada e obrigada a pedir desculpas. Rezava para que Freddie também ficasse de bico fechado.

Freddie foi recebido com choro, grito, risos, e todo o escândalo de sua família. Os guardas não conseguiram acha-lo e já iniciavam outra busca quando o encontraram na estrada, um pouco desgrenhado, mas com um sorriso aliviado e divertido no rosto.






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Notas finais do capítulo

É isso gente no prx cap explico melhor o que a Sam fazia ali e como ficou o Freddie, ok? E então que vcs acharam desse cap? Nos vemos em breve e se não tiverem gostando da fic, pfv podem dizer é mellhor que eu exclua logo do que ficar soprando coisas ao vento. Ah sei la algo do tipo... Bjos e até semana que vem, espero vou tentar (tentar) atualizar Conexão Seattle na quinta, se não me desculpem volto la pela quarta. Bjos!!



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