Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 12
Celeiro


Notas iniciais do capítulo

Hello! Como vão? Mais uma vez obrigada pelos reviews de vcs, só posso dizer que me motivam a continuar, alem de me deixarem feliz! Espero que gostem desse cap, a gente se ve la em baixo, boa leitura!!



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Ela terminou de limpar a mesa, e silenciosamente se afastou. Freddie, após alguns segundos completamente absorto, com os olhos pregados naquela garota, voltou sua atenção ao ceral. Seria mais correto dizer que ele voltou apenas sua visão a tigela, por seus demais sentidos captavam todos os movimentos que ela realizava. Não foi com esforço que, mesmo perplexo percebeu que ela, após deixar o material de limpeza no seu devido lugar (uma pequeno blade em baixo da mesa onde antes estava o pano e ainda estavam os outros), retornou ao local onde estava.

Concluiu sua refeição, agora sem conseguir atenciar Carly em sua tagarelice, e após terminar, levantou-se saindo apressadamente do local. Saiu pela porta da frente, buscando um pouco de ar na varanda. A imagem ainda vivida em sua mente, limpando aquele liquido rosado o perturbava. A franja loura saindo da touca, tocando-lhe a testa, as bochechas coradas, e os lábios vermelhos, não permitiam que ele estivesse enganado.

Estava debruçado, com os olhos fixos no chão sentindo o coração palpitar-lhe contra a peito, remoendo exatamente que atitude deveria tomar. Ou mesmo se alguma atitude deveria ser de fato tomada. Levando em conta o fato de que ela pudesse apenas estar trabalhando inocentemente, que perigo ela poderia representar?  Mas ela sabia de um segredo seu, e poderia estar ali esperando uma oportunidade para tirar proveito.

Freddie sentiu de repente uma certa tristeza, uma certa amargura diante do fato dele estar ali a mais de quinze dias e ela não ter se manifestado mesmo estando vivendo sob o mesmo teto que ele. Achou injusto que ela soubesse tanto sobre ele nada sobre ela. Abanou a mente ao recordar-se da diferença entre a sua presença em determinado local, que atraia até mesmo viajantes, e a dela, que valia tanto quanto a de qualquer outra criada.

-Freddie? –Chamou-o uma voz.

-Ola Paul. –Respondeu sem nem ao menos virar.

-Esta tudo bem?

-Por que não estaria?

-Por que desde que saiu da mesa, não falou mais nada.

-Não foi nada. Apenas quero ficar sozinho. Se precisar de alguma coisa...

-Não preciso de nada. Se quiser conversar, estarei na biblioteca. Com licença.

Freddie voltou a mergulhar em seus pensamentos. Não demorou muito ouviu o som de botas se aproximando. Só então reparou na carruagem parada  há alguns metros do castelo. Lembrou-se da reunião que havia na casa de Sir Serafim. O homem servira a guarda real por anos, e agora, manco de uma perna era o chefe da guarda real, mas buscava um titulo de nobreza. Possuía dinheiro, mas queria ainda mais prestigio.

Os pensamentos ainda vagueavam na mente de Freddie. Ao longe, ele via a estrada que levava ao condado dos Stefans. Agora só haviam empregados ali. Eles estavm bem instalados AM Veneza e provavelmente não voltariam aquelas terras. Quando adentraram a cidade, Freddie involuntariamente voltou-se as barracas. Não viu banca de maçãs alguma. Pensava no que poderia ter havido com sua amiga. Não existia possibilidade de não ser ela que limpava aquela mesa pela manhã. Não demoraram muito, chegaram a casa do homem. Quando Freddie desceu, um grupo de moças que passavam parou observando-o. Todas muito distintas e bem vestidas. Ainda assim não se comparavam em beleza, a jovem criada que ele vira pela manhã. Freddie abanou a cabeça, aturdido.

-Algum problema, Freddie? –Perguntou o rei caminhando em direção ao castelo.

-Nenhum. Um pouco de tédio talvez.

-Certamente. –Respondeu desconfiado. Observou as mocinhas atentamente, mas elas já se afastavam.

Quando entraram no castelo, o homem já os esperava ao lado da esposa. A mulher tinha cabelos castanhos, e olhos verdes, quase amarelos, e um olhar triste e bondoso. Após trocar algumas palavras com os dois visitantes, se retirou deixando os homens sozinhos na sala escura. As portas se fecharam. Haviam cinco homens ali. Serafim, o comendador,o duque Humbert Haze, primo de quarto grau de Serafim, que estava instalado em sua casa a dias por causa da reunião e um cavaleiro que servia a ele. Todos sentados, bebericando o líquido dentro de suas xícaras, que Freddie presumiu ser chá.

-A situação não é boa. –Começou Serafim, após encerrarem as apresentações. –Humbert me dissera a pouco que três suspeitos foram vistos na floresta, próximo as suas terras.

-Correm rápidos como ratos! –Afirmou o cavaleiro do duque.

-Meus guardas. –Dizia o duque.–Conseguiram capturar um. Mas ele fugiu.

-Quantos homens eram? –Perguntou o rei.

-Quatro. –Informou o comendador já a par de tudo.

-Não eram muito competentes não é? –Perguntou Freddie sentado elegantemente em uma poltrona.

-Sim, alteza, certamente. –Adiantou-se o cavaleiro nervoso. –Mas ele parecia frágil, e no instante em que nos distraímos...

-Distraíram? –Continuou Freddie com um sorriso sarcástico. –Distraíram com o que? Com o balanço das folhas? Ora por favor.

-Nesse caso. –Disse o rei pacientemente. –Peço que evitem se distrair. Se não vou acabar acreditando que estão colaborando com eles...

-De modo algum. –Interveio Serafim. –Poso garantir que...

-Tenho certeza de que o rei compreende que não é uma tarefa fácil. –Interrompeu o duque calmamente. –Eles agem a anos. Creio que acercando vossa alteza dos cuidados necessários, não haverá problemas.

-Creio que seguindo as ordens do meu pai corretamente, eu não precisarei tão desesperadamente me acercar de cuidados.

Era notável a antipatia que o jovem príncipe e o jovem duque nutriam um pelo outro em seus poucos segundos de convivência. A beleza de um incomodava ao outro. O duque era alto, tinha os cabelos negros e lisos e olhos azuis. Costumava ser simpático, mas acreditava ter razões boas o suficiente para não gostar daquela família. O titulo que o avô de Humbert recebera, fora dado pelo pai de Freddie, mas ele  teve que abrir mão do casamento com uma amiga sua, cuja a família havia se aliado, a poucos anos, ao rei da Suíça. Freddie podia sentir que havia algo errado com ele, algum motivo forte o suficiente para detesta-lo. Alem da ridícula disputa de penteados.

A reunião prosseguiu calma graças aos homens mais velhos e aos cavaleiros que mostravam mais disciplina do que Freddie e Humbert. Finda a reunião, todos se retiraram, exceto o rei e o dono do palácio, que ficaram conversando sobre outros assuntos.

Alguns dias após a reunião, Freddie já considerava inútil se preocupar com a presença de Sam no castelo.  Mesmo assim se preocupava. Não podia fingir que era uma pessoa qualquer, por que não era. Sabia de coisas ao seu respeito que ninguém mais sabia. Não sabia se o perturbava mais o episódio da floresta ou o do beijo na estrada. Ela não voltou a servir a mesa. Freddie não podia ir a ala de criados, abarrotada de mulheres faladeiras, procurar uma jovem e sair como se nada tivesse feito. Resolveu esperar um momento mais oportuno.

Numa manhã fresca, desceu destinado a cavalgar. Não encontrou Spencer em lugar nenhum, e agora já não lhe parecia adequando sair procurando por criado algum pelo castelo, como fazia quando criança. Resolveu ir selar seu cavalo, acreditando que o homem podia estar muito ocupado. 

Saiu pela porta da frente, desceu as escadas da varanda, e se dirigiu ao celeiro em busca de Bento, que mesmo cansado, ainda era o seu animal preferido. Sua surpresa não podia ter sido maior ao entrar no estábulo e ver uma jovem alimentando os animais. Ela distribuía o feno entre os animais sem muita paciência, muitas vezes respondendo-lhe os relinchos como se os entendessem.

-Ora, se acalme, por que acha que devo dar mais a você do que a ele? Quanto mais você se irritar, mas irei demorar...

Freddie não pode deixar de reparar nas curvas que sua amiga ganhara. Estava de costas, mas nas vezes em que virava de lado, ele via que embora estivesse tivesse crescido, não havia mudado muito. Especialmente no jeito alegre.  Ria como se estivesse pirraçando os animais. Mas depois, chegava perto e lhes acariciava o focinho com doçura, dizendo que só estava um pouco fatigada pelo trabalho, mas que não estava brava com eles.  Freddie saiu do ligeiro transe, e percebeu que aquele era o momento oportuno.

-Eles não vão te entender. –Disse Freddie se aproximando.

Ela virou-se sobressaltada deixando cair o enorme garfo com que distribuía o feno. Recuou alguns passos dada a proximidade do rapaz, mas depois se deteve e perguntou olhando para o chão, completamente rubra:

-V-vossa alteza deseja alguma coisa?

-Finalmente me chamou devidamente. –Disse com um ar superior. –Como vai, Sam?

-Bem... –Ela não o encarava.

-A quanto tempo trabalha aqui?

-Alguns meses. –Respondeu fitando o chão.

-Samantha olhe pra mim. –Pediu antes que a coragem lhe fugisse. –Quero que va embora daqui. Desculpe-me, mas sua presença não me agrada.

-Por que? –Perguntou levantando os olhos surpresa. –Preciso do dinheiro.

- Eu lhe arrumo trabalho em outro lugar, mas não quero que fique aqui.

-Eu não entendo. –Uma ruga se formava em sua testa. –Nem mesmo me dirigi a sua pessoa ou lhe lancei um olhar que fosse, como posso ser um incômodo? Não compreendo!

-Não tem que compreender. –Disse autoritário. –Pegue suas coisas e...

-Não. –Falou como uma criança birrenta.

-Sam, colabore. –Freddie buscava a paciência que sabia ser necessária para lidar com ela. –Será desconcertante pra mim, sempre que cruzarmos... Precisa sair.

-Por que não pode simplesmente fingir que não me conhece?

-Por que ao contrario de você, eu não sei fingir.

-Se a necessidade batesse a sua porta, saberia.

-Mas não bateu, e agora pare de me responder e va embora!

-Não! Alteza. –Ela tomou um ar ligeiramente debochado. –Eu gosto daqui, gosto dos cavalos. São mais legais do que muita gente, sabia?

Foi com incredulidade que Freddie a viu pegar a ferramenta e voltar a alimentar os animais.

-Certo, quanto você quer?

- Quero que me deixe trabalhar em paz. –Ela voltou-se impaciente. –Sabia que estou acordada desde as quatro da manhã?

-Não vai fazer o que estou mandando?

-Escuta. –Ela tomou um ar gentil. –Me pagam bem aqui, é relativamente mais perto de casa, já estou acostumada com o lugar e as pessoas. Sei que deve ser desagradável, quando eu vim pra ca você não estava, e eu não sabia que viria. Eu não vou te causar problemas...

-Já esta me causando. Esta desacatando minhas ordens, como pode dizer que esta agindo normalmente?

-Só quero trabalhar em paz. –Disse baixando o rosto.

-Devia saber que a mim sua cara inocente não engana. Olha, você tem duas opções. Sair agora, e continuar tendo um amigo da minha importância; Ou ficar e ganhar um inimigo da minha importância.

-O que diriam se vissem um príncipe desse tamanho declarando guerra a uma moça?

-Você esta me irritando. Não somos mais crianças, colabore por favor!

-Alteza eu vou ficar. –Respondeu após longo suspiro. –Desculpe.  

-Muito bem. –Disse cerrando os punhos. –Sele meu cavalo.

-Claro alteza. –Respondeu com sarcasmo na voz.

-E quanto a você? –Perguntou Freddie enquanto ela ia até a baia onde estava Bento.

-Eu o que?

-Refiro-me as mudanças em sua vida. Se é que houve alguma.

- Não ouve nenhuma. –Disse pondo a sela sobre a pelagem alva do animal. –Nenhuma mesmo. 

Freddie quis perguntar por que ela não havia casado, ou mesmo se pensava em casar-se. Mas achou inconveniente. Aguardou que ela terminasse, o que não demorou muito, e assim que ela concluiu, lhe estendeu a rédea observando-o atentamente em completo silencio. O contato visual entre eles durou alguns segundos, e só foi quebrado por um relincho impaciente do animal.

Disfarçando o embaraço, Freddie pegou o animal e saiu dali sem dizer mais nada. Destinado a cavalgar por um bom tempo. Não tinha a menor convicção de que Sam não causaria problemas.  Sua resistência em permanecer ali indicava isso. Talvez devesse ficar atento com ela.

Sam não conseguiu trabalhar direito o resto do dia. Sua mente dava voltas e mais voltas. Jamais poderia imaginar que ele pudesse tomar tal atitude. Não sabia se ficava feliz, ou irritada. O primeiro por que ele não a ignorou. O segundo por que a tratou mal. Era um misto de emoções que ela tinha dificuldades de controlar enquanto lavava, arrumava, limpava, e realizava todo o tipo de tarefa. Pensava em ir embora. Desistir de tudo, seria difícil com ele ali. Mas o que diria aos Sir Nicolau?  

Mesmo com tudo isso, se sentia mais leve. Não tinha mais a preocupação de “ser descoberta”. Estava tudo as claras. Sentiu-se tentada a indagar por que ele a beijou a anos atrás. Teve medo que ele pensasse que ela nutria alguma esperança e fosse mais firme em sua tentativa de expulsá-la. Ainda que ele fizesse isso, jamais contaria o segredo dele a ninguém, agradecia aos céus por ele não saber disso. Mas depois de tudo, acreditava já saber o porque dele a ter beijado. Por nada. Absolutamente nada. Talvez quisesse apenas adquirir uma experiência, ou quisesse perturba-la. Mas dada a incisão com a qual ele tentou afasta-la, ela deduziu que não havia chances dela ter representado algo pra ele algum dia. 


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Notas finais do capítulo

É isso gente, espero que vcs tenham gostado. Deixem suas duvidas nos cometários talvez o cap tenha ficado um pouco confuso, eu não sei... Deixem reviews pfv! É isso atualizo CS assim que der! Bjos e até mais!