Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 28
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
Postarei mais um hoje...ou talvez dois...
Bom... No próximo capitulo Elena terá uma conversa séria com Damon...
O titulo se refere a escolha de Damon...(Não tinha outro titulo decente, então ficou esse mesmo)
Obrigada pela recomendação Miss Sdy... Ameii!!
Obrigada pelos comentários...
Boa leitura!



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Elena foi bem recebida na casa de Bonnie, como era de costume. A morena continuava em clima de pré-casamento tagarelando sobre a festa que ocorreria em menos de duas semanas. A morena já até perdera as contas de quantas vezes a melhor amiga havia citado Jeremy e sua perfeição, fazendo-a por alguns segundos sentir um súbito enjoo tomar conta de seu estômago.

O máximo que ela conseguia fazer - mesmo que fosse forçadamente - era sorrir a cada exclamação de Bonnie. Ficaram um bom tempo de sua visita observando os convites que seriam enviados na segunda-feira, algumas amostras de vestidos e fotos de diversos bolos que ela provaria naquela mesma semana ao lado do futuro marido. Elena queria se sentir feliz pela amiga, mas a verdade que Marie havia lhe contado sem querer, ainda martelava em sua cabeça fazendo-a bater os pés no chão em sinal de irritação.

Aquela situação toda não parecia ser verdade. Damon havia lhe prometido dizer toda a verdade sobre seu estado de saúde e não era nada justo entrar em um conflito interior passando a desacreditar em tudo que o namorado lhe dissera. O problema maior era que Elena não conseguia aceitar que Damon poderia ter mentido como omitido certas partes do seu problema com a maior cara de pau do mundo.

A dúvida a estava matando e isso não passou despercebido por Bonnie.

– Certo! Eu falei demais de mim. - Bonnie aproximou-se da amiga, largando o catálogo de bolos. - O que você tem?

Elena dera um suspiro rasgante fazendo seus ombros ficarem encolhidos por alguns segundos.

– Não tenho nada. - negou Elena para não cortar a empolgação da melhor amiga, afinal, era o casamento dela. O casamento do qual ela seria madrinha.

Ao lado de Damon.

– Ok! O problema é Damon. - Elena corrigiu a mentira sentindo o peito apertar ao pronunciar o nome do rapaz. - Damon é o problema.

Desde que se falaram no telefone no dia em que estava fazendo a prova de seu vestido de noiva, Bonnie não soube mais nada do relacionamento da melhor amiga com o garoto que ela não suportava. Mesmo oferecendo todo seu apoio, a morena jamais aceitou a ideia de Elena Gilbert de mãos das com Damon Salvatore.

– O que ele andou fazendo? - Bonnie perguntou já com uma ponta de desanimo na voz.

– Andou mentindo para mim. - respondeu Elena, incerta. Tentou manter os ombros relaxados, mas era impossível. Estava nervosa. Irritada por saber que, possivelmente, havia sido deixada para trás.

–Elena, eu sei o quanto você detesta quando as pessoas mentem para você, ainda mais quando são aquelas das qual você mais gosta. - Bonnie empurrou o catálogo para longe, apoiando os cotovelos sobre a mesa. - Conte-me a história completa. Acho que eu mereço isso, já que estou totalmente por fora do relacionamento de vocês.

Elena encarou a amiga por alguns segundos sabendo que ela surtaria ao saber das últimas novidades entre seu namoro com Damon. Tudo parecia muito confuso aquela altura e a morena era a que mais se sentia a ponto de se arremessar da janela para ver se as coisas se ajeitavam de uma vez.

– Bonnie, Damon está meio que doente.

– Gripe?

Antes fosse gripe, pensou Elena, alisando a testa nervosamente. Percebeu o quanto era complicado e doloroso citar o nome de Damon acompanhado de sua doença omitida.

– Anemia. Pelo menos, era nisso que eu acreditava até dar de frente com a empregada da mãe dele e saber que as coisas são piores do que eu imaginava.

– Anemia não é nada. O que poderia ser pior que isso? - Bonnie meneou a cabeça como se aquele assunto fosse muito bobo.

– De acordo com Marie, ele está com leucemia, Bonnie.

Bonnie boquiabriu-se estendendo uma longa pausa entre as duas. Elena sentiu lágrimas quentes tomarem conta de seus olhos e fez um grande esforço para que elas não caíssem.

– Leucemia? Isso é sério, Elena.

– Para você ver como eu tive grande credibilidade nesse assunto. - disse ela, desgostosa. - Mas eu não sei se é verdade, Bonnie. Não posso acusá-lo desse jeito.

– Você acha que ele mentiu para você?

Elena virou o pescoço, fitando a janela embaçada devido a neblina. Lá fora, não havia ninguém. Todos estavam se refugiando do frio e, com toda certeza, esperando os primeiros indícios de neve.

– Eu estou insegura, admito. Eu confio em Damon. Nunca esperei que algum dia da minha vida eu pudesse dizer isso, mas eu confio nele. Eu não sei se ele seria capaz de mentir para mim desse jeito, mas eu gosto de pensar que ele recebeu a notícia da sua doença hoje e que assim que nos encontrarmos tudo será colocado às claras. - Elena respirou fundo, retomando as palavras. - Mas, no fundo, eu acho que ele sabia faz tempo só não queria me contar.

Bonnie calou-se, observando a melhor amiga, arrasada. Damon era famoso por ser um idiota completo, por nunca ter um relacionamento que prestasse e, acima de tudo, ter as piores amizades do universo. Nem mesmo Tyler conseguia se safar da sua lista negra, já que ela o julgava como o maior baba-ovo da história quando o assunto se referia a Damon Salvatore.

Mas, se sua amiga estava lhe dizendo que ele seria incapaz de mentir, ela não poderia fazer nada a não ser acreditar. Se, de fato, ele estivesse mentindo, teria que dar um jeito e descartá-lo como padrinho de seu casamento, mesmo que isso decepcionasse Jeremy.

– Você falou com Tyler? - perguntou Bonnie. Tyler era a opção masculina de Elena quando ela estava com problemas.

– Eu não o vi desde que saí da casa de Damon. - respondeu Elena, calmamente. - Eu dormi fora, encontrei Marie por acaso.

– Essa Marie também.

– Ela não tem culpa. - Elena disse – Ela apenas achava que eu sabia.

Queria ver Damon, mas ao mesmo tempo temia com o que poderia vir durante aquela visita. Elena sabia que entrou na fase de evitar-com-que-as-coisas-acontecessemde maneira que ela não saísse magoada. Se Damon estava realmente com uma doença grave, ela não estava pronta para ouvir e era melhor deixar que o destino resolvesse isso por ela, pois com certeza o baque seria menos intenso.

- Olhe Elena, eu odeio Damon. Você sabe disso. Para mim ele não é melhor par para você. Sinto falta de Josh Smith. Ele sim era o namorado perfeito.

– Bonnie, eu amo Damon.

Bonnie piscou duas vezes como se tentasse assimilar o que a amiga acabara de dizer.

– Você o ama? É isso mesmo que eu acabei de ouvir?

Elena engoliu em seco. Dizer que amava Damon Salvatore era o mesmo que dizer que não conseguia viver sem ele. Sentimentos sempre foi um dos assuntos mais complicados da vida da morena e falar sobre eles era como ser torturada por querer manter segredo. Era difícil admitir para si mesma que amava Damon e era mais difícil ainda olhar nos olhos da melhor amiga e afirmar que aquele amor definitivamente existia e de maneira absurda era recíproco.

– Sim, Bonnie, eu o amo e gostaria que você não me matasse por isso. - ela dera um sorriso de canto, esperando que a amiga não surtasse como sempre fazia quando ela afirmava alguma coisa que não ia de acordo com o esperado.

– Eu não vou te matar por isso, Elena. Eu sei como as coisas funcionam. Eu amo Jeremy, com todo meu coração e imagino que você se sinta dessa maneira com relação a Damon mesmo contra a minha vontade.

– É o sentimento mais difícil do mundo se quer saber. - Elena apoiou as mãos na mesa, pegando o celular distraidamente. - Eu nunca pensei que algum dia eu fosse ser a namorada de Damon Salvatore. É uma responsabilidade horripilante, porém agradável. A gente se conhece muito pouco, mas é como se nós nos conhecêssemos há muito tempo.

– O que é verdade. Só não namoraram mais cedo porque Josh entrou na frente.

Elena revirou os olhos. Bonnie preferia Josh a Damon e isso nunca ficou omitido. Lembrou-se vagamente do quanto Damon ficava irritado só com o fato de ouvi-la explicar a ele de que Josh não chegava aos seus pés.

– Já que você citou Josh Smith, o príncipe, tenho uma novidade dele para você.

– Diga-me. - Bonnie juntou as mãos, visivelmente empolgada. Adorava Josh e, se ele não fosse tão encantando por Elena e nem ela por Jeremy, com certeza teria investido nele.

– Ele está de volta à cidade. Encontramos-nos sem querer dentro de uma farmácia, dá para acreditar?

– Destino.

Os lábios de Elena ficaram rígidos com o comentário de Bonnie. Arrependeu-se no mesmo instante de citar Josh naquela conversa.

– Não foi destino, Bonnie. - repreendeu Elena, tentando ser sutil.

– Claro que foi Elena. - confirmou Bonnie, ignorando o olhar fulminante da amiga. - Damon está mal das pernas e Josh volta para acudi-la. É perfeito.

– Bonnie, não tem graça.

– Você não consegue ver a magia das coisas, só isso.

– Bonnie, eu estou com Damon e não preciso de Josh como quebra-galho. Houve um tempo em que eu realmente gostava dele, mas essa época já passou. Se Josh quiser ser meu amigo, ótimo, se não quiser, ele estará me fazendo um grande favor. Entenda... Josh é um príncipe e Damon é o meu príncipe encantado.

– Desculpe. – Bonnie moveu o corpo de maneira desconfortável a cortada verbal de Elena.

– Bonnie, eu sei que você gosta dessas coisas de contos de fadas, mas comigo não funciona desse jeito. Josh não larga do meu pé desde que voltou para a cidade e, de todas as formas, já tentei explicar que estou com Damon e ele simplesmente ignora esse fato.

– Damon sabe que ele voltou?

Elena suspirou.

– Damon nem sabe que ele era o ex-namorado que foi para fora do país.

– Pera aí! - Bonnie ergueu as mãos, confusa. - Explique-se.

– Damon perguntou se já namorei alguma vez e, com toda certeza, ele ignorou o fato de Josh existir já que ambos só faltavam se matar sempre que cruzavam o caminho da cantina. No mínimo, Damon acredita que namorei mais alguns antes de chegar nele.

– Damon vai ficar furioso.

– Estamos de igual para igual, mas meu problema é totalmente menos pior que o dele.

– Vocês vão brigar Elena.

– E você acha que eu não sei disso?

Ela levantou-se, dando um golpe fraco na mesa. Damon poderia estar mentindo, mas ela não poderia negar que de alguma forma também estava. Já havia ensaiado dezenas de vezes como explicar ao namorado que Josh Smith era seu ex, que ambos namoraram até ela se formar e que agora ele estava de volta para fazer sua vida um inferno.

Realmente, a briga seria grande e muito feia.

– Eu me pergunto todos os dias como me tornei namorada de Damon. - Elena retomou a conversa. - É um mistério que não consigo desvendar. Uma hora, estávamos nos bicando na rua e outra, estávamos em um hospital dizendo palavras que eu jamais pensei que sairiam da minha boca. A situação anda mais complicada do que eu imaginava...

Bonnie caminhou até a amiga, passando uma mão por seu ombro.

– April dormiu com Damon, a mãe de Damon me odeia e agora eu posso odiar Damon por ele ter mentindo para mim. - Elena fechou os olhos, sentindo o ar lhe faltar. Um buraco parecia se abrir dentro de seu peito conforme ia pensando nas coisas ruins que vinham acontecendo entre ela e o namorado. - Eu pensei que as coisas fossem mais fácil, só isso. Josh perto dessa situação toda é apenas uma pedra insignificante no meio do caminho.

– Por que você ainda tem que lembrar que April dormiu com Damon?

Elena também não sabia as razões de ainda guardar aquele pequeno rancor. Na época do acontecido, nem ligava para Damon.

– Eu não sei Bonnie. Talvez seja pelo fato de April ser acessível ao público masculino com mais facilidade do que eu. Sei lá, insegurança feminina.

– Você nunca dormiu com Damon então?

Elena sentiu suas bochechas corarem bruscamente.

– Isso não é pergunta que se faça dona Bonnie.

Bonnie riu com gosto.

– Você deveria deixar as inseguranças femininas de lado e conhecer o outro caminho para a felicidade.

– Como você é pervertida. - Elena riu, meneando a cabeça negativamente.

– Vai me dizer que você não quer ou que não tem curiosidade?

– Curiosidade tenho sim, mas ainda não é hora. - respondeu ela, tranquilamente.

– Você está certa.

As duas silenciaram até serem atraídas pelo barulho do celular de Elena. Quando a morena o pegou, ergueu os olhos em direção ao teto perguntando se definitivamente merecia aquilo.

– Quem é?

– Josh. - respondeu Elena, observando o nome dele piscar sem parar. - Eu liguei para ele por engano e ele está achando que estou retornando suas ligações. Moleque idiota.

– Você deveria atender e pedir para ele te buscar.

– Eu pediria para ele me buscar se eu estivesse bêbada, mas como você não quis ir para algum pub beber estou sóbria e ainda tenho controle das minhas atitudes.

– Atenda Elena. Ser amiga de Josh não deve ser tão ruim assim.

Elena ergueu a sobrancelha, olhando para o aparelho que havia parado de tocar. Pensando que ele havia desistido, não se espantou ao ver mais uma chamada persistente vinda do rapaz. Tentando se livrar logo daquele aperto, resolveu anteder.

– Fala Josh.

– Como sempre grosseira. Damon anda te ensinando a ser assim agora é?

– Eu não preciso que ninguém me ensine a ser grosseira, Josh. - retrucou Elena secamente, sentindo um nervoso ao ouvir a risada dele do outro lado da linha. - O que você quer?

– Quero saber onde você está? - respondeu ele, indo direto ao assunto. Estava preocupado com Elena ainda mais depois de ouvir seu tom de voz quando ela ligou para ele sem querer.

– Não te interessa onde estou.

– Bem, pensando que você queria falar com Bonnie, posso deduzir que você está na casa dela. E, deduzindo melhor, Bonnie me adora.

– Você fala isso como se Bonnie fosse minha mãe ou algo assim.

Josh riu mais uma vez, fazendo Elena sentir uma súbita vontade de arremessar o celular contra a parede.

– Por falar em sua tia, ela está louca atrás de você. - Josh percebeu que a respiração de Elena ficou descompassada e continuou: - Ela pediu para que eu te procurasse. Dois dias sem dar notícia, Elena. O que deu em você?

Aquelas lágrimas que ela segurou durante todo o percurso para a casa de Bonnie, escorreram quentes por seu rosto. Seus lábios tremeram assim como seu corpo inteiro. Preocupada, Bonnie foi até a amiga, abraçando-a. Isso só fez com que ela chorasse um pouco mais.

– Elena?

Elena tentou se recompor, mas estava difícil. Chorar era a única maneira que ela conseguia desabafar os sentimentos guardados. Aqueles últimos dias haviam sido uma tortura e não se espantou ao explodir daquela maneira rodeada pelos braços de Bonnie.

– Josh, eu preciso ir.

– Você está chorando. - a voz de Josh mudou completamente. Ele estava mais seco, como se tivessem cutucado alguma ferida sua. - Eu vou te buscar.

– Não, Josh. Por favor, não. Eu estou bem.

– Você está chorando do outro lado da linha e vem-me dizer que está tudo bem? Eu te conheço, Elena Gilbert.

Elena sentiu um vazio preencher o buraco que estava aberto dentro de seu peito. Era como se a realidade começasse a fazer parte de seu cérebro fazendo-a lembrar de que a única pessoa que a conhecia melhor do que ninguém - além de Bonnie e Tyler - era Josh.

Mesmo antes de serem namorados, ambos eram bons amigos. Saiam juntos, conversavam sobre diversos problemas e os pais de ambas as famílias se adoravam. Foi inevitável eles ficarem juntos no final das contas, sendo o primeiro e último namoro da morena antes de Damon reaparecer em sua vida.

– Passe o telefone para Bonnie. - pediu ele, calmamente.

– Josh, eu vou desligar.

– Desligue e saia correndo. Eu sei onde Bonnie mora e não custaria nada aparecer aí e te levar para casa a força.

Um suspiro foi a única resposta que Elena conseguiu dar antes de passar o celular para Bonnie.

– Vai lavar o rosto, Elena. - pediu Bonnie, afastando os cabelos do rosto da amiga. - Lave o rosto e deite um pouco.

Elena caminhou até o banheiro enquanto Bonnie esperou até ouvir ela trancar a porta. Sem demora, colocou o celular sob a orelha e disse:

– Josh, tem como você vir buscá-la?

– Eu quero saber o que está acontecendo, Bonnie. - Josh estava impaciente e dava para ouvir do outro lado da linha que ele estava à procura de alguma coisa.

– Eu não posso dizer nada, Josh. Sinto muito.

– Ok! Como você preferir.

– Só venha buscá-la, okey? Ela não está em condições de ir embora sozinha.

– Tudo bem. Estou a caminho.

Josh desligou o celular sem se despedir, deixando Bonnie em choque. Calmamente, colocou o celular perto da bolsa da amiga esperando que ela saísse do banheiro.

Naquele momento, a única coisa que ela queria era estrangular Damon para ele deixar de existir de uma vez por todas.

Damon recebeu alta naquela noite. Ficou aliviado de um lado por saber que voltaria para casa e ficaria rodeado por seus amigos. Por outro, estava desanimado e tenso por saber que o que Tyler havia lhe dito aquela manhã procedia. Teria mais sessões de Quimioterapia ou correria o risco de o câncer se expandir fazendo-o ficar permanentemente no hospital.

Aquelas idas e vindas realmente estavam esgotando sua paciência. Não estava trabalhando o mesmo tanto que antes e as aulas na faculdade não eram mais tão presenciais como de costume. Toda vez que era submetido a uma bateria de Quimio, sentia-se mal e ficava fraco. Era uma sensação horrorosa que o deixava abatido por longas horas depois.

Quando estava pronto, não se espantou ao ver sua mãe esperando-o na porta do quarto. Cruzou o caminho do corredor até o estacionamento sem dirigir uma palavra com aquela mulher que só tentava destruir seu relacionamento sem nenhum motivo que o fizesse entender o que a motivava a fazer aquilo. Era uma atitude infantil e ele estava ciente de que sua mãe jamais desistiria da ideia de lhe oferecer uma namorada melhor e que fosse capaz de substituir Elena de sua vida.

Claro que ela estava enganada, pois ele mesmo já tentou substituir Elena Gilbert de sua vida diversas vezes. Saiu do país, mudou sua vida radicalmente, teve algumas namoradas, mas nada disso respondeu positivamente com relação aos seus sentimentos frívolos que se tornavam mais fortes à medida que ficava mais afastado da jovem. Quando voltou para NY e a viu, era o mesmo que voltar a respirar.

A preocupação maior era ter que lidar com a chantagem de Tyler. Ele demorou horas para entender o comportamento do melhor amigo, mas, mesmo assim, não conseguiu arranjar motivos para desculpá-lo pela chantagem. Ele queria contar tudo para Elena a sua maneira e não sendo sabotado por uma chantagem que praticamente o obrigava a contar tudo de maneira impulsiva.

Ao entrar no carro, cumprimentou seu pai com muito esforço. Por mais que Stevan parecesse imparcial com toda aquela situação, Damon sabia que ele tomaria partido de sua mãe caso algo mais grave acontecesse. Seu namoro não estava seguro perto daqueles dois e a única maneira de conservar o que finalmente tinha conseguido, era manter aquele relacionamento longe da vista dos dois.

Ele se sentia meio sonolento quando seu pai dera a partida. Embora se sentisse melhor, ainda sentia-se fraco. Sua cabeça não doía, mas seu corpo pedia por repouso por mais algumas horas ainda mais por ter ficado tanto tempo na mesma posição assistindo televisão. Queria chegar logo em casa e dormir por muitas horas.

Quando percebeu que o percurso não era da casa que dividia com os amigos, ele ergueu-se na direção dos pais sentindo uma ponta fina de raiva percorrer seu corpo que parecia ter acordado como se tivesse acabado de receber uma injeção. Olhou de um para o outro, mas não obtivera nenhuma resposta.

– E então? Quanto tempo depois eu iria saber que estão me levando para a casa errada?

Elisabeth endireitou-se no banco, ignorando o filho.

– Eu estou falando com vocês dois.

– Damon, estamos fazendo isso para o seu bem. - respondeu Stevan, tomando conta da situação.

– Para o meu bem sem me consultar? Isso é ótimo. - Damon disse, ironicamente. - É ótimo saber como vocês lutam para fazer com que eu me sinta bem. Não seria mais fácil me dopar? Assim não teria tempo de questionar.

– Damon, não iremos discutir esse assunto. Você irá para casa e ficará por alguns dias. Sua mãe quer cuidar de você.

Ele virou o olhar para sua mãe, mas ela não estava disposta a encará-lo.

– Conseguiu o que queria certo? - Damon dera um riso desgostoso. - Eu não vou ficar em casa. Se quiserem dirigir até lá, ótimo, mas de lá pegarei um táxi e vou para minha verdadeira casa.

– Você não vai fazer isso. Deixamos você sem sua carteira. - Elisabeth deixou sua voz rouca tomar conta do ambiente. Soava com uma vitória contida.

– Stefan tem uma moto. Ele pode me buscar. - respondeu Damon, calmamente. - Elena tem o carro dos pais e ela sabe dirigir. Ela também pode me buscar.

Damon percebeu que sua mãe se contorceu no banco ao ouvir o nome de Elena.

– Você vai ficar em casa, Damon Essas são as ordens. Você está doente e precisa de cuidados especiais.

– Eu não preciso de cuidados especiais. Sei muito bem cuidar disso sozinho. - Damon virou-se para o pai, com os olhos estreitos como duas fendas. - Pare o carro.

– Você deveria ser mais agradecido. Vamos cuidar de você e logo poderá voltar para aquela casa velha.

Damon queria dar uns tapas na mãe para ver se ela acordava para a vida.

– Mãe, eu sou muito agradecido pelo que você e meu pai fazem por mim, mas com relação a isso eu posso muito bem me virar do jeito que estava fazendo.

– E se virou direitinho, claro. - o tom de voz de seu pai beirava a ironia e ele logo percebeu que uma discussão viria logo a seguir. - Não é à toa que piorou com seus cuidados supercorretos. Um câncer quase avançado não é o bastante para você ver o quão errado você está.

– Eu não estou errado. Se minha mãe quer cuidar de mim, ela pode fazer isso, mesmo eu estando na minha casa. Vai dar no mesmo. A única diferença de ela me arrastar pra sua casa é que ela quer controlar as visitas de Elena. Pergunto-me todos os dias se a senhora sempre foi mal amada assim ou é apenas ilusão da minha mente.

Quando Elisabeth fez menção de erguer a mão para acertar Damon, Stevan a segurou no mesmo instante.

– Peça desculpa a sua mãe, Damon.

– Não irei pedir desculpas coisa nenhuma. - Damon retrucou ainda parado, meio assustado com a cena. - Só quero que parem o carro.

Stevan freou o carro bruscamente, fazendo Damon ir um pouco mais para frente.

– Certo, Damon. Vamos conversar de homem para homem agora. - Stevan saiu do carro, esperando que Damon fizesse o mesmo.

– Certo!

Damon saiu do carro acompanhado de Elisabeth e parou diante do pai que parecia um pouco decepcionado.

– Você vai escolher agora.

– Stevan, não.

– Elisabeth, ele não é mais uma criança. - Stevan fitou Damon com firmeza. - Você quer voltar para sua casa, certo?

– Certo!

– Sua mãe não quer controlar as visitas de Elena, mesmo porque, isso seria impossível já que sua namorada não tem alguma antecedência criminal que a proíba de visitá-lo. Só queremos o seu bem.

– Vocês nunca quiseram o meu bem, pai.

– Damon, deixa de ser egoísta. - disse Elisabeth, quase gritando. Não queria aquela discussão, pois sabia que os resultados seriam drásticos.

– Você está sendo egoísta em tentar proibir a visita da minha namorada. - disse Damon, rispidamente.

– Ela não é uma boa namorada, Damon.

Damon deu as costas aos dois, rindo desgostoso, mas virou-se bruscamente no mesmo instante, caminhando em direção de sua mãe.

– Elena está comigo desde que eu contei que estava com anemia. Ela matou vários dias de serviço para ficar comigo. Ela bancou todos os meus remédios. Ela dirigiu meu carro de volta para casa depois de todas as sessões de Quimio que eu fiz. Ela estava lá comigo quando eu me debati no chão e ela estava comigo quando eu não queria olhar para sua cara.

Elisabeth sentiu suas mãos tremerem enquanto Damon ainda mantinha-se próximo a ela, seco.

– Não venha me dizer que ela não é uma boa namorada. - Damon meneou a cabeça negativamente, repletamente infeliz. - Ela tem sido uma ótima pessoa, melhor do que vocês dois juntos.

Damon foi até o carro e pegou a mochila que estava no banco de trás dando as costas aos dois.

– Damon!

Seu pai o chamou de volta, fazendo-o parar de andar sem se virar.

– Essa é sua escolha final? Não iremos mais nos intrometer na sua vida se essa for sua decisão.

Damon não respondeu. Simplesmente continuou andando sem nenhum lugar em mente deixando os pais para trás. Sabia que havia cortado relações com eles ao decidir ir embora, mas era melhor assim. Seus pais sempre davam um jeito de amarrá-lo e ele estava cansado daquele tratamento. Queria ser livre e cuidar de si mesmo como vinha fazendo antes de descobrir que estava doente.

Permaneceu caminhando sem rumo, pois seu cérebro trabalhava a mil por hora. Começou a sentir finas dores e torceu para que seu nariz não começasse a sangrar. Sabendo que precisava conversar, decidiu ir até a casa de Elena. Se desse tudo certo, aproveitaria a oportunidade em lhe contar a verdade antes que sua mãe se manifestasse a fim de destruir a única coisa que era consistente e importante em sua vida.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Até breve...