Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 19
Conhecendo a Cruela


Notas iniciais do capítulo

Hahaha esse titulo é super engraçado...
Espero que gostem e obrigada pelos comentários...
Boa Leitura...



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Elena sentiu o coração bater na garganta quando Damon estacionou o carro em frente a um dos restaurantes mais caros de New York. Lembrava-se do local, pois havia comemorado sua festa de quinze anos no ambiente extremamente convidativo com luzes fortes e mobílias que combinavam perfeitamente com cada cor das paredes e com o tipo de pessoas que frequentavam o restaurante.

Apenas pessoas muito finas e com expressões de superioridade atravessavam as grandes portas de vidro com dois seguranças trajados de uniforme que cheirava a profunda limpeza sendo impossível encontrar qualquer vestígio de sujeira até mesmo em seus sapatos tão engraxados que chegavam a brilhar no mesmo nível que o lustre no teto. Elena sabia o quanto aquele ambiente era intimidador, ainda mais agora que conheceria a mãe de Damon.

Seus olhos perambulavam de um lado para o outro como se buscasse alguma saída de emergência. Pensamentos horríveis tomaram conta do seu imaginário enquanto Damon tentava a todo custo distraí-la. Conversaram sobre diversos assuntos, nos quais a grande parte era sobre Elena e seu futuro, até se entregarem a quietude quando se aproximavam do local de encontro. Ele parecia tão nervoso quanto ela e, quando desligou o motor, apoiou uma mão sobre seu ombro fazendo-a dar um salto.

– Está tudo bem?

Ele parecia muito mais bonito na pouca claridade que ainda restava antes da noite cair. Elena não escondeu um suspiro ao vê-lo sorrindo em sua direção. Parecia que ele estava tentando acalmá-la e sorrindo daquele jeito - além de deixar suas pernas muito bambas - a fazia sentir a garganta menos seca.

– Estou nervosa, Damon. - afirmou Elena, com sinceridade. Já tinha a visão perfeita da mãe de Damon. A visão da Cruela não saída da sua mente e agradeceu por não ser um dálmata para não virar casaco de pele.

– Não fique. Ao contrário do que você pensa, minha mãe sabe ser gentil.

– Ela vai perguntar quem eu sou Damon e o que eu faço com você. - Elena se livrou do cinto de segurança e cobriu o rosto com as mãos por alguns instantes.

Que diabos estou fazendo aqui? Pensou ela sentindo seu coração bater forte mais uma vez. Não era namorada de Damon e isso poderia não ser uma boa ideia diante da percepção da Sra. Salvatore. Elena tinha certeza que ela a odiaria e só de pensar em ser convidada a se retirar da mesa, sentiu uma tremenda vontade de vomitar.

– Elena?

Ela ergueu a cabeça na direção dele. Agora, ele estava muito próximo e seu coração se acalmou um pouco mais quando ele lhe dera um beijo carinhoso no queixo.

– Se você não quiser entrar, não tem problema. Eu posso ligar para minha mãe e dizer que Stefan passou mal de tanto beber e que tive que levá-lo ao hospital.

Elena revirou os olhos, fazendo Damon sorrir.

– Eu sei que o Wesley é um bêbado, mas seria inimaginável ele enchendo a cara em plena segunda-feira.

Damon enrugou a testa e segurou o queixo da morena com a ponta dos dedos.

– Você me chama de Damon agora, certo? - Damon permaneceu com a testa enrugada ao ver o olhar de confusão de Elena. - Agora você pode chamar oWesley de Stefan. Ele vai ficar agradecido.

Elena ficou confusa. Não sabia se aceitava como um pedido de amigo ou como um início de uma briga. Preferiu aceitar como um pedido, pois parecia mais justo.

– Pode ficar tranquilo que agora ele se chama Stefan, tá bom? - respondeu Elena, balançando a cabeça positivamente.

– Obrigado! - Damon aproximou-se um pouco mais e passou a acariciar seus cabelos. Os minutos iam se passando e com certeza sua mãe estaria bufando na mesa em que o aguardava. - Eu vou te confessar uma coisa.

– Confessar?

– Sim. - Damon dera um sorriso de canto. - Você vai me achar um tolo por isso.

Elena lançou um sorriso de volta e aguardou. Antes achava Damon apenas um tolo. Riu internamente ao se pegar pensando que ele agora era um tolo bonito.

– Então fale logo, pois já estou morrendo de curiosidade.

Damon dera um longo suspiro, alisando os cabelos negros deixando-os desalinhados. Elena lembrou muito bem do gesto e também se lembrou do quanto se injuriava quando ele fazia isso para chamar a atenção das outras garotas.

– Eu tinha ciúmes de você e do Tyler. - Damon ruborizou um pouco ao ver Elena desatando a rir. - Eu jurava de pés juntos que vocês tinham alguma coisa.

Elena recuperou o fôlego e se ajeitou no banco. Com uma expressão brincalhona, apertou o nariz de Damon lhe dando um selinho em seguida.

– Admito que já tive uma quedinha pelo Tyler. Ele era tudo o que você não era, poxa.

Damon boquiabriu-se indignado.

– Como assim? Pode me explicando isso direito.

Elena riu mais uma vez, fazendo Damon começar uma sessão de cócegas.

– Para! - pediu ela tentando se desviar das mãos dele. - Se você não parar, não vai ter como eu explicar.

– Explique-se mocinha. - Damon parou de fazer cócegas em Elena e alteou a sobrancelha. - Conte-me e não me esconda nada.

–Tyler sempre foi muito gentil comigo. Entendíamos-nos muito bem. Mas, você como melhor amigo, deveria reconhecer que não havia possibilidade de ficarmos juntos. Ele era louco pela Caroline na época. Era difícil cogitar a ideia e levá-la a sério.

– E você era louca por quem? - perguntou Damon, mantendo a mesma expressão.

– Por mim mesma.

– Mentirosa. - Damon apertou sua bochecha. - Você pagava pau para o Josh que eu bem me lembro disso.

Elena sentiu suas bochechas esquentarem. Josh era um de seus ex-namorados. Jamais passou em sua cabeça, na época, namorar alguém como Damon Salvatore. Ela nunca gostou dos convencidos e o destino parecia estar se divertindo com a peça que havia pregado nela.

– Sim, não vou mentir.

– E aquele sacana te pediu em namoro. - Damon não conseguindo esconder o ciúme explícito na voz. - Você ainda fala com ele?

– Poucas vezes. Ele está fora do país.

– Acho bom mesmo.

Elena lançara um sorriso desdenhoso na direção dele, fazendo-o se tocar da energia com que havia tratado o assunto Josh e ela.

– Ciúmes, Damon Salvatore?

– Precaução. - corrigiu Damon com o dedo indicador erguido. - Você agora está comigo e já aproveito para avisar que sou possessivo.

– Terei que arranjar uma maneira de fugir de você então.

– Você não vai fugir de mim, Elena Gilbert.

Ele a beijou lenta e calmamente enquanto sentia seu sangue ferver por todo seu corpo. Os lábios dela estavam quentes lhe acolhendo com todo o cuidado que Damon jamais sentira antes. As mãos dela percorriam por sua nuca lhe rendendo arrepios por toda extensão de sua coluna. Intimamente, ainda achava que estar com Elena era uma ilusão muito grande e que a qualquer momento acordaria sem tê-la ao seu lado.

Os lábios de Elena se soltaram dos seus. Ambos se fitaram em silêncio com as mãos agora unidas, acariciando-se uma nas outras na escuridão. Os corações batiam em uníssono e ela já sentia capaz de dizer que seu coração pertencia por completo aquele que passou um bom tempo de sua vida ignorando. Ela achou rápido demais aceitar isso dentro de si, mas ela sentia que aquilo estava predestinado e não queria perder mais tempo negando que não amava estar ao lado de Damon.

– Acho melhor irmos. - disse Elena, com a voz rouca, ainda de olhos fixos em Damon.

– Não quero ir. - sussurrou ele, segurando com mais firmeza as mãos de Elena.

– Damon, você parece que está fugindo da sua mãe.

Ele se lembrou da cena do hospital e da sua consulta. Amanhã de manhã estaria preso em diversas salas, fazendo todos os tipos de exames. Aquilo tudo o angustiava.

– Não estou fugindo da minha mãe... É só que...

Elena observou Damon atentamente. Ele estava com o mesmo semblante de quando havia chegado à porta da empresa para buscá-la. Seus olhos agora pareciam entristecidos e, como um trovão rachando sua cabeça, ela lembrou-se de que ele havia tido uma consulta naquele mesmo dia.

– Damon, isso tem alguma coisa a ver com sua consulta de hoje?

Ele encontrou seus olhos. Estavam firmes, como duas rochas. Damon queria mentir para Elena. Queria dizer que estava tudo bem, mas seu íntimo estava gritando. Confessar seus problemas para Tyler, Matt e Stefan era muito fácil. Eles eram homens e ela uma mulher. Se contasse para ela, Damon sabia que no meio do seu maior problema ela estaria envolvida.

– Tem um pouco a ver... - Damon interrompeu Elena apressado -... Não é nada que você possa ficar preocupada.

– Tem certeza? - Elena enrugou a testa. Seus olhos permaneciam fixos em Damon como se tentasse farejar alguma falha em suas frases. - Não quero que me esconda nada, Damon.

– Eu tenho certeza, absoluta. - o confirmou meneando a cabeça positivamente. - Minha mãe está preocupada com a consulta e geralmente ela me chama para conversar fora de casa longe do olhar do meu pai.

Elena dera um suspiro, alisando a testa nervosamente.

– Não tem com que se preocupar, Elena, é sério. - doía mentir para ela, mas Damon tinha em mente que contaria tudo na hora certa. Afinal, estava com uma anemia profunda. Se seguisse todos os passos do doutor, logo estaria bem e tudo não passaria de um alarde desnecessário. - Eu irei amanhã para ao hospital fazer novos exames. É só isso que tenho a dizer para a louca da minha mãe.

– Eu vou com você.

Damon parou completamente chocado.

– Não precisa Elena. E amanhã você trabalha.

– Tyler é um bom amigo e poderá me arrumar um atestado.

Damon balançou a cabeça negativamente, soltando uma risada abafada.

– Você é impossível. - Damon apertou um pouco mais suas mãos. - Não precisa ir Elena, de verdade.

– Se você me impedir, irei do mesmo jeito. - Elena encolhera os ombros. Seus olhos ainda lembravam duas rochas e Damon sabia que não poderia deixá-la contrariada ou ela simplesmente sairia do carro e bateria a porta.

– Eu poderia inventar argumentos para você não ir, mas Tyler com certeza vai te dizer tudo com apenas um telefonema.

– Ainda bem que você é esperto. - Elena soltou suas mãos e afastou os cabelos dos ombros. - Eu vou com você.

Seu coração batia muito mais forte agora. Damon se amaldiçoava por ter comentado da sua consulta no dia seguinte. Se tivesse tempo poderia adiar.

– Não vou te contrariar. - Damon dera uma consultada no relógio e não se mostrou surpreso ao notar que estava atrasado.

– Acho bom mesmo. - concordou Elena, se afastando um pouco de Damon. - Estamos atrasados, suponho.

– Totalmente! - Damon abrira a porta do carro fazendo Elena segui-lo. - Minha mãe me fará de espeto.

Damon alcançou Elena e passou um braço por seu ombro fazendo-a acompanhá-lo. O vento estava cortante e o frio que estava antes de ir buscar à morena não se comparava em nada com o frio que estava fazendo agora.

Ao entrarem no restaurante, Elena sentiu o ar lhe faltar. Chegou até a tropeçar no fino tapete vermelho da entrada arrancando um riso abafado de Damon. Suas bochechas logo denunciaram que estava com vergonha do tropeção e de estar no ambiente que a deixava sem atitude alguma.

Suas entranhas pareciam terem se unido naquele momento fazendo-a ter um breve enjoo. Queria sair correndo, gritando feito uma louca de tanto pavor que sentia da mãe de Damon sem antes conhecê-la. Se xingou internamente por não ter recusado o convite antes, mas já que estava ali bastava entrar no jogo e rezar para terminar o jantar viva.

– É por aqui. - Elena dera um salto ao ouvir a voz de Damon. Antes de caminharem em direção à mesa em que sua mãe estava ele lhe dera um rápido selinho nos lábios.

Mesmo com uma das mãos seguras nas de Damon, ela sentia calafrios. Quando se aproximaram o suficiente, Elena sentiu suas pernas enfraquecerem e temeu que Damon a arrastasse até a mesa que agora estava a poucos centímetros de distância.

– Elena? - Damon sentiu sua mão começar a suar. Virou-se na direção dela atraindo seu olhar completamente fora de foco.

– Eu estou aqui, Damon. - respondeu Elena desnorteada. - Se meu espírito fugir, por favor, recupere-o.

Damon riu e a enlaçou pelo ombro. Quando chegaram à mesa, Elena sentiu os olhos da Sra. Salvatore praticamente te fritarem. Elisabeth a fuzilava com os olhos. Achava a menina sem graça e sem estilo. Mentalmente, ela só desejava que aquele pesadelo acabasse logo.

– Você demorou Damon. - disse a Sra. Salvatore, colocando-se de pé com os olhos ainda presos em Elena.

– Eu estava terminando de fazer algumas coisas no escritório e fui pegar minha namorada no trabalho.

O estômago de Elena dera outro solavanco, fazendo suas bochechas ficarem absurdamente vermelhas. Ela já estava sentindo dificuldade em respirar e achava que Damon deveria ser mais bonzinho em não chamá-la de namorada.

A mãe de Damon quase teve um infarto em pensar que aquela moça era namorada de seu filho. Não podia ser. Ela pensava. Segundo ela Elena era simples demais e certamente não era de uma família de Elite.

Namorada,Elena engoliu em seco e tudo piorou quando a mãe de Damon estreitara o olhar. Pelo visto, ela só era mais uma das dezenas de namoradas que ele deveria ter lhe apresentado.

– Namorada? - a mãe de Damon parecia estupefata. Olhou para a expressão boquiaberta de Elena e não deixou de notar que aos poucos ela começava a ficar pálida.

– Sim, mãe. - Damon apertou um pouco mais o ombro de Elena tentando fazê-la se sentir mais segura. - Essa é a Elena. Elena essa é minha mãe, Elisabeth.

Elisabeth estendeu a mão na direção de Elena que a apertou com muita sutileza. Mesmo sendo contra sua vontade. Elisabeth pensava que certamente Elena era mais uma dentre as milhares de “namoradas” que Damon teve. E Elena rezou para que ela não fizesse cara de nojo ao sentir suas mãos suadas.

– Prazer, Elena. - Elisabeth abrira um largo sorriso falso mostrando dentes bem cuidados e muito brancos.

– O prazer é meu, S... Sra. Salvatore. - Elena fechou os olhos ao gaguejar. Estava se sentindo uma completa idiota.

– Por favor, me chame de Elisabeth. - pediu ela, voltando a se sentar. - Sente-se. Fique à vontade.

Era impossível se sentir à vontade diante de uma mulher como Elisabeth. Ela era alta e esguia e vestia um conjunto que combinava com cada joia que exibia. Suas unhas bem feitas não perdiam o destaque diante do que Elena cogitou ser a aliança de noivado e casamento que o pai de Damon teria lhe dado.

Sem pestanejar, Elena se sentou e Damon fizera questão de estar ao seu lado. Elisabeth fitou os dois por alguns instantes achando que era uma brincadeira de mau gosto do filho. Mas ele parecia preocupado demais com seu bem estar e achou até engraçado o fato dela ter ficado dura na poltrona fazendo um grande esforço para respirar.

– Confesso que estou abismada. - começou Elisabeth, alisando as páginas do cardápio com delicadeza. - Damon nunca me apresentou uma namorada antes.

Elena apertou a mão que estava envolvida com a de Damon embaixo da mesa. Até ele corou suavemente com o comentário de sua mãe.

– Confesso que também estou abismada. - respondeu Elena, sentindo sua garganta ficar seca.

– Você vai precisar de muita paciência para lidar com ele, Elena. – Elisabeth abriu seu sorriso perfeito fazendo Elena ficar desnorteada. Elisabeth apenas queria mostrar ser uma boa pessoa a namorada do filho. Ela já imaginava que Elena poderia o convencer a voltar a morar com eles.

– Eu acho que posso me aperfeiçoar nisso, afinal, sou eu a pessoa que adora dar broncas nele. - Elena sorriu da melhor maneira que podia. Ainda se sentia tensa, mesmo com Damon ao seu lado.

– Ah! - Elisabeth erguera as sobrancelhas para espanto de Damon. - Você deve ser a garota que encrencava com ele na escola. Stefan adorava comentar isso na minha frente.

Damon queria um buraco para se enfiar. Se bobear, até a empregada da casa dele sabia quem era Elena. Ele simplesmente havia se esquecido do detalhe primordial da casa dos Salvatore: todos sabiam quem era Elena Gilbert pelo simples fato dele sempre chegar em casa resmungando seu nome.

Elena já sentia o rubor tomar conta de seu corpo. Antes de sentar, ficou imaginando quantas namoradas Damon havia apresentado para sua mãe e não escondeu a felicidade ao saber que havia sido a primeira. Elisabeth poderia ter mentido claro, mas ela preferiu acreditar que a mãe de Damon era ao menos uma mulher honesta. Mesmo que tenha farejado ao contrario.

– Era eu mesma. - Elena ainda sorria e, aos poucos, sentia-se um pouco mais a vontade. - Damon adorava infernizar minha vida.

– Mentira, mãe. Ela quem me infernizava. - se defendeu Damon apoiando os cotovelos na mesa, não dando a mínima para a etiqueta.

– Acho melhor interromper isso antes que vire uma briga. - a mãe de Damon dera um riso descontraído, deixando Elena mais abismada do que já estava. - Vou fazer meu pedido. Estou com muita fome.

Ambos se olharam por alguns segundos, como cúmplices e voltaram a realidade assim que o garçom chegou para atendê-los.

– Quer comer alguma coisa? - perguntou Damon, enquanto sua mãe fazia o pedido.

– Não sinto muita fome. - respondeu Elena quase sussurrando.

– Nem beber alguma coisa? - Damon afastou uma mecha de cabelo do seu rosto. Gesto que não passou despercebido por sua mãe que voltou a fitar os dois em silêncio. - Eu acompanho você no suco, o que acha?

– Pode ser! - Elena respondera, sentindo as bochechas esquentarem mais uma vez quando Damon lhe dera um beijo na testa.

Damon fizera o pedido e entregou a mesa ao silêncio. Sua mãe mantinha os olhos firmes em ambos como se custasse a acreditar que seu filho estivesse, finalmente, namorando alguém seriamente.

– Me fale sobre você, Elena.

– Mãe, eu acho que a senhora queria falar comigo. - Damon cortou a mãe no mesmo instante ao sentir que a mão de Elena havia ficado gelada.

– Então me fale sobre você, Damon.

Elena ficou confusa. Não sabia se o tom de voz da mãe de Damon foi de ironia ou de divertimento. Preferiu não analisar o tom de voz de ninguém esperando ansiosamente seu suco para ter com que ocupar as mãos.

– Mãe, eu não tenho nada para dizer. - Damon encolhera os ombros. - Eu fui ao médico, vou precisar fazer uns exames.

– Damon, se você ficar doente, não vou aceitar que você more com seus amigos.

– Pare de ficar jogando praga. - Damon alteou uma sobrancelha e apertara a mão de Elena. Agora era ele quem se sentia nervoso. - São só exames. Eu estou bem.

Mentir apenas para Elena não bastava. O fato era que ele não queria ninguém sufocando seus pulmões por não estar cuidando da saúde como deveria. Queria fazer do seu jeito, mesmo que achasse injusto e egoísta querer abraçar sua causa sozinho.

– Não estou jogando praga, Damon. Seu médico me ligou. - Elisabeth viu a cor do rosto de Damon sumir. Ele não contava com isso. - Ele me disse que seu estado ficou mais grave.

Damon sentiu o olhar de Elena lhe fuzilando. Podia ver claramente o desapontamento imperando neles.

– Ele está maluco. - Damon sorriu. Um sorriso muito falso. - Eu estou ótimo, é sério.

– Sentir tontura, vomitar e ter o nariz sangrando não é nada sério?

Elena soltou sua mão. Ele percebeu que ela havia ficado tensa, assim como sua mãe que ainda o encarava com firmeza.

– Mãe...

– Eu só quero que se cuide, Damon.

– Eu estou me cuidando, mãe. - Damon disse entre dentes. - Pare de ficar pegando no meu pé.

– Seu pai disse que acha melhor você voltar para casa.

– Você veio me convencer disso também, certo? - o tom de ironia na voz de Damon era rasgante. Elena já contava os minutos para ir embora.

– Não vim lhe convencer a nada. Talvez, seria até melhor. Poderíamos cuidar de você.

– Meu pai não faz questão de cuidar de mim.

– Não diga isso, Damon.

O clima estava pesado quando o garçom chegou. Damon empurrou o copo do suco e virou o rosto em outra direção. Elena já sentia que seria ela a responsável de finalizar aquele jantar. Sentia seu coração apertado ao ouvir Damon tratar seu pai com absoluta frieza. O celular de Elena toca bem na hora. Salva pelo gongo pensou Elena

– Com licença, meu celular está tocando. - Elena levantou com tanta rapidez que quase tropeçou nos pés. Caminhou até a entrada e tirou o celular e atendeu. Era sua Tia querendo saber onde ela estava. Assim que ela desligou o telefone voltou para a mesa.

Damon ficou observando suas costas. Internamente, sentia-se grato por ter a possibilidade de fugir de sua mãe e de todos os sermões. Sua cabeça já estava começando a doer quando ela voltou, sentando-se ao seu lado com uma expressão indecifrável.

– Aconteceu alguma coisa? -perguntou ele, com a testa enrugada.

– Era minha tia querendo saber onde eu estava. Eu não avisei a ela que estaria aqui.

– Acho que é melhor você ir, então. - concordou Damon, mantendo o tom de voz baixa. Sentia os olhos de sua mãe sobre eles e era bastante incômodo. - Mãe, preciso levar Elena para casa.

Elisabeth pousou o garfo na mesa e limpou os cantos da boca suavemente com o guardanapo.

– Nem tive oportunidade de conhecer a Elena, Damon. - Elisabeth sorria mais uma vez. Parecia que a discussão com Damon não havia mudado em nada seu humor.

– Você terá outras oportunidades. - Damon se levantou e Elena o acompanhou. Ela estava sem jeito para encarar Elisabeth.

– Elena, seria uma honra se você almoçasse conosco esse final de semana. Ficarei feliz em recebê-la lá em casa. - Elisabeth sorriu falsamente fazendo Damon ficar muito sério. Elisabeth estava planejando algo. Deduziu Damon. - Damon, você pode convidar Stefan, Matt e Tyler sem problemas. Faz tempo que não os vejo.

Damon suspirou olhando para o teto.

– Tudo bem, Elisabeth, seria uma honra. - respondeu Elena, esticando sua mão e cumprimentado-a em despedida. - Obrigada por ser atenciosa.

– Imagina Elena. Foi uma honra te conhecer. – Elisabeth era um poço de falsidade. Tudo pelo meu filho ela pensava. - Dê juízo a Damon.

– Cuidarei bem dele. - Elena pegou a mão do rapaz e caminhou até a saída do restaurante. Finalmente conseguia respirar.

Ao estarem livres daquele ambiente rodeado de pessoas ricas, Elena soltou a mão de Damon e passou a caminhar sozinha. Não estava indo em direção ao carro dele e não fazia a mínima questão em esperá-lo. Sabendo que ela estava magoada, o moreno correu o quanto pôde para alcançá-la, sentindo seu fôlego sumir muito rapidamente enquanto a segurava pelos ombros.

– El... Elena...

Ela manteve-se impassiva. Não o olhava na face e não sorria. Seu coração não estava descompassado agora. Estava desiludido.

– Me solte Damon. Preciso ir para casa, pois amanhã preciso trabalhar.

Damon recuperou o fôlego e a encarou. A última coisa que queria era fitar aquele olhar de decepção. Elena era a última pessoa que ele queria perder.

– Me escuta!

– Eu estou ficando cansada de ter que te ouvir pela metade.

– Então me escute agora. Direi-te tudo que precisa saber.

– Sua mãe já deixou as coisas muito claras, não precisa se esforçar.

Elena lhe dera as costas e passou a caminhar mais rápido. Sentia uma imensa vontade de chorar.

Chorar de raiva.

Seu íntimo queria explodir naquele momento. Suas mãos queriam esbofetear a cara de Damon até ficarem dormentes. Ela queria dizer que o odiava e que sempre o odiaria por ser um egocêntrico que só se preocupava com ele mesmo. Queria se livrar do sentimento de necessidade que sentia toda vez que seus olhos se encontravam com os dele.

Ela parou na metade do caminho dando um suspiro cansado. Ele deveria ter seus motivos para não ter lhe contado de primeira. A consulta dele seria amanhã e ela ficaria a par de tudo da mesma maneira. Que diferença fazia isso agora? Ele precisava dela. Não poderia dar as costas assim.

Calmamente, caminhou de volta ao seu encontro e segurou suas duas mãos. Por um breve momento, ela viu os olhos de Damon marejados. Ele parecia estar com medo e ela não queria que ele se sentisse daquela maneira.

– Elena, me desculpa. Eu...

– Damon, eu só quero te pedir uma coisa. - Elena alisou seus cabelos rapidamente. Seus olhos não pareciam mais duas fendas no escuro. Agora ela o olhava com absoluto carinho.

– O que quiser.

– Não me esconda mais nada. - pediu ela com firmeza.

– Você é minha namorada. Como poderia esconder mais alguma coisa de você agora?

Elena dera um meio sorriso. Como ele conseguia ser um tolo bonito desse jeito?

– Eu não esperava que você dissesse isso para sua mãe tão... Fácil.

– Eu queria surpreender você. E acho que consegui. - Damon a enlaçou pela cintura e lhe dera um beijo na testa. - Me perdoe por ser tão cabeça dura.

– Tudo bem, Damon. Só não quero que se repita.

– Não vai se repetir. - prometeu Damon a abraçando com força. - Melhor eu levá-la para casa antes que sua tia ache que você foi sequestrada.

– Eu acho digno. - Elena se afastou um pouco dele, observando-o por alguns minutos em silêncio. - Preciso te dizer uma coisa.

– O quê?

Elena sabia o que queria dizer a ele, mas não tinha certeza se esse era o momento correto. Sentindo seu coração pulsar mais forte, sentiu suas pernas ficarem bambas só de imaginar que reação ele teria.

– Eu vou cuidar de você. Muito bem, por sinal. - Elena lhe dera um selinho carinhoso e o pegou pela mão. - Agora vamos para casa.

Damon ficou confuso por alguns instantes, pois parecia que ela queria lhe dizer algo mais importante do que aquilo. Sentiu um frio no estômago só de imaginá-la dizer que o amava da mesma maneira que ele a amava.

Abraçados, caminharam até o carro dando fim aquela noite entregues a um silêncio reflexivo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se vocês quiserem posto o próximo ainda hoje...