Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 18
After a kiss


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
A partir do capitulo seguinte as coisas vão ficar tensas e em parte a mãe de Damon está incluída... Hahaha...
Obrigada pelos comentários...
Boa leitura...



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Elena acordou em cima da hora, mas não parecia nem um pouco preocupada com isso. Seus olhos castanhos recebiam o contraste da manhã que parecia sorrir de volta para ela. Seu coração pulsava no compasso da sua empolgação enquanto tentava encontrar alguma roupa que combinasse com seu estado de humor.

Enquanto cantarolava enrolada na toalha, a morena repassou tudo o que havia acontecido na noite de Sábado. Parecia que o cheiro de Damon ainda estava por toda parte de seu corpo e o gosto de seu beijo ainda se fazia presente em seus lábios. Ela não conseguia acreditar no que acontecera e por mais que tentasse preencher seu peito com uma dose excessiva de ceticismo, a jovem sabia que tudo aconteceu.

Até seus sonhos fizeram questão de recordá-la disso.

Abotoando a camisa, Elena caminhou até o espelho e tentou entender porque sorria. Sentia-se mais leve do que nunca e a ideia de que teria um dia de trabalho cheio não a deixava desanimada nem um pouco. O efeito que Damon estava causando dentro de si era maravilhoso, porém aterrorizante.

De todos os namorados que teve, Damon era o único que a fizera sorrir de verdade. Era um sentimento honesto que ela pôde ter certeza assim que dera as costas ao garoto na noite de Sábado. Depois de tantos anos de repulsa, Elena simplesmente não acreditava que o destino lhe pregara aquela peça.

Depois de passar uma maquiagem leve, verificou se dentro da bolsa estava tudo o que precisava. Nem em pensar que o metrô estaria apinhado de gente tirou o bom humor que a jovem se encontrava. Parecia tudo muito simples agora e internamente se sentia uma completa tola por se sentir tão encantada por Damon Salvatore.

Sem demora, ela descera as escadas - ainda cantarolando - e encontrara sua tia sentada no sofá lendo o jornal matinal. Com toda certeza, ela a obrigaria a fazer o desjejum, mas Elena se sentia muito bem disposta e, caso sentisse fome, compraria algum iogurte nas famosas lojinhas de conveniência que não faltava perto de onde trabalhava.

– Bom dia, tia. - Elena dera um beijo na bochecha da tia, enquanto ajeitava o cachecol no pescoço. Jenna não conseguiu esconder o espanto ao ver a sobrinha agir daquele jeito.

– Bom dia! Pensei que tivesse dormido fora. - comentou Jenna, abaixando o jornal e fitando a sobrinha. Ela parecia muito contente para uma pessoa que sempre acordava mal-humorada.

– Dormido fora? Tá maluca?

Elena riu meneando a cabeça completamente desentendida.

– Eu passei o Domingo internada no quarto, estudando para uma possível prova que eu irei fazer para poder entrar na faculdade. - Elena encolhera os ombros, pensativa. - E depois fui tomar um sorvete com a Bonnie. Não demorei muito. A senhora que estava muito ocupada dentro do quarto com meu tio.

Jenna não conseguiu evitar e acabou dando um sorriso maroto. Elena era uma jovem muito perceptiva. Era difícil mentir para ela.

– Só pensei que tivesse ficado na casa da Bonnie. Você sempre gostou de ficar lá.

– Bonnie agora é uma mulher comprometida. Não posso tomar conta da vida dela como antes. - explicou Elena, calmamente. Já poderia imaginar sua melhor amiga arrancando os cabelos na tentativa funesta de escolher um vestido de noiva que fosse de seu agrado. A morena sabia que sobraria para ela.

– E ela está empolgada com os preparativos?

– Tia, o pedido ainda é meio recente. Jeremy e Bonnie ainda nem marcaram a data.

– Isso é ótimo. Eu sabia que ela daria futuro com aquele rapaz. Ele parece ser muito bonzinho.

– Todo mundo para a senhora é bonzinho, tia. - brincou Elena, sorrindo mais uma vez. Um sorriso estonteante demais.

– Você está bem?

– Estou.

– Você está muito feliz.

– E isso é ruim?

Jenna encarou Elena mais uma vez e, de fato, sua sobrinha estava feliz. Os sintomas de felicidade surgidos no Domingo ainda permaneciam intactos no rosto da jovem que parecia ser capaz de sair pulando pelas ruas até chegar ao trabalho. Seus olhos castanhos faiscavam de alegria. Algo que há muito tempo sua tia não presenciava.

– Não, mas é claro que não. - Jenna sorrira tranquilamente enquanto colocava o jornal sobre a mesa. - Não vai comer nada?

– Estou sem fome. Eu como alguma coisa no caminho. - Elena consultou o relógio e percebera que estava muito em cima da hora. - TIAAA... Eu preciso ir... - afoita, dera um beijo no rosto da tia e caminhou até a porta toda destrambelhada. -... Até de noite! - e bateu a porta atrás de si.

Saiu como uma louca pelas ruas nova-iorquinas. Poderia chamar um táxi assim que se encontrasse no meio da cidade, mas a faria perder mais tempo, pois todas as segundas o trânsito era totalmente insuportável. Por isso, nem fizera menção em pedir carona para seu tio que com certeza a levaria sem demora, já que trabalhavam praticamente na mesma direção.

Ela sabia que levaria uma bronca, mas era a primeira vez que chegaria atrasada e ela considerou isso como um fato muito bom. Estava se esforçando para aprender e, embora as meninas parecessem nem um pouco a fim de ajudá-la, estava começando a gostar do que fazia.

Atravessando a rua meio descoordenada, Elena apressou o passo até conseguir ver a muvuca de carros e o barulho insuportável de buzina para todos os lados. Fuçando o bolso da bolsa, lembrou que se esqueceu de pegar os fones para poder escutar música pelo celular. Aquele barulho todo era capaz de mexer com qualquer tipo de nervos, até daqueles que juravam serem calmos ao extremo.

Praticamente correndo, Elena esperou até que o último sinal da sua caminhada eufórica abrisse. Estava impaciente e jurou para si mesma que não se atrasaria mais, por mais nobre que fosse o motivo. Sua sorte é que estava de tênis, pois era o único calçado que ela insistia em dizer que a fazia se sentir como gente. Se estivesse de salto, não teria levado quase 15 minutos para avistar a escadaria comprida que a levaria até o metrô.

Quando já estava do outro lado, sentiu algo vibrar dentro do seu bolso. Como estava afobada demais, demorou muito para sentir que quem ligava insistia a todo custo. Imaginou que fosse alguém da empresa, então preferiu atender, sabendo que odiava profundamente atender o celular no meio da rua.

– Alô! - Elena não olhara para o visor. Simplesmente atendera enquanto tentava se desviar das pessoas.

– Elena!

Ela parou. Sua respiração parou. Seu coração parou. Parecia que o mundo havia parado quando ouvira a voz de Damon do outro lado da linha.

– Dam... Damon!

Ela ouvira o riso ecoar do outro lado da linha. De fundo, podiam-se ouvir as buzinas deixando-a em dúvida se vinham da ligação ou de onde ela estava plantada.

– Bom dia! - disse ele vagarosamente, ainda rindo. Já esperava que Elena entrasse em choque com sua ligação por motivos óbvios. De certo, ela acharia que ele não daria nem sinal de vida depois do que acontecera no Sábado.

– Bom dia! - ela tentou se recuperar, mais ainda continuava presa ao chão. Ansiava por aquela ligação mesmo tendo recebido uma mensagem do rapaz no Domingo à noite. Não entendia como ainda se sentia feliz, sabendo quem Damon realmente é ou era.

– Está no trabalho?

Quem dera, pensou ela ajeitando a bolsa no ombro e voltando a andar.

– Estou... Er... - Elena fizera uma pausa e olhou ao redor. Viu uma lanchonete apinhada de gente e resolveu ficar embaixo do toldo. -... Estou atrasada, Damon.

– Como assim, Elena Gilbert atrasada?

Ela não ia dizer que sonhar com ele durante a noite toda estava excelente e que preferiu perder a hora para dar continuidade a vários deles.

– Perdi a hora. Dormi tarde ontem. Estava resolvendo umas coisas para Meredith. - mentiu ela sentindo as pernas enfraquecerem. Sentiu o quanto correra para chegar pelo menos no metrô em 20 minutos.

– Entendi! - Damon moveu o volante lentamente a fim de andar poucos centímetros mais adiante. Sua consulta estava marcada para as 09h30min e duvidaria muito que chegaria no horário.

– Onde... - ela calou-se. Praguejou por estar cobrando satisfação.

– Elena, você pode falar comigo, sabe! - Damon riu mais uma vez. Elena sentiu suas mãos suarem.

– Queria saber onde você está! - disse ela, tentando transparecer que pouco importava onde ele estava.

– Estou indo para o médico. Tenho consulta às 09h30min.

– Bom menino. Depois quero que me conte tudo depois, ok?

– Ah! Para eu te contar tudo... Tudo mesmo... Eu teria que ver você.

Elena parou de chofre. Agora conseguia ouvir nitidamente as batidas do seu coração. Parecia que era um alerta para realizar o que mais queria naquele momento: revê-lo.

– Você sabe que eu trabalho a semana toda, Damon e...

– Não invente desculpas, Elena. - Damon freou e abriu o porta-luvas. Com os dentes tirou a tampa da caneta e pegou um pedaço do guardanapo que envolvia seu copo plástico de café. - Me fale onde você trabalha.

Seu estômago dera uma cambalhota. Agradeceu intimamente por não ter comido nada.

– Damon, não precisa fazer isso.

– Elena, pare de tentar me impedir de ver você.

Elena engolira em seco. Sem saída, deu o endereço de onde trabalhava para Damon. Poderia dar errado, claro, mas com certeza ele iria até a porta de sua casa causar tumulto.

– Que horas você sai?

– Cinco e meia.

– Ok! Irei te buscar.

– Dam... Damon...

– Elena, eu não sou um maníaco. - Damon parecia estar se divertindo com tudo aquilo. Seu rosto risonho refletia-se no retrovisor quando consultara se havia espaço para mudar de faixa.

– Eu sei. - Elena suspirou do outro lado da linha. Seu tempo para chegar ao trabalho estava estourando.

– Então, nos vemos mais tarde. E não pense em fugir de mim caso eu chegue atrasado. Vou até sua casa e me encarregarei de levar outra torta para sua tia e conversaremos horrores sobre você.

– Eu já entendi o recado. - Elena sorriu. Ela sabia do que Damon era capaz de fazer para deixá-la enfurecida. - Estarei te esperando então.

– Combinado. - concordou Damon. - Agora vou precisar desligar, o trânsito melhorou e eu vou precisar correr.

– Tá certo. Eu preciso correr porque ainda estou atrasada. Agora mais do que nunca.

– Eu deveria me sentir culpado por isso?

– Não, não deve. - Elena riu, consultando o relógio. Se não perdesse o emprego, realmente esse dia seria de sorte.

– Tá bom! Vejo-te às cinco e meia. - Damon fizera uma pausa, pensando se deveria repetir o que havia dito para a garota na noite em que a beijou.

– Gosto de pessoas pontuais, fique sabendo disso. - a voz de Elena ecoou, fazendo-o sorrir. Era impossível que aquilo tudo era real.

– Até mais tarde. - Damon silenciou mais uma vez. Sabia que não deveria sentir medo, pois a pior fase já tinha ultrapassado. - Eu amo você.

Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha e parecia que sua voz não estava sendo capaz de sair.

– Tchau!

Quando Elena fizera menção em abrir a boca, Damon desligou. Ela tinha certeza que ele havia sentido que não tiraria nada dela. Não naquela hora. Eles haviam ficado juntos por uma noite. Tudo muito rápido. Elena não se sentia preparada para sentir o que sentia e ficou chateada consigo mesma por conta disso.

Pensativa, desceu as escadas do metrô, já contando os minutos para sair do trabalho.

Tyler estava parado na recepção organizando uma enorme papelada. Sua cabeça estava completamente distante do trabalho se concentrando apenas em Caroline.

Estava com saudades da namorada. Não havia passado nem dois dias e ele já estava com saudades. E nada lhe impedia de ir ao encontro da garota que passou sua vida estudantil gostando.

O ponteiro parecia congelado. Toda vez que olhava para o relógio de parede ele parecia insistente em marcar nove horas da manhã. Suas segundas eram sempre cheias, bastava apenas olhar para a muvuca de pacientes no consultório, mais algumas emergências e algumas visitas àqueles que saíram de uma cirurgia.

Carregando todos os papéis ele partiu em direção a sala do Dr. Antony, o médico que estava cuidando da saúde de Damon. Provavelmente, deve estar se perguntando se o amigo iria, já que era a milésima vez que Tyler marcava seu retorno e ele nunca aparecia.

Ao cruzar um pequeno corredor, Tyler parou de andar ao se deparar com uma figura conhecida e sorriu aliviado ao ver Damon trajado de social caminhando ao seu encontro nem um pouco empolgado.

– Consegui chegar no horário. - Damon suspirou colocando a mão no peito. Não gostava daquele clima de hospital e não via a hora de ir embora.

– Chegou até adiantado. - Tyler estreitara o olhar ao notar que Damon estava sorrindo demais para quem mais faltava as consultas do que vinha. Registrou o comportamento mentalmente para depois questioná-lo ao lado de Stefan e Matt.

– Será que eu posso entrar? - Damon enrugou o cenho. Queria ir embora. Queria que fosse cinco e meia para poder reencontrar Elena.

– Estou a caminho da sala dele. Venha comigo.

Ambos caminharam pelo corredor vazio e silencioso e não demoraram a estar diante da sala do Dr. Antony. Para Damon, parecia que fora ontem que havia visitado o doutor onde saiu sabendo que estava com uma anemia que algumas semanas depois se tornaram um pouco mais forte deixando-o consecutivas vezes muito fracas para fazer tudo o que pretendia fazer em um dia só.

– Dr. Antony, eu sei que o Sr. me chamou, mas gostaria de avisar que Damon está aqui.

Tyler estava com a cabeça entre a porta e a parede temendo que levasse uma bronca. No fundo, ele tinha medo do doutor mais respeitado daquele hospital.

– Peça para ele entrar. - Antony estava em pé, observando o movimento de NY pela janela. Pelo visto, teria um dia sossegado. Pelo menos era isso o que ele esperava.

– Pode entrar. - disse Tyler, abrindo mais a porta deixando Damon totalmente a vista. - Se quiser falar comigo, peça para me chamar. Estarei preso dentro dos arquivos.

– Ok!

Damon entrou na sala e esperou até que Tyler fechasse a porta. Seus olhos preocupados perambulavam de um lado para o outro, mas nunca iam de encontro com os olhos de Antony que se sentara no mesmo momento em que o rapaz mantinha-se petrificado em pé.

– Pode sentar Sr. Salvatore.

Antony colocou os óculos e esperou até que Damon se sentasse. Se pudesse, sairia correndo para não ter que ouvir que estava mal de saúde.

– Diga-me, como vem se sentindo.

Posso mentir? Pensou Damon no mesmo instante. Recebera todas aquelas vitaminas e aquela dieta que não cumprira nem por uma semana completa. Se sua mãe descobrisse, com certeza acertaria um prato na sua cabeça.

– Bom... - Damon tentou recapitular todos os dias em que se sentira mais mal do que bem. Lembrou-se rapidamente da cena do cinema, mas preferiu deixá-la por último. -... Eu tenho me sentido um pouco mais cansado, sinto tontura às vezes e meu nariz anda sangrando de vez em quando.

Antony pegou uma de suas folhas para diagnóstico e passou a anotar tudo o que ele dizia. Sua testa estava enrugada e isso - na leitura de Damon - não era um bom sinal.

– Suas pernas doem?

– Quando fico muito tempo em pé.

– Sente sonolência?

– Quase sempre!

– Vomita?

– Algumas vezes.

O silêncio incômodo perdurou o que parecia ser uma eternidade. Antony anotava tudo precisamente, deixando um Damon afoito.

– E então?

– Você vai precisar fazer uma nova bateria de exames. – Antony pegou o carimbo e apertou com destreza nas folhas. - Acredito que você piorou Damon.

Piorar não era uma palavra muito boa, pensou ele coçando a testa. Acabou por perder toda a vontade de ir trabalhar. Queria fazer plantão na porta do trabalho de Elena até ela sair para poder se sentir feliz mais uma vez.

– Quais exames?

– Raios-X. Novos exames de sangue e, se for preciso, faremos uma ultrassonografia em você.

– Está tudo tão ruim assim? - indagou Damon, ficando irritado. Odiava ficar doente. Como detestava se sentir impotente.

– Sim, Sr. Salvatore, está. Acredito que não tenha tomado metade dos remédios e nem muito menos respeitado a dieta.

– Eu tentei. Eu trabalho demais...

– Agora eu preciso fazer um check-up em você com urgência. Quero você amanhã aqui. Passarei o horário para seu amigo. Será o primeiro a ser atendido por mim. Considere isso uma honra.

Damon dera um suspiro cansado enquanto passava os dedos pelo cabelo.

– Tudo bem, amanhã estarei aqui.

– Acho muito bom.

Antony lhe estendeu os papéis e levantou-se. Agradeceu intimamente por não entender letra de médico e guardou os papéis no bolso da calça. Sem demora, colocou-se em pé e, se pudesse, sairia sem se despedir.

– Espero você amanhã. Compareça.

– Já entendi. - Damon caminhou até a porta com certa dificuldade. Queria virar a mesa na cabeça de Antony - Até amanhã, doutor.

– Até amanhã!

Ele batera a porta, mas não com toda a força que queria. A única coisa que almejava era sair daquele ambiente deprimente que só prestava para deixá-lo irritado.

Como se fugisse, cruzou a saída sem ao menos se despedir de Tyler.

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Quando o ponteiro marcou cinco e vinte, Elena deixou o escritório feito uma louca sem ao menos perceber que seu cadarço estava desamarrado. Afoita, caminhou desesperada até o banheiro feminino dando uma olhada no espelho. Estava branca. Tão branca que estava a ponto de cair no choro. Suas mãos tremiam sobre a pia enquanto de alguma forma tentava buscar seu autocontrole.

De fato, ela não deveria ter saído da cama. Acordara atrasada, se atrasou mais ainda e, para finalizar, recebera uma bronca tão grande do seu chefe que sentiu uma grande vontade de pedir demissão no mesmo momento em que ele a chamara de burra. Queria ter jogado o grampeador na cabeça dele e dizer que errar era uma das capacidades dos seres humanos, mas a única coisa cabível ao momento foi ficar muda e continuar trabalhando como se nada tivesse acontecido.

Após o ocorrido, Elena passou a contar os minutos para chegar a hora de ir embora. A ansiedade de rever Damon parecia um monstro dentro de si que parecia urrar de desespero toda vez que as horas avançavam lentamente para finalmente chegar aquele momento que esperou todo o Domingo: reencontrá-lo. No fundo, estava sentindo medo, pois ela não fazia a menor ideia como se comportaria.

Só de pensar em sua presença, Elena sentiu suas pernas tremerem ainda mais e sua respiração ficar mais pesada. Ao vê-la, ela sabia que ele sorriria e que esse pequeno gesto a faria se sentir segura mais uma vez. A presença de Damon com certeza a faria esquecer o péssimo dia que teve e, só de pensar dessa maneira, deixou um meio sorriso escapar de seus lábios.

Cinco e vinte e cinco.

Elena saiu do banheiro e caminhou até o armário que guardava suas coisas. Muito lentamente e com as mãos ainda trêmulas, pegou o pequeno kit de maquiagem que aprendeu a carregar por insistência de Bonnie. Retocou a sombra, passou um batom nos lábios e passou os dedos pelos cabelos colocando os fios de volta em seu lugar. Parecia muito melhor agora, pois sabia que pelo menos sua noite seria muito diferente de sua tarde.

Consultando o relógio, saiu apressada em direção as escadas acabando por descer muito rapidamente. Quanto faltava cinco degraus, Elena perdera o controle e pisara no cadarço caindo da escada fazendo um grande estrondo. Rapidamente, um dos rapazes que cuidavam da parte térrea da empresa, ofereceu ajuda com extrema gentileza.

– Você está bem?

Elena sentia seus quadris doerem. Com destreza, ajeitou o cadarço e aceitou a ajuda do rapaz que sorria em sua direção. Perguntou-se o quanto de esforço ele estava fazendo para não rir da sua cara.

– Já tive tombos piores. - respondeu Elena tentando ser o mais descontraído possível. - Obrigada!

– Tome conta do cadarço da próxima vez. Essa escada é um perigo.

– Acredito que já passei no teste. - brincou Elena tirando os cabelos da face e consultando o relógio mais uma vez.

Sem olhar para trás, correu para a saída sentindo seu coração bater com ferocidade. Parecia que seu sangue havia subido para a cabeça, pois se sentia absurdamente quente. De certo, suas bochechas estavam vermelhas e inventou uma desculpa mental caso Damon perguntasse os motivos dela estar tão afogueada.

Ao sair, Elena se contraiu dentro do seu casaco ao sentir o vento frio lhe bater na face assanhando os pelos de seu braço. Com a queda e a correria, ela jamais teria imaginado como estava frio e começou a ranger os dentes enquanto tentava encontrar o carro de Damon em algum ponto da calçada perto de onde trabalhava.

Elena sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao presenciar Damon estacionando o carro no meio fio. Pensou em várias atitudes, mas nenhuma delas parecia certa. Pensou em fingir não vê-lo e sair andando. Pensou em pegar o celular e fingir que estava falando com alguém. Nada parecia certo, pois ela estava pregada no chão sentindo sua respiração pesar na expectativa de olhar Damon nos olhos pela segunda vez em menos de 48 horas.

Quando ele saiu, a morena não era capaz de se mover. Seus músculos travaram e ela resolveu colocar culpa no frio. Por mais que gostasse dos efeitos que Damon lhe causava, aquilo tudo a deixava perturbada a ponto de esquecer até quem era.

Como se fosse adivinha, Elena desmanchou-se ao vê-lo caminhar em sua direção com aquele sorriso que relutou a admitir que fosse perfeito. Para piorar tudo, o fato dele estar vestido socialmente só fez Elena sentir mais vergonha de si mesma ao admitir em pensamento que ele estava realmente um pedaço de mal-caminho.

Frente a frente, ela tentou dizer alguma coisa, mas Damon não permitiu. Enlaçou-a em seus braços selando seus lábios carinhosamente nos dela que cedeu ao beijo sem nenhum empecilho. Parecia mais fácil agora, já que conhecia o caminho proibido de Damon Salvatore e protestar era algo que seu cérebro não permitia mais.

O estranho é que o beijo parecia urgente. Damon há apertou um pouco mais contra seu corpo enquanto ela tentava procurar o equilíbrio que ele havia lhe tirado. Seu coração batia forte demais e ela pôde sentir o coração de Damon, pulsando ferozmente quando apoiou uma das mãos sobre seu peito.

O beijo fora intenso. Capaz de fazer com que toda sua lucidez desaparecesse. Ela deduziu que aquela necessidade fosse apenas saudades, mas quando os lábios se separaram, Elena percebeu que havia algo de errado com Damon.

– Pensou que eu não viria certo? - Damon lhe dera um beijo na testa e se demorou com os lábios no local. Não queria soltá-la. Tinha medo que ela fugisse.

– Hmm...  Eu pensei nisso por breves segundos. - respondeu Elena, cerrando os olhos ao sentir os lábios de Damon em sua testa. Aquele gesto era reconfortante.

– Você adora duvidar de mim. Quando vai entender que sou um homem de palavra? - Damon se afastou um pouco dela para encará-la, divertido.

– Eu vou começar a acreditar em você, mas veja bem você sempre foi um mentiroso na época de escola.

– Mentiroso? Eu? - indagou Damon mostrando-se estupefato com a acusação.

– Ah! Só um tiquinho, vai?

– Sua bobona!

O riso de Elena parecia ser a única coisa capaz de reconfortá-lo. Depois que saíra do hospital, seguiu para a empresa de seu pai, mas não trabalhou direito. Permaneceu grande parte do seu dia fitando o movimento de NY da grande janela da sala que ficava, contando os minutos para estar naquele lugar com a pessoa certa.

– Não me chame de bobona. - Elena mostrou a língua, enquanto tentava afastar o cabelo da face.

– Quem mostra a língua pede beijo, Srta. Gilbert. - Damon alteou a sobrancelha, sorrindo.

– E você vai me beijar? - perguntou Elena enrugando a testa.

– Sem dúvidas. - sussurrou Damon, inclinando a cabeça, lhe dando um selinho carinhoso. - Não posso te embaraçar em público mais. - e riu ao sentir o beliscão da jovem em seu braço.

– Você não presta Damon Salvatore. - disse Elena rindo.

– Eu presto muito. Aos poucos, você irá ver o valor que eu tenho. - brincou ele, passando um braço pelo ombro de Elena, fazendo-a caminhar ao seu lado.

– No fundo você tem seu valor, Damon, eu sou uma pessoa capaz de reconhecer isso, não se preocupe. - Elena juntou mais seu corpo ao dele a fim de se sentir aquecida. Automaticamente, passou sua mão pela cintura dele fazendo ambos ficarem grudados. - Um comentário à parte, você está muito galã nessa roupa.

– Achou mesmo? - Damon esticou a ponta do terno, sentindo-se orgulhoso. - É meu uniforme de guerra.

– Você precisa trabalhar trajado assim?

– Normas da empresa. - explicou Damon, lhe dando um beijo na bochecha. - Eu tenho algo para você.

– Para mim? - perguntou Elena, surpresa, parando diante de Damon que abrira a porta do carro para ela entrar.

– Sim. - Damon revirou os olhos. - Eu sei ser um cavalheiro também, Elena Gilbert.

Elena desatou a rir. Todas as preocupações que ela tinha haviam se dissipado e, sem pensar, sem medir qualquer peso na consciência que pudesse sentir, lhe dera um rápido selinho se esgueirando na ponta dos pés.

– Eu estou percebendo. - respondeu Elena empolgada.

– Está no seu banco.

Ela nem havia prestado atenção na caixa de bombom que estava no banco do passageiro. A caixa era branca, simples, segura por uma fita vermelha e um cartão.

– Eu pensei em comprar uma caixa em formato de coração, mas não sabia se você iria gostar.

Damon era realmente uma caixa de surpresas, pensou Elena pegando o presente e segurando-o. Nunca, em toda a sua vida em que convivera com ele, imaginou que dentro do petulante adolescente que infernizara sua vida havia um homem que no fundo se importava com o que ela sentia.

– Essa está ótima. - respondeu Elena, lhe dando um beijo na face. - Eu gostei muito.

Damon sorriu apertando a bochecha de Elena suavemente.

– Não coma tudo de uma vez para não ficar gorda.

– Pode ficar tranquilo quanto a isso, Sr. Salvatore.

Ao entrar no carro, Elena esperou até que Damon fechasse a porta para colocar o cinto de segurança. Quando ele estava disposto a entrar, parou no meio do caminho tirando o celular do bolso.

Ela tentou deduzir o que as expressões de Damon queriam dizer. Algumas vezes ele erguia a cabeça, passava os dedos pelos cabelos rebeldes, bufava e alisava a testa impaciente. Ele estava com algum problema, pensou a jovem, que não pensou duas vezes em abrir a porta quando ele fizera uma pausa reflexiva assim que finalizara a ligação.

– Aconteceu alguma coisa?

Damon voltou para trás, parando de frente para Elena. Calmamente, pegou suas mãos e as segurou com firmeza.

– Eu ia te levar para jantar hoje, sabe...

Ela percebeu. Era fato que Damon estava preocupado com alguma coisa, pois sua expressão estava completamente mudada. Quando ele a encontrou, lembrava muito o Damon que esteve com ela no parque.

– Não tem problema se não puder me levar. Eu posso ir para casa de metrô.

– Não seja boba... - Damon apoiou o braço na beirada da porta e suspirou casando. -... o jantar ainda está de pé, mas não vai ser só em minha companhia.

– Como assim? - perguntou Elena confusa.

– Minha mãe quer me ver em 30 minutos.

Elena sentiu seu corpo gelar. Conhecer a mãe de Damon naquela altura do campeonato era pedir para que ela caísse desmaiada.

– Não faça essa expressão assustada. - Damon a tranquilizou, fazendo carinho em seu rosto. - Ela quer conversar comigo, mas eu queria que você estivesse junto.

Elena suspirou. Ele parecia pedir mais com seu olhar do que com suas palavras. Ela sentia que seria impossível recusar.

– Tem certeza, Damon? Eu nem vestida para isso eu estou.

– Você fica linda de tênis.

Ela riu nervosamente contraindo as mãos sobre as de Damon.

– Minha mãe não é maluca, muito pelo contrário. Tenho certeza que ela vai te adorar.

– Hmm... - Elena meneou a cabeça positivamente sem saída. -... Se eu quiser sair correndo tenho permissão?

– Total! - disse Damon, abraçando-a. - Porque também irei sair correndo se ela me encher muito.

Elena sorriu apoiando a cabeça no ombro de Damon. Não queria soltá-lo. Queria permanecer daquele jeito como se ele precisasse de cuidados. Ele parecia triste e ela só queria fazê-lo se sentir mais aliviado.

– Você topa mesmo? - perguntou Damon ainda duvidando.

– Sim, Damon.

– Você é incrível.

Antes de entrar no carro, Damon lhe dera um beijo na testa e partiu para o lado do motorista. Quando ele dera partida, só restou Elena pedir a todos os anjos do universo que a protegesse contra a Sra. Salvatore.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Digo uma coisa... A sogra de Elena é o capeta na terra...hahaha... Vou ver se consigo postar o próximo ainda hoje...