Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 16
Only one chance


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
Não me matem... Tenho que postar esse primeiro para não ficar um buraco na história... No máximo meia hora eu já posto o capitulo do beijo Delena...



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– Elena, pare de lavar a louça. O seu amigo está lá fora, não é nada educado você ficar enfiada dentro da cozinha.

Elena quase não ouvira a voz da tia, que soou completamente distante enquanto ela se focava em esfregar um prato.

O mesmo prato.

O almoço parecia ter sido o mais longo de sua vida. A cena era completamente impossível de se imaginar, já que Damon nunca fizera contanto algum com seus familiares. A única pessoa que com certeza ele sabia que existia era Meredith, a irmã que sempre fazia passar vergonha na frente de qualquer pessoa que dissesse seu nome.

O episódio poderia ser um desastre se não fosse o total controle de seu tio em segurar e amenizar certos climas que Meredith criava. Tudo parecia ficar densamente perigoso quando as atenções ficaram focadas totalmente em Damon fazendo-o falar até mesmo das brigas que eles dois tinham na época em que estudavam juntos. O fato de ela chegar estressada em casa, logo fora esclarecido deixando-a completamente ruborizada.

Parecia que Damon não tinha escrúpulos. Mesmo depois de tanto tempo ele continuava o mesmo garoto presunçoso, irritante e metido de sempre. Em certo ponto, Elena até pensou que ele havia melhorado, mas foi somente uma questão de aparência. Ele ainda se achava o total-gostoso-de-NYe ninguém parecia disposto a tirar essa imagem da cabeça vazia dele.

Seus dentes trincaram só de lembrar o momento em que ele disse que se sentiria honrado se fosse namorado dela.

A força que estava investindo no prato, chamou a atenção de Meredith que a cutucou, fazendo-a dar um salto. Ela encontrou dois pares de olhos, observando-a sorridente.

– Eu acho que Damon não é um bom partido para você, Elena. - Meredith secava as louças que Elena lavava. Essa era uma das regras da casa dos Gilberts.

– Damon não é partido algum para mim, Meredith

– Ele trabalha bastante, vai voltar a estudar... Ele deve ser um tremendo galinha, sabe? - Meredith dera um falso suspiro, ainda observando o comportamento da irmã.

– Isso não é novidade alguma. - Elena abriu a torneira e passou a enxaguar o prato, buscando não encarar Meredith. Estava tentando encontrar alguma lógica no que a irmã dizia. O fato de Damon se focar em seu lado profissional o faria ocupado e mais maduro. Não mais galinha.

– Hmm... Mas ele parece interessado em você. Talvez seja só mais uma conquista besta.

Elena fechou a torneira e colocou o prato sobre a pia.

– Aonde você quer chegar, Meredith? - perguntou Elena, encarando-a.

– Em nenhum lugar. Ele é totalmente diferente do Paul... Paul é um homem perfeito.

– Ah! Chega Meredith! - Elena secou as mãos no pano que Meredith segurava, irritada. - Não existe homem perfeito e, ao contrário do que você pensa, Meredith não passa de um balofo que encontrou em você a única esperança de desencalhar.

– Elena!

Jenna parou no meio da cozinha totalmente estupefata. Odiava quando suas sobrinhas brigavam, mas era algo impossível de se controlar. Elas pareciam que nunca chegariam ao consenso e agiriam como irmãs.

Quanto mais ficavam mais velhas, mas distantes permaneciam.

– Tia, eu vou lá para fora.

Elena saiu da cozinha e caminhou em direção a sala. Ficou confusa ao ver apenas seu tio e Paul conversando animadamente enquanto jogavam baralho. Dando um pigarro, ficou contente em não precisar perguntar onde Damon estaria. Seu tio indicou com a cabeça o lado de fora e a morena não pensou duas vezes em ultrapassar a porta que os separava.

– Pensei que ia ficar na cozinha para sempre. - brincou Damon, assim que ela apareceu. Ergueu o olhar na direção dela e percebeu como suas bochechas estavam vermelhas.

– Era meu plano de fuga. - respondeu Elena.

– E quem te tirou da rota?

– Meredith!

Damon riu. Meredith não lembrava nada Elena. Ela era mais masculina, como Stefan costumava dizer a ele. Já a morena, por mais que fosse birrenta, tinha traços meigos que com certeza sua irmã invejava.

– Pode sentar aqui. Não vai pagar nada.

Elena hesitou.

– Eu prefiro ficar em pé.

– Não me faça levantar e te colocar sentada aqui a força. - disse Damon, encarando-a de maneira divertida.

Ela não respondera. Sentou-se ao lado dele tomando todo o cuidado para evitar qualquer oportunidade de toque, mas seu perfume valia por qualquer palavra, gesto. Era impregnante.

– Pensei que tinha ido embora. - comentou Elena, colocando as mãos seguras em seu colo.

– Seria descortês ir embora sem me despedir de uma das anfitriãs.

– Eu não fui anfitriã. Minha tia quem foi boazinha em te convidar para almoçar.

– Se você não quisesse, teria me expulsado. - Damon a encarou com firmeza dessa vez. Elena desviou o olhar.

– Seria descortês de minha parte te expulsar sem o devido consentimento.

Damon riu.

– Desde quando repete minhas frases?

– Para mostrar para você o quanto elas são idiotas. - Elena sorriu ironicamente, voltando a encará-lo. Ele parecia mais corado do que antes e mais animado.

– Obrigado pela parte que me toca. - disse Damon, lhe dando um singelo empurrão com o ombro. - Sua tia é muito legal. Pensei que ela fosse ranzinza que nem você.

Fora a vez de Elena rir.

– Nós somos uma família legal.

– Exceto sua irmã que só faltou me mandar para aquele lugar.

– Ela se conteve, acredite em mim. - Elena tirou uma mecha de cabelo do rosto e sentira a brisa tocar-lhe a face.

– Mas eu gostei. Eu não esperava isso.

– A quanto tempo não tem almoços assim, Salvatore?

– Me chame de Damon. Acho que isso foi combinado há algumas semanas atrás, Gilbert.

– Vamos realmente entrar nesse conflito de nome e sobrenome? - perguntou Elena, balançando a cabeça negativamente.

– Acho que é o único conflito que existe entre nós dois.

– Não. Tem o caso April.

Damon moveu-se desconfortável no banco. Pelo visto, ela não se esqueceria disso.

– Ela ficou chateada. Você deveria ter ido a casa de Lexi e ela queria falar com você.

– Você foi até lá? - perguntou Elena, surpresa.

– Fui. - respondeu ele, prontamente. - E ela me disse para eu vir para cá.

Elena sentiu suas bochechas esquentarem. Odiava os efeitos que Damon causava nela, mesmo que não fosse algo intencional.

– Por que ela faria isso?

– Porque ela acredita que podemos ser amigos.

– E você quer ser meu amigo? - perguntou Elena

– Se você me desse chance, quem sabe! - Damon passou a fitar os poucos carros que passavam na vizinhança. Os finais de semana, por vezes, costumavam ser pacatos, pelo menos para ele.

– Damon... Você sabe melhor do que ninguém que não existe a possibilidade de sermos amigos.

– Quem impôs isso? - perguntou Damon, ironicamente.

– Nosso destino.

– Profundo isso. - Damon dera um riso abafado. - Não sabia que você era profunda, Elena.

– Tá! - Elena virou-se na direção dele, para seu espanto. - Me diga, por que você iria querer ser meu amigo sendo que você passou dois anos da sua vida tentando me convencer a ficar com você?

Damon virou-se na direção dela. Os joelhos se encontraram, fazendo-a ir um pouco mais para trás. Elena queria evitar qualquer tipo de contato com o moreno.

– Porque você só me conhece pela metade e pelo menos 99% do seu comportamento com relação a minha pessoa, é pelo fato de você acreditar que sou um galinha querendo colocar você para minha coleção. - Damon ergueu uma das mãos, ao ver o horror tomar conta das feições de Elena. - Eu não tenho intenção alguma de colocar você na "minha coleção"... - ele erguera os dedos indicando as aspas, um pouco perdido. -... Essa coleção não existe. Isso é coisa do Stefan.

– Então você quer um relacionamento de honestidade? - perguntou Elena, cruzando os braços.

– Você pode se surpreender ao descobrir quem eu sou de verdade.

Ele parecia honesto e Elena não podia negar isso. Seus olhos não mentiam, nem seus gestos e nem sua voz. Ela sentia-se encurralada.

– Certo! - Elena dera um suspiro e apoiou uma de suas mãos no seu joelho. - Por que me chamou para ir ao cinema?

– Um início de amizade.

– Isso é programa de casal, você sabe disso.

– Mas está claro ainda. Casais saem à noite.

Elena riu.

– Uma boa explicação. - Elena voltou a sua posição normal, sem olhar para Damon. Parecia pensativa.

– E então?

Damon sentia o medo fazer com que seu sangue pulsasse muito rapidamente. Se Elena lhe desse essa chance, seria a abertura que ele precisava para tentar dizer a ela tudo que estava guardado.

– Posso te fazer uma pergunta? - Elena voltou a encará-lo, mas seu semblante estava completamente mudado. Ela estava preocupada.

– Você já fez tantas. Que custa mais uma. - Damon a observou com o cenho enrugado. Pela expressão dela, coisa boa é que não viria.

– Você está doente, Damon?

Soco certeiro pensou Damon voltando a sua posição anterior. Todos praticamente sabiam que ele não se sentia bem, mas sempre explicou o que tinha muito por cima. O único que sabia o que ele tinha por inteiro, era Tyler.

– Não estou.

– Você mente.

Elena ficou em pé e parou diante de Damon com os olhos contraídos.

– Eu não minto. - Damon levantou também, colocando a situação em igualdade.

– Como você quer ser meu amigo se você está mentindo, Damon.

Ela pronunciou cada palavra em um sussurro. Elena sentiu seus ossos doerem de tanta tensão que sentia.

– Ok! Eu estou mentindo. - se entregou Damon, com uma pontada de consciência. - Eu estou meio fraco.

– Meio fraco? O que seria isso?

– Estou com anemia, Elena.

Elena emudeceu. Ela não era burra e nem tinha nascido ontem para saber que Damon não tinha qualquer tipo de anemia.

– Ela é forte, certo?

– Mais ou menos.

– Hmm...

– Eu... Eu estou tomando remédios e tudo mais. Você pode perguntar para o Tyler se quiser. - Damon propôs, ficando perdido.

– Eu não quero confirmação de ninguém. Se você quer ser meu amigo, comece a praticar honestidade.

– Como você é durona, Elena Gilbert. - Damon sorriu, fazendo-a retribuir.

– Eu confesso que fiquei preocupada. Você estava muito pálido, Damon.

– Eu sei disso. Eu tenho que comer com certa frequência, mas estava ansioso demais para resolver algumas coisas.

– Você precisa ir ao médico fazer novos exames. - Elena encolhera os ombros. - Isso precisa ser controlado.

– Elena, pare de ser mandona. - Damon apoiou suas mãos no ombro dela, fazendo as pernas de Elena ceder. - Eu prometo que vou ser honesto com você, tá bom?

– Tá! - Elena o encarou com a testa enrugada.

– O que foi Elena?

– Poderia tirar as suas mãos do meu ombro?

– E se eu não quiser?

– Te dou um chute nas suas partes.

– Quanta violência, Gilbert.

– Você vai usar meu sobrenome para momentos irônicos, pelo visto.

– Eu posso ser seu amigo, mas não posso perder as artimanhas em te provocar.

Elena lhe dera um beliscão em um dos braços, fazendo-o soltá-la.

– Você vai aprender bons modos, Sr. Salvatore.

– Pelo visto você vai me torturar até dizer chega.

– Se você se comportar bem, você ganha bônus. - Elena caminhou até a porta e abriu. Pôde ouvir a voz esganiçada de sua irmã que ainda enchia o ego do seu namorado balofo.

– Aonde você vai? - perguntou Damon, massageando o local que foi beliscado.

– Pegar minha jaqueta.

– Para quê?

– Você vai me levar ao cinema, esqueceu? - Elena dera um meio sorriso, fazendo Damon sentir o ar lhe faltar.

– É... É verdade!

– Já volto!

O barulho da porta se fechando fez Damon se agitar e a começar a andar de um lado para outro. Não era possível que April e Lexi estivessem tão certas das atitudes que ele deveria tomar com relação à Elena. Parecia que tudo havia sido combinado entre elas, mas o questionamento do garoto logo o fez ver que ela estava agindo com espontaneidade. Tudo parecia muito simples, muito fácil.

Era uma chance que ele sabia que não poderia ser desperdiçada. Enquanto ela estava dentro da casa, Damon tentou lembrar algum momento sórdido da sua vida que poderia afastá-la de uma vez por todas da sua pessoa. Ao ouvir a porta se abrir mais uma vez, caminhou em direção a ela girando as chaves do carro no dedo indicador.

– Vamos? - perguntou ela, parecendo empolgada.

– Vamos!

Ambos caminharam em direção ao carro. Elena riu quando Damon abrira a porta para ela entrar e lhe dera um soco quando ele bagunçara seu cabelo. Quando os dois estavam seguros dentro do automóvel, pareciam que se conheciam há muito tempo e que as desavenças anteriores nunca existiram.

Era como se nunca tivessem se chamado de Gilbert e Salvatore em toda sua vida.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------Todos já haviam ido. Exceto Stefan. Ao ajeitar o sofá, Lexi se jogou nele segurando uma lata de cerveja pela metade. Stefan não demorou a se juntar a ela, trazendo a última bandeja de sanduíches que ainda restava para perto deles. Ele parecia faminto e ao mesmo tempo exausto.

– Pensei que não terminaríamos hoje. - Stefan começou a puxar assunto, trazendo Lexi de volta para si. Calmamente ela se ajeitou no sofá e passou a comer o lanche.

– Eu também pensei nisso. Se Damon tivesse ficado, teríamos terminado mais rápido.

– É... E se Elena tivesse vindo também. - Stefan enrugou a testa, buscando o olhar de Lexi. Ela alteou uma sobrancelha na direção dele, tratando de manter uma feição completamente desentendida. - Eu devo desculpas a ele e a April por ontem. Eu não deveria ter falado nada do que rolou entre ela e o Damon.

– Você estava bêbado. – disse Lexi. - Você bêbado é um perigo para a sociedade.

Stefan riu.

– Eu já prometi que ia diminuir a bebida, mas a situação anda complicada demais.

– Complicada? - Lexi riu. - Desde quando sua vida é complicada?

Stefan coçou a testa e ajeitou suas costas no sofá. Sentiu todos os seus ossos estralarem.

– Eu ando meio perdido, Lexi. - Stefan pigarreou e bebericou um gole da cerveja. - Meu tio Davis está tentando me dar um pouco de consciência, mas eu ando acostumado demais com minha vida de vagabundo.

Lexi balançou a cabeça e virou-se na direção dele. Parecia que havia tirado o dia para ser psicóloga.

– Se ele quer te dar uma chance... Acho bom você agarrá-la. - Lexi mordiscou o lábio, fitando-o. - Você não vai conseguir manter essa sua vida de vagabundo para sempre. Com certeza você vai me odiar agora, mas veja Tyler e Damon. Eles estão fazendo de tudo para se darem bem enquanto você só se preocupa com mulheres e baladas. Acho que você precisa de um choque de realidade, Stefan.

– Eu não tenho bons pais para me darem um choque de realidade. - Stefan sorriu desgostoso. Fazia muito tempo que não falava com seus pais e o único tipo de contato que tinha era seu tio e sua prima Andie. Eles eram os únicos que pareciam se preocupar com ele de alguma forma e isso era gratificante.

– Você me disse uma vez que não pensaria mais neles, pelo simples fato deles nunca terem te dado o apoio que você precisava. - Lexi largou a lata de cerveja no chão e ajeitou os cabelos. - Você só precisa saber o que quer da vida.

Aos 16 anos, Stefan foi expulso de casa por motivos que ele nunca entendera. Não era filho único. Sempre dividiu a mansão com seu irmão mais novo Pietro que nunca escondeu certo asco por sua pessoa. E, seus pais, também nunca esconderam sua preferência para o garoto que com certeza já sabia lidar com todas as ações financeiras da família.

Ele nunca tivera sonhos. Poderia pedir para voltar para casa, mas seu orgulho era muito maior. A família de Damon o acolhera tempo suficiente para que conseguissem um canto que pudessem pagar contando com a colaboração de Tyler. Tudo parecia se ajeitar até ter saído do país e se envolvido com Katherine.

Katherine nunca foi sua paixão estudantil. Sempre zombava de Tyler e Damon que pareciam dois tolos quando as garotas que gostavam passavam sem olhá-los direito. Era divertido, claro, e ele sempre teve a segurança de que isso nunca aconteceria com ele, não é à toa que sua fama de galinha era explosiva até mesmo depois de ter se formado. Ter se casado com Katherine foi uma estupidez, pois não conseguiu manter o relacionamento por ter o bendito costume de estar cercado de várias mulheres ao mesmo tempo. Trair era uma espécie de hobby e Stefan tinha plena consciência de que se fosse traído não daria à mínima.

Depois do término da relação, Stefan pressionou Damon para que voltassem para NY. Foi um pouco difícil no começo, já que seu melhor amigo não sentia firmeza alguma com seus sentimentos que ainda alimentavam a ilusão de que ele ficaria com Elena Gilbert. Quando voltaram, decidiram que seria em segredo. Que se alojariam, arrumariam emprego e deixariam todos viverem suas vidas sem ao menos desconfiarem que estivessem de volta.

Mas, ao ver Elena na rua, Damon se exasperou deixando o trato completamente de lado. O que Stefan queria agora era uma solução para seus problemas e, o único meio de fazer isso, era largar sua vida de devaneios e colaborar com o pedido de apoio que seu tio lhe dera.

– Eu não sei o que eu quero da vida.

– Já pensou em fazer faculdade?

Stefan sorriu por entre a lata de cerveja.

– Eu não tenho uma aspiração para ser doutor ou coisas do tipo, Lexi.

– Então você acredita cegamente que nasceu para não fazer nada da vida?

– Eu sei lavar a louça, serve?

Lexi lhe dera um tapa no ombro.

– Acho que você precisa fazer uns testes vocacionais. Poderíamos ir às Universidades e fazer de graça, que tal? Talvez você se anime em fazer alguma coisa da vida.

– Eu ainda tenho a proposta de trabalhar com meu tio.

– E por que não trabalha?

– Não me vejo trabalhando.

– Você é realmente impossível. - Lexi riu. - Olhe, vamos fazer um desses testes, tá bom? Com relação ao seu tio eu tenho certeza que você vai aceitar, afinal, ele é o único cara que você confia.

– É, isso é verdade. - Stefan mordeu um pedaço do sanduíche, mastigando, pensativo. Trabalhar com seu tio não seria uma má ideia.

– Eu passo na sua casa para te buscar. Iremos juntos. - Lexi enrugou a testa e puxou a lata de cerveja da mão de Stefan. - E não tente me deixar no vácuo. Eu vou te buscar até no inferno se for preciso.

– Combinado. - Stefan meneou a cabeça positivamente enquanto mastigava outro pedaço do lanche. - A propósito, onde Damon foi realmente?

– Você não perde uma, né?

– Eu sei quando Damon mente ou diz a verdade. Sou quase mãe dele.

Lexi gargalhou e se moveu no sofá mais uma vez. Intimamente, esperava que Damon tivesse se dado bem com relação à Elena, pois ele precisava disso. Elena precisava de companhia e nada mais imprevisível do que ter uma presença masculina e ainda mais sendo Damon Salvatore. Estalando a língua no céu da boca, Lexi passou a mão pelos cabelos loiros e resolveu contar tudo para Stefan.

– E você acha que isso vai dar certo? - perguntou Stefan, depois que Lexi relatou a sábia ideia de fazer Damon se aproximar de Elena. - Digamos que Elena nunca foi amigável quando o assunto é nosso querido Damon.

– Se ele não me ligou até agora é sinal que deu certo. - Lexi dera um suspiro. - Olhe, pode ser meio piegas, mas eu acredito nos dois. De alguma maneira o sentimento que eles sentem é recíproco.

– Você acha mesmo isso? - disse Stefan com ar de desdém.

– Você não acha?

– Eu apoio Damon e Elena, mas não acredito que eles tenham um relacionamento consistente. - Stefan contraiu os olhos, tentando imaginar os dois juntos.

– Por que não? - Lexi indagou surpresa.

– Porque eles não combinam. Damon gosta de jogar videogame. Ela deve ser daquele tipo que gosta de ver novela ou ver filme.

– Para darem certo, não é necessário combinar em tudo, Stefan. As diferenças são essenciais para o casal aprender a lidar um com o outro.

Stefan fizera uma careta.

– Você já pensou em fazer terapia de casal?

– Deixa de ser idiota.

Stefan gargalhou e apoiara suas mãos sobre suas pernas. Sua mente ficou poucos segundos em alerta somente para tentar imaginar como seria Damon e Elena vivendo juntos.

Era algo realmente impossível de se imaginar.

– Se são as diferenças que vão os fazer ficarem juntos, então acho que já está mais do que na hora deles se casarem  - Stefan sorriu, fazendo Lexi fazer o mesmo.

– Eu acho que eles vão se entender. Antes tarde do que nunca.

– Sua jogadinha de tirar ele daqui foi muito malfeita. Duvido muito que Bonnie tenha acreditado.

– É... Eu também duvido disso. Acredito que a primeira coisa que ela vai fazer quando se livrar de Jeremy é me ligar.

– Eu acho superdigno. - Stefan riu, dando uma consultada no relógio. Já estava tentando imaginar onde passaria sua madrugada de sábado.

– Já vai? - perguntou Lexi, desconsolada. Por mais que ela morasse com April, preferia mil vezes a companhia de Stefan, pois suas noites passavam mais rápidas.

– Eu acho que vou sair.

– Me deixa adivinhar... - Lexi ficou em pé, recolhendo as latas que estavam espalhadas pelos cantos da sala. -... Balada?

– Você é um gênio! - Stefan levantou e cutucou a cintura de Lexi fazendo-a dar um pulo. - Você acha que Bonnie vai conseguir reunir todo mundo no boliche?

– Acredito que sim. - Lexi concordou segurando a bandeja. - Ela é sempre a mais sucedida em colocar todos nós no mesmo espaço.

– É... Isso é verdade. – disse Stefan - Você vai ficar bem?

– Vou sim. Nenhum psicopata vai querer me matar e nenhum ladrão vai se der ao trabalho de levar alguma coisa nessa bagunça. - Lexi sorriu. - Obrigada por ter vindo.

– Você sabe que sou um vagabundo e não recusaria vir.

– Pare de se chamar assim, Stefan. É sério.

Lexi o olhou seriamente fazendo o sorriso de o rapaz desvanecer. Ele sabia que não deveria agir daquela maneira, mas parecia que gostava quando se fazia de coitado e ganhava certo tipo de atenção.

– Ok! Prometo não dizer mais isso. - Stefan lhe dera um beijo na face. - Qualquer coisa é só me ligar, tá bom?

– Pode ficar sossegado. Agora vá!

Stefan sorriu e caminhou até a porta. Foi em direção ao elevador e permaneceu parado, pensando para onde iria. Por mais que NY tivesse lugares demais para ir, Stefan já conhecia praticamente todos. Ele costumava ir sozinho, pois podia fazer o que quisesse, sem se preocupar com horários ou com companhia.

Mas, justamente naquele dia, ele não parecia muito a fim de seguir a mesma rotina. Estava cansado de fazer as mesmas coisas, de agir como um imaturo e sempre colocar a culpa nos pais.

Desistindo do elevador, Stefan voltou para trás e apertou a campainha. Riu ao ver a expressão desentendida da garota que o deixou entrar mais uma vez completamente confusa.

– Posso te fazer companhia essa noite? Prometo que pago a pizza?

Lexi riu.

– Acho bom mesmo que pague Stefan.

Stefan sorriu e terminou de ajudar Lexi a organizar as coisas. Dessa vez, a jovem não teria do que se queixar.

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Elena e Damon já estavam na bilheteria totalmente lotada. Ao lançar olhares repetitivos para os filmes em cartaz, ambos já imaginavam o que um estaria pensando. Damon supôs que Elena fosse escolher romance e Elena supôs que Damon escolheria ação. Ambos só não queriam sair-nos tapas na frente de todo mundo como costumavam fazer quando estavam na escola.

As escolhas eram mínimas. Para um filme de romance havia três de ação e um de comédia. O percurso em direção ao shopping foi bastante tranquilo. Conversaram sobre várias coisas diferentes e lembraram-se de momentos bizarros da formatura. Algumas partes foram puladas, claro, pois era melhor não serem remexidas. O fato era que Elena estava se sentindo à vontade e em seu íntimo buscava algum motivo sensato para poder sair correndo de perto do moreno que parecia muito disposto a fazer toda aquela suposta amizade dar certo.

Por mais que buscasse motivos, seus pés pareciam presos no chão.

Ainda sem dizer nada, dera uma olhada para os lados. Tentou ver se achava algum rosto conhecido e respirou aliviada por não ter que explicar as razões de estar ao lado de Damon Salvatore em uma fila de cinema. Não que seria vergonhoso, mas todo mundo sabia que Damon era o último garoto da face da Terra com quem sairia. Estar parada ali ao lado dele, entregue a um silêncio que não pertencia aos dois, parecia piorar as coisas. Mas Elena estava disposta a fazer dar certo, mesmo que conseguisse fugir antes dos créditos finais.

Quando chegaram a vez de serem atendidos, Damon estalou os dedos diante dos olhos de Elena chamando sua atenção. Ela dera um salto e sorriu disfarçando.

– Que filme você quer ver?

Ela balançou a cabeça completamente confusa. Desde quando Damon pergunta alguma coisa, sendo que ele sempre agia para atender suas necessidades?

– Er... Escolhe. - Elena encolhera os ombros, ainda mantendo o sorriso nos lábios. Aquela pergunta parecia vir de uma relação típica de casal.

– Escolhe você. - disse Damon rindo. - Eu não sou uma pessoa bem informada em filmes. Você é mais inteligente. Ajeitou os cabelos atrás da orelha e dera uma olhada para os filmes em exibição naquele horário.

– Qualquer um, Damon. - Elena encolhera os ombros novamente e sentiu o coração bater mais forte quando ele se esticou em sua direção.

– Elena, eu sei que você é capaz. Tem poucas opções. - Damon encostara seu dedo indicador na bochecha da garota, fazendo-a ruborizar.

– Escolha o de ação então. - Elena cerrou os olhos, balançando a cabeça nervosamente.

– Sabia que você tinha uma ótima escolha. - Damon riu, se afastando dela e pedindo dois ingressos.

– Hey! Você estava me testando? - Elena lhe dera um cutucão no ombro.

– Claro que não! - respondeu Damon ironicamente. - Eu só não sabia que você gostava de me agradar tanto assim.

Elena lhe dera um beliscão, o fazendo soltar uma exclamação de dor. Ao ter os ingressos seguros em mãos, virou-se na direção dela encurtando a distância em poucos centímetros.

– Você quer pipoca, querida?

– Não me chame de querida. - resmungou Elena, entre dentes.

– Amorzinho?

– Chega Damon. - pediu ela, olhando para os lados. Ficou vermelha ao notar que todos os encaravam. - Estamos empacando a fila. - Elena o puxou para dentro do saguão do cinema e ela se sentiu contente ao ver que a fila para comprar pipoca estava curta.

– Você é muito séria, Elena. Deveria ficar mais calminha. - Damon passou um braço no ombro da garota e passou a caminhar ao lado dela. Podia sentir o corpo da morena tenso. Podia sentir seu corpo querendo ficar mais próximo do dela.

– Eu não tenho culpa se não nasci com a traseira para a lua. - Elena sorriu e tirou o braço de Damon do seu ombro. - Tente fazer isso dentro do cinema, que te espanco.

– Hum... Nem se eu estiver com frio?

– Acho que você é a última pessoa que vai sentir frio dentro do cinema.

– Isso quer dizer que você me acha caloroso? - Damon dera uma piscadela, fazendo-a rir.

– Cala a boca, Damon.

– Ah! Não! Agora você vai ter que dizer.

– Vamos pedir a pipoca.

– Fala Elena.

Elena dera um grito dentro do local chamando a atenção de todos que estavam ao redor. Damon começou a fazer cócegas na garota que tentava a todo custo se desviar das mãos ágeis do rapaz. Quase sem fôlego, ela erguera uma das mãos, pedindo trégua.

– Você é caloroso, Damon. - disse ela, pausadamente. Totalmente sem fôlego.

– Obrigado! - Damon ria, enquanto alisava os cabelos já bagunçados. - Eu sabia que no fundo você estava com vergonha de admitir.

– Ah! Chega Damon!

Ainda rindo, ambos caminharam para a fila e não demoraram a ter seus baldes de pipoca e os refrigerantes. Com certa dificuldade, Damon tentou pegar os ingressos nos bolsos, mas Elena fora mais rápida ao colocar a mão no bolso do blusão do moreno.

– Arrumando desculpa para me agarrar né! - brincou Damon, temendo que ela jogasse refrigerante na sua face.

– Você é irresistível, Damon Salvatore. - disse Elena ironicamente, enquanto entregava os ingressos na entrada. Liberados, caminharam entre risos pelo longo corredor até encontrarem a respectiva sala.

– Eu quero sentar no fundo. - avisou Damon, quando Elena dera espaço para ele passar.

– E se eu quiser sentar na frente?

– Você vai sozinha.

Quando Elena fizera menção em agredi-lo ela parou fazendo Damon olhá-la completamente dessentido.

– Você precisa ir ao banheiro.

– O quê? - Damon olhou automaticamente para baixo. - Não fiz xixi nas calças, Elena.

– Não... Não... - Elena largou a pipoca no chão e erguera um dos guardanapos que estava em mãos. - Seu nariz... Está sangrando.

Damon levou a mão até o nariz e, ao retirá-la, vira uma mancha vermelha no dorso da mão.

– Vai guardar lugar, Elena. Eu já venho.

– Mas Damon...

– Meu nariz sangra o tempo todo, não se preocupe. - Damon olhou para cima, sentindo o sangue querer escorrer por seu nariz. - Pegue essas pipocas e me espera no fundo. Eu já volto.

Sem entender nada, Elena pegou a pipoca, mas não se movera. Permaneceu onde estava, fitando as costas de Damon que caminhava apressadamente para o banheiro, segurando o outro balde de pipoca e o refrigerante. Ele parecia preocupado, ela não deixou de notar.

Como se suas pernas ordenassem mais que seu cérebro, Elena caminhou atrás dele e sentou no chão um pouco distante dos vestiários. Sentindo o coração palpitar mais do que deveria, ela aguardou a volta de Damon para ter certeza de que ele não escaparia de sua vista.

Parecia uma eternidade. Elena sentia que Damon poderia ter escapado pela janela sem dizer o que estava realmente acontecendo com ele. Quem passava por ali, não deixava de observar a jovem de cabelos castanhos com uma aparência totalmente preocupada. As portas se abriam a todo o momento, mas nenhuma trazia Damon para fora.

Ela já pensava em invadir o banheiro para verificar se ele estava bem, mas seria uma completa loucura. Lembrou que os banheiros masculinos não são iguais aos femininos e, só de imaginar o que poderia ver, fez uma careta sacudindo a cabeça para desvanecer o pensamento. Poderia dar uma de louca, claro, mas com certeza Damon substituiria a tensão do momento com uma dose de risada para tentar disfarçar o que realmente ocorrera.

Nervosamente, consultou o relógio mais uma vez. O filme com certeza estaria prestes a começar e dificilmente encontrariam lugares bons. No fundo, Elena não se importava, pois detestava filmes de ação. Ela não sabia entender o que dera nela para escolher esse tipo de filme. Com certeza, foi culpa do momento, pensou ela mordiscando o lábio inferior e erguendo o olhar mais uma vez em direção ao banheiro masculino. Ela não se conformava como o garoto era capaz de deixá-la nervosa.

Pondo-se de pé, Elena sentiu-se aliviada ao ver Damon sair do banheiro. Caminhou em sua direção fazendo-o arregalar os olhos de surpresa. A pipoca e o refrigerante ainda estavam seguros em suas mãos e em sua face, estava estampado uma expressão defensiva com o intuito de avisar que a situação estava sob controle.

– O que você está fazendo aqui, Elena? - perguntou Damon, enrugando a testa. Ao olhar para a morena, notou seu rosto contraído de preocupação e isso fez com que seu coração desse um salto muito forte fazendo-o temer que ela tivesse ouvido.

– Eu... - ela fez uma pausa ao olhar para Damon. Queria ter certeza de que ele estava bem. -... Estava te esperando.

Por isso ele realmente não esperava. Elena passou sua vida praticamente indo contra ele e, de repente, fica sentado perto do banheiro esperando ele voltar. Ele tinha que admitir para si mesmo de que a garota era uma caixinha de surpresas.

– Isso realmente me surpreende Elena Gilbert. - Damon abrira seu melhor sorriso para tentar acalmá-la, mas ela parecia impassível.

– Seu nariz sangra sempre é? - perguntou Elena, achando extremamente ruim o fato dela não poder cruzar os braços.

– Seu nariz nunca sangrou? - perguntou Damon, mudando a postura e ficando na defensiva. Ele não poderia deixar Elena saber muito de si em tão pouco tempo. Por mais que sentisse a necessidade de desabafar, ele sabia que aquele não era o momento certo.

– Sim, Damon, mas não com frequência. - Elena suspirou e abaixou o olhar. O corredor estava vazio, ela notou um perigo para duas pessoas que estavam acostumadas a brigarem sempre que podiam. - Você precisa ir ao médico.

– Eu já fui ao médico e isso é normal, Elena. Não precisa fazer toda essa tempestade.

– Não precisa? - Elena enrugou a testa, cuspindo as palavras. Estava começando a ficar irritada, como de costume. - Certo! Vamos dizer que sou eu a única idiota aqui que acreditou em você mais uma vez e lhe deu uma oportunidade de sermos amigos e...

– Você já está levando isso pro lado ilusional. - cortou Damon ficando seco de repente. Ambos voltaram para a primeira fase. A fase de se alfinetarem até um deles desistir de brigar.

– Ilusional? - Elena sentiu suas bochechas esquentarem de raiva. Queria jogar tudo que tinha nas mãos no rosto de Damon. - Então da próxima vez que você vier com papinho para cima de mim use melhor suas palavras, Damon Salvatore. Eu não sou obrigada a aturar uma pessoa totalmente infantil que não consegue ver nada além do umbigo.

– Eu vejo muito além do meu umbigo.

– Não é o que parece. Você continua o mesmo egocêntrico de sempre. Quer saber... Para mim chega dessa palhaçada... - Elena virou-se à procura de um lixo e, assim que encontrou, jogou tudo lá dentro fazendo um grande estrondo. - Eu espero que você saiba lidar melhor com esse seu ego.

Ela lhe deu as costas caminhando à passos firmes. Seus olhos pareciam que iriam perder o foco, pois estavam cegos de raiva. Queria enforcar Damon, arrancar seus olhos e fazer seu nariz sangrar mais do que devia. Damon por sua vez sentiu o arrependimento tomar conta de si. Não era a primeira vez e, pelo visto, não seria a última que ele e Elena brigariam. O fato de ele sentir remorso era bastante comum e ele sabia que não poderia deixar que aquela situação criasse ainda mais uma zona de distanciamento entre os dois.

Sem pensar, fizera o mesmo que ela, jogando a pipoca e o refrigerante no lixo, apertando os passos para alcançá-la. Quanto mais dizia seu nome, mas ela apressava o passo até começar a temer que ela pudesse tropeçar e se estabanar no chão.

– Elena... Espera...

– Pare de me seguir, Damon Salvatore.

Damon estava perdendo a paciência. Correndo, alcançou a garota e a segurou pelo braço de maneira sutil. Se fosse violento, era capaz que recebesse um tabefe na cara.

– Me solta!

– Elena, me escuta...

– Não quero escutar.

– Você vai ter que me escutar.

Ele apertou um pouco mais seu braço fazendo-a amenizar o humor o mínimo que pôde. Ela pareceu relaxar os músculos do ombro e, calmamente, Damon soltou seu braço com medo de que pudesse apertar mais do que devia.

– Eu não quero te ouvir, Damon Salvatore. Não quero saber que você existe e espero que você faça o mesmo. - ela dizia tudo entre dentes, como se doesse liberar o que sentia através das palavras.

– Se você não me ouvir eu vou te beijar.

Elena gelou no mesmo instante. Estava quase próxima a saída e não havia ninguém. Nem um lanterninha ou alguma das funcionárias com o carrinho de pipoca e doces para vender dentro das salas. Ela sabia que Damon era louco e não poderia duvidar se ele disesse que a beijaria.

– Não precisa.

– Posso falar?

Ela dera de ombro como se pouco importasse o que ele tinha a dizer.

– Desculpe! - Damon começou tentando fazê-la firmar seu olhar no seu. - Eu fui grosseiro. Não foi minha intenção.

– Nunca é sua intenção.

– Elena, as únicas pessoas com quem converso é Tyler e Stefan. Por mais que eu tenha pedido para ser seu amigo ou ao menos tentar faz com que seja um pouco mais difícil de falar de certas coisas com você. Não seja egoísta.

Elena respirou fundo e sentiu a vergonha tomar conta de seu corpo. Ela estava sendo egoísta com uma pessoa que nunca passou mais de 24horas em sua companhia. Da mesma forma que não falaria todas as suas coisas para Damon, ele tinha o direito de fazer o mesmo. Eles estavam tentando serem amigos e isso não queria dizer que abririam suas vidas de uma maneira tão rápida sem pensar nas consequências.

– Ok! - Elena o fitou com firmeza. - Eu quem peço desculpas. Eu não deveria te cobrar o que não pode. É só que... - ela se perdeu nas palavras quando Damon lhe tirou uma mecha de cabelo do ombro. -... É só que eu me preocupei como me preocuparia com qualquer amigo meu. E... Eu sei que você não está bem.

Em um gesto impensado, Damon a abraçou e para seu espanto, Elena não chutou suas canelas ou o empurrou como fazia. Simplesmente acolheu-o de uma maneira inesperada, apoiando a cabeça no seu ombro como se precisasse de um conforto.

– Elena, eu acho que quem não está bem aqui é você.

Ela sorriu. Subitamente, ela sentira uma forte vontade de chorar. Era como se estivesse sendo dominada por um sentimento grande de perda.

– Eu estou ótima, obrigada. - Elena respondeu, ainda com a cabeça apoiada no ombro dele.

– Olhe, eu consigo ver coisas além do meu umbigo. Acredite. Eu não sou mais aquele retardado que você conheceu na escola.

Elena erguera a cabeça e dera um passo para trás ao notar que estavam muito próximos. Damon não queria soltar sua cintura. Queria se manter daquele jeito, preso à ela.

– Podemos dizer que você está menos retardado. - disse Elena dando uma tapinha no ombro dele e se desviando das mãos insistentes de Damon. - E eu vou fingir que acredito que você consegue ver coisas além do seu umbigo.

– Mas eu consigo. – disse Damon. - Eu consigo ver você, por exemplo.

A garganta de Elena secou naquele momento. Revirou os olhos para tentar deixar o momento falsamente divertido.

– Ainda bem, assim eu tenho certeza de que você não é cego.

Ele sorriu. Dera dois passos a frente e dera um beijo na testa da morena. Aquele excesso de carinho fazia com que o coração da garota desses pulos, fazendo o ar lhe faltar em minutos pausados.

– Ainda bem mesmo. - Damon se afastou e colocou as mãos nos bolsos. Parecia que a noite havia se encerrado. - Perdemos o filme.

– É... É mesmo. - concordou Elena juntamente com a cabeça. - Quer fazer alguma outra coisa?

– Você me fazendo convites?

– Idiota.

Ambos riram. Damon passou o braço pelo ombro de Elena e dessa vez ela não retirou. Caminharam até a saída se entregando a multidão do shopping.

– Ora, não é todo dia que você recebe um convite desse tipo.

– Você gosta de sorvete?

– Eu amo sorvete. Meu nome do meio é sorvete.

Elena riu.

– Eu conheço um lugar muito bom, se quiser ir.

– Você acha que eu vou recusar? - Damon balançou a cabeça. - É a mesma coisa de perguntar se uma criança quer doce.

– Então eu te mostro o caminho. Não é aqui.

– Seria mais fácil você dirigir.

– Eu não sei dirigir.

– Mentira. - Damon largou o ombro da morena, juntando as mãos e batendo uma palma. - Pensei que você já era a pedreira do trânsito.

– Muito engraçadinho, viu!

– Eu vou te ensinar a dirigir. - Damon disse com veemência.

– Desculpa para me ver?

– Já está começando a ficar metida, mocinha. - Damon ergueu o dedo indicador em reprovação. - Na verdade, vou ver sua irmã. Apaixonei-me por ela.

– Meu Deus! - Elena desatou a rir, virando o rosto na outra direção. Perguntou-se como alguém poderia falar tanta besteira. - Eu vou ver se ela larga o Paul para ficar com você, tá bom?

– Seria de grande ajuda. - Damon estufou o peito, rindo. - Mas eu prefiro a irmã morena dela.

– Bem conveniente. Agora quer as duas.

– Nada mais justo para alguém solitário como eu.

Elena balançou a cabeça ainda rindo, caminhando ao lado de Damon. Ele parecia mais calmo e menos preocupado. Isso a aliviou intimamente. Não queria pagar de histérica mais uma vez.

Quando contornaram um dos milhares de corredores, Elena avistou Tyler caminhando de mãos dadas com Caroline. Ambos seguravam muitas sacolas e pareciam entregues ao total tédio.

– Damon, sua prima e Tyler estão ali.

Damon seguiu o dedo de Elena e avistou seu melhor amigo e sua prima. Ao ver os dois. Damon saiu a puxando até darem de encontro com o casal que, assim que os viram, desacreditaram da cena que presenciavam.

Elena e Damon juntos? Só poderia ser miragem.

– Hey Brother

– Hey Damon.

– Amigaaa e Primo! – Caroline gritou

Damon cumprimentou Caroline e lembrou-se de se acostumar com o jeito escandaloso que ela tinha.

- Olá amiga – disse Elena a abraçando

– Hey, Caroline! - Damon sorriu e logo voltou sua atenção para Tyler. - Fazendo compras?

– Vim comprar umas blusas novas. Quase tive uma crise histérica quando eu percebi que estava usando a mesma da semana passada. – disse Caroline

Elena gargalhou. Damon revirou os olhos. Tyler sorriu.

– Bacana! - Damon colocou as mãos nos ombros de Elena. O que fez Tyler e Caroline se entreolharem.

- Amiga você me ajuda a comprar um vestido? É rapidinho... – Caroline disse olhando cúmplice para Tyler.

- Claro – disse Elena sem muita vontade

E as duas saíram deixando Tyler e Damon para trás.

Continua ainda hoje...


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Notas finais do capítulo

Xoxoxo
Não me matem... Hahaha... Daqui a pouco posto o capitulo mais esperado e vai ser lindooo...
O nome do capitulo vai ser Just a Kiss