A noite caíra e Elena estava em completo desespero. Parecia que tinha sido ontem que havia falado no telefone com Bonnie sobre seu repentino noivado. No fundo, a morena estava feliz pela amiga, mas não estava nem um pouco disposta a dividir esse sentimento na presença de Damon que confirmara sua ida, para sua infelicidade. Isso rendeu a ela poucas noites de sono profundo, pois sentia o coração pulsar com estrondo toda vez que imaginava o rosto de Damon. O urso que havia ganhado no final de semana anterior, já estava muito bem alojado dentro do guarda roupa em algum lugar em que ela não pudesse vê-lo. Elena tinha em sua mente que tinha que apagar Damon da memória antes de tudo virar uma catástrofe.

Quando chegou a casa naquele dia, Elena chorou em silêncio por algumas horas. Não havia ninguém em casa e ela poderia aproveitar sua melancolia sozinha. Ela não sabia que tipo de imagem ela estava criando de Damon para si. Uma hora sentia seu peito se agitar de alegria, outrora se afundar de tristeza. Damon Salvatore estava sendo algo imparcial na sua vida e isso de alguma forma a estava afetando de maneira inexplicável, pois nunca se sentira vulnerável o bastante para guardar e tentar arrancar a memória de alguém com tanta urgência.

Já eram quase oito e ela ainda não se dera ao trabalho de ir para a casa de Bonnie. Elena imaginou o jantar sendo servido e uma fina ponta de esperança tomando conta de seu corpo ao imaginar a sorte que teria em não encontrar Damon sentado na mesma mesa que ela. Evitaria olhares furiosos e chateados que com certeza a denunciariam do desgosto que ainda guardava do último dia em que se viram. Queria ligar para Bonnie e cancelar tudo, mas lembrou-se de que havia dado sua palavra e não queria sair com o papel de ingrata.

O que há com você? É apenas Damon Salvatore, o ogro insensível! Você não deve nada a ele – pensou ela, se olhando mais uma vez no espelho. Sua mente tentava convencê-la de que não havia nada o que temer com relação ao rapaz. Mas Elena sabia que não era o antigo Damon que estava diante dela todos aqueles dias. Aquele era outro Damon. O outro Damon que ela estava adorando adorar. Aquele Damon que nunca se postou frágil diante dela. Aquele Damon que parecia sensível, embora relutasse para admitir isso. O batom caíra no chão, quando seu coração pulsara mais forte. O celular tocou logo em seguida e Elena imaginou que fosse Bonnie. Estava atrasado, fato que nunca acontecera na vida da morena que sempre buscara ser o mais pontual possível. Suspirando profundamente, ela esticou a mão até a escrivaninha e atendeu a ligação.

– Onde diabos você está?

A voz de Bonnie era completamente estridente. Elena imaginou a amiga com as bochechas absolutamente vermelhas, perambulando de um lado para o outro.

– Eu estou a caminho!

– Nem pensar, já pedi para irem te buscar.

– Como assim?

– Elena, minha mãe está tendo um surto com esse jantar e você nem chegou. Damon decidiu te pegar.

Ela sentiu as pernas cederem e, por sorte, sua cama estava perto ou o tombo teria sido feio. Suas mãos começaram a suar e ela mal dera conta de segurar o celular. Afoita, segurou o pequeno objeto com as duas mãos, tentando recuperar o ar que havia lhe faltado.

– Espera Damon? Você enlouqueceu? - Elena colocou-se em pé, e dirigiu-se até a janela. Tentou adivinhar qual seria o carro de Damon, mas estava tão em choque que não estava conseguindo diferenciar muita coisa.

– Stefan não quis e o único que poderia ir era o Damon. Ele mesmo decidiu isso, Elena, ninguém empurrou.

Elena não queria aceitar a ideia de que ele poderia querer vê-la. Sua mente começou a dar nó enquanto suas mãos mantinham-se firmes no aparelho. Se tivesse mais força, com certeza o quebraria.

– Você não deveria ter deixado! - respondeu Elena, abrindo um pouco a cortina. Seu ar falhou mais uma vez quando vira um carro estacionar diante da sua casa. - Qual é o carro dele?

– Eu só lembro que ele é preto, Elena. Não me lembro da marca, acho que Jeremy...

Ela não conseguira ouvir mais nada. Vira Damon sair e travar as portas do carro. Enquanto girava as chaves nos dedos, ele parecia pensar se deveria tocar a campainha ou simplesmente desistir. Elena não sentia seus músculos e o ar saía com dificuldade. Ela não conseguia acreditar. Aquilo não poderia ser possível.

Não poderia estar perdendo o ar por causa de Damon Salvatore.

– Elena? Ainda esta aí?

– Bonnie, desculpa, eu...

– Damon prometeu não encrencar com você. Apenas aceite a carona. Quero você aqui logo.

Elena meneou a cabeça positivamente, não tivera tempo de responder. A campainha tocara.

– Deve ser ele, Bonnie. - mentiu Elena. Era Damon de fato, não tinha erro.

– Certo, não fala besteiras e não brigue com ele. Quero vocês salvos de volta.

– Tudo bem, Bonnie, como quiser. Vejo você daqui a pouco.

Ela desligou depois da última frase de Bonnie. Pegou o celular e jogou na bolsa tentando se recompor. O que estaria acontecendo lá embaixo? Será que Meredith mandou Damon para bem longe?

Achando que tudo estava demorando demais, Elena resolvera descer e, assim que abrira porta, dera de cara com sua irmã.

– Tem um cara lá embaixo!

Elena não deixou de perceber como ela havia frisado cara.

– Eu sei! - respondeu Elena, tentando se manter tranquila. A última coisa que ela precisava era comprar briga com a irmã.

– Então o que está esperando?

A morena cruzou caminho sem olhar para trás. Ela nem se dera conta do quanto Meredith a olhava com malícia e caminhava com extrema rapidez no seu encalço. Meredith sempre fora o poço de curiosidade e, ver a filha preferida de casa saindo com um rapaz extremamente bonito, era de se parar o mundo.

– É seu namorado? - perguntou Meredith, quando estavam próximas da escada.

Elena não respondeu. Descera as escadas rapidamente como se estivesse fugindo e travou no meio do caminho ao ver a silhueta de Damon sentada no sofá.

No sofá da sua casa.

– Ele parece ansioso para te ver.

– Cale a boca, Meredith. - pediu Elena entre dentes.

– Não sabia que você estava namorando, maninha.

– Eu não estou namorando.

– Não é o que parece.

Elena virou-se na direção dela, furiosa. Seus sapatos fizeram um ruído no soalho chamando a atenção de Damon que não hesitou em levantar e ir à direção delas.

– Não se intrometa na minha vida, está bem?

– Como você quiser! - Meredith erguera o olhar na direção de Damon, que estava a postos quase ao lado de Elena. - Pode levá-la!

Ela parecia ter sentido a presença de Damon e sentiu seu corpo todo se contrair. Suas bochechas esquentaram rapidamente e suas mãos pareciam tremer absurdamente. Meredith olhava para a cena extasiada.

– Er... Bonnie está esperando você! - Damon começou meio inseguro. Suas mãos estavam seguras no bolso. Sinal de insegurança.

– Certo! - Elena virou-se na direção de Damon e sentira seu corpo gelar de vez. Parecia que perdera todos seus sentidos.

– Elena, você está bem? - Damon apoiou uma mão sobre seu ombro, preocupado.

– Estou bem! - garantiu Elena, tirando a mão dele de seu ombro. Fizera questão de se lembrar de que estava com raiva dele e não poderia bancar a besta. Não agora.

Damon recuou e Elena desejou internamente que ele não fizesse aquilo. Tentando não conduzir o clima para pior, o moreno caminhou até a porta fazendo Elena segui-lo completamente incerta. Ela poderia dizer que iria de táxi e deixá-lo ir sozinho. Mas, até conseguir um, demoraria o dobro de tempo e Bonnie ficaria enraivecida. Elena sabia que não tinha opções, por isso resolveu aceitar a única que tinha sem questionar.

– Bonnie estava desesperada, pensou que você tinha se perdido, embora seja algo impossível.

Ele estava tentando puxar assunto, pensou Elena tentando manter a distância dele, mesmo que a vontade fosse ter ele por perto.

– Eu imagino! Eu acabei perdendo a hora. Cheguei em casa e capotei na cama. - mentiu Elena se sentindo a pessoa mais descarada do mundo. Era óbvio que não tinha dormido. Bastava reparar em seu rosto doentio.

– Você realmente parece cansada... - observou Damon, olhando-a de canto, temendo que o contato visual fosse fazê-lo desmoronar.

– Eu estou bem. Tenho apenas uma rotina puxada.

– Certo!

Eles caminharam até o carro em silêncio. O desconforto do último dia em que se viram, parecia imperar entre eles como uma nuvem negra indicando chuva. Era impregnaste sufocante e temeroso. Elena sentia vontade de gritar e Damon de socar a si próprio por ser tão estúpido.

– Você parece cansado também. - notou Elena, assim que entraram no carro.

– Meus dias tem sido difíceis. - respondeu ele, colocando a chave na ignição e ligando o motor.

Na verdade, Damon estava se sentindo mais cansado que o normal. A dieta estava sendo um fiasco e as noites trabalhando aumentavam conforme seu pai arranjava novos sócios. Sua vida havia se tornado uma loucura total desde que deixou o hospital no começo da semana.

– Hmm... Dá para reparar. - Elena disse mais para si mesma do que para ele. Damon virou o pescoço na direção dela e percebera o quanto ela era distante, por mais que estivesse perto.

– Antes de a gente ir, eu...

Ele parou, chamando a atenção de Elena. Os olhos de ambos estavam fixos um no outro. A jovem sentira uma onda de emoções tomarem conta de seu corpo, deixando-a trêmula. Ela faria de tudo para não sentir mais aquilo.

–... Eu queria te pedir desculpas por aquele dia. - terminou Damon, dando partida no carro. Parecia que ele estava dando o assunto por encerrado.

– Não tem por que se desculpar. - disse Elena, encolhendo os ombros.

– Eu fui muito idiota com você, admita isso.

Damon estava falando muito baixo. Se não fosse por estarem em um carro, provavelmente Elena não teria escutado ele direito.

– Já passou! - disse ela, tentando tranquiliza-lo embora não soubesse o real motivo para tanto. Não queria se demonstrar preocupada com Damon.

– Você pensa que eu não sei que você ficou magoada comigo.

Ele a encarou de uma maneira que ela nunca conseguiria explicar.

– Damon, a gente nunca se preocupou realmente com isso. Você sempre foi um grosso e eu sempre fui uma grossa. Qual é o grande problema nisso agora?

Damon queria desabafar com Elena. Ele não sabia o porquê, mas sentia essa necessidade. A única pessoa com quem vinha conversando era Tyler, mas ele não parecia aliviar tudo o que ele sentia e também chegou à conclusão que descarregar em Elena não seria uma boa ideia, já que eles se odiavam mutuamente.

– Você realmente não entende!

– O que eu não entendo?

– Elena, eu só quero te pedir uma coisa, tá bom?

Elena estava começando a ficar assustada. Damon estava agindo estranhamente e isso desde o momento em que ela o vira.

– Damon, você está realmente bem?

– Primeiro ao meu pedido e depois a sua pergunta. - Damon apertou o volante, olhando para frente. - Eu quero passar mais tempo com você.

O ar de Elena sumiu completamente. Ela sentia que iria sufocar a qualquer momento, mas tentou se manter sob controle, levando a mão até o pescoço alisando-o cuidadosamente. Seus olhos faiscavam na pouca claridade mostrando o quanto estavam abismados. Damon só poderia estar maluco.

– Você andou bebendo, Damon?

– Me responda apenas sim ou não. - Damon virou-se na direção dela, fazendo-a amolecer. Não era o Damon que estava ali. Não mesmo.

– Como quiser. - respondeu Elena, com a voz baixa. Estava se sentindo insegura. Essa era a parte do seu corpo que tinha o nome de Damon cravado.

– Como quiser? - Damon freou o carro, bruscamente. Virou-se na direção de Elena buscando encarar seus olhos que, mesmo que soasse como brincadeira na época da escola, sempre os achou deslumbrantes.

– Damon, eu só quero saber o que está acontecendo aqui. - Elena também se virou na direção dele, mas sua expressão era de completa indignação.

Damon respirou fundo e o ar parecia ter saído com dificuldade. Nem ele sabia o que estava acontecendo, mas havia algo dentro dele que precisava da presença de Elena. Ele só conseguia se sentir mais calmo quando ela estava por perto. Poderia haver Stefan, Matt e Tyler, mas com a morena era completamente diferente. Ele poderia ser apenas ele mesmo.

– Apenas me responda... - Damon parecia mais calmo. Soltou as mãos do volante apoiando sobre suas pernas. -... Isso é um pedido. Cabe a você dizer sim ou não. Dependendo da sua resposta, iremos saber o que acontece aqui.

Elena o encarou por alguns segundos. Havia uma ponta de tristeza no rosto de Damon fazendo seu coração apertar um pouco mais. Seus dias estavam sendo estranhos demais e as atitudes dele pareciam piorar muita coisa. Mas, a vontade de tê-lo por perto parecia tão mais forte, que negar o que ele pedia parecia soar como um suicídio.

– Está bem, Damon. - concordou Elena, meneando a cabeça positivamente.

Ele não disse nada, porém sentiu uma onda de alívio tomar conta de seu corpo. Parecia que sua vida estava sendo colocada em ordem aos poucos, mesmo ele achando extremamente impossível alguma coisa melhorar naquele momento. Sem pensar muito, dera partida e rumou até a casa de Bonnie.

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– Eles já devem estar chegando, meu amor. – disse Jeremy tentando acalmar Bonnie.

Bonnie já estava nos nervos. Seus passos impacientes só faltavam furar o chão conforme caminhava entre um extremo da sala até a janela esperando que Damon aparecesse com Elena nos calcanhares. E, mesmo que Jeremy tentasse acalmá-la, parecia que cada pedido de paciência a deixava ainda mais irritada. Não estava entendendo os motivos do atraso de sua melhor amiga, já que ela mesma havia dito que não havia problema em dar o ar da graça no jantar que reuniria os amigos e os padrinhos de seu casamento. Mas o problema maior era Damon estar à mesa o que deveria ter a feito recuar um pouco mais para grande desespero de Bonnie. Por mais que pudesse confiar na amiga, esse era o momento mais apreensivo da sua vida.

O tempo ia passando e nada deles dois. Quando resolvera pegar o telefone para ligar para o celular de Elena, a mão de Stefan barrou a sua com aquele olhar pervertido que só ele sabia lançar.

– Que cara é essa, Stefan? - perguntou Bonnie, com a testa enrugada.

– Se eles estiverem se entendendo, você não quer ser a culpada em estragar tudo né? - indagou Stefan, coçando o queixo. Ele era, sem dúvidas, um dos poucos que acreditava na possibilidade de que Elena e Damon ficariam juntos. Um dia.

– Você acha mesmo que eles estão se entendendo? - disse Bonnie, cética.

– Milagres podem acontecer, não acham?

Stefan olhou para Jeremy, April, Matt, Tyler, Caroline e Lexi que dividiam o mesmo sofá em silêncio. Sabiam perfeitamente que Bonnie poderia explodir a qualquer momento devido a sua grande ansiedade.

– Stefan, é mais provável que Salvatore e Elena estejam se matando do que se entendendo. - disse Bonnie, puxando sua mão que estava protegida pela de Stefan e pegando o telefone. Mal digitou os primeiros números do celular de Elena quando a campainha tocou. - Finalmente! - disse ela quase sem ar, correndo em direção à porta.

Elena e Damon estavam um ao lado do outro, mas mantendo uma distância considerável. As expressões de ambos não eram raivosas e nem amorosas. Eles pareciam instáveis, como se tivessem acabado de receber uma anestesia.

– Que caras... - comentou Stefan, esticando a mão até a mesinha de centro e pegando um petisco.

– Minha mãe estava entrando em crise pensando que vocês não chegariam. Estava pensando em cancelar. - disse Bonnie, abrindo espaço para os dois entrarem. Damon se livrou do casaco que o cobria, enquanto isso April, Lexi, Tyler, Matt e Caroline viam correndo abraçar a amiga.

– Amiga que saudade – disse Caroline esmagando Elena.

– Eu também estava – disse a morena abraçando sua amiga loira.

– Nossa amiga... Que cara é essa? – disse Caroline baixinho.

– Só estou cansada Car – disse Elena forçando um sorriso

– Vem cá minha morena – disse Matt a abraçando – Que saudades!

– Eu também loiro – disse Elena sorrindo e abraçando um dos seus melhores amigos.

– Lena, que saudades – disse Tyler.

– Eu também – disse ela o abraçando.

– Ei, nós também sentimos sua falta tá? – disse Lexi fazendo biquinho.

– Oh minha perua me dá um abraço – disse Lena. Lexi sorriu e abraçou a amiga.

– Oi morena – disse April abraçando forte Elena. Já que ela é sua melhor amiga.

– Olá ruivinha.

Elena e Damon cumprimentaram todos os outros. Elena procurou algum canto para se sentar. Queria estar longe de Damon e, naquele momento, nem ela sabia as razões para isso.

– Bom... Acho que o jantar pode ser servido, o que acham? - sugeriu Jeremy, lançando um olhar curioso na direção de Damon e Elena. Nenhum dos dois estava disposto a abrir a boca.

– Eu vou dar uma checada na cozinha. Minha mãe deve estar lá fora conversando com as plantas como ela sempre faz. - disse Bonnie, lançando um sorriso sem graça.

– Quer que eu vá com você?

Todos os olhares se dirigiram para Elena que não hesitou a ficar em pé muito rapidamente. Suas bochechas ruborizaram a se ver fitada por todos os pares de olhos daquela sala.

– Não precisa Elena. - respondeu Bonnie, automaticamente.

– Sabe... Eu acho que os homenzinhos preferem ficar sozinhos a ter que ficar em nossa companhia. - comentou Caroline, ficando em pé e caminhando até Elena. Bonnie às vezes era muito desligada para entender os jeitos afoitos de Elena agir.

– Eu concordo plenamente. Tenho coisas nojentas para comentar e isso não seria nada bom para os ouvidos de vocês. - disse Stefan, dando aquele sorriso desdenhoso que só quem convivia com ele diretamente conhecia.

– Eu não quero que Jeremy escute suas perversões. - Bonnie lhe dera uma tapa no ombro, fazendo-o recuar.

– Como se seu futuro marido fosse muito santo. - Stefan virou-se na direção dela com a mão no ombro. - Quer que eu te conte o que ele fez antes de descobrir que te amava?

– Então pessoal, acho melhor nos retirarmos porque ainda queremos que um casamento aconteça certo? - brincou Damon, dando um risinho abafado evitando encontrar os olhos de Elena. O ambiente parecia pequeno demais para os dois fazendo-o sentir-se completamente sem ar.

– Agora eu quero saber! - disse Bonnie, contraindo os olhos. Uma coisa que a morena detestava era ter sua curiosidade atiçada.

– Bonnie, acho melhor irmos ajeitar a mesa. Vai ficar tarde e a comida vai esfriar. - disse Elena, abraçando o corpo com os braços. Estava se sentindo desconfortável e isso era bastante evidente.

– Acho melhor você ouvirem a Gilbert. Vai ficar tarde e pelo visto amanhã terá uma caravana indo pintar a casa da Lexi. - apoiou Damon, colocando as mãos nos bolsos. Procurou o olhar de Elena, mas foi completamente ignorado.

Gilbert. Era o último tipo de tratamento que Elena gostaria de ouvir.

– Viu só? Até o Salvatore provou que pensa. - devolveu Elena no que achou uma vingança automática. Era conveniente demais ele tratá-la de uma maneira quando os dois estavam sozinhos e depois tratar de outra quando estavam acompanhados.

– Vá, Bonnie. Antes da lua de mel de vocês eu prometo que conto. - disse Stefan dando uma piscadela marota.

– Eu vou cobrar isso, Stefan.

– Eu sei que vai!

– Vamos meninas!

Lexi, Caroline, April e Elena passaram pela mesa de centro caminhando atrás de Bonnie até a sala de jantar. O lugar estava iluminado com uma luz fraca e a janela menor estava aberta deixando a brisa noturna e fresca invadir o ambiente que parecia quente demais.

– Vou ver se minha mãe está lá fora.

Bonnie saiu pelos fundos, deixando Elena e as meninas sozinhas. Já fazia quase uma semana que Lexi e April estavam na cidade e ambas não tiveram tempo de ter aquela conversa de boas amigas que costumavam ter. Analisando bem, Elena não parecia muito a fim de conversa e, pelo que Lexi conhecia sua amiga, ela não estava muito à vontade e o fato de consultar o relógio de parede o tempo todo só comprovava isso.

– Impaciente?

– Hã! Eu? - Elena encarou Lexi tentando parecer desentendida.

– Sim, você. - Caroline puxou uma cadeira e se sentou. Vendo o mesmo que Lexi. - Você parece tensa. E cansada.

– Noite mal dormida.

Elena puxou uma cadeira ao lado de Caroline e sentou-se. Realmente queria ir embora logo, abraçar o travesseiro e dormir tudo o que não dormiu durante a semana toda. Seus olhos estavam acompanhados por olheiras que estavam escondidas por uma fina base. Mas seus olhos castanhos não mentiam, pois o brilho que sempre emanava deles, não estava fazendo parte do conjunto Elena Gilbert.

– Isso tudo é por ter estado ao lado de Damon? – disse April

– Salvatore não tem nada a ver com isso. Eu só estou cansada mesmo. - disse Elena, alisando a testa e lançando outra olhada para o relógio. Estava começando a ficar inquieta.

– Bonnie quase teve um troço pensando que você não viria. Stefan e eu iríamos te buscar, mas Damon sugeriu e ninguém resolveu recusar a oferta. – disse Lexi.

– Por quê? - perguntou Elena já imaginando a resposta.

– Você ainda pergunta? – disse April e Lexi e Caroline deixaram suas risadas estridentes tomar conta do ambiente. - Damon Salvatore sempre foi e sempre será louco por você. Como estamos mais velhos agora, quem sabe vocês não fiquem juntos de uma vez.

– Vocês só podem estar de brincadeira comigo, né?- Elena encarou as meninas seriamente. Aquilo só poderia ser uma piada de muito mau gosto. Damon nunca gostara dela. Só a azucrinará. Só a irritava. Nada mais. Era o que Elena pensava.

– Claro que não. Foi o que Stefan pensou também. Ele andou me dizendo que Damon anda com problemas para dormir, comer e tudo mais. Quem sabe você não o ajude a dormir melhor. - Lexi dera uma piscadela muito parecida com a de Stefan, fazendo Elena questionar mentalmente porque diabos eles não estavam juntos já que se mereciam desde a época da escola.

– Problemas para dormir? - indagou Elena, apoiando um braço na mesa. Ela estava preocupada mais não queria demonstrar. Tentativa sem sucesso. Mais as meninas fizeram questão de fingir não ver.

– Sim, Stefan disse que ele vem chegando tarde em casa... Trabalhando muito... É como se quisesse matar tempo. E ele vai voltar para a faculdade com Stefan daí realmente a rotina dele vai ficar puxada. - Lexi encolhera os ombros, pensativa.

– Ele não vai conseguir fazer tudo ao mesmo tempo. Damon não é assim.

Lexi alteou uma sobrancelha ao ouvi-la chamar o moreno pelo nome. E April e Caroline ficaram boquiabertas.

– Digo Salvatore... - Elena tentou corrigir, mas era tarde demais. Lexi e Caroline já haviam feito uma anotação mental para contar a Stefan e Tyler quando estivessem sozinhos.

– Uhum... Salvatore, claro. – Caroline meneou a cabeça positivamente, tentando ser o mais natural possível. - Damon agora quer mostrar a diferença.

– E morar com Tyler e Stefan seria um bom começo, certo!

– É o que ele acha. Tyler mal fica em casa pelo que Stefan me contou. Anda se esforçando demais no hospital e aguentando a Caroline. - disse Lexi olhando debochada para Caroline que a fuzilou com os olhos.

– Eu não dou surtos – disse Caroline batendo o salto fino na perna da cadeira. Elena havia esquecido o que era ter uma amiga perua. – Apenas o quero mais tempo comigo!

– Em minha opinião, você está sendo um pouco exagerada – disse April.

Fazendo Caroline revirar os olhos.

– Todo mundo acha isso, mas sabemos perfeitamente como é nosso garoto perfeito. Ele gosta de fazer as coisas certas. No fundo, eu sempre achei que Elena e Tyler terminariam juntos. – disse April

– Tyler e eu? - Elena arregalou os olhos surpresa. E deixando uma Caroline possessa.

– Sim, vocês andavam sempre juntos. Damon achava que era amor profundo entre melhores amigos. Meio que não apertou mais a barra por causa disso.

Elena balançou a cabeça diminuindo o estado de surpresa. Tyler e ela sempre foram melhores amigos e aquilo parecia que jamais mudaria. As melhores notas eram deles, assim como os melhores trabalhos. Sentia falta dele, mas parecia que o tempo fizera o grande favor de afastar os dois.

– Vocês pensam de uma forma supercorreta. – disse April e Elena tirou a franja longa do rosto, olhando mais uma vez para o relógio. A vontade de ir embora só aumentava.

– A aposta do último ano era com quem você ficaria. Uma pena que todos terminaram bêbados e solteiros. – disse April. As cenas do baile de formatura eram recentes demais em sua mente como se tivessem acontecido ontem. Mas havia algumas que ela queria que se dissolvessem.

– Hmm... É verdade. Coitado do Tyler que teve que levar os amigos embora praticamente vomitando dentro do carro.

– Nem me fale – disse Caroline – Aquele dia foi revoltante

Riram.

– Amigos servem para essas coisas. - Lexi respondera, erguendo os olhos na direção da porta. Bonnie tinha voltado.

– Eu vou ajeitar a mesa. Podem ficar à vontade.

– Que isso, Bonnie, a gente te ajuda. - disse Elena virando-se na direção da amiga. O que precisava agora era se distrair.

– Eu não quero que façam nada...

– Deixa de ser boba, amiga – disse Caroline colocou-se de pé e caminhou até a amiga.

– Madrinhas servem para isso também. – disse Lexi

– E ninguém mandou a senhorita nos chamar para tamanha responsabilidade. Agora arque com as consequências. - disse Elena, ficando em pé também e indo até Bonnie. - Vamos fazer uma mesa honrosa.

Não demoraram muito até terem uma mesa realmente honrosa. Tudo estava perfeitamente distribuído na pequena mesa que Elena, Caroline, Lexi, Bonnie e April organizaram com tamanha rapidez. Antes de chamarem os rapazes, o trio de amigas ficaram o que pareciam ser uma eternidade observando a obra que haviam feito em menos de vinte minutos.

– Ficou uma belezinha. - comentou April, com a mão apoiada no pescoço dando um suspiro. - Quando eu casar eu vou querer uma festança.

– Você? Casar? - questionou Elena, dando seu primeiro riso da noite.

– Claro que vou casar. Serei a próxima depois de Bonnie.

– Espero que não seja com Matt. - disse Bonnie, gargalhando. April ficou um pouco ruborizada e levou a taça cheia de vinho, que adquiriu enquanto arrumava os talheres na mesa, até os lábios a fim de disfarçar a vergonha.

– Hmm...vamos chamá-los? - perguntou Bonnie.

– Antes de qualquer coisa... Você e Jeremy sentará um de frente para o outro, certo? – disse Lexi

– Uhum. Você ao lado de Stefan, Caroline ao lado de Tyler, April ao lado de Matt e Elena ao lado de... Damon. - disse Bonnie, lançando o olhar que a morena conhecia há muito tempo. O de desculpas.

– Perfeito! - disse April, caminhando até a sala de estar lentamente. Parou no meio do caminho ao perceber o silêncio que tomava conta do lugar. Estranho para quem sempre tinha piadinhas de última hora para contar. A última coisa que conseguira captar, fora a voz de Damon no ar dizendo que tudo ficaria bem.

Mas o que ficaria bem? Indagou April bebendo mais um gole de vinho. Achou que estava delirando já que sua dose de álcool no sangue subia muito mais rápido do que um foguete. Adentrando o local, percebeu que realmente não estava delirando, pois os cinco estavam reunidos em volta da mesa de centro e logo dissiparam os olhares para lugares diferentes.

– Desculpe interromper, mas o jantar está servido.

– Já era tempo. Estou faminto. – disse Matt dera um passo à frente e fora o primeiro a chegar até a sala de jantar. Sem pensar muito, Jeremy fora o próximo lançando o que seria um olhar preocupado na direção de Damon.

– Está tudo bem? - perguntou April, já tendo certeza do comportamento estranho deles.

– Está tudo bem, April. - Damon caminhou na direção dela e passou uma mão por seu ombro. - Primeiro as damas.

– Não me venha com cantadas baixas agora, Damon Salvatore.

– Você me parece bêbada, acho que daria certo.

– Continua o mesmo assanhado de sempre.

– Ah! Assanhado é o Stefan. Eu sou apenas galanteador.

– Eu sei bem disso. - confirmou April, entornando um pouco mais de vinho e esquivando-se de Damon. O líquido havia descido seco demais em sua garganta.

Damon e April ocuparam seus lugares e, assim como todos os presentes, passaram a se servir. Stefan sempre tentava jogar algumas piadas, mas elas não pareciam mais convincentes como antes. Elena parecia mais interessada em fitar seu prato, enquanto Damon não parecia muito disposto a comer. Bonnie e Jeremy já estavam começando a ficar preocupados.

– Você deveria comer mais, Damon. - disse Stefan, servindo seu cálice de vinho, lançando um olhar alarmante em sua direção.

– Estou sem fome. - respondeu Damon, prontamente. Realmente não sentia fome. Só se serviu daquilo que achou que seria suficiente para não sair com a impressão de mal educado.

– Essa lasanha está maravilhosa, Bonnie. - comentou Caroline, querendo continuar a quebrar o silêncio.

– É receita antiga da minha família. Minha vó sempre fazia aos Domingos quando tinha aqueles almoços horríveis de família.

– Eu nunca gostei de almoços de família. - disse Stefan balançando a cabeça.

– Você nunca foi adepto a família esse que é o fato. - disse Damon, brincando com o garfo na comida. Elena erguera um pouco o olhar e moveu-se desconfortada quando seu olhar cruzou com o de Damon.

– Realmente nunca. Meus pais são um porre e minhas primas deveriam ser internadas.

– Mas você fez sexo com todas, não foi? - perguntou Jeremy interessado.

– Olha bem para a minha cara de quem pega bagaço! - Stefan apontou o dedo indicador para a própria face.

– Esqueci que o senhor é recém-divorciado com uma das garotas mais desejadas da nossa época. Mas aposto que isso não o impediu de pegar uma das primas. - disse April, rindo. – Vickie não é?

Stefan sentia uma raiva enorme quando sua família era colocada em questão. Havia saído de casa antes de se formar, passando a viver com Damon e seus pais até ambos terem um teto para morar. Com a colaboração de Tyler, o aluguel pareceu menor assim como todas as despesas. O rapaz sempre fora alguém de personalidade forte e que necessitava de liberdade o tempo todo e nada mais certo do que conseguir isso morando com seus melhores amigos.

– Eu não me encostei à Vickie e se encostei é porque eu estava bêbado. - Stefan disse, tentando se defender.

– Mas isso não disfarça o fato de que você fez sexo com ela. - disse Damon dando um sorriso desdenhoso.

– Assim como não disfarça o fato de você ter pegado a nossa querida April aqui antes do baile de formatura. - respondeu Stefan, fazendo o sorriso de Damon desaparecer.

Se soubessem desde o início, o silêncio seria muito mais preferível. Com exceção de Elena, Caroline, Tyler, Jeremy, Bonnie, os outros cinco já haviam tomado taças consideráveis de vinho. Stefan estava alterado, April embaraçada, Damon frustrado e Lexi e Matt apenas bêbados.

– Tem sobremesa? - perguntou Elena quebrando o silêncio. Ela escondera suas mãos embaixo da mesa, pois elas tremiam demais.

– Eu pretendo conseguir uma antes de ir para casa. Dormir sozinho é chato. - respondeu Stefan, ironicamente para Elena. - Pergunte ao Damon e a April se eles desejam chantilly na sobremesa deles.

– Stefan, já chega. - pediu April, colocando a taça de vinho sobre a mesa. Essa era a lembrança que ela fizera questão de apagar da memória, pois sempre se sentia culpada toda vez que lembrava.

– Eu disse alguma mentira?

– Já chega Stefan. - pediu Damon afastando o prato ainda com comida. - Já chega.

O clima estava pesado demais. Todos apenas se fitavam horrorizados. Não mais que Elena é claro. Bonnie não sabia o que fazer. Resolveu pegar a desculpa da sobremesa e puxou Elena para dentro da cozinha.

– Você está bem? - perguntou Bonnie, preocupada.

– Estou ótima. Porque não estaria?

Bonnie suspirou.

– Você deveria ter visto sua cara quando Stefan disse que Damon dormiu com April.

– Eu fiquei surpresa... Só isso. - Elena dirigiu-se até o armário e passou a pegar as louças que serviriam a sobremesa. - Mas não era de ser surpreendente. Bom... Você sabe que April sempre foi soltinha demais.

– Agora não chame sua amiga de vadia, Elena.

– Não estou chamando ninguém de vadia, Bonnie. - Elena virou-se na direção dela. - Damon e Stefan sempre foram os galinhas da turma. April e Katherine sempre foram as que mais ficavam entre eles. O que poderia ser esperado?

Bonnie fizera uma pausa, tirando a sobremesa da geladeira. A torta de morango que pensava sobre sua mão era a única coisa agradável de ser olhada naquele momento.

– Você ficou chateada, Elena. - afirmou Bonnie, colocando a torta na mesa. - Me diz, há quanto tempo você gosta do Damon?

– Eu não gosto do Damon como você imagina. - respondeu Elena, indignada. Ela não sentia nada e disso ela se convencia todos os segundos, horas, meses, semanas, meses e anos.

– Você gosta dele sim, mas é burra demais para admitir. Isso desde a escola era evidente demais - Bonnie apoiou uma das mãos na cintura, olhando à amiga firmemente.

– Desde a escola? Você andou bebendo, Bonnie?

Ser chamada pelo nome era prova de que Elena estava começando a ficar irritada. A solução era mantê-la calma para que o jantar não ficasse ainda pior. Mais sabia que isso era verdade. Até a própria Elena sabia, mas nunca admitiria.

– Elena, Damon sempre foi louco por você. Acho que a sua chance é agora.

– Louco por mim? - Elena apontou para si mesma dando uma risada sarcástica. - Esse é o tipo de demonstração de um cara que se diz louco por mim? Dormir com uma das minhas melhores amigas?

Elena estava fazendo um grande esforço para controlar a voz, já que a cozinha e a sala de jantar não eram muito distantes. Os que estavam do lado de fora poderiam ouvir e isso era a última coisa que ela queria.

– Eu não preciso de um cara que durma com todas para provar que gosta de mim. E eu já cansei disso. - Elena alisou a testa nervosamente. - Eu vou embora, Bonnie.

– Elena, não faça isso.

– Eu não consigo mais ficar aqui.

– Quer que eu peça...

– Não, a última coisa que eu preciso é dos seus cavalheiros imbecis me dando carona.

Elena abrira a porta da cozinha bruscamente. Não olhara para os lados e rumara até a sala com passos firmes. Pegou sua bolsa e abrira a porta sem ao menos olhar para trás.

– Hey, aonde você vai?

Incrível, pensou Elena não parando de andar.

– Hey!

Damon conseguiu alcançá-la com muita corrida. Apoiou a mão no seu ombro, fazendo-a virar.

– Aonde você vai?

– Estou com dor de cabeça e preciso ir para casa descansar.

– Eu te levo.

– Não! - Elena erguera a mão na defensiva. - Eu sei o caminho da minha casa.

Ela não dera a oportunidade de Damon responder. Logo estava muito distante da casa de Bonnie conseguindo um táxi no cruzamento entre o parque e a Igreja distante a dois quarteirões da casa da melhor amiga. Sem muitas opções, o rapaz voltou para dentro, indo até a cozinha sentindo-se estranhamente horrível.

– Cadê ela? - perguntou April, preocupada.

– Pegou um táxi.

– Menos mal – disse Caroline um pouco aliviada.

– Verdade... Odeio quando Elena fica irritada. - disse Bonnie cortando um pedaço da torta para Jeremy.

– Eu acho que preciso conversar com ela. - disse April, puxando o celular do bolso do casaco e buscando o número de Elena.

– Não! - Stefan abaixou o aparelho da mão dela. - A última coisa que Elena vai querer ouvir é sua voz.

– Claro, por culpa de quem?

– Não me culpe. Eu pensei que ela sabia.

– Tem certas coisas que as amigas não precisam saber.

– Grande pensamento. E super-honesto também. - disse Damon.

– Porque não contou para a Elena sobre isso? – disse Tyler

– Agora vocês vão colocar a culpa em mim?

– Essa não é a questão. - Jeremy disse, pousando a colher sobre o prato. - Até eu sabia, April. Até o Matt.

April dera um suspiro.

– Eu não queria contar, porque não fazia sentido. - começou April com dificuldade. Sua voz já estava engrolada devido ao tanto que havia bebido. - Damon sempre gostou da Elena e eu sempre achei que haveria uma possibilidade dela gostar dele também. Contar o que aconteceu arruinaria tudo.

– E realmente arruinou. - completou Caroline ocupando seu lugar.

– Vamos esperar a poeira baixar. Eu falo com ela.

– Damon, você é a última pessoa que ela gostaria de ver agora.

– Elena e eu sempre nos odiamos. Qual seria a diferença disso agora? - Damon encolhera os ombros. - E você deveria falar com ela depois.

– Me diz, para que todo esse teatro? - indagou Stefan, desentendido. - Que eu saiba, Damon é tão pegador quanto eu, fez o que tinha que fazer com a April e Elena sai irritada? Pera aí... Esse filme todo está errado.

– E você está bêbado. - disse Jeremy, rindo.

– Cadê os santos nessas horas? - perguntou Stefan olhando para cima como se estivesse invocando uma divindade.

– Tenho certeza que Elena vai ligar para o Tyler – disse Caroline

– Eu também não duvido muito. - afirmou Damon meneando a cabeça.

– Eu só quero entender o porquê de tanta importância. - Stefan bebericou o vinho mais uma vez. - Elena não gosta de você Damon e até onde eu sei, ele pega quem quiser. Esqueçam-se disso. Logo passa.

Damon não parecia muito conformado com a ideia. Ele sabia perfeitamente que Elena nunca gostou ou iria gostar de sua pessoa, mas sentia-se culpado por vê-la sair daquele jeito da casa de uma de suas melhores amigas. Ele já era famoso em estragar tudo, não precisava acumular mais essa para seu currículo de remorsos.

– Vamos comer a torta e depois vemos o que faremos. - disse Lexi, puxando o prato para si e devorando a torta rapidamente.

– Opa, vibrou!

Risos baixos tomaram conta da cozinha.

– Bonnie, você se importa se eu ir? – disse Stefan cansado.

– Que isso. Pode ir. Esse jantar já terminou faz tempo mesmo. - respondeu Bonnie, dando um meio sorriso.

– Certo! - Stefan lhe dera um beijo na bochecha, fazendo-a abanar o nariz com a mão devido ao cheiro forte de vinho. - Tem certeza que vai conseguir chegar a algum lugar desse jeito?

– Você não sabe de nada, Bonnie, - Damon balançara a cabeça, rindo. - Ele dirige melhor bêbado do que sóbrio.

– Exatamente! - Stefan dera a volta na mesa e fora cumprimentar Jeremy. - Garoto de sorte. Tome conte da minha amiga ou te capo seu safado.

– Eu não casei ainda para você me ameaçar.

– Quando você casar, as ameaças serão piores. - sussurrou Stefan, fazendo Jeremy rir.

– Bom... Eu vou aproveitar e ir também. Preciso descansar um pouco ou não conseguirei acordar a tempo para ajudar na pintura da casa da Lexi.

Stefan se retirou do local rapidamente. Damon se despedira de todos, assim como Stefan e logo partiu em direção ao seu carro. Sem ligar o motor, esperou que o amigo saísse com sua moto e permaneceu onde estava por alguns minutos. Mesmo rindo, ainda sentia-se mal pelo fato de ter feito Elena sair do jantar sem ao menos ter terminado. Saindo do carro, o moreno tocara a campainha de Bonnie que atendera completamente confusa.

– Esqueceu-se de algo?

– Eu queria pedir um pedaço da torta para viagem.

– Ahh, sem dúvidas. - respondeu à morena, sorrindo.

Bonnie não demorou a fazer um embrulho da torta para Damon que voltara para o carro com um único pensamento na cabeça: ir até a casa de Elena e consertar o mal entendido da noite.

Continua...