Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 12
Sem significados


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
Posto maratona hoje hein....
Talvez mais uns dois ou três capítulos...
Quero agradecer aos comentários de vocês... Ameiii!!



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Embora não estivesse hospedada em casa, a garota nem parecia se importar com a bagunça que se alojava em cada canto do pequeno apartamento que resolvera alugar buscando morar com sua amiga April. Que no momento havia saído. Lexi mesmo mantendo-se afastada de NY, não havia sensação melhor no mundo do que àquela que ela estava sentindo: o prazer de estar de volta. Ela mal conteve um largo sorriso quando abrira os olhos naquele final de tarde, onde dormira plenamente sabendo que estava de volta ao lar.

Ela tinha muitos planos para sua estadia em NY. Queria curtir as amigas, badalar como sempre gostava e, quem sabe, arranjar um emprego melhor do que a proposta que a trouxe de volta. Seus pais não escondiam o orgulho da única filha e Lexi não poderia sentir mais orgulho de si por ter batalhado por tudo que tinha sem a ajuda de ninguém, muito menos com a ajuda de seus pais.

Desde que entrara no colegial, Lexi passou a juntar todo o dinheiro que ganhava para engordar  a conta poupança do banco. Mesmo sendo extremamente consumista, Lexi teve uma ditadora ao seu lado que sempre a controlava quando a mesma pretendia exceder o limite do cartão de crédito: Elena Gilbert, a sua melhor amiga. Melhor dizendo, Elena Gilbert a melhor amiga de todas aquelas meninas que andavam juntas até o último ano da escola. Nem mesmo April era tão sua amiga quanto Elena era. Aquele tempo deixava saudades, mas Lexi tinha noção de que as coisas poderiam ser bem melhores agora que estava de volta e que a antiga turma estava prestes a se reunir de verdade. Pelo menos, era o que ela mais almejava sabendo dos riscos que isso poderia trazer.

Lexi tomou todo o cuidado para não tropeçar nas suas muitas malas, quando se dirigiu até o banheiro para dar um ânimo no visual. Com toda a calma que tinha, ela despiu-se e se entregou ao chuveiro gelado que logo a despertou sem um mínimo de esforço. Seus olhos estavam apertados e Lexi logo se lembrou de como suas costas doíam devido ao desconforto que sempre sentia quando passava algumas horas presa dentro do avião.

O engraçado era que, nos dois dias anteriores a sua chegada, aquele cansaço todo não pertencia a ela e muito menos fora lembrado. Ela permitiu que sua mente divagasse para o dia em que voltara a cidade. Seus olhos, agora abertos, pareciam fora de foco quando se lembraram de Elena e Damon bastantes extrovertidos naquele parque. Por mais que fosse de se espantar, os dois nunca tiveram aquele tipo de comportamento com relação ao outro e Lexi não poderia esconder sua surpresa quando, ao final da noite, ele a presenteara com um ursinho de pelúcia. Se aquilo tivesse acontecido na época em que todos tinham 17 anos, com certeza aquela cena seria um eterno motivo de piadas.

Durante o percurso de volta, Lexi conseguira tirar algumas novidades de Stefan, mas nada que a tivesse surpreendido mais do que Elena Gilbert não estar na faculdade. Quando terminaram a escola, a morena havia colocado isso em seu tópico de vida primordial e não era fácil de acreditar que sua melhor amiga apenas estava trabalhando para manter o tempo que lhe sobrava ocupada com algo que realmente não tinha nada a ver com ela. Pensou se ela estava com problemas e anotou mentalmente em dar uma ligada assim que encontrasse roupas decentes perdidas em cada canto daquele apartamento.

Tyler aprendiz de médico, ela já tinha ideia. O garoto sempre dava uma de herói para as garotinhas que se safavam machucadas da Educação Física. Lexi lembrou-se do quanto às garotas chegavam perto dele para deixá-lo completamente embaraçados. Dos sete (Damon, Stefan, Matt, Jeremy, Tyler, Klaus e Kol) garotos que infernizavam a escola, Tyler tinha sido o mais tímido e era grande novidade saber que fora ele o primeiro deles a manter um relacionamento sério e duradouro. Bom, pensou Lexi por alguns instantes, Tyler sempre fora o número um então não é de se chocar que tenha conseguido tudo primeiro. Ela não deixou de sorrir ao lembrar-se da tentativa tonta que teve ao tentar roubar um selinho dele bem na noite do baile de formatura. Ainda bem que estava bêbada na noite e não se lembrava de muita coisa, mas Bonnie fazia questão de lembrá-la toda vez que estavam juntos no mesmo espaço.

Mas novidade sempre foi e sempre será Stefan. Mas o que tinha se passado na cabeça dele para casar com Katherine e sair fugido do relacionamento? Indagou Lexi ao sair do chuveiro e tateando em busca da toalha. Ela sabia que ele tinha meio que uma queda – uma queda de avião, melhorou mentalmente – pela morena de longos cabelos ondulados que tinha o sorriso extremamente arrebatador. De todos, Lexi sempre teve a certeza de que Stefan terminaria sendo o único solteiro, com um monte de filhos e pagando pensão a todos eles. Era um pensamento cruel, mas era o mais certo para o futuro daquele que simplesmente não conseguia passar mais de 24 horas longe de um rabo de saia.Ele era atraente e tudo mais, mas ele precisava de alguém que o colocasse no lugar e ela imaginou se conseguiria fazer isso.

Alimentar algo por Stefan depois de muito tempo era estranho, porque ela simplesmente conseguia agir como se nada estivesse acontecendo dentro dela. Quando ele foi ela e April no aeroporto, àquela sensação de borboletas no estômago se fez presente causando uma breve tremedeira em suas pernas. Ele era alto, forte e simpático. E tinha um charme tão forte que de vez em quando ela sentia uma enorme vontade de lhe acertar as fuças para que ao menos ele tentasse ser menos sedutor, mesmo sem querer que isso acontecesse. Sonhadora, ela se fitou no espelhou e tentou imaginar como seria agora. No tempo que esteve fora, eles sempre trocavam e-mails ou torpedos. De todos da turma, Stefan foi o que se fez mais presente e o medo de que tudo fosse diferente e a afligiu de maneira arrebatadora.

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April também estava pensativa enquanto caminhava de volta para o apartamento, ela queria muito ir ver suas amigas. Principalmente Elena. Foi quando se lembrou do não menos importante Damon Salvatore e seu sentimento nada camuflado por Elena Gilbert. Todas as vezes que ele aparecia com cantadas furadas lançadas a ela, April pensava que eram piadas apenas para provocá-la, mas tudo mudou quando ele a convidou para ir ao baile de formatura. Elena recusou óbvio, e desde aquele momento Damon passou a evitá-la de uma maneira nada esperada fazendo a morena crer que o que Damon alimentava por ela era um ódio mortal. A relação deles era surreal e distante demais e sua mente logo a levou para o episódio no parque de diversões pela segunda vez.

Damon parecia mais magro e cansado. O sarcasmo que ele costumava ter se dissipou, parecendo que foi doada para Stefan que se tornou mais impertinente do que era antes. Os risos que o moreno sempre lançava na direção de Elena, não foram constantes, pois ele parecia concentrado demais em voltar para casa do que ficar com eles, bancando as crianças que não tiveram infância em público. April pensou por alguns segundos que havia algo errado com Damon, mas logo ponderou sua imaginação insana já que estava exausta demais para analisar como ele estava ou não. Eles nunca tiveram um contato direto e não cabia a ela julgar como Damon estava ou não. De fato, ele parecia socialmente bem e era isso que lhe bastava notificar.

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Depois de uma longa busca por roupas, Lexi resolveu fazer uma breve análise sobre Elena Gilbert. Ela parecia não estar em seu juízo normal ao se submeter em apenas trabalho e deixar de lado os estudos. Mesmo não perguntando, ela já fazia ideia que a amiga não havia desistido completamente da hipótese de estudar, mas era um desejo que parecia muito distante dela. A morena chegou a notar que Elena parecia infeliz e, para se sentir mais aliviada e menos preocupada.

Com olhos atentos, Lexi consultou o relógio e lamentou ser tarde e resmungou baixo por ser segunda-feira. A loira jamais crescera com vontade de largar os pais e se seguir seu caminho já que era muito apegada a eles, mas ela tinha o extremo senso de que precisaria aprender logo sobre a vida, antes que corresse o risco de se perder e não ter os pais para recorrer.

E citando recorrer, Lexi fitara as paredes realmente convictas de que precisaria de alguém que desse uma animada na tinta amarelada que muito lembrava mofo. Mesmo com as luzes acessas, o ambiente parecia opaco demais e isso fora um motivo excelente para ela encher o saco de Stefan na desculpa de querer ajuda para encontrar alguém digno para fazer o apartamento ficar o mais confortável para ela conseguir sobreviver. Sem demora, pegou o celular já sendo pega pela voz de Stefan que parecia ter esperado aquela ligação.

– Fala Loira aguada

Loira aguada realmente a irritava e ser chamada daquele jeito a deixava completamente fora de si. Mas, ela poderia esperar qualquer apelido novo vindo de Stefan e, sorrindo, mudou a posição do celular para a outra orelha.

– Adoro quando você me chama assim... – disse ela meio ironicamente, arrancando um risinho desdenhoso do garoto do outro lado da linha.

– Eu sei disse, Lora, por isso te chamo desse jeito para que você nunca se esqueça de mim. – brincou Stefan, ainda rindo. Irritar garotas era seu ponto forte. Irritar Lexi era um favor que fazia a ela.

– Como se isso fosse completamente impossível, certo? – indagou Lexi com os olhos contraídos imaginando suas mãos em volta do pescoço de Stefan, sufocando-o aos poucos. Às vezes, ela pensava que gostar dele era apenas fruto da sua imaginação, pois passava metade do seu tempo imaginando como seria estrangulá-lo todas as vezes que ele fazia algo que a irritasse.

– De fato, me senti completamente importante agora. – disse ele, todo cheio de si. – O que deseja a essa hora, Lexi?

– Como eu sei que você é completamente cheio dos contatos, preciso que me dê um número de alguém que possa pintar meu apartamento.

Stefan dera uma gargalhada do outro lado da linha, fazendo Lexi ficar aturdida. Qual seria a graça de pedir alguém para pintar seu apartamento?

– Você só pode estar brincando comigo, certo?

– Desde quando pedir alguém para pintar minhas paredes é sinônimo de piada?

– Lexi, quem pintou as paredes de onde estou morando agora foi Damon, Tyler, Matt e eu. Para que pedreiro? Você vai gastar dinheiro à toa.

Realmente. Lexi lembrou-se do quanto sua mãe resmungava toda vez que contratava alguém para arrumar alguma coisa na casa cobrando um absurdo e não fazendo nada direito.

- Viriam até aqui pintar todas as paredes do meu apartamento? Além disso, vai além de cores. Tem um papel de parede horrível no banheiro que me dá até medo.

– Até poderíamos ir, mas tem que ter comida, bebida, ou melhor, um churrasco de boas-vindas à Lexi.

Foi à vez de ela rir. Stefan realmente não devia saber o que era morar em um cubículo.

– Churrasco não se faz em apartamento seu idiota, só se eu tivesse uma cobertura. E, outra, se vocês vierem aqui pintar minhas paredes ficaria extremamente grata por economizar dinheiro.

– Mas eu não sei se Tyler e Damon estarão desocupados. – Stefan enrugara a testa. - Eu vou estar!

Lexi fizera uma pausa para pensar. Ficar sozinha com Stefan parecia interessante, mas ela logo se lembrou do quanto ele a deixava embaraçada mesmo que lançasse o mesmo nível de ironias na direção dele.

– Tem como você conversar com eles? – perguntou Lexi, escondendo um suspiro. Suas bochechas esquentaram por isso.

– Eu posso tentar, mas não garanto nada. – Stefan fizera uma pausa seguida de outro risinho. Aquele risinho que provava que ele havia pensado em algo fora do comum. – Chame as garotas!

Lexi arregalara os olhos, surpresa.

– Que meninas, Stefan? – perguntou Lexi, confusa. – Eu não vou fazer da minha casa um bordel de corpos pintados, fique você sabendo disso.

– Eu adoraria pintar você!

– Filho da...

– Eu concordo minha mãe não presta mesmo.

Stefan deixou que sua gargalhada ecoasse do outro lado da linha, fazendo Lexi acompanhá-lo, mas não com muito entusiasmo.

– As meninas a que me refiro é Elena, Bonnie, Caroline, April e Katherine. Vamos fazer uma turma de pintores para deixar sua parede uma beleza.

– Hmm... Você está disposto a encarar Katherine? Depois do que você fez?

– Eu estou disposto a tudo. Nada me faz parar e você sabe disso.

Lexi mudara o celular de orelha mais uma vez, deixando expressar seu nervosismo. Seria Caroline e Tyler, Elena e Damon, Bonnie e Jeremy, Matt e April, Stefan e ela e Katherine sozinha. Já que ela está brigada com o Stefan. Grande turma.

– Acho que não vai ser uma boa ideia, Stefan. Você e Katherine provavelmente vão se matar e Elena e Damon nem se fala.

– Não custa tentar e, outra, faz tempo que não ficamos todos juntos.

– Nós nunca ficamos juntos sem nos matar.

– Seria uma boa hora!

– Stefan, ninguém foi amigo durante a escola. Não faz sentido.

– Então, deixa que eu convide o povo mais difícil. Você apenas cuida da Gilbert.

– E o que me diz de Bonnie?

– É só levar Jeremy de tiracolo.

– Parece justo!

– Totalmente! – concordou Stefan. – Sábado às nove?

– Perfeito!

– Estaremos aí então! Consegue sobreviver com essas paredes mundanas?

Lexi riu e olhara para as paredes. Ela poderia sobreviver chegando a casa apenas para dormir.

– Acho que consigo sobreviver! – finalizou ela, deixando escapar um riso.

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Ao saírem do pub a noite já caíra e o vento do Outono parecia mais cortante que o normal. Elena lançara um olhar rápido para cima, assegurando-se de que não choveria até ela estar segura dentro de casa. O movimento nas ruas não estava frenético e as luzes baixas já tomavam conta das ruas que agregavam aqueles que queriam se aliviar do estresse que toda segunda-feira acabava rendendo. Suas mãos estavam seguras nos bolsos do casaco enquanto caminhava ao lado de Damon em direção ao metrô. Pelas ruas cruzadas, a morena sabia que poderia muito bem pegar um ônibus, mas ela estava querendo aproveitar a companhia dele para compensar os dias em que não teve notícia alguma do rapaz.

Compensar refletiu ela dando uma olhada de canto na direção de Damon. Ele parecia preocupado em não manter contato com ela, depois do que haviam conversado dentro daquele pub. Era estranho que em um momento eles pareciam duas pessoas normais conversando e, em um estalar, se tornassem dois estranhos que não faziam questão em se encarar. Elena estava sentindo a garganta ficar seca e seus punhos se fecharam provando a imensa vontade que estava de conversar.

Conversar, sua mente parecia gritar ao lembrar que ela e ele não costumavam conversar. Era um fiasco manter uma conversa civilizada com Damon e, vendo que isso estava sendo mudando aos poucos, Elena não queria que acabasse. Não daquele jeito frio e distante. Talvez quando se dessem as costas, ela não seria capaz de telefonar ou passar na casa dele, porque simplesmente não era do seu feitio. Mas a vontade de estar perto parecia crescer de maneira angustiante em seu peito que pareceu paralisar quando ele finalmente a fitara com seus olhos azuis que pareciam ter ganhado um ar tristonho completamente fora do habitual.

– Vai para casa agora?

A voz dele havia soado rouca e descompromissada. O Damon que se preocupava com seu bem-estar, parecia ter ido embora e isso deixou Elena completamente desconcertada.

– Irei! – respondeu Elena, ainda com as mãos seguras nos bolsos do casaco, fazendo um grande esforço para não encará-lo.

– Quer que eu te acompanhe?

Ela parou de andar e fitou Damon nos olhos com certo inconformismo. Ela sentira uma raiva possuir seu corpo, uma raiva que a muito tempo não sentia. Que diabos Damon pensa que está fazendo?

– Damon, o que acontece com você?

Os músculos do corpo de Damon se enrijeceram diante da acusação. Ele não sabia o que de fato estava acontecendo. Só estava agindo da maneira que lhe convinha.

– Como assim? – devolveu ele, confuso.

– Esse seu repentino interesse de querer minha companhia. – Elena enrugara a testa, mas Damon nem prestara atenção ao gesto.

– Interesse repentino de querer sua companhia? – Damon rira desgostosamente. – Como sempre presunçosa.

– Não estou sendo presunçosa, Damon. – corrigiu Elena, tentando manter toda a calma possível.

– Não? – Damon indagou alteando uma sobrancelha. – Como me explica o eterno fato de você sempre achar que tudo o que eu faço é em torno de você?

Elena encolhera os ombros. Ela não deveria ter começado àquela discussão sem nexo. Aquilo poderia durar longos minutos de acusações e xingamentos e ela não estava no pique para isso.

– Damon, eu só quero saber por que está aqui comigo agora. – Elena falou calmamente tomando todo o cuidado para que aquelas palavras entrassem com cuidado na mente de Damon.

Ele a fitou. Aquele olhar que estudava toda a face inexpressiva da garota diante dele. Damon viu que as mãos dela estavam seguras dentro do casaco e vira finos sinais de rubor nas bochechas desprotegidas do vento. Mas, ao fitar os olhos dela, ele teve a certeza de que sua companhia estava criando indagações extremas para ela. Elena estava séria e ao mesmo tempo calma. Fator inédito pensou ele chacoalhando a cabeça.

– Saber disso é importante para você?

Damon não sabia o que responder. Ele não sabia por que estava agindo daquela maneira e queria uma explicação das razões que o fizera se encontrar com Elena naquela tarde. Realmente, parecia que tudo o levava na direção dela, mesmo que tivesse mantido certo afastamento depois do episódio do parque de diversões.

Ela, no entanto, queria respostas. Queria saber por que do nada ele se interessava por seus problemas. Por suas crises. Por que simplesmente não a deixava sozinha? Ela sabia muito bem tomar conta de seus problemas e, mesmo que ele tentasse ajudar, Elena não se sentia confortável. Ele não gostava dela, por quê se preocupar? Era o que Elena pensava. O medo de depender da companhia de Damon era tão grande, que ela manteve a distancia dele caso ele resolvesse tocá-la.

– Se não importasse não estaria perguntando. – Elena o fitou com veemência. Sua garganta estava ficando seca a cada minuto. Ela queria falar. Queria soltar tudo que sentia, mesmo que não estivesse sentindo absolutamente nada.

– Elena... Eu simplesmente não sei o que te responder. – Damon se afundava naqueles olhos absurdamente castanhos...

– Então faz por fazer?

– Não foi isso o que eu queria dizer.

– Mas pretende certo? – Elena disse com certa ironia. – Você ainda tem raiva de mim por causa do baile de formatura.

– Pare de distorcer o que estou dizendo. – pediu Damon, começando a se irritar. – E eu não tenho raiva de você por causa disso. Nem lembrava mais para dizer a verdade.

– Não estou distorcendo o que você está dizendo. – retrucou Elena, impaciente. – Quero que me responda o que perguntei sem ladainhas. O que faz aqui comigo, Damon?

– Parece que você não se lembra de que nos encontramos que ofereci algo para comermos juntos e conversar. E, a parte mais importante, foi quando você aceitou e provavelmente você deve ter esquecido também. – Damon olhou para cima, como se estivesse revendo todo a sua tarde. – Estou muito errado? Se você não quisesse não teria vindo. E como você está aqui, eu também quero saber por quê.

Eles se fitaram em silêncio. Parecia que estava sendo difícil ambos admitirem que estivessem apreciando a companhia um do outro, as conversas e as risadas que nunca tiveram oportunidade de dividir. Parecia mais justo jogar a culpa em alguém do que neles mesmos, pois seria o mais correto para fugir do que eles tinham realmente a dizer e do que realmente sentiam quando estavam próximos.

– Porque eu queria companhia. – respondeu Elena incisiva. – Eu queria ter com quem conversar, só não esperava que me mandassem você.

– E desde quando você tem interesse em conversar comigo?

– Damon, isso não vai ficar em torno de você. – disse Elena, quase musicalmente. – Não fui eu que comecei com isso.

– Você me ligou na noite do parque!

– Eu queria saber se você estava bem! – respondeu Elena, secamente. Aquilo estava começando a machucar. – Mas você me chamou para sair e...

– E você aceitou novamente! – interrompeu-a Damon com energia.

Ela tirou os cabelos da face, sentindo a irritação e o encarou com dignidade.

– Você quem me deu o urso sem eu pedir, Damon.

Damon não se lembrava do urso. Se tivesse lembrado, com toda a certeza acreditaria que Elena tivesse jogado no lixo mais próximo. Sentiu as bochechas esquentarem ao lembrar que tinha feito aquilo e sentiu-se um estúpido por ter esquecido. Pela demora de sua resposta e a visível maneira com que ficou desconfortável. Elena notou que ele havia esquecido e  pensou que ele apenas deu o presente por dar e, do nada, lhe dera as costas.

– Hey, Elena, aonde você vai? – perguntou Damon, acordando dos seus pensamentos e caminhando atrás dela.

– Estou indo para casa, Salvatore!

Salvatore! Pela primeira vez, ser chamado daquele jeito doeu como se estivesse sido acertado no estômago.

– Espera! – ele a alcançou com extrema facilidade. Parecia que Elena havia esquecido que ele tinha sido o capitão do time de futebol da escola. – Me escuta!

– Eu não tenho nada para escutar. – disse ela, bruscamente.

– Eu me esqueci do urso, mas pensei que não tivesse sido grande coisa.

Ela virou-se de uma maneira que parecia ter levado uma eternidade. Não fitou Damon e nem dera indícios de aceitar desculpas.

– E por que você deduziu isso?

– Nada do que faço ou deixei de fazer você aprecia. – respondeu Damon, simplesmente. – Por que se lembraria de um urso?

Ela inclinou a cabeça para o lado, fitando-o com serenidade.

– Porque foi o ato mais sincero que você teve com relação a minha pessoa, Damon. – respondeu ela, ajeitando a bolsa nos ombros. Sentira o coração palpitar muito forte quando ele a fitou de maneira ressentida. – Eu preciso ir! A gente se esbarra por aí!

– Elena...

– Não precisa se preocupar ou se desculpar, Damon. – ela lhe dera uma palmadinha no ombro. – Eu sei que você se sente desvalorizado e eu meio que ajudei nisso. Eu só quero que perceba o que está fazendo agora. No que você pensa agora. Ficaria tudo muito mais fácil.

– Mas eu não venho pensando em muita coisa ultimamente, Elena.

– Acho que é hora de começar!

Ela virou-se mais uma vez, deixando que seu perfume suave invadisse as narinas de Damon. Ela se sentia frustrada e estranhamente vazia. Deixar ele para trás, depois do tempo que haviam passado juntos, estava sendo doloroso demais. Por que tinha que aceitar, sua idiota? Pensou ela abraçando o próprio corpo na tentativa de se proteger da ventania. Sua cabeça girava a mil por hora e uma vontade de vomitar fizera suas pernas cederem um pouco. Não é possível que Damon estivesse mexendo tanto com ela. Teria que voltar a ser durona, mesmo que desligasse o celular para não atender Damon caso ele ligasse.

Esperançosa, a vozinha irritante que se fazia presente nos momentos inoportunos, passou a perseguir a morena a caminho da casa. Antes de atravessar a rua, ela virou-se para trás e pôde ver Damon fitando suas costas com o celular pendurado na orelha. Ele parecia tagarelar demais, mas ela não fizera questão de notar. Com certeza estaria se gabando de alguma coisa e ela não queria acrescentar mais isso ao seu desespero.

Mas se pudesse, voltaria até onde ele estava. Seu coração pulsava com extrema força parecendo que iria saltar pela sua boca a qualquer instante. Ao atravessar a rua, ela tinha absoluta certeza de que não veria mais Damon. Soava de maneira reconfortante, mas não parecia justo. Suas mãos suaram só de imaginar não conversar com ele mais e sentiu-se patética por isso.

Só que algo dentro dela já avisava que nada era mais como antes. A antiga Elena havia desaparecido com a necessidade que ela vinha sentindo de não estar ao lado de Damon o tempo todo. Lembrou-se da promessa que fizeram. Será que havia tido algum valor?Provavelmente não, pensou ela avistando a entrada da estação e descendo as escadas com extrema lerdeza.

 A única coisa que pensava agora era de se afundar nos travesseiros e não pensar em mais nada. Queria que o sentimento de estar possivelmente gostando de Damon se dissipasse, mas ela já temia que fosse pega pelo sentimento mais desesperador que já ouvira falar: O amor.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Calma minha gente...
Como posto maratona talvez hoje mesmo eles se entendam...