Dias Depois...

 Tuana já tinha contado para suas amigas sobre o jantar com Felipe pelo menos um milhão de vezes. Mas ela não se cansava de repetir, de lembrar daquela noite que tinha sido perfeita. E as meninas já não agüentavam mais ouvir aquilo que sabiam decorado. Mas não tinha jeito. Tuana não falva em outro coisa.

- Tuana! Já faz dias! – Camila falou tapando os ouvidos. – E nós já sabemos essa história todinha do começo ao fim!

 Tuana parou de falar, mas não de sorrir. Ultimamente ela tinha sorrido muito.

- Pois é! – Brenda concordou. – Você já pode virar o disco!

- Vocês são umas chatas invejosas! – Tuana disse. Ela gargalhou em seguida com as caras que as meninas fizeram.

- Coitada. – Camila disse bocejando.

 As três estavam no condomínio de Brenda. Era uma sexta à tarde e não tinham nada melhor para fazer. Estavam ali só passando o tempo, sentadas ao lado da piscina.

- Tuana, pula! – Camila desafiou.

 Tuana olhou pra ela cerrando os olhos. Depois virou e olhou para a piscina. Colocou a mão dentro e ficou brincando com a água.

- Vai, pula aí! – Camila insistiu.

- Pula você! – Tuana disse. E jogou respingos de água em Camila.

 Elas iam começar a brincar ali, mas pararam quando ouviram o barulho na água e viram que Brenda tinha pulado, de roupa mesmo.

- Vocês duas só fazem falar. Nenhum tem atitude! – Brenda disse de dentro d’água.

 Tuana e Camila riram.

- Vão mandar você sair daí com toda essa roupa. – Tuana disse. No condomínio de Brenda só podia tomar banho de piscina com roupa adequada para isso.

- Eu me escondo por aqui. Eles não vão ver. – Brenda disse. – Agora, quem é que vai entrar aqui? – Ela começou a jogar água nas duas meninas.

 Camila e Tuana levantaram fugindo dos espirros. Nesse momento, Camila aproveitou a distração de Tuana e a empurrou para dentro da piscina. Depois ficou rindo enquanto Tuana subia para a superfície, ofegando e com raiva.

- Você está doida! – Tuana gritou. – Meu celular tava no meu bolso!

Camila gargalhou mais ainda. Brenda ria também ao lado de Tuana, vendo o desespero dela procurando o celular dentro da piscina.

- Seu celular está aqui, sua lesa! – Camila disse ainda rindo. Mostrou o celular que estava muito bem salvo fora d’água.

- É, mas agora eu vou pra casa toda molhada! – Tuana ainda falava com raiva. – E se meu celular tivesse aqui comigo? Eu tinha matado você, Camila!

- E por que toda essa preocupação com esse celular? – Camila perguntou. Tentava parar de rir, mas não conseguia.

 Tuana não respondeu, mas lançou um olhar raivoso para Camila.

- É porque o celular é o meio de contado dela com o amor, o chicletinho dela né?! – Brenda disse.

 Tuana nadou até onde Brenda estava e pulou em cima dela. Camila riu mais ainda.

- Ah, é mesmo! – Camila disse. – Ei, que tal a gente mandar um mensagem pra ele?!

- NÃO! – Tuana largou Brenda e começou a nadar em direção a borda onde Camila estava.

 Brenda agarrou ela, impedindo de ela sair.

- Vamos ver, o que eu escrevo? – Camila olhava concentrada para o celular de Tuana.

- Nada! – Tuana gritava, tentando se soltar de Brenda. – Me solta! Não ouse enviar mensagem nenhuma!

- Que tal “amor da minha vida, meu chiclete de menta...” Que gosto Felipe tem, Tuana? – Brenda disse.

 Camila estava morrendo de rir agora. Brenda ria também, segurando Tuana.

- Que tal o clássico “Felipe meu amor, meu pini... – Camila parou de falar com Tuana gritando. Já estava chamando atenção das pessoas por ali.

- CAMILA!!! Solte meu celular agora! – Ela gritou. Camila ria tanto que sua barriga doía.

 Soltou o celular de Tuana e sem pensar pulou na piscina também. Tuana se soltou de Brenda e foi pra cima de Camila, que começou a nadar pra longe dela.

- Eu vou matar você! – Tuana dizia atrás dela.

 Camila ria mais.

Depois que elas se resolveram, ficaram só ali paradas, boiando na água, olhando o céu que estava no crepúsculo.

- Ei, as férias estão chegando, finalmente! – Brenda falou.

- Vai pro interior, Tuana? – Camila perguntou.

- Eu não sei. – Tuana respondeu.

- É claro que ela não vai! – Brenda disse. – Não pode ficar longe do chiclete dela, né!

- Para com isso! – Tuana disse. – Eu só não sei...

 Elas riram. Depois o silêncio voltou durante um tempo onde elas relaxavam.

- Bora nadar! – Camila disse ficando em pé. – Ver quem consegue dar duas voltas prinmeiro.

- Não gosto dessa brincadeira. – Tuana disse.

- Claro, você sempre perde. É muito lenta. – Brenda disse. – Mas vai assim mesmo. Tem que um perdedor né!

 Tuana jogou água no rosto de Brenda, que riu.

 Elas foram até uma ponta da piscina e se prepararam.

- No três a gente sai. – Camila disse. – Mas Brenda, vamos dar uns segundos de vantagem pra tutu...

 Tuana jogou mais água nas duas, que riram.

- Haha! – Tuana fingiu achar graça.

- Então vamos. Um... Dois... TRÊS! – As três começaram a nadar.

 A água estava toda agitada com as batidas de pernas e braços. Não dava pra enxergar muita coisa. Camila e Brenda deram a primeira volta e já estavam voltando novamente para o outro lado. Camila nadava com os olhos fechados e braços na frente do corpo. E foi aí que ela sentiu batar em alguém e parou, emergindo da água. Era Tuana que estava parada no meio do “caminho” da corrida.

- Tuana, não é pra roubar não... – Camila parou de falar quando olhou bem pra Tuana e viu que ela estava pálida. – Tuana, você está bem?

 Do outro lado da piscina Brenda tinha ganho.

- Ganhei! – Ela foi ao encontro das meninas. – O que vocês tão fazendo paradas aqui...

 Não deu tempo nem de piscar porque Tuana vomitou ali dentro da piscina, na frente das meninas que se afastaram rapidamente. Alguns segundos se passaram, Camila e Brenda surpresas com o que tinha acontecido. Quando pensaram em chegar perto de Tuana para ajudar, ela vomitou novamente. Mais alguns segundos de espera e parecia que dessa vez tinha acabado. Camila e Brenda se aproximaram pelos lados onde não tinha vomito.

- Tuana, vamos sair da piscina. – Brenda disse e ela e Camila foram ajudando Tuana a sair.

 Tuana estava mesmo pálida e respirava rapidamente. As meninas a sentaram numa cadeira. Brenda pegou uma toalha pra Tuana. Ela passou pelo rosto. Não falaram nada durante um tempo, a deixaram se recuperando um pouco.

- Acho que ninguém toma mais banho hoje. – Tuana disse depois de um tempo, observando a piscina onde o vômito já se espalhava.

- Eu acho também. – Camila disse.

- Tuana, o que foi isso? – Brenda perguntou.

- Eu sei lá! – Tuana disse. – Do nada fiquei tonta e enjoada. E aí depois eu tava vomitando dentro da piscina.

- Percebemos. – Camila disse. Dava pra rir da situação.

- Você começou alguma coisa estragada? – Brenda perguntou.

- Não que eu saiba. – Tuana disse.

- Você ainda ta com vontade de vomitar? – Camila perguntou. – Porque se tiver avise logo. Não quero ir pra casa cheirando a vômito.

 As três riam um pouco.

- Não faço ideia do motivo disso. – Tuana disse.

- Você deve ter comigo algo mesmo estragado. – Brenda comentou. – Toma um remédio quando chegar em casa.

- É, deve ser besteira mesmo. – Tuana concordou.

 Tuana ficou um tempo mais sentada, mas depois resolveu que era melhor ir pra casa. Ela foi caminhando mesmo, porque Camila não ia embora naquela hora ainda. De vez em quando olhava pra trás com esperança de Felipe aparecer pelo caminho para dar uma carona pra ela. Mas sabia que isso não aconteceria, porque ele estava num jantar importante com o pai dele.

Pareceu uma eternidade, mas ela finalmente tinha chegado em casa. Foi direto atrás de um remédio. Tomou e correu para o banheiro para escovar os dentes. Tinha que tomar banho, tirar aquela roupa molhada, mas estava com preguiça. Deitou na cama daquele jeito mesmo, só para dar uma relaxada. Um tempo depois seu celular tocou. Ela ficou um pouco mais feliz, porque ela Felipe.

- Boa noite, amor! – Felipe disse.

- Oi! – Tuana disse tentando parecer feliz.

- Você está bem? – Felipe perguntou.

- Eu to sim. – Tuana disse. A cabeça dela doía um pouco agora.

- Hm... – Felipe disse sem acreditar muito. – Amor, esse jantar está sendo um saco. Eu vim no banheiro só pra poder falar com você.

Tuana riu dessa vez.

- Fico feliz por achar que eu sou mais legal que o jantar. – Ela disse.

- Pois é mesmo. – Ele disse rindo. – Queria poder estar com você agora. Te abraçar, beijar e fazer umas coisas... Ah, oi pai. – Tuana ouviu Felipe falar do outro lado da linha. – Ta, já vou. Amor, meu pai aqui me chamando pra comer. Você nem imagina o quem tem pra comer. Comida japonesa. Sabe, logo aquelas coisas cruas que eu odeio...

 Tuana perdeu o sorriso que estava em seu rosto um minuto antes. E estava vomitando em cima da sua cama agora.

- Tuana, você ta bem? – Felipe perguntou preocupado. – Isso foi barulho de... vômito?

 Tuana limpou a boca. Ficou enjoada de novo quando ele falou da comida.

- Nada amor. Besteira. – Ela disse. – Olha, depois a gente se falava ta. Eu preciso ir tomar banho. Beijos!

- Tuana, espera... – Mas ela desligou sem terminar de ouvir o garoto.

 Tuana olhou para aquela sujeira em sua cama. Teve vontade de vomitar mais, mas agüentou. Que porra é essa? Ela pegou umas coisas e começou a limpar a cama. Trocou a coberta e tudo o mais. E partiu para o banheiro para tomar um banho. Precisava de um bom banho para se renovar. Durante esse tempo ficou pensando no que poderia ter comigo para estar assim... Besteira, provavelmente.

Talvez fosse besteira... Talvez não...