Twilight escrita por Nara


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! Eu demorei, eu sei, a vida é o maior corre, mas eu trouxe.
Algumas de vcs me mandaram MP's e eu vou comentar sobre isso, mas não vou prolongar muito o assunto aqui. Enhoy!



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Segundo Capítulo


O fim de semana havia chegado, era o primeiro que Bella passaria na casa de seu pai e ela não sabia como seria. Na Califórnia ela costumava passear com sua mãe, pela praia ou em outros lugares, e esse hábito se dava mesmo depois que sua mãe se casara e todos mudaram para Phoenix.


Quando Bella acordou pela manhã, seu pai já tinha saído, ela encontrou um bilhete na geladeira que dizia que ele tinha saído para trabalhar, mas que não demoraria. Ainda no bilhete, ele pedia desculpas por a dispensa estar praticamente vazia, mas que ele tinha deixado dinheiro para que ela pudesse comprar comida.


Ela devia saber que seu pai era um péssimo cozinheiro – assim como sua mãe. Então ela separou uma roupa, pegou sua bolsa e dirigiu até o mercado. A Thriftway não era longe, como tudo, estava à beira da avenida principal. Não era um hipermercado, mas tinha o necessário. Ela colocou tudo no carrinho e pensou no que faria para o jantar. Comprou também uma barra de chocolate, que era o seu vicio. Depois de ter pagado tudo, – sendo que a moça do caixa havia a encarado – colocou as compras em seu carro vermelho e decidiu dar uma volta pela cidade. Onde será que tem uma loja por aqui? O shopping é longe?


Encontrou então uma pequenina loja de roupas, calçados e acessórios. Ela refletiu bem se seria boa idéia entrar no estabelecimento ou se seria apenas perda de tempo, já que era um lugar tão minúsculo. Mas loja era loja.


O local tinha uma aparência bastante aconchegante com um aspecto bem moderno. A mulher que atendia – a única da loja – era de estatura mediana, com longos cabelos loiros e olhos azuis, com a pele muito branca e os lábios finos.


– Olá, eu me chamo Natalie. Posso ajudar? – A loira indagou.


– Ah, sim. Bem, vou começar dando uma olhada, não conheço à loja. – respondeu Isabella.


– Você não parece ser aqui de Forks, tem estilo demais para isso – riu um pouquinho – É nova na cidade?


– Sou. Eu me mudei há uns dois dias, eu venho de Phoenix.


– Phoenix? Ah... O vale do sol. Sabe, eu também sou nova aqui, mais ou menos... Eu me mudei há alguns anos de Bonn, vim direto para e Washington. Mas são os meus primeiros meses aqui em Forks. Eu trabalhava em uma loja em Seattle e eles me escalaram para tomar conta dessa filial aqui. – a mulher tagarelou enquanto Bella escolhia uma sandália. Ela notou que os preços da loja não eram os mais elevados, mas também não eram os que o pessoal de Forks pagaria. Quem sabe alguma patricinha da Califórnia...


– A loja tem bastante movimento? – Bella indagou curiosa.


– Ah, um pouco. Não é tão frequentada, mas eu recebi alguns pedidos, sabe do catálogo. As garotas encomendam alguns vestidos, principalmente quando tem os bailes do colégio. Nos cabides estão somente as mais simples, o pessoal de Forks não gostaria de preços tão salgados.


– Falamos da população de Forks como se fossem um monte de mendigos – ambas riram.


– E então, gostou de algum? – a vendedora perguntou com relação aos sapatos.


– Sim, tem uns realmente muito lindos. Eu quero experimentar... Aquele, aquele e aquele. – Indicou os calçados da vitrine.


As sandálias tinham ficado muito bem nos pés de Isabella, pareciam confortáveis. Ela pediu para embrulhar e ainda comprou uma calça, uma jaqueta e duas lindas blusas de manga longa.


– Eu estou feliz por hoje, você é a minha segunda melhor cliente.


– Segunda? – Perguntou curiosa. Ela sabia que a loira iria falar.


– É... Uma garota, da sua idade se não me engano, ela veio aqui e levou metade da loja, as roupas mais caras, e ainda encomendou umas 30 páginas do catálogo. Com certeza você já deve ter notado, era uma garota linda. Se não me engano ela é filha do médico, o mais conhecido da cidade. O Ca... Co... Ca... Cullen, isso, Cullen.


– Cullen?


– É sim. Você conhece? – Perguntou notando o aparente espanto da jovem.


– Bem... Eu sou da mesma turma que um Cullen. É um jovem rapaz chamado Edward. – Respondeu da forma mais natural que conseguiu, mas corou enquanto entregava seu cartão de credito para Natalie.


– Ah, sim... O bonitão. – Fez uma pausa para passar o cartão de Bella na máquina. – Então Isabella Swan... Muito obri... Swan?


Bella riu da cara que a loira fez. – Algum problema?

A mulher negou, mas não parecia algo muito natural. Bella deu de ombros, ela devia apenas ter percebido que ela era a tão falada filha fujona do xerife.

Depois de ter colocado todas as sacolas no carro e se despedido da vendedora, Bella segui para casa. Estava no começo da tarde, pelo visto Charlie não voltaria para o almoço, então ela decidiu checar seus e-mails.


Sua mãe tinha lhe enviado três, como ela previa. Revirou os olhos.


Escreva-me assim que chegar. Diga-me como foi o seu voo, está chovendo? Já sinto a sua falta.

Estou quase terminando de fazer as minhas malas para a Califórnia, mas não encontro a minha blusa rosa, você sabe onde eu deixei? Phil está mandando um abraço. Beijinhos, mamãe.


Ela leu a próxima, que fora enviada oito horas após a primeira, sabendo que sua mãe já estaria entrando em desespero pela falta de resposta.


Por que você ainda não me respondeu? O que está esperando?

O terceiro era ainda pior, Bella suspirou.


Se eu não tiver notícias de você ainda hoje eu vou chamar a Interpol. Por que não me responde filha ingrata?

Mamãe.

Ela riu e começou a escrever a resposta para sua tão amada mãe.


Querida mamãe,

Sabe que não tem motivos para estar tão exaltada. Eu duvido que as autoridades concordem em fazer um BO para o caso de uma garota que não respondeu os e-mails da mãe, se esquece de que Charlie é a polícia? Interpol?

Quanto ao que interessa: Forks não é tão ruim – e não isso não tem nada a ver com homens. Charlie tem me tratado bem e eu duvido que ele não o faça tendo você na cola dele (risos). Todos aqui são muito hospitaleiros.

Claro que está chovendo.

Eu vou lhe escrever em breve, mas não espere que eu faça isso daqui a cinco minutos.

Sua blusa está na lavanderia, corra lá, pois você já está atrasada para pegá-la uns dois dias.

Eu te amo. Sininho.

Assinou com o apelido que seus pais havia lhe dado quando ela ainda era apenas um bebê de colo, Bell.


Ela imaginava como sua mãe estaria se virando lá sozinha, será que tinha sido uma boa ideia deixá-la? Mas o que fazer? René devia estar pensando se era realmente o que ela queria, estar em Forks. Será que não tinha mesmo a ver com nenhum rapaz?


Bella caminhou até sua escrivaninha e passou a ler um de seus títulos prediletos, o tempo passava tão rápido quando se estava em meio àquele monte de palavras. Era como se ela pudesse andar por entre cada uma delas, por cada letra, por cada símbolo de pontuação. Quando ela se deu conta, a tarde já estava a se despedir.


Desceu então para fazer o jantar de Charlie, ele deveria chegar ao começo da noite. Preparou algo rápido, carne e batatas assadas.


Enquanto colocava tudo no forno, sua imaginação viajava. Viajava pelo Arizona, pela Califórnia e também por Forks, pela escola e por entre as pessoas. Nem percebeu quando seu pai chegou, notando sua presença apenas quando ele falou com ela.


– Boa noite pai – respondeu – O senhor demorou.


– Eu tive mais trabalho do que imaginava. Como foi o seu sábado? – aproximou-se, mas pareceu um pouco relutante ao dar um beijo na testa de sua filha.


– Foi bom, eu fiz as compras e aproveitei para dar uma volta pela cidade; eu só conhecia o caminho da escola. Comprei algumas coisas para mim.


– Hm... Em que loja?


– Ah, uma pequena loja chamada NCR. Quem me atendeu foi uma mulher supersimpática chamada Natalie.

Ele se engasgou com a água que bebia, começou a tossir.


– O senhor está bem pai? – perguntou a filha aflita.


– Estou sim Bella, só me engasguei. – respondeu – Eu vou trocar essa roupa, desço já.


Bella concordou e ele saiu.


Quando Charlie reapareceu, ela serviu o jantar. Bella era uma cozinheira mais confiável do que sua mãe. René era uma pessoa imprevisível, gostava de “criar” e nem sempre conseguia sucesso.


– Isso está realmente muito bom, filha. – comentou enquanto comia uma pedaço de batata.


Ela se pegou pensando novamente nos Cullen, aquela família era muito interessante. Será que meu pai sabe alguma coisa sobre eles? Ela pensava. Mas de que me adianta? Isso não é da minha conta na verdade! Pensava em contrapartida.


– O que o senhor sabe sobre os Cullen? – a frase escapou por entre seus lábios, quase como se tivesse vontade própria.


– Os Cullen? Filhos do doutor Cullen. É boa gente, uma boa família. Aqueles garotos que eles criam nunca deram trabalho e não são alvo de falatório... Bem, só quando o pessoal resolve implicar com eles.


– Implicar? Por qual motivo? – indagou curiosa.


– O povo gosta de falar. Você sabe, uma senhora que adota todos aqueles rapazes e moças, todos sempre querem falar algo que tire a bondade da atitude, que faça isso parecer banal, ou até mesmo suspeito.


– Pelo visto a população de Forks gosta muito de falar da vida alheia, como se eles tivessem tetos de vidro.


Charlie encarou um tanto assustado, não esperando a reação da filha. – Qual o motivo de você se incomodar com isso? Fez amizade com algum Cullen?


– Hm... Na verdade não, eu troquei meia dúzia de palavras com o garoto Cullen, mas não foi nada importante. – Charlie cerrou os olhos, encarando com uma expressão curiosa e engraçada até. Um fato sobre Isabella: ela não conseguia ficar séria quando estava mentindo, portanto, fez de tudo para manter sua expressão indiferente. – É que eles não me parecem ser como as outras pessoas de Forks – tossiu.


– Uhum... – foi a única resposta de Charlie. – Eu realmente acho os Cullen ótimas pessoas.

– Ok.


– São educados...


– Uhum... – Bella sabia o que Charlie estava fazendo: queria constrange-la ou fazer com que ela falasse demais.


– Mas fora isso, você fez algumas amizades, eu suponho. – prosseguiu no diálogo.


– Bem, tiveram algumas garotas, na verdade eu não conversei muito com nenhuma delas, mas teve uma que falou bastante – ela estremeceu – se chamava Jessica, se não me engano.


– Oh, Jessica. Não existem muitas Jessicas aqui em Forks, deve ser a Stanley, a mãe dela trabalha no banco.


– O senhor sabe da vida de todos aqui nessa cidade? – Bella indagou com os olhos semicerrados, Charlie gargalhou um pouco.


– Na verdade eu sei o bastante, eu costumava trabalhar nas ruas, mas parece que eu estou ficando velho demais para isso... – fez uma careta, contrariado. – Sobra bastante tempo para falar da vida dos outros.


Bella refletiu o quanto era chato para seu pai ter que ficar enfurnado dentro da delegacia, ele gostava de trabalhar nas ruas, enfrentar o perigo (como se houvesse algum em Forks). No fundo ela se perguntava se, fazendo a ronda, Charlie se sentia como o 007. Talvez isso tornasse o trabalho mais grato.


– Eu já posso tirar a mesa? – perguntou depois de balançar a cabeça umas duas vezes, discretamente, para espantar aqueles pensamentos bobos.


– Deixe-me ajudá-la filha.


E assim se passou o sábado. No domingo, Charlie marcou um encontro com uns velhos amigos que moravam em La Push, indagou se a filha gostaria de lhe acompanhar, mas ela disse que ficaria para outro dia, já que não estava psicologicamente preparada para pescar (ocultou a última parte).


Charlie, no entanto, se perfumou demais para alguém que iria pescar. Isso não passou despercebido por Bella. Sua curiosidade aumentava cada vez mais e mais para saber o que seu pai estava escondendo.


Já que Bella tinha muitas “coisas para fazer no domingo”, começou a caçar atividades pela casa vazia. A internet era convidativa, mas não era o bastante para prender sua atenção. Cuidou então de seus cabelos e fez as unhas, que já estavam precisando de um trato.


Mas em nenhum momento ela deixou de pensar na misteriosa família, e isso fazia com que ela ficasse ansiosa para que o dia de amanhã chegasse, deixando-a com borboletas no estomago.

Ora, Isabella, não seja ridícula! Repreendia a si mesma em pensamentos. Agradeceu, no entanto, por não estar fazendo isso em voz alta. Para Bella, era a indicação de que ela não havia atingido um estagio mais elevado da loucura.


Antes do que imaginou, seu pai regressou trazendo uma cesta fedorenta, cheia de peixes, e um sorriso bobo no rosto. Não obteve resposta ao perguntar o motivo da alegria, apesar de que tinha boas suspeitas: mulher.


À noite, seu pai e ela assistiram a um filme de terror e ela notou que, apesar de seu pai se sentir um agente do FBI, ele tinha medo de monstros do além. A jovem ria das cenas, enquanto comia suas pipocas amanteigadas.


Era hora de dormir, amanhã seria um novo dia.


À noite, Bella teve um sonho muito estranho: ela caía, caía e no fim batia em algo fofo, que na realidade era sua cama. Acordou sem entender. Antes disso, seus sonhos estavam tomados por uma claridade muito azul, o que não fazia sentido morando em Forks.


Sonhos nunca foi o seu forte, geralmente ela tinha medo do que eles poderiam significar. Sabia que era comum sonhar estar caindo, a tirar por sua mãe, que insistia em contar os sonhos que tinha para a filha, mesmo sabendo que ela não poderia interpretá-los. Muitas vezes René sonhara estar caindo, mas nada realmente aconteceu. O pior de sonhar algo sem um sentido específico era ficar paranoico depois.


Tentando esquecer o estranho sonho, e tentando acalmar seu coração que ainda batia rápido, Bella se dirigiu ao banheiro e tomou um banho quente. Quando saiu de lá notou a luz esverdeada que passava pela janela e mais alguma coisa: havia nevado durante a noite, mas não já tinha neve cobrindo tudo lá fora e sim gelo. Tudo estava coberto por camadas e camadas de gelo!


Tinha de admitir que era um belo espetáculo da natureza, a luz refletia como se fossem prismas de cristal, iluminando tudo, fazendo aparecer pontos de luz na paisagem que antes era tomada por infindáveis tons de verde.


Vestiu-se, escolhendo roupas quentes, sentindo falta do calor, e desceu para tomara café. Ela não sabia o quão cedo Charlie tinha saído, mas não encontrou o pai quando entrou na cozinha, após passar pela sala. O trabalho era uma forma de tornar o homem escravo de sua independência, definitivamente.


Vasculhou na geladeira até encontrar algo que realmente lhe agradasse (e que tivesse poucas calorias, pensando como toda mulher vaidosa). Comeu rapidamente e foi em busca das chaves de seu carro.


Pronta, entrou em sua máquina e dirigiu pelas estradas de Forks até chegar à escola. O trajeto, por mais incrível que pareça, não havia sido feito com maiores dificuldades. Apesar de que aquele era um bom carro, o fato de que a pista estava coberta de gelo não havia atrapalhado as técnicas de direção da garota, o que fez com que ela se assustasse. Nunca havia pilotado no gelo, sentiu-se orgulhosa.


Descendo do carro no estacionamento parcialmente cheio, segurou firme na porta para impedir que um passo em falso a levasse ao chão. Com calma, pretendeu se dirigir ao interior do prédio – onde era mais quente -, porém foi impedida pro algo que lhe chamou a atenção. O orgulho que sentira de sim mesma se esvaiu parcialmente, já que o fato de não ter ocorrido nenhum acidente no trajeto se dava pelos pneus de neve, colocados em um tempo desconhecido.


Um sentimento de gratidão e carinho aqueceu seu peito. E em seguida o medo.


Um barulho alto como um arranhão, freios, um carro derrapando, o grito de Bella. Isso chamou a atenção de todos no estacionamento.


O Volvo prata que estava entrando no estacionamento, estava logo atrás da van azul marinho que tinha perdido o controle e batia em uma placa, fazendo com que tomasse outro sentido, derrapando até ir em direção ao Chevrolet vermelho.


– Merda! – Edward esbravejou sabendo como tudo aquilo acabaria. Tomado pela adrenalina e pela necessidade de salvar a bela moça, Edward fez uma manobra, acelerando ao máximo pelas vagas vazias e ultrapassando a van que girava no estacionamento. Dando um cavalo de pau, Edward parou perto do sedã vermelho.


– O que você está fazendo seu idiota? – Rosalie gritou com o irmão, quando foi jogada para cima de seu marido. No entanto, Edward não deu ouvidos às reclamações de seus irmãos, apenas abriu rapidamente a porta do motorista e correu – o mais rápido que podia sendo humano – chocando-se com o corpo de Bella e escapando por um centímetro do carro azul.


A máquina de Tyler bateu com força no Chevrolet de Isabella, com a frente, e o Volvo prata não deixou de ser atingido pela traseira do grande carro.


– Mas que bosta! – grandalhão xingou, fazendo com que os outros Cullen o repreendessem com o olhar. – Desculpe – pediu logo em seguida.


Edward tinha caído por cima de Isabella, segurando sua cabeça para que ela não batesse no chão. Seus corpos estavam se tocando.


– Você está bem? – ele indagou enquanto se erguia para olhar nos olhos de Isabella. Cheios de medo, daqueles olhos azuis brotavam algumas lágrimas. – Bella, você está bem? – ele elevou o tom de voz muito nervoso.


– Eu... Eu estou bem. – ela respondeu com um fio de voz.


– Tem certeza? – perguntou enquanto a levantava pela cintura.


Bella gemeu um “ai” quando sentiu algo puxando em sua perna direita, ela tinha um corte.


O líquido vermelho e quente era convidativo, mas não o suficiente para fazer com que Edward a bebesse, não a Bella, nunca.


– Vamos ficar aqui dentro, ela parece estar ferida. – Jasper resmungou, ainda dentro do carro.


– Jazz tem razão, aqui é mais seguro. – Alice concordou, pensando à diante.


Os alunos de Forks, a essa altura, já haviam formado um circulo fechado em volta dos dois. Era um falatório, inúmeras vozes e pensamentos correndo tão rápido que chegavam a confundir a mente de Edward, que só podia clamar por silêncio.


– Bella, você está bem? – uma garota amigável que tinha algumas aulas com a morena indagou verdadeiramente aflita.


– Eu estou bem... – repetiu muito baixinho.


– Edward, você, você foi... – Jessica que a acompanhava estava boquiaberta com o ato heroico do lindo jovem. – Sua família...?


– Eles estão bem, só devem estar tontos. A Bella só cortou a perna, eu vou levá-la até a enfermaria para fazer um curativo, ajude o Tyler, ele não deve estar tão bem quanto a Bella. – ordenou com sua voz grossa e musical, fazendo com que a adolescente à sua frente, e várias outras delas, estremecessem com o som.


Edward ergueu a moça no colo, ela ainda estava um pouco estática e caminhou rumo à enfermaria. Não era longe dali, era no prédio adjacente, ele logo alcançou a porta, que foi aberta por uma senhora de meia idade.


– O que aconteceu com ela? – perguntou sabendo que aquilo não foi apenas mais uma aluna desmaiando por causa de dietas malucas, e sim um acidente.


– Está tudo bem, ela só cortou a perna. Será que pode chamar a auxiliar? – não encarou a atendente, prestando atenção apenas nos olhos desfocados de Isabella.


– Tudo bem, coloque-a na maca. - a mulher saiu em busca da tal enfermeira.


– Você tem certeza de que está bem Bella? Eu posso chamar... – falava enquanto a deitava carinhosamente na maca, mas ela o interrompeu.


– Não, eu não quero que chame ninguém – disse rápido. – Eu quero te agradecer. – Respirou fundo. – Acho que nunca senti tanto medo em toda a minha vida, obrigada por me salvar Edward, eu vou ser eternamente grata a você.


Uma lágrima insistente ainda escorreu pelos olhos de Bella. Ele chegou mais perto, para fazer algo que ele mesmo não tinha consciência do que seria, mas precisava fazer isso.


– Não se preocupe com nada, eu não poderia ter feito outra coisa a não ser te ajudar. – passou as costas da mão pela lágrima, secando-a. em seguida acariciou a face dela com a mesma, fazendo com que o coração de Bella se aquecesse novamente.


Com um movimento rápido, ela agarrou o alto rapaz pelos ombros e lhe deu um abraço apertado e caloroso em agradecimento, deixando que mais umas lágrimas molhassem o casaco que ele vestia.


– Obrigada – murmurou uma vez e outra. Depois disso, ambos se inclinaram para trás, olhando nos olhos um do outro.


De repente, ela se lembrou da claridade azul em seus sonhos, eram como os olhos de Edward, brilhantes e claros, tão inumanamente azuis. Perdidos no olhar um do outro, não se deram conta quando a enfermeira chegou para fazer o curativo, limpando a garganta para chamar a atenção deles.


– Espero não estar atrapalhando. – debochou a jovem senhora. – Eu ouvi o falatório, se acidentaram com os carros, não é? Tiveram que chamar o resgate para um garoto, vocês dois tiveram muita sorte de não saírem gravemente feridos. Jovens nunca tomam cuidado o suficiente ao dirigir, e é por isso que eu não gosto que meu filho saia por aí de carro, garotos bebem, aprontam. Nada seguro... – tagarelou.


– Será que a senhora pode fazer o curativo? – Edward indagou irritadiço soltando-se de Bella que suspirou pesadamente.


– Claro garoto, eu vou fazer o curativo. Mas não se incomode, esteja à vontade para sair.


– Eu não quero que ele vá. – Bella se intrometeu, não gostando da fala da jovem senhora. Ela levantou as mãos, em rendição.


– Ok. Então, deixe-me ver esse machucado aqui. Isabella mostrou a perna com um grande arranhão e um corte.


– Sinto muito pela sua calça, pelo visto ela já era! – balançou a cabeça a enfermeira, tendo dificuldade em fazer o curativo.


– Com licença...


Com um puxão, Edward rasgou mais a calça de Isabella, para que a enfermeira pudesse trabalhar no ferimento. Mas isso deixou Bella estranha por um segundo, chegando até a suspirar. Como ele é forte! Pensou. Seus olhos brilharam.


Ele continuou encarando a moça até que a enfermeira terminasse o serviço, ela já estava um pouco encabulada, mas no fundo gostava de ser olhada por ele. Tinha esperanças de que, no fundo ele achasse-a tão bonita quanto ela achava ele. Mas como admitir isso?


– Pronto, querida, você já pode ir. Tome cuidado, refaça o curativo em casa e dentro de alguns dias vai estar cem por cento. – disse a senhora que parecia querer se livrar depressa do trabalho, Edward rolou os olhos.


– Vem Bella, eu te ajudo. – ofereceu, estendendo os braços. – Não tenha medo! – encorajou ao ver o quão relutante ela estava.


– Tudo bem, mas você vai me deixar andar dessa vez. – condicionou recebendo uma rendição. O Cullen passou um braço pela cintura dela, puxando para mais perto de si.


Começou então a buscar seus irmãos pela escola e percebeu que eles estavam na aula. Os alunos já haviam se dispersado, o resgate estava levando Tyler até o hospital.


O celular de Isabella começou a vibrar no bolso de seu casaco, estava prestes a pedir que Edward a soltasse, mas ele o fez sem que ela precisasse. Isso era estranho, já que seu celular era tão silencioso.


– Alô?


Bell, minha filha. Como você está? – indagou nervoso Charlie do outro lado da linha.


– Eu estou bem pai... Por quê?


Como “por quê”? Porque você sofreu um acidente. Está ferida, não é? É justo agora que eu não estou na base, mas não se preocupe minha filha, eu estou voando para aí, fique parada.


– Não, pai. Acalma-se, ok? Eu estou bem, só arranhei a perna, nada me aconteceu. Um menino acertou meu carro, mas eu consegui sair do caminho... – olhou para Edward, que sorriu. – Um anjo me ajudou.


Minha filha, você está tendo delírios!


– Não pai – riu. – Depois eu te explico, agora eu preciso ir pra aula...


– Me dá o telefone. – Edward ordenou.


– Não, eu estou falando com meu pai. – falou baixinho.


– Me dá o telefone. – repetiu a ordem. Ela, sem saber o que fazer, passou o celular para o rapaz.


– Senhor Swan, aqui quem fala é Edward Cullen. – começou com a voz grossa e imponente, como um verdadeiro Cullen. – Não se preocupe com a Isabella, ela pensa em ir para a aula, mas claro, eu vou pedir que a liberem, faço questão de levá-la para casa. – Charlie respondeu do outro lado da linha. – Ela está bem, mas está com a perna cortada, não seria bom que ficasse transitando pelos corredores da escola, com tantos alunos. Em casa, ela poderá descansar e o senhor não terá o trabalho de vir até a escola. Bella estará sobre os cuidados do senhor...


Bella riu ao mesmo tempo em que seu queixo caiu. Charlie não era o tipo de homem que podia ser levado na conversa.


– Muito obrigada senhor Swan, eu vou levá-la para casa agora mesmo. Imagina, não é nada. Até mais. – desligou.


– O que você fez? – indagou confusa.

– Eu disse ao seu pai que ia te levar pra casa. Ele concordou e me agradeceu, agora vamos, não vou trair a confiança do chefe Swan.


– Isso não existe! – estendeu o braço para que ele a ajudasse.


Caminharam pelo estacionamento vazio, os alunos já não estavam mais alvoroçados desde que o sinal para a primeira aula havia soado.


– Que droga, meu carro! – esbravejou ao ver sua bela máquina vermelha com um grande amassado na lateral. – E o seu, onde está?


– Meus irmãos devem ter manobrado.


– Oh, é verdade, a sua família... Para ser sincera, eu nem sei como tudo aconteceu, foi tão rápido, de repente você estava perto de mim. Como fez aquilo?


Olhou para baixo antes de responder. – Não foi nada, na verdade. Eu passei pelo carro de Tyler, percebi que ele ia acabar batendo no seu. Só te tirei do caminho. Mas não pense mais nisso, está tudo bem agora.


– É, está mesmo. E eu devo isso a você.


– Você não me deve nada, minha recompensa é ver você viva. – sorriu encabulada. Só depois ele percebeu como isso soou de verdade.


Ele a ajudou a abrir a porta do carro dela, deixando que ela entrasse apenas pela porta direita. Tomou então o volante.


– Esse é um belo carro. – elogiou.


– Obrigada, eu também adoro ele. É o meu primeiro carro, meu padrasto me deu de presente. Mas agora, destruído desse jeito...


– Ele não está destruído – riu do drama que ela fez. – Pelo visto você gosta de fazer manha... Eu posso te ajudar com o carro caso queira.


– Jura que você pode fazer isso? Eu ficaria mais do que grata, puxa! Eu nem sei onde conseguiria uma oficina aqui em Forks, eu só sei que meu pai tem uns amigos na praia e tem um garoto que conserta uns carros...


– Não precisa se deslocar até a praia, eu não sou mecânico, mas dou um jeito nos amassados.


– Obrigada mesmo, você está fazendo tanto por mim e nós nem nos conhecemos direito...


– Então eu posso te conhecer agora. A ordem importa muito? – gargalharam. – você falou do seu padrasto, conte-me mais sobre ele e sua mãe.


– Uhm... O que você quer saber? – desviou o olhar corando.

– Como ela é, como era sua vida na Califórnia e no Arizona?


– Ahm... A minha vida sempre foi pacata. Eu me divertia bastante coma minha mãe, ela era mais do que isso, era minha melhor amiga. Eu nunca tive muitas amigas realmente, só algumas colegas. O Phil é um cara muito legal, ele nunca foi uma figura de pai para mim, mas é um companheiro ótimo para a minha mãe e seria um pai incrível caso eu não tivesse o Charlie.


– Seu pai.


– Isso, meu pai. É um pouco difícil chamar ele assim quando eu passei tanto tempo longe dele. Mas e você, sua família, todos os seus irmãos...


– Eu sei, são muitos. Às vezes é uma loucura, mas eu gosto bastante deles. E meus pais são os melhores pais que eu poderia pedir a Deus.


– Eu sei por que eles apareceram na sua vida, porque você é bom. Me salvou. – falou emocionada.


– Mas isso foi antes, você deve saber que eu não sou filho biológico deles. Eu jamais deixaria alguém morrer na minha frente, não com a criação que eu tive. - isso afetou um pouco a garota. Ele nunca deixaria “qualquer pessoa”. – Muito menos você. – completou antes que ela pudesse ficar triste.


– Bem, eu acho que estamos chegando – mudou de assunto. – Você acertou o caminho, já veio por aqui antes? – indagou achando estranho o fato de ele saber o caminho de sua casa.


– É... Bem eu já sabia onde seu pai morava. – se explicou pensando se seria normal saber onde o chefe de polícia morava, ele era uma figura pública.


Era impressionante como Bella era observadora e ao mesmo tempo deixava passar coisas tão obvias. Edward se perguntava se ela pensava que ele era uma aberração.


– Eu vou te ajudar não se preocupe. – anunciou quando parou na vaga em frente à pequena casa branca. Deu a volta no carro e abriu a porta do passageiro para que a moça pudesse sair, levando-a até a porta de casa.


– Obrigada mais uma vez Edward – abraçou-o novamente, ficando nas pontas dos pés.


– Não foi nada. Fica bem. – desejou se afastando seu rosto do cabelo com cheiro de morangos e encarando a sua face.


No entanto, desta vez não havia ninguém que pudesse atrapalhá-los, ficaram se olhando no que pareceu uma eternidade enquanto ele mantinha os braços ao redor da cintura dela e as mãos na garota estavam pousadas nos ombros do rapaz.


Edward teve, depois de anos, uma vontade que dificilmente vinha. Cedendo um pouco, aproximou seu rosto do rosto de Isabella, chegando a tocar a ponta de seus narizes.


– Vai ficar bem até o seu pai chegar? – perguntou sem se mover um centímetro.


– Vou sim - respondeu da mesma forma.


– Então eu acho que é melhor eu ir pra casa, porque seu pai já deve estar chegando e eu preciso i para casa...


– Uhum...


Resistindo, ele se afastou da menina ofegante à sua frente e caminhou em direção à estrada que levaria até sua casa.


Depois que ele atingiu a área não residencial, começou a correr, adentrando a floresta. Ainda era cedo, seus irmãos ainda não deviam ter saído da escola e ele não queria ter que enfrentar sua mãe agora. Deu uma volta pela floresta, indo para lugar nenhum na esperança de colocar em ordem tudo aquilo que se passava em sua mente e em seu coração antes que pudesse dizer algo para sua família com relação à Isabella Swan.


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Notas finais do capítulo

Natalie: http://www.iphonehdwallpaper.com/wp-content/uploads/images/8393-natalie-horler-iphone-hd-wallpaper_320x480.jpg
Então gente, como eu estava dizendo, o pessoal me cobrou e eu amei. Isso prova que voces estão gostando e acompanhando. Eu peço desculpa pela demora e agradeço ao carinho de voces. Na verdade eu estava escrevendo em Ainda, já estava chegando no casamento, mas parei só para concluir aqui. Eu amo os reviews de voces, torço sempre para vcs gostarem do que eu faço.
Mais obrigada, beijão. Nara.
PS.: O que acharam do capítulo?