Semisserei os olhos me acostumando com a claridade, graças aos raios de sol que ultrapassavam minha janela, enquanto sentia a maciez do colchão de minha king size, mas o que eu não entendia no momento era como eu havia parado ali! Não me lembrava de ter ido ao meu quarto depois do babaca praticamente me jogar dentro da porcaria daquele carro.

-Então... Foi tudo um sonho? – perguntei baixinho a mim mesmo, eu tinha essa mania estranha de falar comigo mesma em voz alta. E sonho não, pesadelo, aquele loiro metido me seguindo com certeza fora um dos meus piores pesadelos! Abri um sorriso enquanto me levantava acreditando fielmente em que aquilo não havia passado de um sonho e que eu nunca tive e nem teria um “guarda-costas”. Fui em direção ao banheiro a fim de fazer minha higiene pessoa, peguei o primeiro conjunto de roupas que encontrei no closet e sai do quarto para descer as escadas e ir em direção à cozinha.

Assim como eu esperava não encontrei ninguém lá, as empregadas que deveriam estar arrumando os outros cômodos da grande casa, e muito menos o meu pai que há essa hora deveria esta trabalhando.

Estava abrindo a geladeira quando escutei o barulho do telefone soar pelos cômodos do andar de baixo, bufei esperando que o barulho parasse já que alguém deveria atender mais isso não aconteceu e eu fechei a geladeira com força fazendo certo barulho.

-Será que não tem um ser vivo que possa atender ao telefone nesta casa não? – gritei sem saber se alguém realmente me escutara enquanto pegava a droga do telefone. –Alô – disse impaciente e logo em seguida afastando o telefone do ouvido graças aos gritos da outra pessoa, pessoa essa que eu conhecia bem, do outro lado da linda.

-ONDE VOCÊ ESTAVA? – Glimmer a loira que estudava comigo desde que eu me entendo por gente gritava desesperada me fazer revirar os olhos.

-Aff, o que você quer Barbie? – perguntei sem paciência, Glimmer não era um exemplo de “amiga” se é que eu poderia chamar assim mais ela era a única que parecia não se importar em ficar perto de mim e aturar-me com todo o meu mau humor diário.

-RESPONDA MINHA PERGUNTA! – afastei o telefone mais uma vez.

-para de gritar cacete! Eu estou com uma dor de cabeça do cão. – falei impaciente e ela respirou fundo, acho que contava de um até como sempre fazia.

-Ótimo! Eu não gritarei mais afinal, não faz bem para as cordas vocais e aumenta o estresse, e estresse dar rugas então eu...

-Glimmer minha querida se você me ligou para dar uma aula sobre ”coisas que eu devo fazer para ser um protótipo de Barbie e não envelhecer” eu desligarei agora! – falei tão rápido que até ofeguei.

-Certo, certo, me desculpe okay? Mas, é que ontem você disse que iria aparecer para a festa do pijama e não veio! – ela fazia uma voz fina e irritante o que quase me fez xinga-la. Eu odiava esse jeito “criança” dela.

-Francamente Glimmer, quantos anos você tem? Nos não temos mais idade pra idiotices como uma festa do pijama

-Bem, idade talvez não tenha mesmo, mais não se preocupe o seu tamanho pode ajudar muito! – travei na hora, e fechei a mão livre em punho a apertando com força, aquela não era a voz da Glimmer, que continuava a tagarelar no telefone, e sim, a voz do babaca que ate há alguns segundos atrás eu pensava ter sido apenas um figurante idiota em um pesadelo anormal que eu tive.  

-Clove... Clove você está escutando? Responde caramba! Cloveeee...

-Glimmer eu falo com você outra hora! – eu disse entre dentes e sem esperar para escutar os protestos dela desliguei o telefone. – O que esta fazendo aqui seu idiota? – perguntei enquanto me virava para dar de cara com aquele armário loiro ambulante.

-Você é retardada? – Quem esse Zé ninguém pensa que é? Pensei indignada pronta pra pular em seu pescoço. – achei que tivesse entendido ontem mais tudo bem, me ensinaram que devemos ser pacientes com deficientes sejam eles mentais ou não – Cadê. Minha. Faca? – Eu sou seu guarda costas! Fui contratado para evitar que você cause mais problemas ao seu pai – ele dizia fazendo aquela voz estranha como se precisasse falar em câmera lenta pra eu entender. Argghhh idiota!

-Idiota! Por que ao vai embora daqui antes que eu arranque sua cabeça ou corte sua garganta? – perguntei dando as costas para o armário ambulante e indo em direção à cozinha novamente.

-Oh, eu gostaria de ver você tentar baixinha– ele dizia me seguindo.

-baixinha é a mãe! – ele riu e encostou-se ao balcão que ficava fazendo divisa entre uma parte da cozinha.

-Você é bem arisca sabia? Deve ser verdade o que dizem sobre as baixinhas! Sabe sobre elas serem esquentadinhas etc.. – tentei ignora-lo mais ele ficava comentando sobre coisas que eu não gostaria da saber. Com certeza ele estava adorando aquilo! Tentei me concentrar na melancia a minha frente pegando a faca que estava ao lado dela, é melancia foi à única coisa que me chamou a atenção dentro daquela geladeira.

-Sabe, seu pai queria que eu também entrasse na sua escola pra ficar de olho em você, e por que eu tenho alguns anos a mais que você até que seria fácil. Mas eu acho que você ficaria mais insuportável do que já é se eu aceitasse... Deveria me agradecer Clovinha... –

-... – Eu juro que tentei me controlar mais ao ouvir o nome “Clovinha” sair da boca daquele ser irritante a razão foi mandada pro inferno e tudo que eu vi foi à faca que estava em minha mão viando até, arregalei os olhos e no mesmo segundo os fechei não querendo ver o sangue que agora devia esta manchando a cozinha, coitada da cozinha estava não branquinha e limpa!

-VOCÊ É MALUCA GAROTA? – Ué ele não estava morto? Abri só um olho e vi o Cato, se é que esse era mesmo o nome da criatura, dividindo o olhar indignado entre mim e a faca que estava fincada na parede. Ele estava no chão e se não tivesse pulado, sim, eu acho que ele havia feito isso, a faca estaria agora fincada em sua cabeça.

-Ah, a culpa não é minha! – eu disse dando de ombros tentando não demonstrar o nervosismo que eu estava sentido há alguns segundos atrás, afinal, o idiota estava ileso, infelizmente sem nem um misero arranhão.

-COMO A CULPA NÃO É SUA IDIOTA! – ele ainda estava indignado e eu só revirei os olhos – EU... – Com certeza ele iria falar mais! Sorte que seu telefone tocou e ele ao ver o identificador de chamadas pareceu esquecer-se por alguns segundo de sua “quase morte” enquanto atendia. Virou-se de costas pra mim e falava quase sussurrando. Aff, isso irrita! Talvez até mais do que ele e... Não! Nada é mais irritante do que aquela armário loiro ambulante de sobrenome desconhecido!

-Vamos! – olhei pra ele sem entender. “vamos”? Como assim “vamos”?

-Vamos? Do que você esta falando seu anormal? Eu não vou a alugar nem um com você! – eu disse cruzando os braços e batendo o pé. E depois eu que era a retardada? Ah, tenha dó.

-Não me faça ficar mais irritado do que eu já estou com você seu projeto de umpa-luma.

-PROJEITO DE UMPA LUMPA É A SUA AVÓ PEDINDO CARONA ENTENDEU MULEQUE!? – realmente eu não sabia de onde tinha tirado aquela mais eu precisava falar alguma coisa, tudo que idiota do loiro fez foi me fuzilar com os olhos e me puxar pelo braço em direção à saída. –me larga seu anormal! Me larga agora!

-Escuta, seu pai quer falar com você! Então deixa de frescura e vem que pela a voz dele, ele não estava nada feliz...

Parei de lutar a contra gosto, não que eu pudesse realmente ter me livrado dele, já que ele era bem mais e alto e forte que eu, mais eu nunca deixaria de tentar! Porém, quando o assunto é meu “querido pai” exceções pode voltar a fazer parte do meu vocabulário.