For Amelie - 1a Temporada escrita por MyKanon


Capítulo 24
XXIV - Resolução


Notas iniciais do capítulo

Beta readers: kikatz, Keli-chan
Música: Good Enough (Evanescence)

*~*~*

Último capítulo.



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Quando o sinal tocou e todos começaram a arrumar os materiais, ele soltou a minha mão e fez o mesmo.

Eu fiquei sem ação, meio sem rumo e até sem chão. Será que ele sabia que o que fazia era de extrema maldade e deturpava seriamente a minha sanidade mental?

_ Vamos? - me perguntou gentilmente.

Meu caderno estava com apenas metade dele pra dentro da mochila, enquanto eu me perdia em pensamentos.

_ Ahn... Sim, vamos. - empurrei o resto do material para dentro da bolsa.

 

Under your spell again
Sob o seu feitiço novamente

I can't say no to you
Eu não posso dizer não para você

 

Fomos conversando descontraidamente até o bloco 3.

Minto, fui ouvindo descontraidamente o que o Aquiles falava.

Isso é outra mentira, pois nenhum dos meus mais de 650 músculos estava descontraído...

Era só o Aquiles que falava, e somente ele que estava descontraído. O caminho para a próxima aula era muito curto, por isso preferi nem pedir explicações.

Bom, convenhamos... Mesmo que tivéssemos tempo eu não pediria. Eu nunca pediria. Eu preferia guardar um momento de felicidade, sem estragar a linda memória com uma rejeição seguida de arrependimento...

Mas também não podia permitir esse tipo de situação, não é mesmo?

E por que não? Era tão bom...

Oh céus... Estou perdendo meu juízo perfeito.

 

Crave my heart and its bleeding in your hand
Deseje meu coração e ele estará sangrando em sua mão

I can't say no to you
Eu não posso dizer não para você

 

Sentei na primeira carteira, e ele atrás de mim. Quem sabe com ele fora do meu campo de visão eu conseguisse recuperar minha presença de espírito?

Nada feito. Parecia que eu conseguia sentir o calor dele atrás de mim. Eu estava numa situação deplorável.

 

Shouldn't have let you torture me so sweetly
Não deveria ter te deixado me torturar tão docemente

Now I can't let go of this dream
Agora, eu não posso acordar deste sonho

 

Também descemos juntos e a sós no fim da aula, por causa da minha velocidade super-sônica em arrumar o material. A Bia nem se atrevia mais a oferecer sua companhia inoportuna.

Ele continuou num monólogo incessante enquanto caminhávamos para o ponto de trólebus, e eu deixei, por falta de coragem de indagar qualquer coisa.

E será que ele faria as pazes com a namorada?

 

I can't breathe but I feel
Eu não posso respirar, mas me sinto
good enough
Boa o bastante

I feel good enough for you
Sinto-me boa o bastante para você

 

_ Amanhã tem prova de história, né? - perguntou.

_ Sim.

_ Mas história também não é problema... Acho que vai cair alguma coisa sobre aquele filme chato que ele passou...

_ Provavelmente.

Meu trólebus se aproximou. Eu não queria que fosse tão rápido.

_ Bom, então até amanhã. - disse olhando para ele. Esperançosa não sei pelo quê.

_ Até Mel...

_ E... Eu espero que você resolva seus problemas... Lá. - Retardada?

Ele assentiu em silêncio, e eu me virei para embarcar.

Mas que caramba de vida essa minha... Não importava o quanto o destino azedasse com os meus relacionamentos, eu sempre conseguia piorá-los, fato.

No dia seguinte, tratei de chegar mais cedo novamente. Era engraçado como por mais que eu tentasse escapar dele, mais nos aproximávamos.

_ Bom dia. - cumprimentei ao encontrá-lo na porta da sala de física.

_ Bom dia Mel.

Olhei para dentro da sala, e as tiazinhas estavam varrendo.

_ Você está roubando meu momento de paz e silêncio meditativo, sabia. - disse, me sentando no banco ao lado da porta.

_ Meditativo? Sempre tive dúvidas quanto à existência desse adjetivo.

_ Ele existe. Meditabundo também existe. Mas esse último dá margem à muitas interpretações.

Ele gargalhou e sentou-se ao meu lado. Parecia bem humorado. Eu queria muito saber o que tinha acontecido entre ele e a namorada. Minha curiosidade me corroía, mas ainda não sabia quais efeitos minha pergunta surtiria. E pior, quais a resposta dele causaria.

Tentei fingir interesse na escada que levava à aula de química para não olhar para aqueles olhos desconcertantes dele.

_ Sabe Mel...

_ Hum? - murmurei ainda sem olhar para ele.

_ Mesmo você, um gênio da ciência e da filosofia deve achar a vida meio difícil de vez em quando, não é?

_ Pra ser sincera, de vez em quando eu acho meio difícil sim. Nas outras ocasiões ela é difícil por completa. - suspirei derrotada.

_ Que exagerada. Você é feliz e não sabe.

_ O gramado do vizinho é sempre mais verde, não é mesmo? A gente sempre acha que o nosso problema é o pior de todos.

_ E estamos enganados?

_ Você sim, eu não.

_ Você é arrogante pra ser infeliz.

_ Sou calejada, só isso.

Ele segurou meu braço e me puxou para mais perto dele. Tive que encará-lo assustada. Minha respiração e meu coração aceleraram-se instantaneamente. Fiquei com medo do que ele estava pensando em fazer. Bom, a palavra não era exatamente “medo”.

Ficamos nos encarando em silêncio por algum tempo. Eu estava paralisada pela surpresa. Ele parecia bastante resoluto no que quer que estivesse pensando.

Estávamos muito próximos... Podia sentir a respiração dele sobre em meu rosto.

_ A... O que...?

_ Você me desculparia de novo?

Por Deus... Do que ele estaria falando?

Eu tinha um ligeiro palpite... Mas era perfeito demais para ser isso.

Podia ser o perfeito que fosse... Mas era exatamente isso. Ele chegou perto o suficiente para sentir os lábios dele nos meus, mas não a ponto de me beijar de verdade.

 

Drink up sweet decadence

Beba desta doce decadência

I can't say no to you
Eu não consigo dizer não para você

And I've completely lost myself and I don't mind
E eu me perdi completamente, mas eu nem ligo

I can't say no to you
Eu não posso dizer não para você

 

_ Droga... - ele pegou o celular que estava vibrando no bolso da calça.

Ele olhou confuso do visor do celular para uma Amélia Cristina catatônica no banco. Levantou-se e atendeu:

_ Oi... - esfregou os olhos com a mão livre, visivelmente irritado - …Não sei. - pude ouvir alguém falando alto e rápido através do aparelho. - Nem sempre é assim que funciona, Daphne.

Oh não... Meu cérebro voltou a funcionar, e me esforcei para ouvir a conversa sem parecer que estava fazendo isso.

_ Também não é isso.

Também não é o quê??! Quero saber!

_ Escuta, não é hora pra falar disso. Nem lugar. Tchau. - e finalmente desligou.

Continuei impassível no banco, fitando o nada.

_ Merda. - ele praguejou baixo, mas eu estava muito atenta ao que ele dizia, por isso ouvi.

Ele voltou a sentar-se ao meu lado, mas com alguns centímetros de distância. Senti raiva disso.

_ Eu perguntei se você poderia me desculpar novamente...

_ E eu não respondi. - rebati violentamente.

_ Eu não sei mais o que fazer Mel...

Finalmente olhei para ele.

_ Percebe-se Aquiles. Mas não faça comigo, por favor. - “Eu não suportaria”.

Aproveitando a porta deixada aberta pelas senhoras da limpeza, fugi para o interior da sala.

Por que eu tinha de cobiçar o homem de outra? Era mais do que justo receber o devido castigo... Analisei enquanto tirava a cadeira que tinha ao lado da minha e colocava na bancada debaixo.

Quando o professor chegou, todos adentraram a sala. De lá de baixo ele notou que não tinha cadeira vaga na minha bancada e sentou-se com um colega do truco.

No fim da aula ele subiu até a minha bancada.

_ Por favor Mel, me desculpa...

_ Se você ao menos soubesse pelo quê está se desculpando. - disse enquanto guardava meu material.

_ Por ser idiota. Isso engloba todas as idiotices.

_ Isso ainda é muito vago.

_ Justamente por eu ser idiota...

Parei o que fazia e suspirei fundo, tentando não perder a classe.

_ Aquiles, eu te desculpo. Isso te deixa satisfeito? Só me dê espaço, tá legal?

_ Espaço pra quê?

_ Pra me recuperar. - De você.

Ele ficou calado, ainda no mesmo lugar.

_ O que foi? - fui obrigada a perguntar.

_ Você precisa mesmo de espaço?

_ Sim.

_ Certo. Me avise quando for o suficiente.

Depois disso ele deixou a sala.

Minha vontade era chorar, me descabelar, pedir para ele voltar, socá-lo, beijá-lo... Tudo junto e misturado.

 

Shouldn't let you conquer me completely

Não deveria ter deixado você me conquistar completamente

Now I can't let go of this dream
Agora, eu não posso acordar deste sonho

 

Na aula de matemática só tinham sobrado carteiras na primeira fileira, mas não me importei. Tirei o mínimo possível de material da mochila, assim não perderia muito tempo arrumando o material no fim da aula.

Fui a primeira a sair quando tocou o sinal, e a primeira a pegar a prova de história. Só tinham questões dissertativas, e eu estava dramaticamente inspirada. Apesar de escrever feito louca, fui a primeira a terminar.

Ainda eram nove horas, constatei decepcionada. Eu havia feito a prova em vinte minutos...

Fui para o mais silencioso dos blocos, o dois, e me sentei no chão perto do laboratório de informática. Tirei o livro da bolsa e decidi finalizá-lo.

Depois de cinco minutos, fechei-o estarrecida com as revelações finais. Continuei observando a contra-capa tentando descobrir por que não tinha pensado nisso...

_ O final foi bom?

Por que ele não ouvia o que eu pedia?

_ Pensei ter te pedido espaço.

Ele se afastou uns dois metros e perguntou:

_ Assim está bom?

Já que eu tinha terminado o livro, podia arremessá-lo na cabeça dele, não podia?

_ Como sabia que eu estava aqui?

_ Saí logo depois de você.

_ Estou admirada.

_ Você ainda não viu nada.

Fiquei quieta. Não queria engatar uma conversa. Não estava com humor.

_ Teve um final feliz? - ele perguntou de novo.

Talvez fosse impressão minha, mas senti alguma ambiguidade na pergunta.

_ Não sei. No fim, ele descobriu que quem causava os próprios problemas... Era ele mesmo. - uma resposta à altura.

_ Acontece com frequência. Inclusive na Alemanha.

Encarei-o surpresa.

_ Como sabe que é alemão?

Ele voltou a se aproximar.

_ Eu pesquisei, oras. Queria saber o que era tão interessante no livro. Pensei que pudesse ser uma coletânea de contos eróticos.

Ele conseguiu me arrancar uma risada discreta apesar da mágoa. Ele se aproximou e estendendo a mão para mim e disse:

_ Você não quer ficar brava comigo.

_ Vai apelar pra hipnose agora?

Ele fez um expressão de “talvez” e eu aceitei a mão dele para que me ajudasse a levantar.

Não saberia dizer se foi proposital da parte dele, ou se eu mesma provoquei aquilo, mas acabei indo parar nos braços dele.

E traindo minha própria decisão, acabei enlaçando o pescoço dele. Que ele me pedisse para parar então. Não dizem sempre que devemos nos arrepender do que fazemos em vez do que não fazemos?

Pousei minha cabeça no ombro dele, já nem me importando mais com o que fazia.

 

Can't believe that I feel
Não é possível acreditar que me sinto
Good enough
Boa o bastante

I feel good enough
Sinto-me boa o bastante

It's been such a long time coming, but I feel good
Ha muito tempo eu esperava isso, mas me sinto bem

 

_ Não posso ficar brava com você... Pois não sei como fazer isso.

_ Logo você vai encontrar um livro que explique como fazer.

_ Cala a boca Aquiles.

_ Tá bom.

Ele também me abraçou e acariciou meus cabelos. Puxou o elástico que prendia meu cabelo e continuou com as carícias.

_ Fica mais bonito assim. - sussurrou para mim.

Passeei com a ponta do nariz pelo pescoço dele, aspirando o perfume fresco e amadeirado que ele exalava... A colônia que ele usava perturbava meus sentidos... Ou melhor, agravava a situação que ele por si só causava.

 

And I'm still waiting for the rain to fall

E ainda estou esperando a chuva cair

Pour real life down on me
Derrame a vida real sobre mim

Cause I can't hold on to anything this good enough
Porque eu não posso me apegar a uma coisa boa o bastante

 

Senti a parede nas minhas costas, mas não lembrava de ter recuado até lá.

Agora ele me observava com uma das mão no meu pescoço.

_ Por que você ainda se esconde? - perguntou tirando meus óculos.

Fiz cara de desentendida.

_ Quantos graus você tem nesses óculos? 0.5?

_ 0.25.

Ele sorriu, achando engraçado.

Estávamos tão próximos... Se ele não fizesse, eu certamente faria. Retomando minhas forças, livrei-me do cerco dele enquanto dizia:

_ Vamos parar por aqui.

_ Por quê? - perguntou ainda com meus óculos na mão.

_ Porque não vai dar certo. Já não deu certo... E a culpa não é só sua. Eu também estou fazendo tudo errado. Eu deveria me conter, eu sei. Mas não sei o que aconteceu. Nunca me senti assim antes, talvez por isso não saiba o que fazer... Mas... - como se acabasse de me dar conta do que dizia, corrigi – Me desculpe também, Aquiles.

Peguei minha mochila e me virei para deixar o bloco. Mesmo sem os óculos. Só precisava me afastar dele.

_ Ei, Mel! - ele chamou.

Virei-me para saber o que queria.

_ Espera só um minutinho.

Ele tirou o caderno da mochila e escreveu alguma coisa em letras grandes. Arrancou a folha e tornou a guardar o material.

Caminhou rapidamente até mim e agarrou meu cotovelo.

_ O que foi agora? - perguntei já sem nem tentar descobrir.

Ele me puxou até o banheiro minúsculo do bloco dois. Antes de me guiar para dentro, pendurou a folha na porta, e só então vi o que estava escrito: “Interditado”.

Só mesmo o atrevimento dele para uma coisa daquelas...

Ele fechou a porta e me encostou nela.

_ O que você pensa que está fazendo? - perguntei já sem nem saber mais o que imaginar.

Ele me puxou pela nuca e finalmente me deu um beijo decente.

Bem, eu avisei que ele tinha que ficar longe de mim... Já que ele não tinha dado ouvidos, ia aproveitar cada minuto da situação. Larguei minha mochila pelo chão e o abracei.

Ele me puxou para mais perto dele, e continuamos num beijo cheio da vontade reprimida de muito tempo... Ele acariciava minhas costas enquanto beijava e mordiscava meus lábios... Eu já parecia não ter mais consciência. Minhas mãos passeavam pelos braços e pela cintura dele. O perfume dele estava mais intenso em mim, assim como o gosto bom.

O beijo dele era firme, e ao mesmo tempo acolhedor. Urgente, e ao mesmo tempo gentil. Um misto de sensações que eu nunca imaginei ser possível.

Precisei me afastar para tomar fôlego. Ele também estava ofegante, mas manteve sua testa junto à minha, observando meu olhar, como eu fazia com ele.

_ Se você quiser pedir desculpas... É uma boa hora. - disse.

 

Am I good enough for you to love me too?
Eu sou boa o bastante para você me amar também?

 

Ele sorriu e respondeu:

_ Só se foi por ter te tirado o ar.

Eu ri, mas depois de voltar a ficar séria, perguntei:

_ O que estamos fazendo?

_ Estamos nos beijando Mel. Achei que você soubesse...

Acabei rindo de novo.

_ Você é besta a todo momento?

_ Quase todos.

_ Estou falando sério.

Ele continuou me observando com seus olhos tão lindos que chegavam a me doer, e disse:

_ Eu não sei exatamente qual a resposta dessa pergunta... O que sei é que não aguentava mais. Estou apaixonado de uma forma imensurável.

Senti meus joelhos amolecerem nessa hora. Não era só um beijo... Tinha muito mais.

_ Não sei quando começou... Nem como... Só sei que não vou mais impedir isso. Você vai ter que dar parte de mim na polícia.

_ Veremos...

Ele me beijou levemente nos lábios novamente e então disse:

_ Eu não quero te machucar Mel... Mas não estou conseguindo ficar longe de você.

Ah, é mesmo! A namorada! A modelo! Linda e perfeita!

Automaticamente alcancei a mão dele que acariciava meu rosto. Senti um metal frio e trabalhado ao redor do dedo anular dele. A aliança de compromisso ainda estava lá.

_ Isso não significa nada... - justificou-se. - É complicado Mel... Mas vai acabar.

_ Vocês... Estão... Terminando?

_ Estamos.

_ Por quê?

Ele riu de forma provocativa.

_ Não faz nem ideia? - me perguntou.

Baixei os olhos e ruborizei.

_ Acho que sim.

_ O pior é que ela tinha razão... Não é que tomaram mesmo o lugar dela?

Ele levantou meu rosto gentilmente e me beijou outra vez.

Eu poderia morrer... Estava mais feliz do que nunca estive antes em toda a minha vida...

E de novo no banheiro feminino.

 

So take care what you ask of me

Portanto, tome cuidado com o que me pede

Cause I can't say no
Por que não posso dizer não

 

 

*~*~*~*~*~*

Fim... Da fase!

*

*
N/a.: Bom pessoal... Chegamos ao fim. Da fase, que fique bem claro! ^^
Tem muita coisa ainda para se resolver!
Postarei mais um capítulo com o link da nova fic. Quem não quiser vir aki para ver a msg, pode ir direto na série For Amelie.
Eu não vou agradecer a companhia e a ajuda de todas vcs pq vai ficar com ar de despedida, e eu não quero isso.
Ah, otra cosita!
Minhas aulas começam na próxima 2ªf (27/07) (é, parece colégio militar ¬¬) e dia 3 começo num emprego novo tb (meu primeiro estágio, viva! o/), por isso não sei como será o andamento das coisas, mas provavelmente as atualizações só acontecerão de fds, creio que aos domingos.

Bjos a todas!

s2


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