The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 5
Capitulo 4 – Conversão, Garotos Malvados.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que a história tá uma grande porcaria, mas acho que vai ficar melhor. Perdão pelos capítulos grandes, como exemplo este, de tão grande tive que dividir em três partes. Desculpa, mas até achei melhor dividir, pra não ficar tão cansativo de ler. Esse capítulo vai falar sobre alguns personagens e mistérios, espero que gostem.

Queria dedicar a minha linda SamanthaVane, Hikka-chan, Miha-chan, Keroro-chan, Lavinia da minha sala, Barbara Isabel da minha sala. Enfim, espero que eu tenha mais leitores ao decorrer dessa trajetória. Obrigado por estarem com paciência e me acompanharem. A partir de hoje não demorarei mais pra postar. Beijos e abraços.

Ah, E NÃO SE ESQUEÇAM DE VEREM AS IMAGENS EXTRAS ESPECIAIS DO CAPITULO NEM A MUSICA DE ABERTURA E ENCERRAMENTO, TÁ? Espero mais Reviews, até mais. *abraça forte*



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Capitulo Quatro - Conversão, Garotos Malvados.



Música de abertura



Talvez você saiba como é ser assombrada por um mesmo horrível pesadelo todas as noites quando se encosta a cabeça no travesseiro, ou talvez você não tenha sequer mera idéia de como é ser perturbada pelo passado quando a madrugada cobre a escuridão de seu quarto.




Eu só desejo-lhe que vá embora, que me deixe descansar e sonhar como tais pessoas normais. Não me assombre, vá para onde quiseres ir. Deixe-me sonhar coisas doces... Por uma única vez, somente.





~~


— Me devolve logo essa saia, seu idiota infantil! – Lunna clamava extremamente irritada enquanto tentava feito uma maluca pegar sua saia jeans das mãos de Kaien.




— Oque tem na sua cabeça de escolher essa saia minúscula para uma entrevista de emprego, hein?– Ele falava com tom de voz autoritário, levantando cada vez mais os braços impedindo assim a mulher de tomar a peça de roupa de suas mãos.




Argh, é só uma saia, Kaien! – Lunna afirmou ficando na ponta dos pés ainda na tentativa agitada de capturar aquela maldita saia jeans um tanto desbotada. — Aliás, a filha aqui é a Mellanie, não eu, então não venha com ordens pra cima de mim.


O homem riu irônico.

— Não, nem pensar. – Tornou ele fechando a cara e colocando a pequena saia da mulher dentro da própria camiseta. — Não vai sair na rua com essa saia tão curta, oque vão pensar de você?

Lunna andou com passos curtos para trás já se dando por vencida. Debruçou-se na cadeira logo atrás deixando juntamente sua cabeça cair, fazendo assim uma cascada negra cair sobre o rosto — seus longos cabelos pretos estavam todos desgrenhados — , esticando também os braços fingindo cansaço.

— Tudo bem... Kaienzinho... – Disse levantando a cabeça no mesmo momento com um certo sorriso diabólico.

— Hã... Kaienzinho? Mas oque- – Ele levou a mão na cabeça confuso, não percebendo Lunna movimentar as pernas lentamente...


Antes mesmo de terminar sua fala a mulher em um pulo rápido agarrou o colarinho da camisa de Kaien, oque o fez se desequilibrar e cair para trás, chocando-se com a parede em tons levemente avermelhados.




— Agora vamos ver quem ganha essa saia! – Gritava Lunna vitoriosa com certas risadas, juntamente caída em cima do homem.




Arrancou com toda a força os botões de sua camiseta, fazendo-a abrir por quase completo.


Os olhos dele se arregalaram em espanto.

OQUE ESTÁ FAZENDO, LUNNA? FICOU MALUCA? – Kaien gritava nervoso olhando para a própria camisa em seu corpo, que por si estava com os botões completamente relaxados.

A mulher gargalhava deito maluca.

— Não vou deixar pegar na minha saia, seu loiro pervertido! – Voltou ela a falar, agora enfiando uma das mãos por dentro de sua camisa completamente rasgada, conseguindo por fim resgatar a saia.

— Eu não sou pervertido... – Falou ele com um rápido puxão no cabelo dela. — E você não vai sair com esse pedaço de pano!



Já havia se passado uma semana dês da grande mudança. Poderia estar ficando maluca, mas, Mellanie realmente estava gostando da idéia de viver nessa nova cidade. Cidade com pessoas completamente estranhas.

Apesar de Hikka não estar por perto para destrai-la, sempre lhe mandava mensagens via SMS avisando que estava bem, — ou simplesmente reclamando como era difícil conviver com um loiro esquisito — contando também como estava sendo na escola e várias outras coisas normais do cotidiano.


Apesar de seus incontáveis pesadelos, ela se sentia contente. De alguma forma conseguia prever um futuro nessa nova etapa de sua vida. Nesse novo caminho.





Sua tia estava indo exatamente hoje de manhã para uma das mais importantes entrevistas de sua vida, iria finalmente conseguir um trabalho com o que sempre gostou de lidar; Jardinagem.







Claro, isso se não ficasse nervosa ao extremo, oque Kaien-san contribuía para acontecer.






Fora uma longa semana para a garota. Havia se aproximado ainda mais de Mary, sua mais nova amiga de escola. — estavam tão próximas que pareciam se conhecer a séculos — Não esquecendo também de Miha-chan, a "doce" e "agradável" garota de longos cabelos rosados.





Mellanie permanecia em seus devaneios quando se ouviu um alto grito de sua tia, que estava praticamente se atracando com Kaien logo atrás da sala.




— Você puxou o meu cabelo! – Gritou o homem massageando a cabeça na tentativa de cessar a dor.


— Ei, você que começou, então essa fala é minha! – Lunna dizia fingindo estar brava, agarrando juntamente sua saia contra o corpo. — E além do mais, Kaien... Homens não deveriam ter cabelos tão longos, você não é homem?

Ele que antes mantivera o tom de pele normalmente pálido, agora se transformara em um vermelho extremamente irritadiço com tais palavras da mulher sorridente á sua frente.

Kaien pegou um guarda-chuva logo ao lado em cima de uma cadeira, já prestes a acertar a mulher na cabeça.


PAREM COM ISSO, SEUS ABESTADOS! – Berrou a garota do sofá bem próximo aos dois. Os dois a olharam assustados, tanto Kaien que se mantivera na posição de ataque — braços levantados juntamente com o guarda-chuva assassino — e Lunna, com sua saia presa entre os braços magros como sinal de proteção.




— Ele- – Começou a mulher na tentativa de se justificar.




SHH, eu não quero saber! – Interrompeu a garota com olhar mortal. — Estamos somente há uma semana nessa casa vivendo juntos e vocês não param um segundo. Ontem mesmo estavam quase decepando a cabeça um do outro por causa de um mero chá!


Os dois adultos se entreolharam com certo desprezo.

— Não era um “mero” chá, era o meu chá! – Kaien falou sério dando ênfase na palavra.

Lunna revirou os olhos com tédio.

— Já estava no meu limite com aqueles seus vícios ridículos de chá pra cá e chá pra lá. Me poupe. – A mulher falou com certa balançadinha de cabeça para ambos os lados, falsificando uma voz irritante. — Joguei tudo no lixo.

O homem que mantivera ao lado da mulher esbugalhou os olhos.

— Você jogou meus chás no lixo?!


A menina já desistindo dessa confusão voltou a seu lugar de antes, voltando a se sentar de frente à televisão, qual passava algo qualquer na programação.





Seu celular então entrou em vibração.







Hikka-chan havia acabado de lhe mandar mais um SMS, qual não mandava a dois dias seguidos.






“Olá Mell-chan, desculpe-me por não entrar em contato nesses dois dias, estive muito ocupada procurando um trabalho de meio período, acredita? Bem, ontem finalmente consegui fazer Lawliet dormir em uma cama... Isso me deixou um tanto feliz já que ele sempre dorme em um dos sofás na sala sentado em uma posição ‘empoleirado’. Estranho? Você ainda não viu nada.”





A garota coçou um pouco os olhos e encarou mais um pouco aquela mensagem um tanto esquisita. Hikkaru arrumaria um emprego de meio período? Lawliet dorme sentado no sofá da sala? Realmente ela pagaria pra ver ambas das coisas.




Soltou risadinhas abafadas e olhou para o relógio que se encontrava em cima da mesinha ao centro daquela não tão grande sala. 06h40. Estava a ponto de se atrasar mais e mais uma vez, como de costume.



Se levantou em uma rapidez extraordinária, correndo em direção aos dois malucos próximos da sala.




— Muito bem, estou indo agora. – Ela começou a explicação enquanto se esticava um pouquinho para pegar sua mochila. — Tia Lunna, não faça nada a Kaien, tudo bem? Não quero ver ninguém internado em um hospital tão cedo.




A mulher de cabelos pretos desengonçados abaixou a cabeça soltando ar pela boca em sinal de rendição.


— [AAAH] Minha pequena está se preocupando com o papai dela?! – Falou Kaien com gritinhos calorosos, abraçando apertadamente a garota em seguida.

NÃO! – Ela tratou de se livrar logo do homem, empurrando seu rosto com as mãos como sinal para ele se afastar. — Isso serve pra você também, nada de guarda-chuvas, fui clara?

O homem abaixou a cabeça igualmente e assentiu fingindo um olhar triste de coitado.


Mellanie abriu a porta para saída quando uma grande rajada de vento atingiu seus longos cabelos amarronzados.




— Lunna, vá com aquela sua calça jeans de tom claro. – Ela se virou fitando a mulher que agora comia uma bolacha recheada. — Vai chover a qualquer momento.




Lunna assentiu animada em relação a tão esperada entrevista.


— É, aliás, está muito frio para sair mostrando as pernas por aí... – Falou Kaien com sorriso provocante.

A mulher mando-lhe um olhar encarniçado.

Mellanie sorriu com os olhos fechados e logo saiu, fechando a porta atrás de si.


Aquele começo de dia estava com tal aparência triste e tenebrosa; As muitas nuvens acinzentadas combinavam perfeitamente com aquele céu amargurado daquela manhã, qual tampouco agradava a menina.


SARITCHA! – Gritou Mellanie com um grande sorriso ao avistar a linda mulher de longos cabelos perolados logo abaixo de uma árvore.




A mesma sorriu contente.




Aquele sorriso era meigo, juntamente com sua longa capa azul que agora por conta da chuva que alertava aparecer, sobrecaía sobre seus cabelos.


— Olá, criança. – Saritcha disse calma. — Como está se sentindo esta manhã?

A menina mandou um curto sorriso ao canto dos lábios, qual marcava perfeitamente as feições de suas bochechas.

— Me sinto bem, obrigada.


Mellanie olhou ao redor daquela longa rua qual se centralizava sua casa. Estava com algumas folhas amareladas aos cantos da calçada juntamente com aquele escuro asfalto molhado. As arvores ao redor balançavam em ritmo lento.




Ela me parece feliz apesar do perigo que está por vir. – Mayuri disse com tal voz tranqüila e um tanto assustadora.





(*Somente a mulher pode ver a alma da menininha Mayuri, a menos que Saritcha queira que outras pessoas a vejam, ou a própria Mayuri.*)






Saritcha mandou apenas um sorriso como resposta para a menina ao seu lado com expressão vazia.







— Então, diga-me oque tem para mim hoje. – Disse Mellanie estendendo as mãos para a mulher, que logo as fitou por alguns segundos.





— Tudo bem, criança, direi oque tenho para você hoje. – Respondeu a mulher com um simples sorriso, tomando as mãos da garota sobre as suas.


Irá prever as mãos dela? Que alma caridosa você tem. – Provocou a garotinha com expressões sombrias ao lado da mulher de cabelos perolados.

— Eu vejo uma linda moça com longos cabelos castanhos escurecidos e com um maravilhoso vestido vermelho em tom bem vivo. – Começou Saritcha segurando as mãos da garota sobre as suas juntamente com os olhos fechados em uma expressão imaginativa. — A garota que vejo agora em suas mãos está com os pulsos levemente encostados no parapeito de uma sacada muito bonita, por sinal. O vento está batendo em seus cabelos, seus olhos são em um verde reluzente. — Esboçou um pequeno sorriso. — Agora um rapaz se aproxima dessa moça... Ele se reencosta juntamente ao lado dela, a olha por alguns instantes enquanto ela própria se vira em sua direção. Seus olhos se encontram. Nem uma palavra é pronunciada, ele apenas toca-lhe o rosto com delicadeza. – Saritcha dizia sabiamente enquanto Mellanie demonstrava entusiasmo e curiosidade em sua previsão. — Os olhos dessa garota agora parecem mais vivos acompanhados de um brilho incomum, os desse rapaz também. Ele tem estatura normal para um homem, mas claro, perto dela ele se torna bem mais alto. Ele tem lindos olhos acinzentados, os quais demonstram um sentimento semelhante aos dela. Seus cabelos não são tão curtos, batem na medida de seu queixo e são em um preto fuscante. Se veste com uma roupa de gala típica de baile noturno, muito elegante. Agora os dois se aproximam para um beijo, mas um outro rapaz também muito bem vestido se aproxima deles. Ele segura nos pulsos do rapaz de olhos levemente acinzentados, como se estivesse pedindo para que ele se afaste da pequena senhorita. O rapaz que se aproximara agora tem cabelos castanhos bem escuros e olhos castanhos calmamente avermelhados. Ele me parece enfurecido por alguma razão. – Saritcha suspirou interrompendo por um instante sua previsão. — A garota parece assustada e fala alguma coisa para o rapaz de olhos castanhos avermelhados, ele solta os pulsos do outro rapaz. A garota agora segura a saia de seu vestido e anda apressadamente, ficando bem em frente ao rapaz de cabelos pretos fuscantes como sinal de proteção. O homem de olhos misteriosos empurra a moça com força para o chão. Ela coloca a mão na testa desnorteada. O rapaz de olhos acinzentados encara o outro mortalmente, como se estivesse dizendo que ele não deveria ter feito aquilo. O outro agora parece ter adquirido olhos assustadores, estavam de uma cor completamente diferente e sombria: Vermelhos. A pequena senhorita se levanta do chão, agora segurando nos fortes braços do mesmo rapaz que a empurrou segundos antes. Ele apenas a olha ao canto dos olhos e com facilidade se livra dela. O de olhos acinzentados a olha como em uma despedida cruelmente triste. Agora aquele que ficara com expressão assustadora pega em seu pescoço e o aperta com muita força... Ele... Ele... – Saritcha se interrompeu um pouco impressionada com o que previa das mãos da garota. Mayuri encarava tudo aquilo sem demonstrar nenhuma reação. — Ele apertou o pescoço do rapaz de olhos acinzentados oque o fez tombar um pouco as costas para trás naquele parapeito da sacada, quase caindo. A moça de longos vestidos vermelhos se aproximou e segurou a mão que apertava o pescoço de seu amado tentando impedir, logo o agressor a olhou como que dissesse para ela se afastar. Ela beijou o lindo rapaz de cabelos pretos apaixonadamente e soltou então a mão do outro rapaz, que fitou os dois com ainda mais ódio. Ele então jogou por fim o rapaz dos olhos profundos e acinzentados para o outro lado, o que o fez se chocar lá em baixo... Bem lá em baixo... Na escuridão daquele jardim. Não se enxergou o corpo. A menina chora e olha em seguida com tamanha raiva daquele ser horrível, que agora a tomava em um beijo amargo. Os olhos dele continuam vermelhos, assim como o maravilhoso vestido de sua acompanhante, que por si apertava os dedos fortemente em seu Blazer.

Saritcha soltou um suspiro e abriu seus olhos azuis, anunciando o fim de sua longa previsão.

— Saritcha... Nunca vi você prever algo tão impressionante. – Começou Mellanie, com seus olhos bem abertos e surpreendidos. — Isso foi... Maravilhoso. Cada detalhe... Você sem duvidas tem o dom.

A mulher sorriu timidamente.

— Foi só oque eu vi de suas mãos, criança. Foram isso que elas me mostraram, apenas.

— Mas como... Como pôde ver tudo isso de mim? Quem eram aqueles três de suas citações? – Questionou a garota curiosa.

Mayuri levantou o olhar para Mellanie, fitando cada detalhe da mesma.

— Eu não sei, criança. Não posso falar ao certo oque vejo em minhas previsões. É confuso, é estranho e ao mesmo tempo é impossível de revelar. – A linda mulher disse voltando a encostar-se à mesma árvore de antes, fazendo seu capuz cair sobre os ombros, revelando logo em seguida seus lindos cabelos brancos reluzentes.

— Eu entendo... Mas me diga, essa moça de sua previsão... Ela... Se parecia comigo?

Saritcha soltou risadinhas baixas.

— Eu não sei. Aliás, eu não sei nem ao menos quem eles eram. Mas veja bem querida, pouco a pouco você saberá. Tenha paciência, tudo tem seu tempo. Você saberá, logo. – Falou em tom misterioso conseguindo arrancar um pequeno sorriso dos lábios da garotinha sombria ao seu lado. Mayuri.


**





Mellanie prosseguiu seu caminho para aquela escola, estava há poucos minutos atrasada e pelo menos teria a despreocupação de saber que não seria barrada por qualquer vigia de fosse, já havia se tornado muito amiga de um dos vigilantes de portão do colégio, ele era bem velhinho e simpático.







Entretanto, não conseguia tirar de sua cabeça a misteriosa previsão que Saritcha havia lhe feito. Uma senhorita, de claro, séculos atrás com dois rapazes com ótima aparência disputando entre si. Isso era algo estranho e aparentemente impossível de desvendar.






Não demorou muito e ela já chegara em frente aquele grande portão da escola, a qual já estava acostumada — mesmo se perdendo diversas vezes por aqueles enormes corredores — por quase completo.





Deu bom dia ao vigilante e entrou na escola, que a primeira vista estava em um vazio perturbador. Ninguém no pátio principal ou nos corredores. A primeira aula havia se dado inicio a apenas cinco minutos.




A garota bateu a mão na testa e tirou seu horário da mochila.


“Primeira aula; história. Acho que é isso.” Ela disse lendo o pequeno papel com um pouco de dúvida.

Avistou a porta da secretária entreaberta e não hesitou em dar uma passadinha por lá, já que Miha-chan ou Nathaniel sempre estavam presentes na sala nos três primeiros horários de aula.

— Ei, Nathaniel! Me desculpe, mas acho que me atrasei novamente. – Mellanie disse abrindo a porta agora por completo, encontrando-se com o alto e gentil loiro em seguida.

Ele mandou um sorriso doce.

— Já não te disse pra não se preocupar com isso? Venha, eu te acompanho até sua sala. – Ele se aproximou rapidamente e pegou na mão da garota a conduzindo para fora daquela sala.

Nathaniel escondia-se debaixo de toda aquela gentileza. Aquilo de certa forma, era assustador.

Logo estavam em um enorme corredor, onde se centrava a sala dela.

— Obrigada... Eu morro de vergonha quando chego atrasada e... Gosto muito quando você inventa uma desculpa para os professores me deixarem entrar na aula. – Ela disse um pouco vermelha já em frente à sua sala.

Ele sorriu contente, abrindo a porta da sala de aula em seguida.

— Com licença professor. Essa aluna chegou atrasada por motivos pessoais, será que poderia permitir sua entrada? – Nathaniel disse sério juntamente puxando a garota pelo braço, mostrando-a ao professor.

— Bem, eu não permitiria, mas já que o nosso tão importante representante está pedindo... Acho que posso abrir uma exceção, não é? – Falou o professor de meia idade com os óculos na ponta do nariz, tinha estatura um tanto baixinha e com feições irritantes.

Mellanie se curvou um pouco como sinal de agradecimento.

— Boa aula, Mell. – Falou por uma ultima vez o loiro de lindos olhos caramelados, dando um pequeno beijo no rosto da garota.


— Ótimo, me dê um saquinho de papel, preciso vomitar. – Murmurou baixinho Castiel entediado em uma das últimas cadeiras ao fundo da sala.




— Morre, Castiel. – Disse Mellanie em resposta sorrindo sarcasticamente enquanto se sentava não tão longe do garoto de cabelos avermelhados.




Ele revirou os olhos e afogou o rosto nos cadernos, cruzando juntamente os braços em volta da cabeça.


— Isso aí, garota! – Mary falou com risadinhas, fazendo um toque de mão com a amiga.

— Muito bem alunos, como já sabem eu estarei me aposentando a partir de hoje, como já havia dito a todos vocês a algumas semanas atrás. Então em meu lugar entrará outro professor, já tive a proeza de me encontrar com ele pelos corredores e como posso dizer...? Ele é um homem bem reservado e estranho. – O professor disse um pouco azedo bem na frente da classe.

— Tenham medo crianças. – Brincou o gentil rapaz de roupas vitorianas ao lado do ruivo mal encarado. Ao contrário de Castiel, ele era bem divertido em vários momentos apesar de sua seriedade, tinha lindos cabelos brancos acinzentados com pontas levemente pretas e profundos olhos bicolores.

Todos soltaram risadinhas com a ‘piadinha’ do rapaz.

O professor limpou a garganta como sinal de que queria continuar a falar e voltou com a tediosa explicação.

— Então, continuando de onde parei; Ele será um ótimo professor apesar da aparência misteriosa e um tanto maligna. Espero que tenham boas experiências com ele e não o dêem muito trabalho como deram comigo, enfim... Obrigado pela tamanha alegria de estar esse tempo todo ao lado de vocês.

Todos aplaudiram como na obrigação de agradecimento ao professor — Menos o ruivo perturbado, claro — e logo voltaram a estudar em seus devidos livros até que a aula finalmente desse um final.


*




— Ei, você não tinha me falado que o professor de história ia sair da escola. – Sussurrou Mellanie se esticando um pouco pra frente, alcançando a carteira da amiga. — Quem será o próximo louco no lugar dele?




Mary-chan riu descontraída.


— Eu havia me esquecido que ele iria se ausentar, mas de que isso importa? – A garota de longos cabelos loiros disse se virando para fitar a amiga.

— Bem, eu não sei, mas aposto que vai ser mais um velho chato que só sabe falar de história e nada mais, sinceramente? Isso não me importa tanto.

Mellanie ficou pensativa por alguns momentos enquanto esperava a professora de português adentrar a sala.

— Ei, meninas. – Chamou Lysandre quase em um sussurro perto das garotas. — Castiel me disse outro dia que viu o tal professor novo pelos corredores. Ele nem vinha tanto antes na escola, mas parece que tornou a vir todos os dias dês dessa última semana, foi quando a Mellanie chegou. Ele segundo o nosso ruivinho aqui, é bem estranho mesmo.

As meninas se entreolharam com os olhos curiosos.

— Pra mim vai dar no mesmo. Se ensinar história tão bem quanto esse ensinou, já estarei satisfeita. – Falou Mellanie dando de ombros, ela adorava história dês do primário.

— Como eu disse antes, deve ser um velho maluco. – Mary disse sorrindo, logo colocando um dedo nos lábios com fisionomia pensativa. — Mas bem que poderia ser atraente...

Mellanie não segurou as risadas e acertou a amiga com um pequeno tapa no braço direito.

— Não seja tão tarada, senhorita Maryana.

Nesse mesmo momento que lhe acertara o braço, Mary soltou um pequeno gemido de dor, segurando assim o braço em seguida.

— Seu braço está machucado, Mary? – Perguntou Lysandre com uma ponta de preocupação, curvando a cabeça para o lado tentando ver o braço dela um pouco melhor.

Mary tornou-se em um olhar assustado, esquivando-se dos olhares dele em sua direção.

— N-Não tem nada de errado com o meu braço...

Mellanie fechou por completo qualquer feição alegre, se transformando agora em um rosto sério.

Tomou em suas mãos o braço da garota loira com os olhos um tanto amedrontados.

— Esses ferimentos de novo, hein? – Mellanie balançou a cabeça negativamente enquanto tocava com a ponta dos dedos a região magoada do braço da garota.

— Devo ter me acidentado em casa... Não se preocupe, Mell-chan.

— A sua casa é oque por acaso? Um centro de guerra? – Mellanie fitou os olhos da amiga que suspirou como se estivesse se culpando por aquele machucado. — Não quero ver de novo você com esses ferimentos, fui clara Maryana?

A garota de cabelos caramelados abaixou a cabeça e assentiu sem jeito.

— Você disse que mora com seu primo, Mary? – Lysandre perguntou ajeitando uma parte de sua camisa estranhamente vitoriana.

— Não, agora ele se mudou para o Brasil. Estou morando sozinha novamente. – Levantou a cabeça e forçou um pequeno sorriso.


As outras duas aulas se passaram bem rapidamente, a escola não estava tão movimentada como nos outros dias da semana, até por ser uma segunda feira chuvosa.




O intervalo estava centralizado com o maior numero de pessoas no pátio principal ou no segundo pátio central, onde ficava as mesas de concreto e uma das escadarias, juntamente também com a enorme cantina da escola.





Lysandre fora pra sala de música carregando seu pequeno e discreto bloquinho de notas, enquanto Mary-chan fora para o segundo jardim da escola. Ela sempre dizia que não gostava muito de flores mas, adorava ficar deitada naquele enorme campo banhado em verde, pensando em cada momento, cada pensamento perdido sobre suas expectativas de vida. Maryana tinha o grande sonho de trabalhar como uma das mais importantes investigadoras do mundo, ao lado de seus assistentes secretos ou ao lado de um só, o qual a respeitasse e gostasse dela.







Mellanie andava em passos lentos por aquele escuro corredor, um dos mais afastados de todo o colégio. Estava indo ao seu lugar, qual ficava de costume dentre apenas três dias da semana. Estava indo para o pátio dos fundos, onde ninguém frequentava.





Ultrapassou aquele enorme portão com escuras grades e desceu os pequenos degraus, encarando agora aquela grande árvore banhada pela água da chuva. Caminhou até ficar bem perto... Bem perto...

Jogou sua mochila para o lado e se sentou de um jeito confortável em baixo daquela árvore de espécie desconhecida. A garota soltou um profundo suspiro por fim, colocando os fones no ouvido.

Evannescence – Lithium. Essa era a música um tanto confusa e sentimentalmente lenta que ela ouvia naquele momento, debaixo daquela árvore, debaixo daqueles finulos pingos de chuva. Aquela calma combinação de temperatura e canção faziam-na se sentir tranqüila, faziam-na se lembrar de alguns momentos de sua vida, do seu misterioso passado que não gostaria de relembrar tão cedo... E o mais importante; que não gostaria de desvendar a ninguém tão cedo. Tinha que ocultá-lo a todo custo para essa sociedade, que por um minuto estava se auto destruindo.

Se foi ouvido mais acima várias respirações lentas, vários suspiros calmos... Isso era...

Castiel. O ruivo perturbado e extremamente irritante estava em completo sono em cima daquele enorme tronco, acima da cabeça da garota que agora demonstrava feição divertida.

— Como que esse galho te agüenta, hein? Seu gordo obeso. – Ela abafou as risadas ainda com os olhos levantados na direção daquele ruivo. — Fico pensando como esse galho é resistente... Adoraria ver ele se romper com você ai em cima, ia ser a cena mais engraçada da minha vida.

Ela soltou ar pela boca e voltou com sua posição de costume. Ouvia aquela musica agora com a cabeça encostada nos joelhos.

Pensava, pensava e pensava sem parar. Somente isso a descrevia naquele momento de solidão.


— Então quer dizer que adoraria me ver rachar a cara no chão? Você é realmente uma pessoa ótima. – Se foi ouvida uma voz um tanto rouca e lenta de cima daquela árvore.




A garota respirou um pouco rápido demais como sinal de ter se assustado repentinamente.




— É rara as vezes que te vejo ai em cima. – Ela disse com um sorriso irônico agora encarando ele que por si ainda se encontrava deitado com o braços acima da cabeça, relaxado.


— Nem deveria ver, garota. – Disse grosseiro — Esse espaço era meu até você chegar e acabar com a minha paz, você tem algum problema por acaso?

Ela revirou os olhos e se levantou em um pulo.

— Bom, então acho que deveria começar a se acostumar com a minha presença, já que gostei desse pátio e não pretendo sair tão cedo. – Mandou uma piscadela em direção ao ruivo como provocação.

— E pra onde foi minha paz mesmo? Ops, a novata comeu. – Ele se sentou no tronco e fez um ar infantil com as palavras.

Mellanie se irritou e logo pegou sua mochila do chão, se virando em seguida.

— Você deveria tentar ser menos idiota, só pra variar.

Ultrapassou aquele portão, voltando novamente de onde havia vindo.


O ruivo soltou algumas gargalhadas e desceu com um pulo daquela arvore, logo percebendo que havia pisado em algo incomum do chão.




— Que merda é essa? – tomou em mãos um pequenino pingente em formato de rosa prateada, com algumas palavrinhas escritas abaixo; “Rosa Invernal”.







~~











As duas últimas aulas passaram-se até rápido demais para uma segunda feira. A garota agora estava indo em direção ao pátio principal do colégio, onde não havia completamente ninguém. Ela tinha ido com Mary e Lysandre para uma pequena sala escolher um clube ao qual era obrigatório a participação.


Estavam finalmente voltando em direção ao pátio principal quando se ouve uma voz rouca e um tanto raivosa na direção dos três. Castiel.




— Agora tenho certeza que você é realmente surda! – Ele disse parando em frente a eles ofegante. — Acho, só acho, que essa coisinha é sua.




E das mãos dele saiu o pequeno pingente em formato delicado de uma rosa muito conhecida pela garota.


Ela sorriu e passou a mão pela pulseira, percebendo que o pingente não estava lá de fato.

— Minha rosa! – Mellanie disse praticamente arrancando da mão do rapaz aquela coisinha quase minúscula. — Seu idiota, você roubou de mim?

Castiel cruzou os braços e encarou a garota com ar raivoso.

Lysandre e Mary-chan observavam aquela situação curiosos.

— E porque eu roubaria essa coisa inútil? – Ele retrucou na defensiva.

— Você provavelmente pegaria só pra me irritar já que é só isso que você sabe fazer. – Ela cruzou os braços, tentando imitar o garoto de cabelos avermelhados.

Ele revirou os olhos agora indo pra cima dela.

— Não seja burra, eu vim aqui te devolver e você vem me acusan-

— Ótimo, já devolveu não foi? Agora sai da minha frente. – Ela disse dando um pequeno empurrão no braço dele.

— Olha como ela ficou nervosinha, a princesinha desse fim de mundo. – Disse provocante enquanto se virava e fitava as costas da garota.

Ela apertou bem os olhos exaltada e fechou bem os punhos, demonstrando que se ele falasse mais uma besteira arrancaria aquele sorrisinho medíocre junto com os dentes.

— Eu não sou... princesinha de lugar nenhum.

— Ah, não seja tão modesta, Mellanie. Você é uma fofura em pessoa. Aliás, é você que está enfeitiçando os caras por aqui, em uma semana só. Você é realmen- – Ele falava autoritário com um sorrisinho triunfante ao canto dos lábios, como se quisesse a irritar a todo custo.


Mas ela o interrompeu as palavras com algo inesperado. Um soco. Sim, um soco bem certeiro no rosto. Se virou rapidamente e acertou-lhe bem na bochecha direita, fazendo-o cair com tudo de bunda no chão naquele pátio.




Os olhos se encontraram, mas não era nada amável como esperado, não. Era um olhar matador da parte do ruivo que havia sido cruelmente nocauteado e agora estava no chão com o punhos cerrados e tomados pela fúria.




Maryana — com as duas mãos tapando a boca, surpresa — estava ao lado de Lysandre, ambos olhando todo aquele alvoroço de Mellanie e Castiel.


— Não vá pensando que vou ser como aquelas garotinhas ingênuas que você insulta todo dia. Não seja tão convencido, Castiel. – Ela disse calma com a cabeça baixa, olhando aquele cara que acabara de agredir e agora estava lá, no chão.

Ele vai me matar... Ele vai me matar...” Pensava a garota por dentro enquanto fitava-o friamente.

— É, você tem razão. Você não é igual aquelas garotas imbecis... –Ele disse forçando um sorriso cínico, passando de leve a mão pelo rosto, qual lado foi atingido. — Você é bem pior.

Ao terminar suas palavras, rapidamente deu uma rasteira nas pernas da garota.

A rasteira a fez cair com tudo em cima dele, desnorteada.


Mellanie pôs a mão sobre a testa um pouco fora da realidade, abrindo seus enormes olhos verdes em seguida. Tais olhos que alertavam perigo.




— Você... Seu... – Ela cerrou os punhos novamente a ponto de lhe acertar mais um soco certeiro, mas ele a segurou no mesmo instante no pulso, impedindo-a assim do ataque.




— Nada disso princesinha, isso não funciona mais. – Castiel falou ainda a segurando fortemente no pulso.


Já ela tentava a todo custo se livrar das mãos fortes dele.

— Não devíamos tentar apartar essa briga? – Mary-chan dizia bem próximo ao ouvido de Lysandre, como se só ele pudesse ouvir.

— Vamos esperar até o próximo golpe, em quem você aposta? – Ele disse ficando em sua posição de costume; um braço em cima de uma das mãos, algo muito de seu estilo delicado e vitoriano.

— Se você não me soltar eu vou te morder, seu ruivo ignorante! – Falava Mellanie quase aos gritos enquanto tentava morder uma das mãos do garoto, mas ele a deteu — empurrando o rosto dela na direção contrária — com a outra mão livre.

Quando ela finalmente conseguiu soltar o pulso, praticamente voou na direção do rapaz e fez algo ainda mais inesperado. Puxou-lhe os cabelos, apertando com as mãos e puxando para trás com uma força incomum. Aquelas mechas ruivas agora transpareciam entre seus dedos.

— Ficou maluca?! – Ele dizia com alguns gritos por conta da dor dos puxões de cabelo.

— Que sorte eu tenho por seus cabelos não serem tão curtos, ha ha. – Mellanie gargalhava animada enquanto ainda puxava os cabelos dele com toda a raiva, descontando todas aquelas palavras rudes que antes ele havia lhe dito.

Em um momento de desleixo, Castiel se livrou dos puxões nada gentis da garota e sobressaltou, agora ficando por cima dela.

Seu braço estava levantado em uma posição de ataque, punhos cerrados e ódio a mil enquanto permanecia com as pernas abertas para ambos os lados da cintura da garota, sentado juntamente em cima de sua barriga. Faltava pouco para acertar um soco naquela pequena criatura aparentemente fofa de cabelos amarronzados, mas na verdade uma assustadora menina de briga.

Maryana pôs as mãos sobre os olhos já vendo oque aconteceria. Castiel não era nada gentil com ninguém, muito menos com garotas que o tiravam do sério, e sinceramente falando, Mellanie, essa pequena garota de grandes e expressivos olhos verdes fora a que mais o tirou do sério até hoje. Mary já ouvira rumores que ele também agredia garotas, mas não havia sido nada concreto, na verdade. Mas por um minuto ela teria certeza, até porque ele estava a poucos centímetros de acertar um soco em Mellanie.

Lysandre moveu um passo a frente na tentativa de impedir o ataque do ruivo, mas antes que pudesse terminar o trajeto uma senhora parou atrás dos dois que estavam caídos no chão se atracando.

— Venham terminar essa briga patética na minha sala, vocês dois. – Falou a diretora com voz extremamente séria e autoritária, fitando aqueles dois no chão em tais posições nada agradáveis; o ruivo valentão em cima da garota com os punhos cerrados, e a garota por baixo com os olhos arregalados encarando a senhora logo ao lado.


~~





As diversas fotos naquelas prateleiras eram tão amáveis que faziam desacreditar naquela senhora ali naquela mesa com feições raivosas, aquela sala não parecia nada agradável quanto na primeira vez que Mellanie havia visitado há uma semana.







— Muito bem, não vão abrir a boca pra falar porque estavam naquela baixaria bem no pátio da MINHA escola? – Falou ela com a mão sobre a mesa e com os dedos entrelaçados, estava com um dos olhos piscando sem parar, talvez estivesse tendo um colapso nervoso.






Castiel encontrava-se sentado em uma das cadeiras ao lado da garota completamente despreocupado com aquela situação, juntamente com os braços cruzados abaixo do peito e com os olhos direcionados em outra direção.





— Foi algo bobo, uma brincadeira. Não foi nada demais... – Começou a garota tentando se explicar. Estava completamente envergonhada por ser pega naquela situação nada agradável no chão da sua nova escola, e oque era pior, com o cara nada simpático em cima de sua barriga na mira de lhe esbofetear.




— Brincadeiras assim na minha escola não são permitidas, senhorita Yukino. – Falou grosseiramente em resposta. — Por Deus, ele estava em cima de você, não acha isso inapropriado?


— Talvez fosse apropriado se ela estivesse por cima... – Murmurou o ruivo em tom de gozação.

A mulher de meia idade atrás da mesa direcionou um olhar mortífero para Castiel, que por si rolou os olhos na tentativa de despistar a burrada que havia dito.

Mellanie deu um beliscão nele sem que a velha percebesse.

— Nunca pensei que a senhorita pudesse fazer algo desse nível... – Ela suspirou abaixando os óculos. — Bem, que seja. Vocês terão que cumprir um castigo juntos, já que “adoram” ficar grudados um no outro...

Mellanie e Castiel arregalaram os olhos no mesmo momento, encarando agora aquela mulher nada gentil.

NEM PENSAR! – Gritaram horrorizados em uníssono.


~~





A chuva mais uma vez naquele fim de manhã havia dado uma pequena pausa. Mellanie estava agora sentada em um dos longos bancos de madeira na biblioteca principal daquela escola, junto a ela estavam Maryana, Lysandre, Miha e Nathaniel.







— Então, qual foi à bronca da bruxa dessa vez? – Começou Miha a perguntar, junto com Nathaniel nada concentrado em mais um de seus livros junto à mesa logo ao lado.





— Estamos de castigo.


Todos desviaram a atenção do que pretendiam ou faziam naquele momento para a criatura de cabelos castanhos logo ao lado com cara de poucos amigos.

— Oque? – Todos confusos em uníssono.

Mellanie soltou ar pela boca prolongadamente, mostrando claramente sua frustração.

— Ela disse que não é aceitável “brigas” como aquelas no seu colégio, então nos deu um castigo, nada mais. – Mellanie esclareceu apoiando seu rosto em ambas as mãos.

Todos se entreolharam.

— Bem, eu lamento por você. – Falou Nathaniel escondendo um pequeno riso. — Afinal de contas, todos já sabemos como aquele demônio é, realmente.

— Sim, sim. Isso é verdade. Alguém se lembra por acaso daquela menina toda fofinha de alguns meses atrás? – Todos assentiram bem concentrados na revelação de Mary. — Bem, deixe-me contar, Mell. Eles tiveram que cumprir um “trabalho” juntos, acho que tinham que lavar a escadaria, não me lembro muito bem. Podemos dizer que, depois disso, a garota nunca mais deu as caras por aqui de novo.

— Talvez ele fez dela de escrava e a pôs pra lavar tudo sozinha. Que pena. – Comentou Lysandre alarmado.

Mellanie curvou a cabeça para o lado um tanto confusa.

— Como assim? Ela ficou doente ou algo do tipo?

— Não, ela simplesmente inventou uma desculpa falando que o pai dela a tivera que transferir para outra escola, mas justo naquela ocasião? Isso não te parece obra de algum diabinho de cabelos tingidos? – Maryana se aproximou da garota de cabelos castanhos com ar desafiador.

— Vocês acham mesmo que ela saiu da escola por causa daquele idiota? Qual é! – Mellanie começou com alguns risos, mas que logo foram se desmanchando com tais olhares sérios naquela mesa.

— Eu acho que vocês estão loucos. – Miha disse enquanto mordiscava a ponta de sua unha.

— Ele é perigoso, é isso que eu acho. – Nathaniel falou fechando seu livro bruscamente, conseguindo assim a atenção de todos para si próprio naquele momento. — Tome cuidado Mell, ele não é apenas um maloqueiro. Ele é pior.

— Ei, Nathaniel, você acha todo mundo suspeito ou perigoso, então sua opinião não conta nessa roda. – Miha comentou divertida, tocando o ombro do rapaz loiro como sinal de consolo.

— Não sejam tão imaturos, ele é só um garoto, não é nenhum maníaco. – Maryana comentou prendendo uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Mellanie riu.

— Bem, de qualquer forma isso não me importa, afinal é só um castigo, nada mais. –Recolheu seus pertences da mesa. — E ele nem me parece ser uma ameaça de grande porte.

Mellanie saiu daquela enorme sala logo após terminar suas palavras duvidosas, deixando todos boquiabertos.

— E então, devemos esperar um desastre nuclear? – Brincou Mary logo ao terminar de acompanhar com os olhos a saída da amiga.

— Não, Mary. Essa menina é esperta, creio que nem aquele ruivo sociopático é páreo contra uma baixinha furiosa. Alguém duvida de minhas palavras depois daquele soco que ela deu bem na fuça dele? Bem, devemos esperar e apenas observar como telespectadores. – Lysandre disse sabiamente por fim, encerrando aquela longa e cansativa discussão.


~~





Aquela sala com paredes de tintura avermelhada não melhorava nem um pouco seu humor obscuro. Mellanie estava enfim em sua casa, largada de qualquer jeito naquele enorme sofá macio de sua sala de estar de frente para a televisão, enquanto acompanhava sem interesse um anúncio qualquer no noticiário.







— E então pequena Mell, me disse mais cedo que terá que cumprir um trabalho próximo da escola? Que tipo de trabalho? – Perguntou Kaien logo atrás daquele sofá, enquanto arrumava seu próprio casaco para sair.





Mellanie o olhou de canto.


— A diretora disse algo sobre um velho museu de artes, daqueles que tem várias esculturas. – Pausou agora se endireitando no sofá. — Mas pelo que me parece ele está totalmente acabado agora, cheio de tralha e escuro por dentro. De mês em mês aparecem pessoas pra fazer a limpeza, mas como isso não aconteceu ela me mandou nessa missão impossível. Não sei ao certo onde fica, mas não deve ser tão longe.

Kaien a olhou pensativo.

— E quem a ajudará nesse trabalho comunitário?

— Um garoto super gentil e simpático. – Mentiu descaradamente enquanto fingia acompanhar aquele noticiário.

— Entendo... – Ele sorriu ajustando os óculos com a ponta de um dos dedos. — Mas então, Lunna me disse que chegará ao começo de noite, passará na casa de uma nova amiga.

Mellanie assentiu contente e virou-se para a TV novamente já com o controle em mãos para mudar daquele jornal entediante.

Recebemos de última hora uma noticia chocante e inesperada: Duas vitimas de assassinato na região próxima ao interior de New York, SilentStreets. Na verdade a guarda de policiais não nos deram muitas confirmações mas... as vitimas tiveram profundos ferimentos em várias partes do corpo e maior acumulação de sangue na região frontal do pescoço. Assassinatos extremamente brutais, mas será que continuarão? Esperamos por mais noticias desse inesperado acontecimento...

Por um instante Mellanie podia sentir seus olhos saltarem de órbita. Por impulso de questionar sobre aquilo tudo, a garota virou a cabeça no mesmo momento para Kaien.

— Parece que essa cidade é bem tranqüila, não é verdade? – Sorriu sem humor para o homem que agora encarava a TV sério.

— Assassinatos acontecem em todo lugar, Mellanie. Não me olhe como se eu fosse o autor dessa barbaridade. – Ele sorriu e desligou a televisão, se aproximando da porta em seguida. — Estou saindo. Se não voltar no horário combinado irei atrás de você imediatamente. Tenha cuidado.

A porta se fechou, tornando agora aquela casa vazia... Sem mais ninguém além daquela garotinha cheia de dúvidas.

Tenha cuidado... Tenha cuidado...” Aquelas palavras eram uma alerta? Ou uma simples preocupação paterna? Ela se pegava em tais pensamentos de que, ficaria maluca a qualquer momento dentro daquela casa.

— Assassinatos acontecem em todo lugar... Certo. – Sorriu e se levantou em um pulo, logo olhando para o relógio pensativa. — Mas assassinatos com tamanha crueldade... Isso seria realmente normal pra você, Kaien Cross?

Um calafrio atingiu sua espinha quando de repente se pegou em tais perguntas abusivas. Seu celular tocou nesse momento, fazendo ecoar pelos corredores daquela casa aquele toque... Aquele toque enlouquecedor...

Ahn... Mas quem estaria...” Pensava distraída já pegando seu celular do bolso de trás do short.

Seus grandes olhos agora pareciam menores como em dúvida. Número desconhecido.

— Alô? – Começou ela apoiando o celular entre o colo do ombro e o queixo enquanto andava devagar em direção as escadas. — Quem é?

Um pequeno e entediado suspiro se ouviu do outro lado da linha.

— Que tola, que tola... – A voz finalmente disse em tom de gozação — Que seja. Espero que chegue na porta da escola no horário combinado, não me faça esperar. A menos que queira ter uma morte dolorosa...

Mellanie soltou um suspiro desanimado e irritado.

— Como conseguiu meu número?

— Não interessa. – O ruivo revirou os olhos e rodou seu copo de coca-cola em cima da mesinha de centro de seu quarto — As 17hrs em ponto estarei lá. Espero que não me deixe plantado por uma hora, madame.

Ela bufou enquanto se sentava em um dos primeiros degraus daquela escada.

— Chegarei no horário combinado, apesar de não gostar nem um pouco de ver essa sua cara feia, cumpro com meus compromissos.

Ele sorriu, soltando um pequeno grunhido zombeteiro ao telefone.

— Falando em cara feia, não me esqueci do soco que me deu. Cobrarei na mesma moeda, princesa. Aguarde.

— Hmm... Estou muito curiosa por essa vingança. – Ela sorriu divertida.

— Você realmente não tem medo, não é? – Se ouviu um riso macabro ao outro lado.


A ligação se foi perdida. Ele desligou.





Demônio inútil.” Pensava ela apertando o celular com força nas mãos.







Aquela casa estava oca, estava um tanto escura e sombria. Bem... Pelo menos era isso oque se parecia naquele momento. A chuva alertava presença a qualquer momento, o céu estava escuro oque fazia a casa também permanecer em um tom obscuro ao interior.





Mellanie olhou ao redor. Nada além de si própria. Afogou o rosto nos joelhos e descansou aquela irritação. Descansou por um mero minuto... Só por um momento...



Música de Encerramento.







[Imagem Extra do Capitulo ~ Castiel Locker ]



Fim da primeira parte.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, desculpem-me pela demora. Comentem, complementem e continuem lendo. O quinto sairá em breve , e creio que menor. Beijos e não me abandonem, >< *Abraça fote*