The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 4
Capítulo 3 – Certo lugar que se chama silêncio.


Notas iniciais do capítulo

Olá mais uma vez meus amores.

Bom, esse capitulo vai falar a trajetória dela na sua mais nova cidade e como ela conhecerá novas pessoas. Terá mistério, uma pitada de sangue... Enfim, espero que gostem.
Não se esqueçam de dar uma olhadinha na música de abertura, é muito importante e acho que ficou muito legal pra história.

E também a musica de encerramento,


As imagens extras deste capitulo serão todas fotos de personagens que aparecerão neste capitulo, então olhem todas por favor.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/245164/chapter/4

Capitulo três

Certo lugar que se chama silêncio.

Música de abertura

**





Talvez não tão pouco frio, talvez não tão pouco aconchegante. O balançar daquele carro estava deixando-a cada vez mais angustiada. Porque justo ela tivera que fugir dessa maneira? Talvez o destino a olhasse meio torto.











Ela não sabia mas, tudo só havia acabado de começar. Ou porque não dizer, recomeçar?









Mellanie se reencostava em um dos bancos traseiros do táxi, finalmente depois de várias horas de viagem estariam chegando a tão nova cidade.




Quando o carro parou, Mellanie não queria abrir os olhos. Não naquele momento. Ela estava exausta e só queria uma cama confortável o bastante para dormir por longas horas.




Praticamente a viagem toda Lunna dormiu no avião, enquanto Kaien anotava alguma coisa qualquer em seu bloco de notas e lia mais um de seus romances bobos. Mas a garota não dormiu em momento algum, não. Manteve-se bem acordada pensando como a amiga se viraria naquela escola infernal, a qual havia deixado pra trás. Se perguntava a todo o momento se Lawliet cuidaria bem dela, mas claro, não passaria de uma mera expectativa. “Aquele imprestável não deve saber cuidar nem do próprio nariz, imagine cuidar de uma garota problemática como a Hikkaru-chan. Oque vai acontecer? Simples. Oque vai acontecer é que, ela tomará o lugar como babá.” Pensava enquanto sorria sem humor.




Sua tia logo saiu do carro junto a Kaien-san, logo despertando a menina de seus devaneios.


— Vamos Mell, hora de conhecer o seu novo mundo. – Lunna disse sorridente enquanto abria a porta de trás encarando a garota que por si olhava a todo o momento o chão. — Pare com isso, aqui não é tão ruim. Veja, é tão diferente de lá. – Olhou ao redor . O sol refletia um brilho nos cabelos médios e pretos de Lunna.

Mellanie tentou relutar, mas logo decidiu aceitar a situação, afinal, não queria de jeito nenhum parecer uma garotinha mimada tentando fazer os outros aceitarem seus caprichos.

Saiu do táxi e encarou aquela casa a sua frente; Era de uma cor amarela alaranjada contagiante, tinha dois andares e não era tão grande, Lunna nunca gostou de coisas muito exageradas ou que demonstrassem luxo demais, claro, por elas serem muito pobres.

Havia também uma sacada muito bonita, com no máximo três vasos de flores e alguns bancos de madeira com algum tipo de estofado. Claro, aquela sacada levaria a algum quarto.

Seus olhos agora se moveram e neles se destacou um lindo jardim á frente da casa; Era pequeno e com várias espécies de flores e plantas de variados tipos, inclusive as rosas que as duas tanto gostavam. Bem no meio abria um curto caminho de tijolos que levavam a porta de entrada. Estava certa de que Lunna iria gastar bastante tempo de seu dia se divertindo organizando a seu gosto aquele jardim.

— É maravilhosa... – Disse com seus grandes olhos verdes vidrados naquela casa, que agora em questão seria sua.

— Talvez você devesse... Olhar a sua volta. – Kaien disse enquanto se aproximava e apoiava suas mãos nos ombros da garota.

Mellanie o olhou ao canto dos olhos e se virou.

Agora observava tudo ao seu redor; As ruas, os bancos, as lindas casas vizinhas, até mesmo uma mulher baixinha que passava próximo dali com um carrinho de bebê. Mas oque mais lhe chamava a atenção naquele momento foi o lindo parque de frente a sua casa. Ele era lindo, nunca havia visto um parque tão maravilhoso. Tinha grandes árvores e vários bancos para que as pessoas pudessem se sentar e relaxar. Havia também várias flores, muitas mais que no seu novo pequeno jardim. Um grande campo com um maravilhoso gramado banhado em verde. Mas seus olhos se centralizavam agora naquele enorme chafariz bem no meio da praça, a água jorrava tão alto que seus olhos paralisavam com tanta harmonia. Ele era redondo e daria perfeitamente para qualquer um se sentar em volta, bem pertinho da água.

— Será que podemos entrar agora? – Kaien disse parecendo um tanto impaciente, despertando Lunna que babava pelo seu mais novo jardim. — É que eu quero tomar meu chá. Já faz muitas horas e-

— Tudo bem, tudo bem! – Ela o interrompeu soltando pequenas risadas. — Vamos entrar e você poderá se saciar de seu chá, Kaien-san. – Disse agora pegando em seu braço gentilmente e praticamente o arrastando em direção a porta.

Mellanie estava em completo transe, fechou os olhos e suspirou sentindo aquele novo ar. Aquilo tudo era lindo demais pra ela, incomparável com sua antiga cidade. Incomparável com sua antiga vida.

Mas será que aquele seria o seu novo mundo?

— Mell, vamos? – Lunna disse com a mão na maçaneta da porta, despertando a garota de seus pensamentos cheios de perguntas.

Mellanie abriu os olhos rapidamente e assentiu para a tia com um sorriso. Lunna logo abriu a porta e adentrou.

“Sim, esse é o meu novo mundo.” Pensou ela animada, logo se virando e entrando também.


~~





— Então querida, – Lunna suspirou entusiasmada e ponto de abrir a porta a sua frente. — bem vinda ao seu mais novo quarto!








Logo dito a porta foi-se aberta.





O quarto tinha uma decoração leve e linda ao mesmo tempo, com as paredes pintadas de um Preto (Só eu que nunca vi parede preta de perto na vida?) bem vivo oque combinava perfeitamente com os toques de vermelho que contagiavam o quarto. As cobertas e lençóis da cama eram de uma combinação de vermelho e preto também, com os travesseiros brancos, junto ao grande tapete que prendia bastante a atenção da garota, ele era redondo e ficava bem ao centro. As cortinas brancas bem finas da janela balançavam ao ritmo do vento daquele comecinho de tarde.


— Ficou ótimo, foi você quem decorou? – Mellanie disse acompanhando Lunna com o olhar.

— Sim. Kaien queria uma decoração diferente, como posso dizer...? – Ela levou a mão ao queixo pensando em uma palavras certas. — Podemos dizer que se o quarto ficasse nas mãos dele, iria ser típica decoração para uma menininha de oito anos. – Ela riu divertida.

— Eu iria surtar. – Mel acompanhou as risadas. — Mas iria ficar agradecida, afinal, ele é um homem muito bom, apesar de parecer um pouco maluquinho.

Lunna sorriu; — E é por esse motivo estou descendo agora, já sabe não é? Se o deixar sozinho por mais de dez minutos ele pode acabar fazendo qualquer bobagem lá em baixo. – Falou enquanto apoiava a mão na maçaneta. — E você parece cansada, pode descansar, acordarei você mais tarde.

Lunna mandou um beijo no ar e fechou a porta em seguida, deixando a garota sozinha entre sorrisos bobos.

Mellanie suspirou pesadamente e olhou no relógio de parede; 13h50.

Observou uma última vez o seu novo quarto e percebeu na parede de frente para a cama que avia alguns pôsteres de séries e animes que ela tanto gostava, além de algumas bandas que ouvia sempre.

Naquele momento um vento forte veio em sua direção, fazendo aquelas finas e brancas cortinas quase transparentes voarem bem alto, junto com seus cabelos castanhos. Andou em direção a elas e as puxou de uma vez só, no que reparou na pequena sacada que avia admirado lá de baixo há poucos minutos.


“Então está no meu quarto...” Ela pensou com um sorriso enquanto olhava para todos os cantos daquela pequena varanda.

Quando levou seu olhar á frente reparou naquele parque, a vista era privilegiada. Havia uma mulher sentada em volta daquele enorme chafariz que Mel havia tanto elogiado nos pensamentos, ela estava com as pernas para cima de onde estava sentada, seus cabelos tapavam a maior parte de seu rosto, pois caiam todos de lado. Segurava uma coisa estranha nas mãos, qual se assemelhava a uma bola de vidro não tão grande nem tão pequena, aquela mulher olhava-a atentamente como se quisesse tirar algo dela, parecia pressentir algo daquela delicada bola de vidro...

“Mas quem é essa doida?” Disse esticando o pescoço mais a frente aprofundando ainda mais o olhar, tentando ver mais claramente oque aquela mulher fazia. Sem sucesso.

Deu de ombros e voltou para o quarto, arrastando as cortinas novamente fazendo o local onde estava ficar um pouco mais escuro.

Suspirou e se jogou naquela cama, que agora finalmente poderia chamar de sua.


~~





Havia dormido horrores até finalmente acordar com um enorme barulho semelhante de algo caindo ou quebrando no andar de baixo. Mellanie então levantou de uma vez só assustada da cama, mas revirou os olhos e não se importou muito.




Desceu seus pés da cama lentamente... Sentou-se e olhou á sua volta, estava escuro. Escuro até demais.



Levantou-se e arrumou a cama de qualquer jeito, logo olhando no relógio que se encontrava naquela parede negra. 18h58. “COMO EU DORMI TANTO?” Praticamente gritou com os olhos bem abertos devido à surpresa. Ela nunca dormia á tarde, mas pra dormir tanto assim deveria estar morrendo de cansaço, certamente.




Olhou lentamente em direção àquela cortina que balançava um pouco devido ao vento frio daquele começo de noite. Abriu rapidamente as cortinas. O céu estava deslumbrante, com várias e várias estrelas que brilhavam em meio a um azul marinho forte, fazendo a garota sorrir com tamanha beleza.




Andou um pouco mais, encostando seus pulsos no parapeito da sacada, podendo observar cada canto daquela rua, cada canto daquele lindo parque... Foi então que avistou a mesma mulher de horas atrás, sentada de lado com os compridos cabelos brancos acinzentados caídos também de lado enquanto olhava atentamente para a água do chafariz. Quem era aquela criatura e oque fazia ali, daquele jeito? Era oque a garota se perguntava a todo o momento enquanto olhava atentamente aquela linda mulher. “É muito bonita para ser uma moradora de rua...” Falou meio a pensamentos apertando o olhar.


Após alguns segundos observando aquela mulher misteriosa, decidiu sair da sacada, logo fechando as cortinas em seguida, por conta do forte vento.

Foi nesse momento que ouviu mais um barulho e algumas risadas no andar de baixo. Largou a cortina e andou até a porta, apressando os passos com receio de ter acontecido algo de mais grave, “Será que é um ladrão?” Pensou se desesperando e abrindo a porta com rapidez.


**




— Viu oque você fez? Isso foi um presente de um amigo da Inglaterra! – Ouviu-se Lunna gritar entre risos.




Mellanie depois de quase tropeçar e sair rolando escada abaixo encarou os dois rindo feito dois retardados com dois vasos caríssimos no chão, quebrados em pedacinhos.


— Amigo da Inglaterra? Poupe-me dessa coisa ridícula! – Kaien disse tentando um semblante sério, claro, sem sucesso. — Deveria ter vergonha de guardar presentes de ex namorados, Lunna!

A garota que observava os dois “discutirem” puxou uma cadeira mais próxima e se sentou á mesa, apoiando seu queixo nas mãos em sinal de tédio.

— Ex namorados? Eu sou uma menina culta, nunca guardaria algo de ex namorados! – Disse ficando totalmente vermelha tentando se explicar. — E além do mais, eu não tive namorados... E também-

Mellanie solou risadas quase imperceptíveis, abaixando a cabeça divertida com a situação.

— Fala sério Lunna, já se esqueceu daquele seu “amigo” de New York? - A garota disse interrompendo com um sorrisinho provocador ao canto dos lábios, o qual fez Lunna tremer de raiva.

— Eu não sei do que está falando, Mell. – Falou cruzando os braços se fazendo de desinteressada.

Mellanie riu.

— Então já se esqueceu do chute que deu nele quando o pegou com aquela vadia? –A garota disse despreocupada se servindo de um pouco de chá que estava em cima da mesa.

Lunna ficou vermelha, se lembrava muito bem daquela tarde de verão quando virá seu primeiro amor aos beijos com uma qualquer no clube de Jardinagem, pra ela foi o cumulo. Decidiu então impor uma regra a si mesma: Nunca mais se apaixonar. Nunca, em hipótese alguma.

— Então quer dizer que nossa “preciosa” Lunna aqui já se apaixonou uma vez? – Disse Kaien-san se reencostando na parede logo atrás, ironizando nas palavras. — Nossa. Isso é incrível. Nunca pensei que um dia essa pessoa sem sentimentos pudesse gostar de alguém. – Brincou fingindo surpresa.

Lunna revirou os olhos, indo até a cozinha e logo pegando um pedaço de torta de limão.

— Tudo bem, aceita torta Mell? – Disse voltando ao seu lindo e largo sorriso como de costume. — Eu fiz há algumas horas com a ajuda desse maluco, está uma delicia.

Mellanie olhou por alguns segundos e aceitou finalmente. Realmente parecia deliciosa.

— Vou aceitar. – Disse abrindo um sorriso tão grande quanto o de sua tia. — Estou um pouco com medo por causa de Kaien-san tê-la ajudado a fazer. Ele não é muito bom com essas coisas... – Falou entre risos enquanto apontava com a cabeça a bagunça na cozinha e alguns rastros de farinha pelo chão

— Eu só sou um pouco desastrado, mas creio que podemos resolver isso com o tempo. – Disse abaixando a cabeça envergonhado.

— Desastrado? Me poupe. – Disse apontando em direção aos vasos no chão. — Você é muito pior que isso, vá por mim Kaien.

As duas riram menos o pobre Kaien que tomava seu precioso chá.


**





— Vocês me assustaram com essa barulheira toda, pensei que fosse um ladrão ou coisa pior. – Mellanie disse da cozinha enquanto lavava a louça.








Kaien apenas soltou uma risadinha divertida, balançando a cabeça negativamente fazendo seus longos cabelos presos em um rabo de cavalo balançarem.





— Não seja boba, pequena Mell. – Ele disse colocando de volta na mesa sua xícara de chá. — Essa é a cidade mais calma de todo o mapa, impossível algo violento acontecer por essas redondezas. Porque acha que escolhi esse lugar para vivermos, daqui pra frente?


A garota enxugou as mãos como sinal de que havia acabado oque estava fazendo, se virou e fitou o homem sentado na mesa, curiosa.

De repente um turbilhão de pensamentos lhe passou pela cabeça; A morte de sua mãe, aquele natal manchado pelo sangue e ela mesma agora, se encontrando em uma situação de fuga. Fugindo do assassino de sua mãe, do monstro que tanto temia á dez anos e que não descansaria até encontrar.

— Bom, acho melhor você ir dormir agora, Mell. – Disse Lunna percebendo o clima tenso naquela hora, forçando um sorriso. — Afinal, amanhã vai ser um grande dia. Irá ser o seu recomeço aqui, então esteja preparada.

Mellanie sorriu sem humor e foi em direção à mesa, pegando em um pedaço de papel médio que se encontrava lá.

— Oque é isso? – Pegou-o e o olhou atentamente. — Um mapa?

Kaien soltou risadinhas.

— Sim, é o mapa da cidade, querida. – Ele disse tocando-lhe o braço. — Eu e Lunna fizemos enquanto a torta assava, pensamos que seria útil pra você.

Lunna se sentou e se serviu um pouco de chocolate quente.

— Isso mesmo, eu tive a idéia já que sei muito bem do seu senso de direção...

A garota desviou a atenção daquele papel e olhou sua tia incrédula.

— Meu senso de direção? – Fingiu irritação colocando as mãos na cintura. — Meu senso de direção é ótimo, tudo bem?

Os dois riram em uníssono.

— Bem, é só pra prevenir se o seu senso de direção estiver ruim... Esse mapa irá te ajudar um pouco, nesse caso. – Lunna sorriu com os olhos fechados demonstrando uma face fofa.

Mellanie assentiu agora fitando Kaien que tomava mais uma golada de seu chá.

— E você, Kaien... - Ela começou cruzando os braços abaixo dos seios. — Vai viver com a gente pra sempre?

Lunna mandou um olhar mortal para a garota.

— Creio que sim, Mell. – Ele disse animado. — Mas não se preocupe, vou tentar ser o melhor e mais amoroso pai pra você.

Mellanie sorriu mesmo não encarando muito bem essa coisa de pai que ele havia inventado.

— Boa noite pra vocês, vou dormir. – A garota disse dando um beijo na bochecha de cada um deixando Kaien vermelho de felicidade. — Ah, e juízo vocês dois, certo?

Ela subiu as escadas na velocidade da luz, deixando os dois sem entender aquele comentário absurdo.

Chegou lá em cima rapidamente, abriu a porta de seu quarto que era de uma madeira escura e bruta, entrando em seguida.

Respirou fundo antes de entrar no banheiro para tomar seu banho antes de se deitar.


**





Não demorou muito para seu banho acabar, vestiu uma camisola longa e branca na altura dos tornozelos e caminhou de passos lentos para perto daquela sacada.




As cortinas balançavam freneticamente naquela noite, fazendo seus cabelos balançarem no mesmo ritmo também. Ajeitou as cortinas e andou um pouco para trás despreocupada, até pisar em algo molhado do chão. Olhou rapidamente para ver oque era, tomando um susto em seguida.


Fitou bem aquele liquido extremamente vermelho no chão próximo a sacada e a cama, haviam três pingos grandes no chão próximos aos seus pés.

Seu rosto estava gelado, havia ficado pálida. Seus grandes olhos verdes estavam bem abertos vidrados naquele vermelho não tão incomum.

— Sangue...? – Ela disse em um tom bem baixo andando com passos para trás. Estava assustada.

Oque aquilo estava fazendo ali, no seu chão? Ou melhor, como havia ido parar ali?

A ponta de seus delicados pés estavam manchados de uma pequena quantidade de sangue. Uma tão pouca quantidade que conseguia deixar a garota horrorizada.


~~


Era bem cedo e Mellanie já estava de pé, arrumada e de cabelos penteados. Ela sabia que aquele dia seria longo e extremamente cansativo, afinal, estaria indo para sua nova escola. Conheceria seu novo recomeço, finalmente.

Estava se olhando por uma última vez no espelho de seu quarto, perdida em pensamentos sobre a noite de ontem.

— MELLANIE, DESÇA, VAI SE ATRASAR PRA ESCOLA! – Gritava sua tia do andar de baixo.

A garota revirou os olhos e respirou fundo, ajeitando sua blusa branca com mangas até os cotovelos, combinando perfeitamente com seu short jeans escuro e seu All Star preto, junto com suas longas meias com tiras pretas e brancas que se estendiam a altura dos joelhos. Estava ótima para um primeiro dia? Talvez.

Desceu rapidamente as escadas e se sentou à mesa próxima a cozinha, ao lado do seu mais novo “papai”.

— Bom dia querida! – Ele disse sorridente. — Está muito bonita, está preparada para seu primeiro dia?

Ela suspirou pegando uma maçã no cesto de frutas.

— Obrigada, Kaien-san. – Ela disse com um sorriso de canto. — Sim, eu acho que estou preparada, afinal, do que adiantaria se eu não estivesse? – Riu sem humor se levantando em seguida e olhando no relógio de parede. 06h40. Estava atrasada, já que os portões se fechariam as 07h00.

— Pegue, preparei pra você. – Disse Lunna correndo até a garota e lhe entregando um sanduíche muito bem embrulhado. — É de presunto e queijo, como você gosta, é pra compensar por não ter lhe feito seu omelete.

A garota agradeceu e se despedindo dos dois, logo saindo pra fora.

O começo daquela manhã estava maravilhosa, o céu estava em uma mistura de um Âmbar escuro e de um azul claro radiante.

O vento balançava seus cabelos enquanto atravessava aquela rua, se deparando em seguida com uma figura curiosa sentada na beira do chafariz, como havia já visto no dia anterior.

“A louca.” Mellanie pensou olhando curiosa a mulher que se encontrava sentada em uma posição comportada enquanto olhava algumas cartas atentamente. A garota então se aproximou não se importando muito em chegar atrasada no colégio.

— Com licença... – Ela começou sem graça. — Eu sou nova por aqui e... Bem... Moro bem em frente, bem ali. – Apontou em direção a sua casa. — Eu reparei que você sempre fica aqui, toda hora e-

— Shh, fique quieta. – Interrompeu a mulher que estava ainda atenta em algumas de suas cartas. — Você fala demais. Garotas como você não deveriam falar demais. Mellanie.

A menina arregalou os olhos surpresa, acompanhando a misteriosa mulher levantar a cabeça devagar.

Ela era de uma beleza rara; Tinha lindos olhos azuis metálicos que combinavam perfeitamente bem com seus longos cabelos brancos perolados. Vestia-se com uma estranha, mas bonita capa azul que por sua vez tinha algumas pedras de brilhantes pregadas. Logo abaixo daquela capa havia um lindo vestido branco, que moldava perfeitamente seu corpo magro.

— C-Como sabe o meu nome...? – Mellanie perguntou surpresa.

A mulher riu calmamente divertida.

— Não há nada que eu não saiba, criança. – Ela falou se levantando em seguida, fazendo o vento balançar a ponta de seu longo vestido branco. — Aliás, você me parece um pouco confusa... Abatida, talvez.

A voz dela era calmamente doce, oque fez a garota chegar a conclusão que ela não poderia ser uma simples moradora de rua.

— Me desculpe, mas eu não te conheço. – Mellanie falou dando as costas e com alguns passos para frente, antes de ser puxada pelo braço de volta;

— Me chamo Saritcha. – Ela disse apertando o braço de Mellanie, que por sua vez se virou, ficando de frente aquela mulher. — Me deixe ver sua mão, criança...

A mulher pegou gentilmente a mão da garota, com uma expressão calma e amena. Apoiou as mãos dela sobre as suas e as virou, ficando visível as linhas desenhadas na palma. Mellanie a observou confusa, oque ela estava querendo ver em suas mãos?

— Hmm... Você é uma garota bem forte, Mellanie. – Ela disse com os olhos fechados ainda com as mãos da garota sobre as suas. — Você teve uma vida difícil até então, não teve? Deve ser mesmo doloroso guardar para si algo tão forte. Não sente medo do seu não tão distante futuro, pequena Mell?

A garota rapidamente arregalou os olhos puxando suas mãos com brutalidade das daquela mulher misteriosa. Havia ficado assustada. Porque razão a havia chamado daquela forma...? “Pequena Mell... Pequena Mell...” Essas tais palavras não saiam de sua cabeça no momento enquanto fitava a mulher incrédula.

— Do que está falando, sua louca? – Ela disse com algumas lágrimas caindo sobre suas bochechas. — Você não sabe... De nada.

Saritcha riu divertida, enquanto se aproximava com cautela novamente da garota.

— Eu sei sim... Eu sei de tudo, criança. – A mulher disse carinhosamente enxugando e acariciando o rosto de Mellanie. — Mas vou te falar uma coisa, querida; Não se preocupe tanto com essas perturbações, isso tudo terá que acabar um dia. Mas veja bem, você terá que ser forte e encarar todos esses perigos. Eles são perigosos, tome cuidado. Estarei com você daqui em diante.

A menina abaixou a olhou nos olhos. Quem ela era de fato? Oque queria dizer com todas essas palavras sobre sua vida?

— Oque você é?

A mulher sorriu ao canto dos lábios.

— Eu sou uma sensitiva. – Ela disse tirando suas mãos do rosto da garota e dando alguns passos até o chafariz. — Bem... Na verdade eu não sei oque eu sou de verdade. Quando eu era bem pequena minha mãe me deu esse medalhão antes de morrer. – Saritcha disse tomando em suas mãos um lindo medalhão de ouro com uma grande pedra de jade cravada bem no meio. — Ela me dizia que com esse medalhão eu conseguiria abrir tais portas que outros nunca conseguiriam abrir. Ela me ensinou muitas coisas, e com o tempo soube que ela era uma mulher especial.

A mulher sorriu bobamente fitando aquele medalhão.

— Então você é... Algum tipo de vidente, tipo, que pode prever o futuro das pessoas? – A garota se aproximou olhando o medalhão curiosa.

— Não... Podemos dizer que, eu posso muito mais que isso, criança. – Ela sorriu.

— Sua mãe deveria ser uma pessoa maravilhosa.

Saritcha a olhou surpresa, esboçando um olhar feliz em seguida.

— Não tanto quanto a sua foi um dia, pequena Mell.

Ela sabia mesmo de tudo. Era oque Mellanie confirmava naquele momento.

— Ela foi morta por um monstro, e não irei descansar até matá-lo com minhas próprias mãos. – A menina disse com um semblante sério e com os punhos cerrados com determinação.

A mulher suspirou.

— Você terá que ter calma, para poder cumprir seu objetivo. Muitos ainda aparecerão para lhe ajudar. Uns virão, outros irão.

Mellanie a fitou curiosa.

— Como assim... Irão?

— Você tem que saber que todos a partir de agora que se juntarem a ti, criança, correrão sérios riscos. Esteja ciente disso.

Aquelas palavras causavam arrepios em Mellanie, aquilo poderia fazer algum sentido, mas e se fosse... Verdade? As pessoas correriam tanto perigo assim se ficassem próximas a ela?

— Eu... Entendo, eu acho.

Saritcha sorriu acariciando por uma última vez o rosto da menina que tanto chamava de criança. Mas era verdade, ela ainda era uma criança, por dentro. Aquela doce menininha de dez anos atrás se permanecia ali, intacta, mas a dor a havia escondido quase por completo aquela criança.

— Acho que você deveria ir agora, pequena. – A mulher disse voltando a sua posição ao lado do chafariz, segurando outras cartas na mão.

Mellanie olhou no relógio e já estava há cinco minutos atrasada, de fato os portões já estariam bem fechados quando chegasse lá.

Despediu-se daquela mulher e saiu correndo.

Seus pensamentos eram vagos, mas concretos; Aquela mulher a ajudaria muito, disso ela poderia ter certeza. Aquela mulher cuidaria dela, ocuparia um pequeno espaço que era de sua mãe. Do seu anjo.


~~





— 06h45, Cidade de Trees Wind —








— Me larga, idiota. – Gritava Hikka-chan de baixo das cobertas enquanto era puxada pelas pernas com força. — ME SOLTA!








— Hm, então você é realmente uma garota problemática? – Dizia Lawliet já cansado de tanto tentar tira-la de lá.





Estariam morando juntos dês do dia em que Mellanie fora embora da cidade, os pais de Hikkaru estariam a ponto de uma separação, fazendo seu pai embarcar em uma longa viagem á Londres, levando a menina a tomar uma decisão não tão inteligente, mas que poderia fazer seus planos darem certo...


Lawliet lhe disse que estaria se mudando para New York dentro de algumas semanas, e por pura conhecidencia seria para a cidade de Mellanie. Hikka-chan então teve a “brilhante” idéia de morar com ele até lá, mas quem disse que isso daria certo?

— Você é estranho. Legal, realmente, muito interessante morar com um cara como você! – Dizia ela enquanto se levantava em um pulo.

Lawliet bufou ajeitando sua franja que cairá sobre o rosto, seus cabelos loiros estavam levemente despenteados.

— Tenho regras que você deverá seguir.

Ela revirou os lhos e cruzou os braços, fingindo atenção.

— Pode falar, senhor chefe da casa! – Hikka disse com um sorriso debochado.

— Primeiro: Nada de mexer nos meus doces, em hipótese nenhuma, fui claro? – Ele disse em tom autoritário enquanto a garota concordava sem interesse com a cabeça, se lembrando como o rapaz era amante inseparável daqueles doces. — Ótimo. Segunda regra: Nada de mexer nos meus documentos e fitas na mesinha de centro da sala, próximo a TV. Fui claro?

Hikka arqueou uma sombracelha e tombou a cabeça para o lado, dando uma olhadinha na sala e na tal mesinha de centro.

— Oque tem de tão misterioso naquelas fitas velhas de vídeo? Será que você nunca ouviu falar em DVD? – Ela disse com um sorrisinho.

Ele revirou os olhos novamente, prestes a pular em seu pescoço.

— Não seja idiota, essas fitas são importantes para o meu trabalho e extremamente confidenciais, então não as toque em momento algum, fui claro?

— Ah Lawliet... Não me diga que são filmes pornográficos? – Ela disse incrédula com a mão na boca rindo feito louca com a hipótese.

As risadas se espalharam rapidamente por aquele pequeno apartamento, deixando o rapaz feito um pimentão de raiva.

— Não são filmes pornográficos, idiota. – Ele colocou a mão sobre o rosto, entediado.

— Me desculpe, me desculpe senhor chefe da casa... – Ela disse com as mãos pra cima como sinal de rendição. — Pode continuar com suas “condições” – Hikka-chan Falou com ar irônico.

— Terceira e última condição: Nada de mexer no meu computador ou no meu sofá. O computador é meu, o sofá é meu. – Disse apontando para um pequeno sofá na sala e para seu Notebook.

— E que computador você quer que eu use? – Ela disse nervosa colocando as mãos nos quadris.

Ele sorriu calmamente.

— Nenhum. Enquanto estiver morando aqui não irá usar computador algum.

Ela revirou os olhos.

— Pelo menos podemos falar com a Mell por Skype, de vez em quando?

Ele assentiu e antes mesmo que ela pudesse pular de alegria ele saiu do quarto, entrando no banheiro em seguida.

Ela sabia que essa convivência não daria nada certo, mas ela tinha certeza que juntos poderiam se esforçar para encontrar Mellanie. Afinal, seriam só duas semanas juntos, nada de tão dramático. Eles se sairiam bem. – Era isso que ela pensava e tinha a expectativa.

Hikka suspirou e andou pelo quarto, chegando até a janela e olhando aquela paisagem nada agradável. O vento era forte oque fazia seus longos e lisos cabelos azuis metálicos balançarem em um ritmo calmo, enquanto pensava sobre aquele misterioso homem que agora seria seu mais novo acompanhante de moradia.

A manhã estava prestes a começar, e não seria nada fácil sem sua melhor amiga ao seu lado.


~~





Mellanie estava extremamente cansada, havia corrido pela cidade feito uma louca com aquele pequeno pedaço de papel na mão. Estava começando a se achar uma ridícula quando finalmente conseguiu acertar o caminho. “Meu senso de direção é realmente horrível!” – Pensava consigo mesma quando finalmente parou em frente á um enorme colégio; Sweet Amoris. Essa seria a sua nova escola, agora.







Apoiou suas mãos nos joelhos demonstrando cansaço, suas pernas estavam doloridas e seu rosto vermelho. Respirou fundo e adentrou, dando uma desculpa qualquer para o porteiro deixá-la entrar, com sucesso.





Aquele lugar era realmente muito grande, não se comparava nem um pouco com sua antiga escola. Tinha grandes árvores com flores no pátio principal. Deparou-se logo então com uma porta de madeira branca que estava entreaberta com tal placa escrita “Secretária Principal”. Sorriu e colocou a mão na maçaneta, logo a abrindo por completo. Ouviram-se vozes altas lá de dentro;



— Será que você não consegue ser útil nem pra organizar pastas, seu idiota?! – Gritava nervosa uma garota com lindos cabelos rosados e olhos bem chamativos. — Quantas vezes tenho que te ensinar que as pastas do Segundo ano são na terceira prateleira e as do Terceiro ano são na segunda?! Eu não aguento mais, Nathaniel! – Ela suspirou pesadamente dando uma pausa na gritaria com o rapaz ao seu lado, que por si parecia muito divertido com a situação.

Mellanie soltou uma risadinha e abriu a boca para começar a falar, mas o rapaz a impediu.

— Você é irritante, sabia? – Gargalhou divertido.

Ele era muito bonito por sinal. Tinha lindos e não tão curtos cabelos Loiros com olhos cor de mel, combinando perfeitamente com sua roupa, que era uma gravata azul e uma camisa branca. Ele tinha um estilo totalmente certinho. Mas, seria, realmente oque mostrava-se ser?

— Me desculpe incomodar, mas... – A garota começou interrompendo a discussão dos dois.

Eles logo se viraram assustados a olhando com surpresa.

— Ah, me desculpe querida, te deixamos plantada ai por muito tempo? – A garota de cabelos rosados começou com um meio sorriso sem graça.

Que reviravolta na personalidade.

— Não, não, eu cheguei agora mesmo. – Mellanie disse um tanto tímida e entrando por

completo naquela enorme secretária com várias pastas sobre mesas e papéis desordenados.

— Que bom! – A garota disse aliviada olhando mortalmente para o rapaz ao seu lado. — E quem é você?

Mellanie soltou risadinhas e começou;

— Sou nova na escola e gostaria de saber como posso começar.

Os dois se entreolharam e sorriram em seguida.

— Eu cuidarei disso pra você senhorita, venha por aqui! – Respondeu o rapaz de cabelos loiros e olhos caramelados.

Ok, mais assustador ainda.

— Ah, e qualquer coisa que precisar estarei sempre na biblioteca, tudo bem? – Disse a garota de longos cabelos rosa levantando a mão como sinal de alerta. — Meu nome é Miha Venturi.

Mellanie sorriu contente.

— Muito prazer Miha-chan. Claro, procurarei a você se tiver qualquer problema. Obrigada.

A garota sorriu e se virou remexendo em alguns papéis que estavam em cima da mesa.

— Venha comigo senhorita, vamos para a sala dos representantes, lá orientarei você sobre oque terá que fazer.

Mellanie assentiu enquanto o seguia por um enorme corredor com várias salas diferentes. Ela sabia que seria fácil se perder dentro daquela escola.


Quando finalmente pararam de frente a uma sala ela supôs que seria a tal sala de que ele havia lhe dito.




— Que sala bem arrumada... – Ela murmurou baixinho enquanto olhava cada canto daquele lugar.




O rapaz sorriu sem jeito.


— Eu gosto de tudo muito bem arrumado. Sente-se senhorita. – Ele disse apontando para um pequeno sofá de dois lugares enquanto se sentava em uma cadeira logo atrás de uma mesa com um computador e vários papéis.

— Essa sala é sua? – Ela perguntou surpresa.

— Sim. Os representantes da escola costumam ter uma sala somente para eles cuidarem dos assuntos em geral do colégio, mesmo quando não temos muita afinidade com os nossos companheiros de trabalho... – Falou se lembrando da garota de cabelos rosados, logo fazendo uma careta. — Mas então... Vamos ao que realmente interessa. Qual o seu nome mesmo?

Ela soltou risadinhas.

— Mellanie Hana Yukino. Me mudei recentemente de cidade e fui transferida para essa escola... Será que poderia me dizer oque tenho que fazer?

Ele esboçou um “Humm” com a boca e remexeu em alguns papéis, sorrindo vitorioso em seguida ao achar um em especial.

— Aqui está sua ficha de inscrição, Mellanie. – Lhe entregou o papel com várias coisas escritas. — Agora seu segundo passo é levar esse documento para a diretora carimbar, e depois disso será oficialmente uma estudante de Sweet Amoris, Senhorita Yukino. – Ele sorriu alegre estreitando os olhos em uma expressão fofa.

— Obrigada Nathaniel, será que pode me falar onde fica essa tal sala da diretora? – Perguntou sem graça colocando a mão na nuca.

O rapaz riu.

— No final desse corredor, a última porta a esquerda, Senhorita. – Disse se levantando e ficando de frente a ela. — Tome, esse é seu horário das aulas. Seja muito bem vinda.

Mellanie sorriu agradecida.

— Obrigada Nathaniel-kun. – Abaixou a cabeça como modo de agradecimento. — Ah, e nada de senhorita pro meu lado, entendido? Somente o primeiro nome está de bom tamanho.

Ele soltou risadinhas e assentiu por fim.

— Tudo bem, Mellanie. Cuidado para não se perder por aí, admito que até eu cometo essa proeza de vez ou outra. – Ele piscou e abriu a porta pra ela em seguida.

A garota assentiu por uma última vez e saiu correndo pela porta, seguindo o longo corredor até o final...


**





“Deve ser essa” Disse em pensamentos logo em frente a uma grande porta também de cor branca, com uma pequena plaquinha de metal descrita; Diretoria. Era realmente lá, agora só bastava abrir.








Tomou coragem e a abriu com cautela, enfiando a cabeça no pequeno espaço da porta entreaberta olhando o local em seguida.





Havia uma mulher com uma certa idade sentada em uma mesa folheando algumas fotos.



— Ah, com licença senhora... – Mellanie começou terminando de abrir a porta.




A mulher desviou o olhar daquelas tais fotos e olhou Mellanie, logo abrindo




— Ah, você deve ser a Senhorita Yukino. Entre por favor.


A garota estranhou, mas logo adentrou a sala que era ainda maior que as anteriores que havia visitado.

— Eu trouxe esse papel que o representante me deu. – Estendeu os braços entregando-lhe o documento.

A mulher sorriu e abriu sua gaveta, logo tirando de lá um carimbo.

— Prontinho querida, sua ficha de inscrição está pronta. Seja bem vinda a nossa escola. – Falou apertando a mão da garota gentilmente ainda com o enorme sorriso nos lábios.

Mellanie assentiu com a cabeça e saiu da sala, fechando a porta logo depois.

“Vamos ver oque tem nesse horário de aulas...” Pensou enquanto tirava de seu bolso o horário que o gentil rapaz loiro havia lhe entregado há poucos minutos. “Língua Portuguesa, Sala 025, Segundo ano A. É isso?” Coçou a cabeça confusa olhando ao redor. Nenhuma alma viva estava ali. Guardou o papel e respirou fundo, andando novamente por aquele enorme corredor procurando um caminho certo...


**


Já havia percorrido mais de quatro corredores diferentes e nada de encontrar o certo, decidiu então voltar para o começo de tudo. A secretaria principal.




Estava voltando para lá quando avistou Miha, a linda e simpática garota de cabelos em tom rosados. Correu até ela com um curto sorriso de alivio.





— Miha! – Gritou logo ficando de frente a garota, que estava com um semblante confuso.





— Oque aconteceu novata, não conseguiu achar sua sala?




— Exatamente! Já fui a milhões de corredores e nada de encontrar essa maldita sala, veja. – Ela entregou o papel para a garota que sorriu em seguida.


— Mas então é isso? – Ela devolveu o papel. — É o segundo corredor depois deste, quarta sala à direita. Creio que agora é aula de Português, mas a professora não veio, então não sei se eles colocaram um substituto ou darão aula vaga. Só indo para descobrir.

Mellanie suspirou aliviada com um sorriso agradecido em seguida.

— Muito Obrigada Miha, meu senso de direção é realmente péssimo.

Miha soltou algumas gargalhadas.

— Tudo bem, mas acho melhor correr agora, até porque está há cinco minutos atrasada, e aqui isso não é nada aceitável.

A garota arregalou seus olhos verdes assustada.

— Eu tenho que ir agora, até mais Miha.

Antes mesmo da garota de cabelos rosados acenar de volta Mellanie começou a correr rapidamente, entrando no corredor que Miha a havia lhe dito.

“Será que eu tenho um papel grudado na minha testa escrito; se atrase?” Era isso que ela pensava enquanto corria feito louca naquele começo de corredor. Corria tão mais tão rápido que não enxergava nada a sua frente, logo trombando com algo ou alguém, caindo bruscamente no chão em seguida.


Ela certamente não tinha um pingo de sorte. Havia corrido tanto que nem reparou no garoto que estaria encostado na parede á sua direita, ele ouvia música em seu celular com os olhos fechados, totalmente concentrado.




Antes mesmo que pudesse desviar esbarrou tão fortemente naquele rapaz que fez os dois caírem no chão no mesmo momento. Ela em cima dele totalmente desengonçada e ele com uma cara de raiva incomum.




“Ótimo Mellanie, olha que ótima impressão bem no seu primeiro dia!” Ela pensava consigo mesma enquanto levantava rapidamente com um pulo de cima do rapaz, que levantou também em seguida.


“Ótimo Mellanie, olha que ótima impressão bem no seu primeiro dia!” Ela pensava consigo mesma enquanto levantava rapidamente com um pulo de cima do rapaz, que levantou também em seguida.

— Qual o seu problema garota?! – Ele disse extremamente nervoso enquanto batia em sua calça na tentativa de se livrar da poeira do chão. — Você é retardada?

— Me desculpa, me desculpa! – Ela repetiu com nervosismo. — É que eu não te vi aí e-

— Então eu sou invisível? – Ele apertou o olhar com raiva na direção dela. — Ou você é cega?

Mellanie fechou os olhos soltando um suspiro pesado em seguida.

— Eu estava atrasada... Estava com pressa e acabei trombando em você. Me desculpe. – Disse já com os olhos abertos observando agora aquele rapaz com expressão irritadiça. Ele tinha cabelos vermelhos que batiam quase na altura dos ombros, o qual combinava perfeitamente com seus lindos olhos castanhos acinzentados bem profundos e misteriosos. Vestia-se com uma jaqueta de couro marrom e uma calça surrada jeans.

Ele revirou os olhos e baixou a cabeça, agora olhando para seu celular que estava caído no chão com um pequeno arranhão na tela.

— Olha oque você fez. Não consegue ser mais idiota? – Falou pegando-o rapidamente.

— Eu já te pedi desculpas, tá legal? Não precisa ser grosso desse jeito! – Ela gritou, já perdendo a paciência com aquele cara nada gentil.

— Com quem você pensa que tá falando? – Disse ele já chegando mais perto com olhar de raiva, apertando um dos braços dela em seguida. — Fique longe do meu caminho, entendeu?

Mellanie o olhou mais a fundo e chegou à conclusão de que aquele garoto era um marrento idiota, e não seria com ele que ficaria se desculpando em vão. Ninguém falaria assim com ela, ninguém...

“Me desculpe querida Hikka-chan, mas acho que não vou poder cumprir minha promessa.” Pensou se lembrando das palavras de sua amiga Hikkaru sobre se dar bem com os garotos da nova cidade.

— Desculpe, mas não estou vendo seu nome escrito nesse corredor. – Ela disse com um pequeno sorriso irônico ao canto dos lábios.

Ele a mandou um olhar cruelmente rude e apertou ainda mais seu braço, a fazendo soltar um gemido baixo de dor.

— Ei, você. – Gritou uma voz ao fundo do corredor não tão longe. — Larga ela ruivo.

Os dois levaram o olhar para aquela criatura no outro lado do corredor, que agora se aproximava com os punhos cerrados. Era uma garota de longos e ondulados cabelos loiros e grandes olhos azuis metálicos. Se vestia com uma blusa lilás em um tom bem claro e uma e uma calça jeans comum, e por fim uma sapatilha rosa discreta.

— Não me lembro de ter te chamado na conversa, garota. – Ele disse soltando o braço de Mellanie finalmente, esboçando então um sorrisinho debochado.

A garota de cabelos loiros revirou os olhos, puxando Mell pelo braço para perto dela como sinal de proteção.

— E eu não me lembro de ter te dado permissão pra encher o saco das novatas, Castiel. – Ela o encarando com olhar mortal.

Ele riu.

— Porque você não vai cuidar das suas investigações ridículas, hein, Sherlock Holmes? – Ele falou cruzando os braços e voltando a se reencostar na parede.

Ela grunhiu com ódio.

— Será que você não consegue ficar ao menos cinco minutos sem falar merda, garoto?

Ele riu por uma última vez e colocou os fones no ouvido. O vento que acabará de passar fizeram seus cabelos ruivos balançarem em um ritmo lento...

A garota loira logo saiu puxando Mellanie pelo corredor, onde foram parar em um lugar cheio de bancos de concreto e uma pequena cantina. Se sentaram em um desses bancos.

— Porque fez aquilo? – Mel começou com um pequeno sorriso confuso.

A garota de cabelos amarelados suspirou.

— Acredite, isso acontece com bastante freqüência. – Ela riu divertida. — Mas sabe, eu já estou bem acostumada em “salvar” as novatas daquele bobão, mas até que você encarou bem a situação.

Mellanie a olhou confusa.

— Como assim?

— Nenhuma novata teve a coragem que você teve de respondê-lo assim. Você foi muito corajosa.

Mellanie soltou risadinhas.

— Corajosa? Fala sério, ele é só um garoto grosso que merecia escutar bem mais que aquilo. – Ela disse sorrindo e colocando as pernas pra cima do banco, ficando em uma posição confortável.

— Nenhuma garota tem coragem nem ao menos de falar com ele. Na verdade, ninguém tem coragem de chegar pra conversar com aquele metido a durão.

Mellanie a encarou séria.

— Ah, sério? – Começou dando uma cocadinha na cabeça. — Pois eu achei ele um marrento bem esquisito, e de garotos assim quero distância.

A garota ao seu lado riu.

— Mas eu continuo na teimosia de que ele possa ser um garoto bomzinho, sabe? Ter um coração debaixo daquela armadura toda. Eu ainda acredito. – Ela tinha confiança em seus olhos.

Mellanie a olhou com um sorriso de curiosidade.

— Você o conhece há muito tempo?

— Estudamos juntos dês do fundamental, digamos que ele mudou bastante dês de então. – Ela disse com risadinhas e com uma certa lembrança no olhar.

— Algo aconteceu pra ele ser tão...? Você sabe. – Mellanie disse se enrolando nas palavras.

— Ah. Eu não sei ao certo, mas tudo começou a piorar quando a irmã dele morreu há um ano.

Mellanie deixou bem aberto seus grandes olhões verdes, surpresa.

— E como ela morreu?

Se ouviu um suspiro profundo da parte da garota de longos cabelos loiros.

— Ela foi assassinada.

**



Ficaram conversando por um bom tempo até se ouvir o sinal para a próxima aula.

— Eu acho que cabulei aula. Era para eu estar dentro da sala, mas estou aqui com você. – Disse Mellanie corando.

— Não se preocupe, se sua sala for a que me disse não era para ter aula no primeiro horário. Aula vaga. – Ela disse mostrando seu horário que era semelhante ao de Mellanie. — Somos “amiguinhas” de sala agora, Mell.

Mellanie soltou risadinhas e se levantou do banco, ajeitando sua mochila em suas costas.

— Ainda não sei seu nome, certo?

A garota de cabelos loiros que agora se levantará em um pulo demonstrou uma expressão de ter se lembrado de algo.

— Ah, claro! – Ela riu. — Meu nome é Maryana Chie.

Mellanie sorriu com expressão fofa.

— Muito bonito. Tem algum significado em especial?

— Hmm, Sim. – Mary disse se lembrando e estralando os dedos. — Significa Sabedoria, oque é bom por eu ser louca por investigação. Vai ser bem útil. E o seu, oque significa?

Mellanie sorriu.

— Bem, o meu significa Rosa Invernal.

As duas haviam se divertido muito em conversas de variados gêneros, mas parecia que o tempo voava. Havia chegado à hora da segunda aula, a qual seria um saco segundo ela.

Não conhecia praticamente ninguém naquela sala, nem o representando fofo e sua companheira de serviço estavam lá, somente sua mais nova colega Mary-chan e aquele ruivo metido a valentão. Seria realmente difícil para ela. Seria muito difícil encontrar seu novo recomeço, perto de pessoas que nem ao menos conhecia de verdade.

~~



Todas as aulas haviam finalmente acabado, todos os alunos estavam indo para suas devidas casas, somente alguns poucos alunos estariam ali por motivos pessoais.

Mellanie esperava Mary no pátio principal á poucos metros do portão de saída, impaciente.

Havia visto há poucos minutos o tal ruivo entrar em uma sala qualquer com um outro garoto muito bonito com cabelos brancos perolados, o qual não sabia quem era.

De repente aparecem três garotas mal encaradas ao seu lado.

— Ah. Então você é a novata que todos estão falando por aí? – Disse uma loira com roupas de patricinha. — Não entendo por que tanta ladainha pelos corredores. Você nem vale a pena. – Falou terminando, encarando Mellanie da cabeça aos pés com desdém.

As outras duas que estavam ao seu lado riram.

Mellanie fechou os olhos nervosa e cerrou os punhos ainda com os braços junto ao corpo.

— Oque, – começou calmamente. — Você disse?

Levantou então a cabeça com um olhar perigoso para aquelas três.

— Isso que você escutou, sua esquisita. – A loira com cabelos bem ondulados riu debochada. — Sua P-O-B-R-E. – Soletrou com bastante calma mexendo bem devagar os lábios a última palavra.

— Bem, talvez você queira provar um pouco da minhas “esquisitice” , queridinha. – Mellanie disse abrindo a latinha de coca-cola que estava segurando, derramando todo o liquido sobre os cabelos e roupas da loira, a deixando toda molhada e suja.

— [aaah] Meu... Meu cabelo! – Ela disse levantando as mãos como se estivesse com nojo acompanhado de alguns berros escandalosos.

— Gostou do gosto da humilhação? – Mellanie disse botando a mão na cintura em uma pose desafiadora. — É bom, não é?

As outras duas ficaram estáticas, mas logo trataram de se mexer e limpar a amiga toda molhada do refrigerante.

— Ambre. – Começou novamente a falar a loira com um olhar mortal para a garota. — Lembre-se bem deste nome, minha queridinha, até porque o seu eu irei guardar com ódio e vingança. – Falou ela se virando bruscamente fazendo seu cabelo balançar com o vento, logo andando com passos largos em direção a um carro preto.

As outras murmuraram alguma coisa e saíram correndo atrás da tal Ambre.

“Ótimo, que ótimo dia hein, Mellanie?” Ela pensou botando a mão no rosto e soltando um pesado suspiro. Foi quando Mary logo chegou correndo.

— Estou de volta. – Falou ela chegando e sorrindo. — Que cara é essa?

Mellanie forçou um sorriso e começou a andar em direção ao portão que dava na rua.

— Nada. Então, vamos?

A amiga assentiu e começaram a andar.

Aquele poderia ter sido um ótimo primeiro dia de aula... Isso se não tivesse dado tudo errado.



~~



— Xeque-mate! – Dizia Kaien pulando de alegria por ter ganhado mais uma longa partida de xadrez. — Você é realmente péssima em Xadrez, Lunna!

Lunna revirou os olhos apoiando seu queixo nas mãos entediada.

— Não, você que é bom demais, Kaien.

Logo se foi ouvida a porta se abrir e se fechar em seguida. Mellanie acabará de chegar, finalmente.

— MELL! – Gritou Kaien correndo em direção a garota para um apertado abraço. — Já estava com saudade da minha garotinha. Como foi o seu primeiro dia?

— Não foi como eu planejei, mas a escola é interessante. – Falou se livrando do abraço e se sentando em uma das cadeiras vagas na mesa.

— Fiz o chocolate quente que você adora, Mell. – Dizia Lunna chegando com uma bandeja e a colocando em cima da mesa em seguida.

Mellanie realmente adorava chocolate quente, ainda mais no inverno bem frio de Dezembro, próximo ao tão temido natal.

— Obrigada tia Lunna, estava realmente precisando disso. – Falou com um enorme sorriso nos lábios, se servindo de uma xícara daquele delicioso chocolate quente...

Tomando aquele chocolate tentava se lembrar sobre aquela noite sangrenta que vivera há dez anos atrás. Aquele natal horrível que havia levado sua mãe para longe...

As lembranças eram pesadas e dolorosas, mas ela tinha que agüentar firme e continuar fingindo um sorriso, afinal, se você não demonstrar, ninguém irá perceber sua dor.

Uma pequena lágrima desceu sobre as maçãs de seu rosto enquanto tomava sua segunda golada daquele chocolate quente. Precisava esquecer. Precisava ocultar todas essas lembranças e sonhos sobre aquele horrível passado, afinal, como em um sonho, precisaria acordar em algum momento.

~~



— Esse sangue já não me é suficiente. – Dizia Meredy largando brutalmente o último corpo no chão, lambendo a ponta de seus dedos manchados de sangue em seguida.

O sangue era bom. O sangue era algo indescritível que eles precisavam para sobreviver, mas infelizmente o sangue que tomavam de costume já não era o bastante.

Meredy Salvatore tinha longos cabelos pretos com algumas pequenas mechas encaracoladas, que agora estavam manchadas por aquele sangue de mais uma de suas vitimas. Seus grandes olhos verdes acinzentados agora estariam por um completo vermelho escarlate bem vivo, o qual combinava perfeitamente com sua pele pálida. Ela era uma mulher perigosa, a qual convivia a longos anos ao lado de seu mestre e salvador, Kaname Kuran.

O sangue escorria aos cantos de seus lábios, a fazendo ter uma aparência assustadora junto á seu amante, Dylan.

O chão estava completamente manchado por aquele vermelho intenso, jogados sobre ele vários corpos de humanos agora mortos.

Vampiros não têm sentimentos? Talvez você possa querer perguntar pessoalmente para um enquanto ele prova de seu sangue.

— Você sempre diz isso, toda vez que faz uma vitima. – Pronunciou-se Dylan encostado em uma parede enquanto lambia em volta de seus lábios manchados daquele vermelho nada incomum.

Meredy sorriu divertida com o comentário.

— Não descansarei até achar o sangue que me satisfaça. – Disse chutando um corpo qualquer no chão. — Eu sei que em alguma parte desse pequeno mundinho ao qual habitamos há alguém que possa me satisfazer, meu querido.

— Eu acho isso uma possibilidade impossível, Meredy. –Ele falou sem se importar.

— Mas o meu desejo é dar de meu sangue ao meu mestre. Quero mostrar o quanto sou grata e o quanto o desejo. Quero o ver em minhas mãos, bebendo de meu sangue, tomando meu pescoço para si. – Dizia com um sorriso malicioso e um tanto perigoso.

— Você sabe, não é? – Dylan agora tomou toda sua atenção para ela. — O único sangue que ele deseja é o dela. Somente o dela, a princesinha dele. E oque ele mais deseja é reencontrá-la novamente, depois de todo esse tempo.

Meredy cerrou os punhos mostrando também as presas, como sinal de irritação.

— Isso nunca acontecerá. – Disse chegando tão rápido para perto dele como na velocidade da luz, mandando um sorrisinho macabro em seguida.
— E como pode ter tanta certeza disso?
Ela soltou uma risadinha curta, acariciando o rosto dele.
— Porque ela não estará viva quando isso acontecer, querido Dylan. – Meredy soltou um riso macabro. — Que eu saiba, vosso mestre não pode reencontrar com menininhas mortas...

Dylan mostrou um sorriso de canto vitorioso, logo tomando uma das delicadas mãos de Meredy para si, lambendo delicadamente a ponta de um de seus dedos manchados ainda de uma pequena quantidade de sangue.

Ela sorriu com os olhos estreitados.
— E oque pretende fazer agora, querida? – Ele se pronunciou ao terminar de tomar o sangue de seus dedos.
Ela fechou o sorriso e se virou, fitando agora aqueles corpos jogados em variados cantos daquele cômodo escuro e tenebroso.
— Vamos atrás da “princesinha” do Kuran. – Disse com um pequeno sorriso perigoso junto ao seu dedo anelar nos lábios, terminando de provar daquele vermelho amargo que já não a satisfazia.


~~





— Não creio. – Falava Mellanie boquiaberta se ajeitando em uma postura mais confortável na cama enquanto conversava com Hikka-chan e Lawliet. — Então quer dizer que estão morando juntos? Isso é inacreditável.







Hikka riu no outro lado da tela, e Lawliet ao seu lado com uma cara de não estar nem ligando.





— Meus pais tiveram outra briga feia, daí meu pai fez uma viagem pra Londres. – Hikka começou com um enorme sorriso. — E sabe, minha mãe virou uma draga, então eu me ofereci pra morar uns diazinhos com o Lawliet.


Mellanie riu, até porque aquilo era realmente cômico.

— Seria engraçado se não fosse trágico. – Lawliet finalmente disse alguma coisa enquanto se esticava pro lado para pegar um bolinho de morango.

Hikkaru o olhou com irritação.

— Você acha que é fácil, Mell? – Ela suspirou. — Esse cara é o homem mais estranho que já vi na minha vida! Sabe oque eu o encontrei fazendo hoje á tarde, quando voltei do colégio?

— Oque? – Perguntou a garota curiosa, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Quando cheguei e abri a porta dei de cara com ele assistindo umas coisas estranhas na televisão e o pior, sentado de uma forma mais estranha ainda. Que tipo de pessoa normal senta daquele jeito, Lawliet?! – A garota de longos cabelos azuis metálicos se virou para encarar o rapaz que por si enfiava o último pedaço daquele bolinho por inteiro na boca, ficando com uma expressão super engraçada.

— Ele parecia uma pessoa normal pra mim na escola. – Falou Mellanie dando de ombros.

— Ter uma máscara não é algo difícil. – Ele disse ao terminar de comer o seu bolinho de morango. — E você Hikkaru, calada. Não sou estranho. – Falou para a azulada.

— AÉ? Que tipo de pessoa fica sentada daquela forma e comendo doces o dia inteiro? Que pessoa come doces viciadamente toda hora, feito você?! – ela disse em tom de voz alto, oque fez Mellanie rir feito louca do outro lado da tela.

— Não grite comigo sua anã de cabelos azuis, você está na minha casa. – Ele retrucou mordendo um chocolate, calmamente.

— Tente me botar pra fora então, seu esquisito.

Os dois praticamente estavam rolando e se atracando naquela cama, seria engraçado se não fosse realmente trágico.²

— Ei, ei. Parem de agir feito loucos! – Mellanie disse acenando com a mão como sinal de chamar a atenção daqueles dois malucos. — Se vocês forem realmente dividir esse apartamento, vocês tem que se entender e-

— Ele é um mandão, tudo que eu faço ele diz “Ah, larga isso, ah larga aquilo! Não mexa nos meus dvd’s pornográficos! Não mexa nos meus doces...” Droga, eu só ia pegar um docinho e- - Hikka interrompeu a garota e imitando a voz de Lawliet de uma forma engraçada.

— Não são pornográficos. – Lawliet disse sério. — São fitas importantes para meu trabalho,Baka.

Mellanie revirou os olhos.

— Isso mostra o quanto você é esquisito. – Hikka-chan cruzou os braços dando de ombros. — Qualquer cara normal teria fitas pornográficas, menos você, claro.

Mellanie balançou a cabeça negativamente enquanto ria daquela discussão ridícula.

— Sabe oque ela fez hoje, Mellanie? – Ele começou de novo fingindo muito bem uma cara de coitado. — Ela pôs sal no meu café, sal. – Mandou um olhar mortal para a garota de cabelos azuis. — Essa menina é um monstro.

Mellanie fitou agora Hikka a espera de uma resposta.

— Qual é Lawliet, eu só tava tentando te livrar do açúcar e é assim que você me agradece? – Hikkaru dizia disfarçando as gargalhadas.

— Sabe oque vai acontecer se eu ficar sem meus doces? Eu vou te matar, vou te asfixiar enquanto você dorme.

Hikka arregalou os olhos.

— Você teve sorte por eu não ter achado o veneno para ratos!

Mellanie estava quase tendo um troço com aqueles dois de tanto que ria, aquilo realmente era engraçado.

“MELLANIE DESÇA PARA JANTAR!”

— Bem, como ouviram eu preciso ir. Tenham uma boa noite e tentem não se matar, ok? – A garota mandou beijinhos com a mão.

— Tudo bem, não se esqueça de me mandar mensagem. Boa noite.

Lawliet apenas deu um aceno frio e Mellanie fechou o Notebook, se levantando em seguida.

Estava a alguns passos da porta quando um forte vento esfria suas costas. Foi quando se virou para olhar a sacada que viu atrás daquelas cortinas brancas em um tom bem claro que Kaien-san estava lá, aquele tempo todo estaria lá olhando a noite pela pequena sacada.

Se aproximou com passos calmos até chegar bem atrás dele. A menina estava impressionada com oque via; Ele estava com o laço desfeito, oque fazia seus longos cabelos castanhos claros balançarem livremente junto ao vento frio daquela noite. Seus óculos estavam em suas mãos e seus olhos estavam fechados, talvez fosse melhor apreciar com eles assim...

— Você deveria ficar assim sempre, sabia? – A garota disse com um pequeno sorriso ao canto de seus lábios rosados.

— O-Oque? – Ele disse assustado logo abrindo os olhos rapidamente.

— Você fica muito mais atraente com os cabelos soltos e sem os óculos, Kaien. – A garota disse enquanto abraçava os ombros dele por trás.

Os longos e ondulados cabelos dela balançavam também junto aquele ritmo calmo do vento fazendo parecer tudo tão calmo. Somente por um único momento...

— Preciso parecer sério, afinal estou empenhando no papel de seu pai agora, tenho que ter uma aparência aceitável e- - Ele disse se orgulhando nas palavras.


Ela o interrompeu soltando algumas risadinhas.




— Não seja bobo, Kaien-san. – Apertou-lhe as bochechas. — Não importa como você esteja, sempre será importante.




Ele sorriu ficando totalmente vermelho de vergonha.


— Você deve me achar velho.

Ela riu novamente agora balançando a cabeça para os dois lados como sinal de negatividade.

— Sinceramente? Você me parece bem jovem agora. – Ela sorriu se desfazendo do abraço por trás. — Quantos anos você tem?

Ele fez um sorriso misterioso.

— Terá que adivinhar por si própria. – Falou dando um tapinha em cima da cabeça da menina e andando para dentro do quarto novamente. — Agora vamos descer para o jantar antes que sua tia fique maluca de vez.

Ele abriu a porta e desceu em seguida, deixando a menina sozinha por alguns poucos minutos naquela pequena sacada.

Mellanie respirou fundo aquele ar fresco da noite e desceu também.

Kaien não era um homem tão ruim como imaginou que fosse. Talvez tivesse uma ponta de em sua pessoa, talvez tivesse algo que ela ainda não conseguirá desvendar... Ele seria um pai excelente, ou talvez o mais horrível que já imaginou ter. Teria que esperar pacientemente para saber a resposta correta, afinal, descobrir os segredos daquele homem não seria algo tão fácil.


~~





— Agora virou melhor amiga daquela garota? – Disse a menina de curtos cabelos pretos e de uma angelical voz infantil. Seus olhos bicolores tinham cores vivas de um vermelho e verde misteriosos, vestia-se também com um estilo de roupa comparada a um comportado uniforme escolar japonês.




— É o meu dever protegê-la a partir de agora, Mayuri. – Saritcha dizia com voz serena.


A noite estava calma acompanhada de alguns ventos fortes de vez ou outra, o qual fazia as folhas daquelas enormes árvores ali em volta daquele parque balançarem.

Estava sentava em volta do chafariz segurando sua bola de cristal nas mãos com olhar atento enquanto a pequena Mayuri com aparência juvenil a encarava frustrada.

— Ela irá trazer sofrimento para todos nós, Saritcha. Ela vai destruir nossas vidas! – Dizia a garota tentando alertar a linda mulher de longos cabelos brancos perolados á sua frente.

— Ela precisa da minha ajuda e eu farei isso. – Disse colocando sua bola de cristal em um canto e se levantando para fitar a garotinha com aparência assustadora. — Eu morrerei se for preciso para salva-la.

— Você não precisa se sacrificar dessa forma, Saritcha. – Mayuri suspirou desanimada. — Você sabe, eles estão vindo, e quando eles a alcançarem tudo estará perdido.


— Não, Mayuri. Isso não irá acontecer se depender de mim. Eu estou aqui para protegê-la. Esse é o meu destino, e eu irei segui-lo.




— Não é porque sou uma mera alma perdida na escuridão que tenho que ser burra. Tome cuidado, Saritcha. Eles são perigosos demais. Não suportaria se algo lhe acontecesse.




Saritcha chegou bem próximo ao chafariz e mergulhou seus dedos naquela água extremamente fria, esboçando um sorriso em seguida.


— Eu seguirei oque foi escrito para o meu destino. Esse é o meu grande objetivo: Protegê-la, e eu seguirei esse caminho fielmente. – Disse por uma ultima vez retirando agora seus dedos da água e se virando, agora fitando a garotinha que por si a olhava com olhos profundos e vazios...


~~


O sol finalmente estava a ponto de nascer a meio daquele lindo céu com uma mistura bicolor incrível de um âmbar e um azul marinho em tom surpreendente. Já as nuvens se assemelhavam a grandes algodões brancos.

Mellanie havia acordado até um pouco cedo demais por ter perdido o sono.

“Nenhum sonho dessa vez.” Dizia ela em meio a seus pensamentos enquanto terminava de pentear seus longos cabelos castanhos.

Sinceramente ela não estava com a mínima vontade de ir para aquela escola repleta de pessoas estranhas, não hoje. Estava confusa com muitas coisas e muitos acontecimentos; Aquele homem estranho com longo casaco e capuz que cobria maior parte de seu rosto meio a rua de sua outra cidade, supostamente a seguindo. Os sonhos que haviam voltado para lhe perturbar. A nova escola. E por fim, um homem estranho e completamente misterioso em sua casa, que agia estranhamente como seu pai. Isso estava sendo demais para sua cabeça, demais.

— Querida... – Disse Lunna com a cabeça entre a porta entreaberta. — Está na hora.

Mellanie suspirou fundo e se levantou da penteadeira, dando um último olhar naquela sacada, descendo em seguida.


**





— Bom dia Mell! – Falava Kaien-san não desviando o olhar daquele jornal em suas mãos. — Já está indo para a escola?




A garota assentiu e se sentou á mesa, servindo-se de um pouco de café em seguida.


— Fiz a sua omelete que tanto gosta, querida. – Lunna disse se aproximando com um pequeno pratinho nas mãos.

Mellanie nesse momento fez uma cara horrível e tossiu três vezes, largando a xícara de café na mesa bruscamente.

— Esse café está horrível. Horrível. – A garota disse pegando os cubos de açúcar e jogando vários dentro da xícara. — Precisa de açúcar, açúcar...

Kaien desviou a atenção do jornal e a olhou curioso, juntamente com os óculos na ponta do nariz.

— Então querida, como são as pessoas da sua nova escola? – Ele perguntou quebrando o silêncio daquela mesa.

— São malucas e grossas. – Disse com uma cara irritada ao se lembrar do ruivo metido a durão. — Mas alguns valem a pena.

Kaien sorriu satisfeito agora tomando uma golada de seu café.

A garota comeu todo seu café da manhã e se despediu, não poderia chegar atrasada novamente. Essa era uma nova cidade, e teria que se acostumar com as regras e exceções daqui.

Deu uma olhadinha em volta e não havia ninguém naquela rua, completamente deserta. Olhou á sua frente e viu Saritcha sentada na beira daquele enorme chafariz, olhando seu reflexo na água.

— Ei, Saritcha! – Disse Mellanie animada correndo para o outro lado da rua, não demorando muito para chegar ao lado da mulher de lindos olhos azuis.

— Ah, olá criança. – Ela disse com um calmo sorriso nos lábios. — Está indo para a escola agora, certo?

— Sim! – A garota sorriu animada com os olhos fechados, tornando sua expressão fofa. — Nos vemos mais tarde, então?

Saritcha mandou-lhe um sorriso misterioso.

— Talvez.

Mellanie soltou risadinhas e deu de costas, agora andando calmamente por aquelas silenciosas ruas...

— Ela está correndo perigo. Muito, muito perigo. – Disse a pequena garotinha de curtos cabelos pretos e olhos bi colores com expressão vazia.

Mayuri ficava a todo o momento ao lado de Saritcha. Ela fora castigada a uma eternidade para ficar somente ao lado da linda mulher sensitiva, até que a própria morresse a pequena Mayuri teria que acompanhá-la sempre, a todo o momento. Enquanto a morte da mulher não chegava, a pequena garota teria que esperar paciente, apesar de não querer que isso acontecesse por ter laços muito fortes com Saritcha.

Quando a morte finalmente viesse ao encontro da mulher, Mayuri se desfazeria na escuridão por completo, encontrando assim a liberdade.

— Entende agora o porquê tenho que protegê-la? – A linda mulher disse enquanto o forte vento passava fazendo assim seus longos cabelos perolados balançarem...


~~





— Mellanie-chan! Mellanie-chan! – Gritava Miha alegre enquanto corria em direção da garota que acabará de chegar na escola. — Finalmente chegou. Estava louca para encontrar com você, menina! – Disse apoiando as mãos nos joelhos cansada.




— Porque está tão animada assim? – A garota de cabelos castanhos soltou risadinhas. — Que eu vejo a escola não pegou fogo.


Miha deu um tapinha de leve no braço dela.

— Não é isso! – Miha falou voltando á sua postura normal. — É verdade que jogou refrigerante na cobra?

Mellanie pensou por alguns segundos confusa, mas logo se lembrou do banho de coca-cola que havia dado na metida a rica.

— Ah, sim, sim! Ela mereceu. – Mellanie disse rindo.

Miha ficou boquiaberta.

— Não acredito! Então você é mesmo a garota corajosa que todos andam falando por aí. Que grande titulo. – Miha acariciou a cabeça da garota, bagunçando assim todo seu cabelo.

— Não é pra tanto. – Disse Mellanie tirando as mãos da garota de sua cabeça. — Eu não iria escutar aquilo tudo calada, como disse, ela mereceu.

Miha riu novamente orgulhosa.

— Bem, eu tenho que ir ajudar o jumento na sala dos representantes. Até a hora do intervalo Mell. – A garota de lindos cabelos rosados disse e logo saiu correndo, entrando na sala que havia citado há poucos segundos.

Mellanie balançou a cabeça negativamente com um sorriso bobo nos lábios, mas o desfez logo quando avistou sua amiga Mary-chan se aproximar.

— Mary. Eu ia te procurar agora mesmo e- – Falou Mellanie entusiasmada, mas logo se interrompeu quando observou melhor o rosto da garota a sua frente. — M-Mary... Oque é isso no seu rosto?

Mellanie tocou-lhe as bochechas da menina que estavam com um corte médio que por si sangra, acompanhado por um pequeno roxo.

— Oque? – Mary disse desentendida.

A garota de longos cabelos castanhos passou a mãos sobre o corte, tirando um pouco de sangue sobre os dedos.

— Isso. – Mostrou o sangue em sua mão. — Está machucado em sua bochecha, Mary!

Mary arregalou os olhos e logo tampou o local do machucado, assustada.

— Eu... Eu devo ter machucado em casa... – Disse a garota de cabelos cor de mel abaixando o olhar.

— Ah... Mas não seja por isso, vamos até a enfermaria agora e- - Mellanie disse já puxando a garota pelo pulso.

— NÃO! – Mary disse puxando seu braço de volta bruscamente, a olhando com um olhar profundo e triste. — Eu... Estou bem Mellanie-chan. Não se preocupe comigo.

Mellanie a olhou com os olhos estreitos de desconfiança, logo a puxando novamente, mas agora a fazendo sentar em um banco de concreto próximo a elas.

— Tudo bem, mas pelo menos deixe-me fazer um curativo. – A garota sorriu para Mary e pegou um pequeno curativo de cor amarela de sua bolsa. — Assim... Viu? Está muito melhor! – Colou-o no lugar do ferimento e esboçou um sorriso carinhoso.

Mary sorriu sem graça tocando o curativo com a ponta dos dedos.

— Obrigada. – Disse apoiando suas mãos agora no manco. — Nunca ninguém fez isso por mim antes.

— Anw, deixe de bobagens Mary! – Ela soltou uma risadinha divertida, a amiga estava extremamente fofa com aquela expressão de criança machucada. — Agora, faltam muitos minutos para a primeira aula... Será que tem algum lugar bom o bastante para eu descansar até lá?

Mary-chan assentiu contente.

— Siga aquele corredor, ao final você verá um portão de grades. Lá você vai dar de cara com o pátio dos fundos da escola, é realmente ótimo pra arejar. – A garota de cabelos loiros apontou em direção a um corredor iluminado pela luz daquela manhã.

Mellanie agradeceu e pegou sua bolsa, logo se despediu da amiga.

“Você acha mesmo que eu acreditei nessa história fajuta de machucado caseiro? Me poupe senhorita Maryana.” Pensou consigo mesma já atravessando aquele enorme portão.

Aquele pátio era realmente maravilhoso. Tinha um pequeno jardim ao lado com várias flores e um gramado tomado por um verde perfeito, o qual combinava com aquelas enormes árvores ao redor.

Mellanie sorriu ao ver uma árvore em especial a poucos metros sua frente, Ela tinha folhas bem verdes e algumas amareladas que agora se encontravam bem abaixo dela.

Aproximou-se bem de baixo dela e se sentou ali mesmo, largando sua mochila ao lado. Se reencostou nela e fechou os olhos, pensando em tudo, absolutamente tudo. O vento fresco batia naquela sombra debaixo daquela enorme árvore, fazendo seus cabelos balançarem no mesmo ritmo lento. Respirou fundo quando sentiu algo cair sobre seu peito.

— Hum? – Fez o som com os lábios abrindo os olhos assustada, logo tomando-lhe a mão a coisa que havia caído sobre seus seios. — Um cordão?

Havia caído sobre si um fino cordão de prata, o qual com um pequeno e delicado coração prateado com pequenas palavrinhas cravadas a frente; — “Abra”...? – Ela leu a minúscula palavra encravada na parte de cima do pingente de coração.

Ela o fitou confusa e puxou a tampinha da parte de cima daquele pequeno e delicado coração de prata. Logo dentro havia uma pequena foto de uma linda mulher de longos cabelos negros, juntamente com uma frase escrita.

— “Que seja doce...” – Ela leu aquelas minúsculas letras, aproximando bem o cordão de seu rosto para facilitar a leitura. — Mas oque...?

Ela olhou para cima para saber de onde aquele pequenino cordão prateado havia caído, afinal.

Logo tomou um pequeno susto, soltando um barulhinho pela boca em sinal de surpresa; O ruivo mal encarado estava a alguns metros acima de sua cabeça deitado em um enorme tronco daquela mesma árvore. Ele estava com um pequeno caderno de notas sobre o rosto, o qual segurava com as mãos. Parecia estar dormindo.

— Até que você não parece tão assustador agora, senhor estressadinho. – Ela soltou risadinhas abafadas com a mão e voltou a fitar aquele pequeno cordão, olhando aquela linda mulher na foto... Quem seria aquela... Mulher?

— Será que dá pra você me devolver isso? – Se ouviu uma voz grossa e rouca logo acima, fazendo a garota pular de susto.

— Eu só tava... – Ela começou tropeçando nas palavras.

— Não me interessa oque estava fazendo. – Ele disse calmo ainda com o pequeno caderninho sobre o rosto. — Agora me devolva.

Mellanie revirou os olhos e lançou o pequenino colar para o alto, fazendo o ruivo pegar em seguida.

— Como subiu ai? – Perguntou a garota curiosa enquanto Castiel tirava o caderno do rosto, encarando aquele pequeno cordão prateado em seguida.

Ele revirou os olhos com um sorrisinho irônico.

— Com as pernas? – Ele disse sério sem humor enquanto se sentava no enorme tronco daquela arvore.

— Muito engraçadinho. – Mellanie mandou um sorrisinho falso e se virou, pegando seus pertences e começando a andar em direção ao portão.

— Ei, Mellanie. – Ele disse pulando da árvore e parando para encará-la, que por si estava de costas.

Ela se virou e se deparou com ele bem perto se deu rosto. Próximo demais.

— Oque foi? – A garota perguntou, estranhando.

Ele deu um sorrisinho de canto sarcástico.

— Sua bunda ta suja de terra. – Ele apontou e voltou a olhá-la, seriamente.

— Você é desprezível. – Mellanie disse estreitando os olhos com desdém, se virando bruscamente em seguida.

“Garoto idiota.” Ela falava em pensamentos já ultrapassando aquele enorme portão de grades escuras.

Castiel riu e se sentou no mesmo lugar onde ela estava a poucos minutos atrás. Não estava se importando nem um pouco com a reação dela.

— Garota estranha. – Ele disse bem baixinho colocando os fones no ouvido e fechando os olhos logo em seguida.


~~





Mais uma longa manhã de aulas havia se encerrado, deixando Mellanie feliz enquanto saia daquela escola com gente maluca.







— Nos vemos amanhã, certo? – Mary-chan dizia com um piscar de olho.





— Sim, claro. – Mellanie responder com um aceno de mão. — E não se esqueça de cuidar desse ferimento.


Mary assentiu envergonhada e saiu correndo para poder alcançar o carro de seu primo que estava buzinando freneticamente do outro lado da rua.

Mellanie soltou risadinhas e moveu um passo para frente, mas foi impedida por uma voz feminina a gritando.

— MELLANIE!– Era Miha correndo mais uma vez em sua direção.

— Oque ouve dessa vez, Miha? – Perguntou Mel assustada com a expressão da amiga a sua frente.

— Você disse que a Mary estava machucada, é isso? – Ela falava enquanto fitava o carro da loira ir embora.

— Sim. Cheguei na escola hoje e ela estava com um corte no rosto, peguei um curativo e o cobri para não infectar. – Mellanie disse assustada com a reação de Miha.

A garota de cabelos rosados suspirou pesadamente em seguida.

— Eu sabia. Eu sabia. – Repetia com um semblante preocupado. — Eu já tentei evitar tantas vezes que isso acontecesse mas foi inútil. Não aguento mais vê-la nessa situação.

Mellanie a olhou confusa com seus grandes olhos verdes bem abertos.

— Do que está falando, Miha-chan?

— Foi ele. O namorado dela, Mellanie. – Dizia Miha se reencostando em uma parede ao lado juntamente levando as mãos ao rosto. — Ele é um monstro pra ela. Não compreendo porque ela ainda suporta esse tipo de coisa.

A garota de longos cabelos castanhos arregalou os olhos, não podia acreditar que sua mais nova amiga estava sendo violentada por um idiota, e o pior; ele era o seu próprio namorado.

— Como... Isso acontece, Miha? – Ela perguntou se aproximando da garota de cabelos rosados agora com expressão triste.

— Já faz um ano, eu acho. No começo eles eram um casal super fofo mas agora ele só quer saber de machucá-la, tanto psicologicamente como fisicamente. Eu fico super frustrada com esse tipo de coisa, mas ela se recusa a terminar com ele. Eu realmente não entendo essa loira.

Mellanie levou a mão na boca chocada, esse tipo de coisa que esse monstro a fazia passar era realmente horrível. Ela tinha que ajuda-lá. Tinha que se mover para livrar Mary desse... Maníaco.

— Eu vou dar um fim nessa palhaçada. – Falou Mellanie cerrando os punhos ainda com os braços retos junto ao corpo. — Isso não pode continuar.

Miha a olhou com determinação e felicidade, sabia que agora tudo tomaria um rumo diferente.


~~


— Kaien, oque está acontecendo? Ande, me diga. – Falava Lunna em frente ao sofá onde Kaien-san se encontrava sentado com os óculos nas mãos pensativo.

— Eles estão chegando, Lunna. – Disse calmo soltando um prolongado suspiro. — Não adianta, eles a encontraram mesmo se nos mudarmos para o inferno.

Ela abaixou o olhar triste, sabia que aquilo nunca teria um final, de fato. Esse jogo só estava começando e não acabaria tão fácil como em um simples jogo de Xadrez...


~~


As ruas naquele mero começo de tarde estavam ainda mais calmas, nenhuma alma viva como de costume. Talvez Mellanie se acostumasse com todo esse silêncio perturbador, ou talvez preferisse tudo mais animado como sua antiga cidade que viverá a mais de oito anos...




A garota já estava bem perto ao parque que ficava de frente a sua casa, já conseguia avistar aquele enorme chafariz, mas a pessoa em especial que gostaria de rever não estava lá sentada olhando seu reflexo na água ou simplesmente remexendo em algumas cartas estranhas. Saritcha não estava lá.




A garota abaixou a cabeça tristonha, fazendo seus longos cabelos caírem sobre o rosto.


Um vento frio passou por suas costas, chamando a atenção da menina que logo se virou curiosa. Era ele. Aquela criatura estranha estava lá novamente, a perseguindo mais uma vez. Um calafrio percorreu a espinha de Mellanie ao olhar aquele homem esquisito do outro lado da rua encostado em uma arvore. Ele estava com as mesma roupa; Um longo e pesado casaco um capuz que escondia a metade de seu rosto.

Quem era aquela pessoa com tal aparência assustadora?

Mellanie respirou fundo e se virou, novamente voltando a andar fingindo não se importar com aquela criatura.

O céu se fechará de repente. Aquelas belas nuvens brancas junto a um céu lindo bi colorido já não estava ali... Agora tomava conta uma cor tenebrosa e acinzentada que lhe causava uma ponta de medo.

Ela teria que ser forte, teria que aguentar, afinal, era isso que lhe foi escrito dês daquele horrível natal a muitos anos, que agora estava voltado finalmente para lhe perturbar...


“E eu irei seguir em frente. Irei descobrir cada canto e mistério dessa calma cidade... Irei me libertar por completo, nessas ruas silenciosas.”



[Imagem Extra do Capítulo - Saritcha]

[Imagem Extra do Capítulo - Hikkaru]

[Imagem Extra do capítulo - Castiel]

[Imagem Extra do Capítulo - Meredy]

[Imagem extra do Capítulo - Kaien, cabelos soltos]

 

 

 

 

 



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, enfim; Comentem, complementem, critiquem, ajudem. Espero que gostem dos que virão em seguida, como viram eu fiz esse bem grande pois vou ficar sem net. ;I

E o meu Kaien não é velho não, tá gente?