Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 49
Capítulo 48




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Mesmo eu me sentindo cem por cento, a enfermeira só me deixou ser liberada no final de semana. Eu já até sabia que tinha uma pilha de dever de casa me esperando, mas não era isso que me preocupava.

Nathan não tinha ido me visitar.

Isso me deixava, um tanto fula, quanto apreensiva. Lissa dizia sempre que ele se sentia culpado demais para me encarar agora. Será mesmo? Ou Nick tinha razão e eu realmente fui só uma diversão para ele? Meus pais e Lissa tinham ficado até sexta e eu

tinha sido liberada no sábado. Todos esses dias, meus amigos tinham ido me visitar, incluindo Nick.

No começo, todos estranharam que, mesmo depois que terminamos, ainda éramos amigos. Era isso que a Atração Elementar Quebrada fazia. Deixava um desconforto suficiente para que não nos envolvêssemos, mas nos ligava o bastante para fossemos como irmãos. Até mesmo Suzy estava com ciúmes da nossa relação. Mas eu a expliquei tudo e ela ficou mais tranquila.

Essa a hora do dia em que eu ficava feliz. Mas, no segundo em que todos iam embora e me deixavam sozinha naquele quarto macabro, meu coração se apertava e eu começava a chorar. Queria que Nathan tivesse do meu lado, nem que fosse por dois segundos. Queria olhar em seu olhos e ver que estava tudo bem com nós dois. Queria dizer para ele não se sentir culpado. Que nosso corações que nos colocaram nessa furada, mas eu não podia.

Por que Nathan não estava ali.

Eu só sabia que ele não me esquecia completamente, porque ele mandava Fleur todas as noites vir ao meu quarto me entregar uma rosa. Ela deitava no canto do quarto e me observava chorar. Eu sabia que Nathan estava assistindo, mas não queria saber. Não conseguia mais prender o choro. Para que Fleur não se sentisse muito solitária, eu soltava Sam.

Eu sabia que Sam era apaixonado por Fleur, mesmo ele não admitindo. Quando eles se olhavam, era como se eu olhasse para Nathan. E aquilo doía. Doía como nunca. Minha vontade era de levantar e ir até a cabana tirar satisfações com Nathan. Mas a enfermeira não me deixava nem, ao menos, ir ao banheiro sozinha.

Por isso eu me senti tão bem quanto o dia da minha alta chegou.

Quase pulei da cama, mas a enfermeira me impediu, me ameaçando de mais uma semana. Eu fiquei quieta até sair do prédio principal, quando eu comecei a rir e dançar sozinha. Meus amigos assistiram e riram. Eu me sentia uma borboleta livre e feliz. Só faltava uma coisa para completar minha felicidade.

O homem que eu amava.

Corri até o quarto e tomei o banho mais demorado que pude querendo tirar todo aquele cheiro de hospital de mim. Quando saí do banheiro, dei de cara com Lien e sua expressão não era das melhores.

“Onde estão todos?”, eu perguntei indo para o armário e escolhendo uma roupa. Já eram quase cinco horas da tarde e começaria a entardecer e esfriar.

“No lobby”, ela disse com a expressão neutra.

Puxei uma calça jeans e blusa preta com as costas nadadora. Procurei por minha touca e mias luvas e as joguei em cima da cama também. Lien observou enquanto eu me vestia em silêncio. Só quando eu estava terminando de secar e alisar meu cabelo e fazer a minha maquiagem, que ela falou alguma coisa.

“Alex, eles me mandaram aqui, por que eu sou a mais forte para te contar isso, só que eu não sei como te dizer”, ela disse e se levantou.

Eu parei de passar o lápis de olho e a encarei.

“Que diabos, Lien?”, eu perguntei e me levantei para colocar as luvas e a touca. Me movi até a mesinha de cabeceira e peguei meu cordão, o colocando. Eu estava pronta

para encontrar Nathan. “Você acha que Nathan vai gostar?” eu perguntei me virando para Lien e depois olhando para o espelho.

“Alex, me escute”, Lien insistiu. “É sobre Nathan”

Eu passei a língua pelos lábios e me sentei na cama. O que será que era tão grave que ninguém teve coragem de me contar e que tinha a ver com Nathan? Alguma coisa dentro de mim disse que eu não iria gostar nada do que Lien falaria.

“Seja rápida, Lien.”, pedi. “Logo vai escurecer.”, olhei para a janela e vi o céu se pintando de laranja do por do Sol. Eu iria me atrasar. Lien se sentou ao meu lado e pegou minha mão. Então soltou o ar e alguns palavrões de olhos fechados. Quando os abriu estavam violetas, o que só aconteciam com emoções intensas.

“Vou ser direta , Alex.”, ela disse e suspirou. Eu já estava ficando frustada, quando ela disse: “Nathan vai voltar para a Spell the Most da França hoje a noite.”

Senti como se todo o meu mundo estivesse desabando. Não, não poderia ser. Lien estava enganada, todos estavam enganados. Mas, ao mesmo tempo, algo me dizia que era pura verdade. E eu sabia que tinha que seguir meu instinto e confiar em meus amigos. Uma raiva se apossou do meu corpo enquanto eu levantava e saía porta afora. Lien me seguiu em silêncio até o seu quarto.

“Lien, me empresta aquele par de luvas de box?”, eu pedi, ou melhor, rosnei.

Lien , sem pensar duas vezes, abriu o armário e me jogou um par grande de luvas de box preta. Eu saí batendo o pé do quarto. No corredor, inúmeras garotas me encaravam com raiva, enquanto eu colocava as luvas em minhas mãos com a ajuda de Lien. Eu descia a escada com pés de chumbo e sabia que todos no lobby estavam escutando.

Eu nem, sequer dei atenção para os meus amigos, passei direto. Eu tinha um foco e não sairia dele. Meus olhos queimavam de raiva. Depois de tudo o que eu tinha feito, o desgraçado apenas ia embora? Eu terminei com meu namorado. Meus olhos ficaram vermelhos. Eu quase morri. E tudo o que ele fazia era ir embora? Oh, não. Não sem antes enfrentar a minha fúria.

Eu passei por inúmeros conhecidos que tentaram parar para conversar comigo, mas eu não tinha tempo. O dia estava escurecendo e eu estava perto de acabar com a raça de Nathan Castille. Nem percebi que Sam tinha saído de mim, só quando escutei o som de suas patas ao meu lado e sua voz.

“Sabe que isso é exagero, não é?”, ele disse. Eu nem sequer lhe dei um olhar.

“Ele ir embora depois de tudo que nós passamos não é exagero?”, eu retruquei.

Sam se calou imediatamente e continuou me seguido. Ora ou outra, ele me mandava imagens de como eu estava. O olhar matador, a pele pálida e as roupas escuras. Se eu não me conhecesse bem, diria que estava sendo seguida por uma vampira. Uma bela vampira.

Minha mente rodava e trabalhava enquanto meus pés batiam como chumbo na grama bem cortada da Spell the Most. Sam vinha um pouco atrás pegando o olhar espantados de alguns conhecidos. Nem, sequer, os vampiros quiseram vir falar comigo , por ver o meu estado de espírito.

Eu me lembrei então do tal Espírito. O que diabos era aquilo, afinal de contas? Parecia tão poderoso, pelo que o falecido Fox tinha dito. Fazer pessoas que se

transformaram em vampiros, voltarem ao normal. Seria uma melhoria e tanto na vida das pessoas na Spell the Most. Mas essas coisas de Livro dos Seis, o Sexto Poder, Espírito, estava tudo bagunçando a minha cabeça. E o pior era que eu sabia que se perguntasse a Nathan, ele nunca me contaria a respeito disso. Diria que era assunto confidencial dos espiões. Arg, eu odiava tanto Nathan Castille. Eu o odiava por me fazer o amar e depois me abandonar assim.

Nem, sequer teve coragem de ir falar comigo. Covarde. Pelo menos, quando Nick tinha ido cuidar da irmã e teve que sair da escola, ele veio diretamente falar comigo, mesmo depois eu estando na enfermaria. Mas Nick, não era Nathan. E eu agradecia por isso. Olhei para Sam.

“Você não está nem aí se Fleur for embora?”, eu perguntei, a raiva em mim já um pouco extinta. Talvez eu estivesse mesmo exagerando. Mas agora que eu já estava quase entrando na floresta, não recuaria. Sam olhou para mim, com os olhos vermelhos estreitos.

“É claro que eu ligo.”, ele esbravejou. “Eu a amo”, ele disse em um sussurro.

Eu fiquei tão chocada com a declaração de Sam que parei. Ele parou logo depois e me encarou com um sorriso sarcástico. Eu apenas levantei minha sobrancelha e esperei que ele continuasse.

“O que?”, ele perguntou. “Um animal elementar não pode amar?”

“É claro que pode”, eu disse me recuperando e voltando a andar em direção a cabana. O caminha parecia nunca ter fim. Nem parecia que tinha sido a apenas uma semana que não ia ali. Pareciam anos. Eu balancei a cabeça. Tantas memórias que surgiram em minha mente. Nosso primeiro beijo. O segundo. O terceiro. O convite para o baile. A insinuação. Tudo sendo destruído.

“Aly, me desculpe por ter matado Fox.”, Sam disse de repente.

Senti meu coração quase sair pela boca quando ele pronunciou o nome de Fox junto com a palavra Matar. Engoli a seco e olhei para o meu Animal Elementar. Sam estava de cabeça baixa. Seus pêlos avermelhados pareciam mais escorridos, como se também estivessem com vergonha. Eu me aproximei dele e acariciei seu cabeça. Ele levantou os olhos para mim, e eles pareciam culpados.

“Não se senti culpado por tentar me proteger, Sam”, eu lhe disse. “Você fez o que achou certo. Além disso, se não fosse você, seria Fleur, ou Frances, ou Miel ou Chelsea.”

“Não, Chelsea, não”, ele disse e deu seu sorriso.

“É, Chelsea é boazinha demais. Ela , realmente não iria matar Fox.”, eu concordei. “Talvez uma ou duas bicadas nele para ver se aprende, mas nada além disso.”

Sam riu e escutar o som de seu riso fez com que meu coração se acalmasse. Mas, por pouco tempo, porque quando levantei meus olhos para frente, estava cara a cara com a cabana. Os arbusto ainda tinham rosas, mas quando cheguei para tocá-las, elas murcharam. Eu e Sam trocamos um olhar rápido antes dele voltar para dentro de mim.

“Boa sorte.”, ele disse e virou fumaça vermelha.

Eu assenti para o nada e subi as escadas com raiva silenciosa. Tanto que quando abri a porta, Nathan tomou um susto. Ele estava olhando para a janela, pensando na vida, o som ligado em uma música suave passou para uma mais agitada como se escolhesse o momento certo para a trilha sonora.

Olhei para a cama e vi que Lien estava dizendo a verdade. Tinha uma mala aberta em cima do baú, com as roupas de Nathan dentro. Movi meu olhar de volta para Nathan. Ele ainda estava sem camisa. A calça um pouco caída mostrava sua cueca box preta e a cintura fina. Eu meio que me descoordenei com seu abdômen sarado, cada linha e desenho pareciam terem sido feitos por um dos melhores artistas do mundo. Seu peito duro e exposto, me causou arrepios. Quando olhei em seu rosto, notei algo, além da surpresa.

Os cabelos lisos bagunçados, os olhos negros com algumas olheiras em baixo, os lábios ainda um pouco inchados. Ele estava recém-acordado. Voltei meu olhar para o seu peito (eu não conseguia desviar o olhar dali por muito tempo) e vi algo me fez dar um passo para trás.

A sua marca elementar.

Um lobo, bem onde deveria estar o coração dele. Aquilo, ao mesmo tempo, me deu vontade de chorar e de matá-lo. Ele me estudava também como se não me visse a nós. Então, seu olhar escorregou para as minhas luvas de box e depois para a sua mala. Ele já tinha entendido tudo. Assim era melhor. Me poupava o trabalho de explicar o porque dele estar apanhando.

“Alexa, deixa eu te explicar”, ele disse.

A raiva que antes estava extinta gritou novamente e eu fui pra cima dele.


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