Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 18
Complicação




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Uma imagem aparentemente holográfica como os números em seu antigo relógio apareceu enviando calafrios por todo o corpo de Johana. Era a imagem de meio embaçada de uma bruxa.

A voz da bruxa saiu em dois tons diferentes e gritantes. Roucos e espaçados.

Inconscientemente se aproximou mais de Jonh.

–Eu sei o que querem... Precisaram vir até nós rapidamente. Elas se aproximam...

Johana desviou o olhar em pânico esperando ver debaixo dos seus pés vultos brancos. Não havia nada ali.

Como se a conversa tivesse sido clara e finalizada a imagem se dissipou transformando-se em uma confusão de fumaça preta, flutuando até as raízes. Olhou para Jonh, mas ele já estava se preparando para ir atrás. O seguiu tomando cuidado em pisar nos mesmos lugares que utilizou para subir.

O que está acontecendo comigo? Eu quase deixei que ele me beijasse...

Balançou a cabeça em uma tentativa inútil de se distrair. Porque ela estava pensando nele e somente nele enquanto seguia a luz de bruxa.

Sem querer seus pensamentos saltaram lentamente em imagens aleatórias que começavam com e se...

E se saíssemos daqui, e se ele se apaixonasse por mim... E se ele tivesse me beijado.

E era inútil tentar não pensar porque estava ali, dentro dela. Mesmo sabendo que era errado. Mesmo sabendo que corria riscos de se machucar.

Ela estava balançada e ele não tinha precisado fazer muito.

Obviamente já tinha tido amores platônicos e já tinha sido beijada... Porque por mais que tudo estivesse ruim, no passado ela se deixou depender de alguém para ser feliz, só para descobrir que havia jeitos piores de se sentir mal consigo mesmo. De ser quebrada de dentro para fora.

E agora ela sabia das probabilidades de acontecer a mesma coisa e, no entanto, cada vez que se lembrava do quase beijo seu coração dava cambalhotas e a menininha que sonhava com príncipes pedia para ela acreditar mais uma vez...

Tentou ser razoável. Porque era assim que deveria enxergar o mundo agora. Ele poderia se sentir atraído, poderia querer te-la. Mas ela não estava indo por esse caminho... De novo não...

Ignorou a vozinha infantil que gritava e pulava dentro dela por estar sendo confinada mais uma vez.

Essa fase já tinha acabado. Ninguém mais teria controle sobre sua vida, nem mesmo uma parte do passado dela. Porque passado era isso, passado. E se ele servia para alguma coisa era sobre aprender com seus erros e depois ficar para trás.

Enquanto o sol era substituído por pequenos pontos de luz no céu seus passos começaram a adquirir velocidade e logo ela já estava arfando. De vez em quando acabava tropeçando em uma raiz ou batendo em um fino galho que não tinha visto antes. No entanto, correr de calça era infinitamente mais fácil do que tentar correr de criolina e espartilho. Jurou para si mesma nunca mais usa-las porque era uma moda ridícula e as mulheres poderiam ser recatadas sem usar tantas camadas de roupas que só esquentava e atrapalhava os movimentos. E deus me livre ter que usar um chapéu novamente cheio de penas como um pavão.

Quanto tempo mais demorariam para chegar? Sabia que não devia estar reclamando, mas porque demoraram tanto a aparecer?

Não tinha a quem perguntar sobre todas as duvidas que a deixavam pesada a cada passo dado. Se pudesse ter um vislumbre de seu futuro se sentiria imensamente mais tranquila.

Estava ficando muito apreensiva sobre como as coisas estavam escapando tão fácil do seu controle. Não estava gostando de não poder decidir o que fazer. Era como se fosse uma marionete passando por várias mãos. Quase podia sentir as linhas...

–Ouch – sentiu que um filete de tom vermelho surgia um pouco acima dos seus olhos. Justo quando estava começando a se curar dos ferimentos... Essas coisas tinham espinhos?

–Você esta bem?

–Sim. Foi só um galho.

– Elas vão estar logo aqui – a voz se reproduziu dentro da luz de bruxa – elas vão sentir seu cheiro. Garota estupida.

Isso tinha alguma coisa a ver com ter se machucado?

A luz começou a se esquivar por entre as árvores deixando-os para trás. Sem pensar já estava a perseguindo com seu folego preso a garganta. Garota estupida...

Correr assim, só seguindo a luz a deixava vulnerável. Se algo chegasse pelas tangentes não perceberia até que estivesse muito perto. E ai seria tarde demais. Não teria uma chance de lutar. No entanto, confiou que nada viria agora. Ainda não estava escuro o suficiente.

–Preciso de água- pediu

Jonh jogou no ar uma das garrafas da mochila. Relutantemente ela se deixou olhar para ele. Seu cabelo dourado não estava duro pelo gel como se lembrava no dia em que se conheceram. Agora ele se agitava timidamente com o balanço do vento fazendo-a querer toca-lo. O que era ridículo porque nunca quis mexer no cabelo de ninguém. As pessoas não precisavam fazer isso. Estava sendo ridícula novamente. Coçou sua mão e entregou a garrafa de volta.

Ele não parecia cansado. Provavelmente ele poderia correr bem mais do que isso. Mas algo a fez se perguntar se ele não estava sendo deliberadamente lento só para acompanhando seu ritmo.

Estava acostumada a subir em árvores, a trabalhar pesado, carregar peso, a saber, cuidar da terra e usa-la. Mas nunca tinha precisado dessa habilidade de correr.

Damas não correm.

Essa é a primeira lição que uma menina de boa educação aprende. Seguida por outras infinitas. Regras escritas e não escritas.

Ficou tentada a imaginar uma dama em seu lugar... Não seria uma aventura muito divertida para a pobre coitada.

Pareciam estar correndo há horas quando avistou luzes de tochas em um terreno alto. Não pode deixar de aumentar a sua velocidade. Estava louca para sentir um pouco de segurança novamente, mesmo que tivesse calafrios ao imaginar um local cheio de bruxas.

Um aclive que se destacava entre as árvores devido às luzes que viam de diferentes unidades acima chamou sua atenção. Casas que subiam verticalmente sem padrão nenhum começavam a aparecer em seu campo de visão.

Ficou olhando enquanto a luz da bruxa subia os deixando para trás.

Deu uns passos atrás imaginando se deveria entrar no rio que circundava o terreno para alcançar a margem oposta ou só esperar por um milagre.

Jonh parecia ter as mesmas duvidas. Não era muito animador molhar as únicas roupas que tinham diante do frio que impregnava o ar. Ficaram se olhando com a pergunta no ar. Até que ele se virou e procurou um ramo grande o suficiente e arrancou de uma árvore. Depois ficou cutucando na água até que achou o chão. Ou melhor, a falta dele.

–Só rezar para que não tenha algum animal. – comentou virando-se para ela.

Desafiando-a a falar algo. Uma risada passava por seus olhos, mas não se aproximava de seus lábios e Johana ficou se perguntando desde quando tinha começado a observar tanto ele.

– Talvez você queira considerar esconder melhor esse óbvio medo de peixes.

Ele a olhou com uma carranca.

–Não tenho medo de peixes.

–Então vá em frente e mostre como é corajoso.

– Que tipo de cavalheiro eu seria se fosse na frente? – então ele se curvou – Primeiro as damas. Sempre primeiro as damas...

– Eu sempre fiquei me perguntando o por que disso...

–Pela visão privilegiada lógico.

Virou a cara para não se deixar ser vista rindo.

– Essa deve ser a quarta vez que você quebra a regra de como tratar uma dama.

–Não pare de contar. Certamente essa não será a ultima.

Ficou o encarando até perceber o que estava fazendo. De novo não! Bateu o pé como uma criança birrenta até se acalmar.

Ele ainda permanecia no mesmo lugar observando divertido seu ataque infantil. Deu as costas disposta a interromper qualquer camaradagem que estivesse nascendo ali e caminhou para perto do rio que possuía uma cor escura mergulhando sem pensar.

Parecia que estava sendo cutucada por diversas facas e logo subiu para pegar ar. Estava frio. Muito frio. Demorou um tempo em se localizar antes de dar fortes braçadas para a margem. A correnteza não era tão forte e momentaneamente Johana perguntou-se onde a levaria se deixasse ser puxada. No entanto, se agarrou as raízes que estavam por perto e tentou subir. Jonh já estava atrás dela ajudando. Ela não pode deixar de notar que uma mão havia deslizado por sua bunda.

– Se não tirar a mão agora eu juro por deus que não a terá novamente para tentar outra gracinha.

Ele tirou lentamente depositando-a em seu quadril e a levantou para a borda. Em um acesso de raiva e vergonha empurrou o peito dele com o pé o fazendo afundar enquanto conseguia o impulso ao mesmo tempo para subir o resto.

Ficou de pé esperando em alerta para ver o que ele faria quando subisse. Mas ele não veio. E ela estava começando a ficar preocupada então aproximou se agachando tentando ver pela água escura que refletia o céu.

Antes que qualquer corrente de pensamento passasse por ela Jonh pulou puxando seus tornozelos fazendo-a cair na água novamente. Ela afundou. Estava tão fria quanto se lembrava.

Imergiu tomando golfadas de ar tremendo. Se agarrou novamente a uma das raízes enquanto se recompunha. Então viu Jonh rindo dela e jogou água em sua cara o fazendo engasgar. Não pode evitar de sorrir.

–Idiota.

–Estressada.

–Retardado.

–Louca.

Se virou tentando subir mas não tinha forças. Então ficou de costas para margem tentando de outro jeito. Falhou vergonhosamente em ambas.

–Por favooor – pediu o olhando.

Ele se aproximou até ficar em sua frente. Seus olhos de cor clara que a faziam se sentir mais quente estavam quase cobertos pelo cabelo loiro que pingava água.

Sem pensar sua mão passou pelo cabelo dele puxando-o para trás. Ela captou o momento em que ele reagiu com surpresa ao mesmo tempo em que sua mandíbula quadrada se enrijecia. Seus olhos a devorando fazendo a arte de respirar mais difícil.

Abaixou a cabeça de repente sem ter coragem de encarar as consequências.

–Você prometeu não me bater de novo – ele comentou próximo a seu rosto enviando uma corrente elétrica por todo o seu corpo a mantendo mais viva do que jamais esteve.

–Eu disse que não te bateria sem motivo... Além disso, eu não sabia que você era tão frágil.

Ela podia sentir seu corpo rígido colado ao dela devido ao orgulho ferido. Sorriu amenizando a tensão. Então logo ela sabia que ele estava sorrindo também mesmo sem poder ver.

Jonh passou lentamente o nariz pelo seu pescoço acariciando sua pele de uma forma que fazia seu pulso pulsar desenfreadamente. Subiu até seu rosto desviando lentamente como uma tortura.

–Você vai me bater agora? –sussurrou enquanto brincava com sua orelha.

Seu braço a prendia contra ele enquanto a outra estava acima de suas cabeças agarrado a margem. Ela podia ver seus músculos rígidos pelo esforço que estava fazendo em se segurar. Em segurar ambos, para falar a verdade.

Ia pedir para ele parar. Ou ia bater até que ele a soltasse. Mas então ele lambeu seu lóbulo vagarosamente a fazendo estremecer.

Sua força de vontade para lutar contra evaporou sem que se desse conta e logo estava flácida e quente derrubando a cabeça para um lado para lhe dar espaço. Ele era reticente no começou até que ela suspirou em seus braços o incentivando, fazendo-o mais possessível, a devorando.

Logo ambos estavam colados, fundindo-se, compartilhando o calor.

Um dos seus braços sem perceber se enrolou em seu pescoço brincando com o cabelo molhado. Arranhando levemente a sua nuca puxando o mais para perto enquanto o outro apertava o braço em sua cintura deixando marcas.

Ele chupava levemente o lóbulo de sua orelha ofegante só para depois morder seu pescoço e brincar com a pele logo embaixo da sua mandíbula que havia descoberto onde podia sentir o sangue dela pulsando como um trem desgovernado no ritmo do seu próprio coração.

Deus! Ele estava louco. Estava arfando e excitado por uma garota que nem havia beijado. Então ela puxou as mãos para debaixo da camisa o tocando de leve. Ele quase desejou que ela movesse suas mãos um pouco mais para baixo.

Respirou tentando se acalmar, o cheiro dela era inebriante.

Ela estava presa entre a parede e ele, e ainda sim parecia longe. Não era o suficiente.

Sua mão caminhou lentamente até o quadril e depois mais para baixo antes de lembrar que ela disse que cortaria sua mão se ele a tocasse novamente.

Sorriu com a tentação. Parecia quase um pecado perder a oportunidade. E ela estava acabando com ele enquanto mordia de leve seu pescoço. Não pode evitar de fechar os olhos saboreando o momento.

Só ali, sentindo. Era delicioso, era pecaminoso e de alguma forma deveria ser proibido para ele. Mas não estava ligando...

Desceu a mão até sua coxa direita acariciando, apertando de leve, provocando enquanto ouvia-a arfar e brincar com seu cabelo. Quase podia viver isso para sempre.

Trouxe a perna dela para seu quadril, enganchando nele e logo ela fez isso com a outra instintivamente o rodeando. Estremeceu de prazer. Nunca havia se sentido assim. Seu corpo com cada nervo vivo e alerta só para ela. Enterrou o rosto em seu pescoço respirando pesado.

Subiu a mão da coxa ainda saboreando sua pele firme até a sua bunda, apertando e gemendo baixinho de prazer enquanto a empurrava para ele.

Ele soube que ela havia percebido sua ereção. Porque ela ficou rígida em um primeiro momento e depois abaixou a cabeça envergonhada se soltando dele devagar.

Ele suspirou quase não querendo deixa-la ir.

–Me desculpe – ele sussurrou com a voz rouca.

Jonh estava perto demais o que a deixava desconfortável.

Olhou para suas mãos que estavam cheias de ruguinhas. Quanto tempo haviam passado ali?

Olhou para acima se lembrando rapidamente de onde estava e depois o olhou horrorizada.

–Temos que sair daqui.

Ele acenou com a cabeça a ajudando a sair e esperou um momento antes de se erguer.

Ambos estavam tremendo pelo frio das roupas molhadas. Mas ela não quis se aproximar dele procurando calor. Pelo menos não tão cedo.

Caminharam subindo em silêncio até não estarem mais sozinhos.


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Notas finais do capítulo

hoho finalmente um pouco de quimíca....