Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 16
Na fuga se fazem os melhores companheiros.




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- Oi – ela tentou dar o melhor sorriso enquanto abria a porta.

Havia dois deles. Reconheceu o de cabelo preto, de nariz perfeito e olhos escuros. O homem que havia a salvado na estação. Ele, se lembrava dela?  Seu coração martelando e se sentindo quente de repente. Tomara não estivesse corando. O que ele fazia aqui?

Como havia chegado aqui? 

 Sua mente divagando. Não queria trai-lo. Talvez ficasse com problemas por causa dela. Mas Jonh ia acha-la uma fraca senão fizesse algo. Agradeceu mentalmente ele por ter ajudado na estação do trem disposta a seguir com o seu plano.

 - Pois não? – Se sentiu meio boba por ele não se lembrar mas voltou a estampar um sorriso frágil no rosto. 

 - O meu companheiro de quarto está precisando de ajuda para ir ao banheiro. Eu não posso ajuda porque ele é muito pesado... – piscou várias vezes e pegou na mão do guarda que parecia mais forte, meio que o puxando para dentro. Sorriu quando ouviu Jonh se engasgar atrás dela – Tenho medo do que ele possa fazer na cama... Acho que Morgan ficaria chateado com isso - piscou mais vezes - Por favooor ...

 Viu-o considerando. Talvez não tivesse sido sua ideia mais brilhante mais ver Jonh constrangido valeria a pena. E a deixaria de bom humor.

 Ele entrou no quarto de forma cuidadosa enquanto ela fechava a porta. Colocou uma das armas que carregava na mão em cima de uma mesinha e caminhou para Jonh meio que resignado.

 Johana pegou a arma silenciosamente e bateu em sua cabeça tentando achar um meio termo que não o matasse, mas o deixasse inconsciente. Não deu certo... Ele se virou pronta para soca-la ainda em choque quando John veio por trás e o enforcou com seus braços até que ele desmaiasse.

-O que deu em você? - seu rosto não mostrando esforço por derrubar um homem com o dobro do seu peso - Era só para seduzi-lo.

-Tinham dois lá fora.

 Jonh ficou a encarando estupefato antes de arrastar o corpo para o banheiro, pegar o casaco e a bota dele e trancar a porta com uma cadeira.  Tirou uma bolsa debaixo da cama e entregou para ela.

-Vão encontra-lo quando vierem buscar agente – tomou a arma das suas mãos e caminhou para a porta vestindo a camisa no caminho – vamos.

- Você pode ser cuidadoso com o outro guarda?

-Por que? – se virou jogando as botas e o casaco para ela que estava descalço e com a mesma fina camisa que ela. Descobriu que ele já estava com suas botas calçadas.  

- Ele já me ajudou uma vez – mordeu os lábios tentando não soar tão estupida enquanto calçava as botas largas e apertava bem o cadarço.

- Eu perguntaria como se eu estivesse curioso 

-Espera! – ela disse – você sabe como usar a arma?

-Não preciso saber pra ser uma ameaça.

  Quando Jonh abriu a porta o guarda só teve um momento para entender a situação antes levar um soco na face. Tombou para o lado enquanto tentava retirar a arma do coldre sem sucesso. Os dois lutaram entre si. Se socando sem golpes baixos. Como se houvesse alguma norma de cavalheiros. Johana ficou atônita olhando. Ela não sabia para quem torcer. Sem saber se deveria realmente torcer em uma hora como essas. Os dois eram tão diferentes como o dia e a noite e estavam suados e machucados. No final, quando os dois já estavam arfando, o guarda escorregou e hesitou e John o segurou.

-Me de uma das cordas menores da bolsa. – ela jogou pra ele. E ele prendeu os pulsos do guarda.

 - Agora nos mostre a saída – John o empurrou na frente e deu uma das armas pra Johana - Só por precaução. Não use em mim.

 Caminharam pela ponte de madeira suavemente. A escuridão querendo os tragar mais abaixo. Ela tinha estado segura aqui nesses dois dias em que ela esteve consciente apesar de ter ficado presa na enfermaria a maior parte do tempo. Ficou pensando no que teria que enfrentar quando saísse...

-Precisamos de comida- ela sussurrou. A maior parte de si querendo evitar que algo ou alguém acordasse.

-Vamos passar no depósito primeiro.

Caminharam por algumas outras pontes subindo por alguns degraus com guarda corpos talhados em árvores. Não sabia que estava segurando a respiração até abrir uma porta para o depósito. Tinha cheiro de farinha. A madeira rangeu sob seus pés quando adentrou mais profundamente o lugar.

-Coloque na bolsa água e mantimentos não perecíveis e leves.

Fez o possível para ignorar a irritação com tantas ordens e autoritarismo que deixava cada vez mais marcado o oficial de alto escalão que era. Ficou em silêncio e obedeceu. Desde que ele tirasse eles dali...

  Foi um pouco difícil encontrar os alimentos no começo já que eles não podiam acender nenhuma tocha. Mas quando terminou ela conferiu na luz da lua o que havia na bolsa.

Guia de sobrevivência na floresta:

 - Bolachas de água e sal;

 - Fatias de carne salgada;

 - Frutas maduras;

- Pão.

- Cinco garrafas de água.

- Armas

-Repelente (sorriu quando viu esse)

-Corda

- Purificador de água.

- Uma manta.

  Não sabia quanto tempo demorariam a achar algum alimento lá embaixo em Ebon ou quanto tempo ficariam por lá. Teria pegado mais água se tivesse encontrado. Talvez estivessem no final do estoque ou algo parecido.

 Amarrou seu cabelo cumprido com um elástico que prendia uma das sacolas de sementes enquanto desciam.

 Eles estavam na última ponte que os separavam do chão quando pararam na frente da casa que deveria ter a porta que os levariam em terra.

 Johana ficou olhando até entender. 

- Há guardas vigiando a porta...

Jonh acenou virando-se para o guarda.

 -Quantos?

O guarda ficou em silêncio o encarando furioso.

- Quantos? – ele disse ameaçadoramente enquanto agarrava seu colarinho e o empurrava pelo guarda corpo feito de cordas.

E Johana ficou preocupada por que:

A) Era uma distância bem alta. B) Alguém poderia ouvi-los e assim tudo o que tinham feito não serviria para nada. C) Não queria ninguém morto, principalmente o guarda que tinha mexido com ela na estação e a ajudado (isso porque ninguém nunca era prestativo. E por isso ela era tão grata) e D) Ela tinha quase certeza que Jonh não estava apenas ameaçando.

 Olhou suplicando o homem moreno. Meio que esperando que ele deixasse seu orgulho de lado e falasse quantos homens tinham logo, para que eles pudessem ir embora. Com raiva o homem cuspiu antes de dizer que era somente um.

- As pessoas sabem do perigo de estar na terra e não tentam sair geralmente – explicou depois de um Jonh desconfiado quase tentar joga-lo novamente.

-Fique com ele –  disse entregando sua arma e apontando para o rosto do homem amarrado – se ele tentar se mexer, atire.

Como se algum de nós soubesse usar... 

Abriu a porta e entrou. Ela ouviu alguns ruídos de pancadas abafado, mas tentou não mostrar o que estava sentindo. Ficou somente encarando o objeto de pratica a tiro a sua frente.

 Ele era forte e esguio como Jonh. Tinha a mandíbula traçada a luz da lua que estava rigída. A jaqueta que usava tinha perdido alguns botões e tinha sangue no colarinho. Seu cabelo preto estava bagunçado e balançava pela direção do vento.

 - Acho que é isso que eu mereço depois de ter te ajudado uma vez.

Ela arfou:

- Desculpa... Eu... Eu não posso ficar aqui.

- Eles iam te levar para baixo de qualquer jeito, você teria alimentos e armas. Porque sair assim depois de toda a hospitalidade e cuidados que te demos?

Ela ficou confusa. Como se pensasse nisso pela primeira vez.

  Ela acreditou cegamente quando Jonh disse que iam mata-la.  Confiou em alguém que tinha feito tudo errado e desacreditou em quem tinha a ajudado. Ela tinha batido com a cabeça?  Porque ela tinha feito algo assim?

 - Eles não iam me matar? – esguichou

 - Porque fariam isso? Você já estava livre.

- Porque os guardas então, guardando o quarto?

- Para leva-los onde quisessem. Vocês não conhecem nada por aqui.

-Porque ele mentiria?

- Eu não sei. Para prendê-la se vocês conseguissem voltar talvez. Morgan ia deixa-lo ir dois dias depois de você, para lhe dar tempo de fugir. Achou mesmo que ele não ia te ajudar depois do que você contou? Nós não podemos se meter nos seus assuntos, mas ele...ele estava disposto a correr o risco para ajuda-la. Já que não podia fazer qualquer outra coisa.

- Eu não sei... Jonh sabia disso?

- Eu estava lá depois que você se foi. Ele ficou furioso.

-Eu... Não tem como voltar agora.

-Tem sim Misin –seu nome falso menos ríspido em sua boca- Morgan te perdoaria. Eu o conheço - a voz adquirindo mais confiança - me entrega a arma. Eu falarei com Morgan. 

Ela começou a negar com a cabeça quando a porta se abriu. Jonh estava ferido acima do braço, um filete de sangue brotando na clara camisa. Ele estava com a jaqueta preta do guarda na outra mão.

-Vamos – ele disse se preparando para segurar o prisioneiro novamente. 

-Você vai mesmo confiar nele?

-Confiar o que? – Jonh se virou.

Com a cabeça dando mil voltas Johana não sabia o que pensar. Já que era óbvio em quem acreditar. No entanto, era mais fácil conseguir voltar para casa com Jonh. Além disso, não queria ter que ficar na floresta sozinha tendo que apostar na sorte para achar o caminho de volta. Ela e a sorte não eram do tipo que se davam bem.

 - Nada. Ele estava só... Falando...  Vamos – ela o empurrou com a arma para dentro, entregando-a depois a Jonh rezando para que não visse a desconfiança em seus movimentos.

  Deparou-se com uma grande porta de madeira e ferro misturados e entrelaçados do chão ao teto. Esta estava trancada com runas e escritas, entalhadas profundamente como a marca em sua pele. A porta parecia querer se comunicar em uma língua que Johana não havia sido ensinada, um alfabeto não humano. No entanto, se sentia sendo chamada musicalmente.

Que tipo de pessoa poderia te feito isso? Talvez servisse para proteção contra coisas na floresta. E isso a fez pensar: O que mais havia de perigoso lá embaixo...

 De repente não estava mais tão animada para voltar em terra.

-Abra – mandou, antes que mudasse de ideia.

 -Preciso que me desamarrem. A porta só se abre com a runa em minha mão.

-Ou a do outro guarda... Todos vocês devem ter uma certo?  – Johana se aproximou do corpo desmaiado procurando em suas palmas a mesma marca – Preciso de ajuda – ela comunicou quando ficou claro que era impossível sair o arrastando.

Jonh se aproximou e colocou a palma perto de uma das runas com o mesmo símbolo estampado antes de jogar o braço no chão. A porta rangeu e uma corrente de ar fria entrou.

-É uma longa descida – subiou – damas primeiro.

-Prisioneiros primeiro. 

-Pensei que você queria que eu tomasse cuidado com ele – um sorriso sarcástico tomou seus lábios.

-Isso foi antes de ele me irritar – passou pela porta descendo as escadas sinuosas enquanto Jonh colocava fogo em uma tocha e descia atrás dela. O ar era abafado e havia alguns animais menores ligados ao tronco da árvore.

 Desceu o mais longe possível da casca da árvore porque apesar de tudo ainda era alguém que não queria ter nada haver com aquelas coisas asquerosas que davam seu passeio noturno. Ficou tentada a passar a mão várias vezes por seu cabelo para verificar se nada havia caído. Tinha consciência de Jonh logo atrás então se conteve. Sentiu-se corar, mas continuou olhando para os degraus incapaz de pensar em um significado maior para isso. 

 Chegaram ao chão coberto com folhas mortas e raízes profundas sobressalentes. Havia outra porta com grades. A floresta estava começando a se iluminar. Tentou não pensar na ultima proteção que estava retirando de seu entorno por espontânea vontade.

E agora?

- Qual o seu nome? – ela se virou rapidamente para o cara ainda amarrado ao seu lado.

- Josh.

-Josh, você pode nos levar para fora daqui... – foi interrompida com uma negativa – mas você conseguiu sair daqui antes.  

- Nem se eu quisesse eu poderia – cuspiu no chão com repúdio – só as bruxas de Yoren tem esse poder. De criar um portal entre os dois lugares.

 Johana não entendia muito bem onde estava ou o que estava acontecendo, mas decidiu que poderia tentar pensar nisso mais tarde. Depois que o turbilhão de emoções estivesse mais calmo, ou quando estivesse tomando uma xícara de achocolatado quente. Deus! Como sentia falta de algo doce em seu sangue.

- Nos leve até ela então – sua voz quase uma imploração.

 - Não é assim. Elas te acham. Elas sabem quando precisam delas – um sorriso se apossando em seus lábios.

Mocinhos não deveriam soar assim... Mas talvez esse mocinho só estivesse em um dia ruim, ou cansado de apanhar... Ou talvez ele simplesmente não fosse o seu mocinho. Olhou para Jonh, com seu rosto que nunca demonstrava expressão nenhuma, definitivamente ele também não era.

 Antes que pudesse se assustar este já havia dado uma coronhada na cabeça de Josh o descartando como se fosse um inútil e estava o puxando para os degraus da escada. 

-Vamos antes que todos acordem – passou por ela abrindo a porta que só era trancada pelo lado de fora.

- Acho que foi desnecessário bater nele mais uma vez, mas se você gosta de ficar por ai mostrando suas habilidades... – ela deu de ombros – para onde estamos indo?

-Estamos saindo o mais longe daqui para esperar pelas bruxas. Me da à bolsa.

- Para que?

 Ele a olhou.

-Não está pesada?

- Não. Eu fico com ela. 

Ele continuou segurando o olhar. Ela desviou e passou em sua frente.

 O silêncio era quebrado em alguns momentos pelos animais que acordavam e iam se alimentar. Eles também estavam com fome, mas não queriam parar até estar o suficientemente longe.

 Tensão saía em abundância pelo corpo de Johana. Seus movimentos eram rígidos e sem naturalidade. Ficava olhando ao seu redor procurando qualquer coisa que pudesse ser uma ameaça, mas apesar dos milhares de árvores e dos seus grossos caules a luz do sol nascente entrava horizontalmente, banhando-a com luz e iluminando a o seu arredor.  As folhas alaranjadas de diferentes tipos cobriam o chão lamacento e se quebravam debaixo das suas enormes botas pretas. Era uma cena bonita não reconhecida. Johana caminhava apenas tentando não tropeçar em alguma raiz escondida.

 Uma vez ou outro seus pensamentos voltavam sobre o que fazer quando chegasse a hora. Ficou claro que Jonh era muito mais forte e nem passava pela sua cabeça tentar uma luta corpo a corpo.  Podia tentar convencer as bruxas a manda-la para outro lugar que não fosse à fronteira de Ebon. Talvez pudesse ser mandada depois de John para casa, e quando ele fosse procura-la ela já teria partido para nunca mais voltar. Essa era uma boa ideia. Guardou-a em um canto especial em sua mente quando se lembrou da bolsinha de dinheiro que havia ficado em sua bolsa e agora estava perdida.

 Não pela primeira vez quis amaldiçoar Jonh. 


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo terminooou. Por favor deixem comentários: De quem vocês gostam... Se Jonh é um idiota... Se Johana é muito medrosa... Etc etc...
E sejam bonzinhos nas críticas... ^^
Até o próximo capitulo. o/



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