Depois do que pareceu como um século de silêncio, Rose e o Doutor falaram ao mesmo tempo: "O quê?"

"Exponha sua espécie", disse o líder, mudando seu controle sobre o dispositivo rapidamente.

"Humana", disse rose, o pânico em sua voz: "Eu sou humana."

"Não, você não é", disse o líder, "Exponha sua espécie!" 

"Ela é humana", o Doutor intercedeu. "Nascida na Terra no século XX. Eu deveria saber..."

Rose olhou para o Doutor, com os olhos aterrorizados. Ele estava absolutamente imóvel, mal parecendo respirar. "Doutor?"

"Aquilo que não pode ser classificado é declarado perigoso e deve ser destruído". O líder disse, inclinando a cabeça para o lado.

"O quê? Por quê? Que idéia estúpida é essa? " O Doutor perguntou. Ele podia sentir sua mente funcionando como mercúrio. Humana. Rose era tão humana. Mas ela tinha atravessado o vazio, não tinha? Desprotegida ela cruzou o vazio e sobreviveu. Ela parou o tempo na TARDIS tão facilmente, como se estivesse apenas parando um DVD. E ela o salvou...

"A autópsia irá determinar a diferença e permitir a classificação. " O líder se virou para Rose, segurando o dispositivo de classificação novamente. Segurando-o diferente dessa vez, como se fosse uma arma.

"Eu não faria isso se fosse você", disse sombriamente o Doutor.

As criaturas que o seguravam puxaram um pouco os seus braços, fazendo-o perder o equilíbrio, o líder das criaturas se virou, rosnando. "Não o machuquem! Ele é uma espécie em extinção e deve ser preservado!" Então ele virou-se para Rose.

"Realmente," disse o Doutor no mesmo tom severo, "eu não faria isso".

"Espécies ameaçadas não estão autorizadas a falar, filho de Gallifrey. "

Rose, observando o Doutor de perto, viu a pequena porção de dor que surgiu em seus olhos à menção de Gallifrey. Sempre lá. Sempre sofrendo.

No entanto, o Doutor prosseguiu. "Ah, mas eu vou", ele disse. "Por que eu sou uma espécie em extinção, não é? ", ele acenou com a cabeça em direção a Rose. "Ela é minha companheira. "

Levou um momento para Rose perceber o que ele quis dizer, então – para seu horror absoluto – ela corou.

"Sua companheira?" o líder disse, olhando para o Doutor por sobre o seu ombro.

"Sim, " o Doutor sorriu. "Isso é o porque de você não poder identificar sua espécie... agora ela é só parte humana, coitada. É por causa da minha fisiologia Gallifreyan superior. Substituiu seu DNA humano primitivo. "

"Oi! ", Rose disse indignada.

"A veracidade de suas declarações será comprovada pela autópsia." O líder disse.

"Sério? " O médico perguntou, correndo a mão por seu cabelo. Rose se perguntou quando ele tinha conseguido deixar seu braço livre e, aparentemente, o mesmo aconteceu com seus captores; eles apressadamente agarraram sua manga novamente. "Bem, eu suponho que se vamos ser mortos por causa de uma autópsia... eu deveria pelo menos dizer adeus. O Último dos Senhores do Tempo e sua namorada, e mais o que?" Apesar de seus guardas, ele começou a caminhar para frente. Um dos guardas puxou o Doutor de volta tão duramente que ele foi de encontro ao chão.

Antes que o Doutor chegasse até o líder, ele havia se virada, apontando o dispositivo que parecia cada vez mais com uma arma para ele.

"Eu pensei que eu fosse uma espécie em extinção", disse o Doutor indignado.

"Você não necessariamente tem que ser para valer a pena todo o nosso tempo", o líder rosnou ameaçadoramente. "Ou na sua forma atual. Nós sabemos sobre Senhores do Tempo por aqui. E nós sabemos sobre o último dos Senhores do Tempo, Doutor."

"Ouviu falar de mim, então?" o Doutor perguntou, satisfeito.

"De fato, nós sabemos o que dizem sobre você. Destruidor de mundos. Assassino. Assassino de sua própria espécie."

Mas o Doutor estava olhando além dele, seus olhos fixos em Rose. "Tire as mãos dela", ele disse, em voz baixa.

~~~

O Doutor jogou a TARDIS para o turbilhão, uma pequena parte de sua mente se preocupando se ele não havia deixado o suficiente para mantê-los lá. O resto de sua mente estava dedicada à cena que acabara de acontecer. Ele balançou a cabeça para limpá-la – teria tempo de sobra para considerar tudo isso mais tarde. Então ele se encostou no console e olhou para Rose, sua expressão dura.

"Eu não os matei, eles estavam apenas atordoados" Rose – não Rose – disse, sua voz estranhamente duplicada.

"Deixe disso", ele cuspiu.

O brilho dourado voltou a cobrir o olhar dela. "Eu sou ela. Para me destruir, teria que destruí-la primeiro. Cada coisa que fizemos – cruzar o vazio, parar o tempo, impedir sua regeneração – essas coisas nos unem, o Lobo      à Rose. Inseparáveis. Mas é mais do que isso-"

"Eu estou avisando", ele rosnou.

"Eu escolhi isto, Doutor" ela disse, "quando eu escolhi você."

"Você sabia que isso iria acontecer! Você é sensível, parte da TARDIS. Você sabia! Você deveria ter deixado-a. "

"Eu estou avisando," ele rosnou.

"Eu escolhi este doutor, disse ela, 'quando eu escolhi você."

"Você sabia que isso ia acontecer! Você é sensível, parte da TARDIS. Você sabia! Você deve tê-la deixado. "

"Eu sou ela. Você mesmo disse. Um Senhor do Tempo no controle do vórtice deveria aterrorizar o universo. Não esta menina que você escolheu. Tão humana. Eu olhei dentro da TARDIS e a TARDIS olhou dentro de mim. Eu não vou queimar porque eu não posso. A partir do momento em que Rose pisou na TARDIS, a partir do momento em que ela nasceu – isto foi destinado a ela. É um fato. Pense nisso, Doutor. De todas as coisas que poderíamos ter feito, nós o salvamos. Duas vezes. Eu vi você, ao longo da distância e do tempo, nós te vimos. Nós sentimos sua dor e sentimos a sua fúria do universo paralelo em que me deixou, e nós te salvamos. Por que você não pode salvar-se. Tudo o que nós fizemos, eu fiz por você. Para mantê-lo seguro."

Ele olhou para ela, seus olhos procurando seu rosto, seu cérebro tomando nota do fato de que ela não parecia conseguir decidir se deveria usar um pronome na primeira pessoa do singular ou não.

"A maior parte é humana", ela continuou; sua voz adotando um tom mais suave. "O resto é controlado, a menos que Rose escolha o contrário. Quando há muita pressão, muito para o ser humano em mim suportar, o Lobo entra em ação. " O brilho dourado tomou seus olhos novamente, uma nota de aviso em seu olhar neste momento. "Mas eu vou me proteger. Mesmo de você, se necessário, meu Doutor. Você tem outra escolha a fazer. "

O brilho desapareceu e os olhos de Rose voltaram à sua cor normal. Ela cedeu um pouco, como se o brilho estivesse deixando o seu corpo tenso.

"Rose" O Doutor disse, aliviado. Ele deu um passo em direção a ela, estendendo a mão, mas o seu olhar penetrante congelou-o no lugar.

"Leve-me para casa", Rose disse calmamente.

O Doutor olhou para ela por um momento. "Oh... Sério? Certo. Ok, então. " Ele se virou e começou a mexer no console, definindo o seu destino.

Quando a TARDIS desembarcava, Rose ficou parada, observando-o cuidadosamente. Ela lhe deu um olhar inquisidor e inclinou a cabeça ligeiramente na direção das portas.

"Lá vai você. Terra, meados de 2010. ", disse ele. Ele limpou a garganta e olhou para o console, brincando com os interruptores.

"Você poderia ter vindo me buscar", ela disse levemente.

"Eu não podia", ele disse categoricamente, "eu tentei."

"Você poderia. Você poderia ter vindo e me levado a qualquer momento. Mas você não fez. Eu ouvi o que você disse, sobe as leis do tempo. Você poderia", ela disse novamente, "mas você não fez."

Ele se virou, olhando em seus olhos atentamente, tentando fazê-la entender. "Não", ele disse, "eu estava errado. As leis existem por uma razão; várias, na verdade. Várias razões muito boas. Eu sei disso. Não posso esquecer, mesmo que eu quisesse. Então eu não podia. "

"Você é um Senhor do Tempo. "

"Exatamente. É uma responsabilidade. Eu não posso simplesmente rasgar dois universos paralelos porque eu-"

"Por que você o quê, Doutor?"

Ele se virou para o console, quase rosnando em irritação.

"Eu fiz isso", ela disse, sua voz quase um sussurro. "Sem nem sequer pensar sobre isso."

"É diferente-", ele começou.

"O quê? Por que eu não tenho um conhecimento superior? Por que eu sou apenas humana? " ela exigiu.

As palavras saíram antes que ele pudesse detê-las. "Eu não sei o que você é! "