Good Life? escrita por halmina


Capítulo 3
Eles O Quê?!


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu podia desculpar-me pela demora mas... Pela primeira vez na vida, eu não me atrasei. Eu escrevi este cap todo (todinho!!) ontem, e na hora de vir postar... O Nyah estava em manutenção. Eu sei que, para vocês, acabou lá pelas 17h e ainda puderam vir aqui, mas a mim acabou às 21h. Que é, basicamente, a hora em que eu tenho de desligar o pc. Fixe, né? E ainda por cima este cap tem o dobro do tamanho dos meus caps normais!
Duas músicas para ouvir (amo pôr isto):
Neverland - U-Kiss (muito amor)
Toguro - the GazettE (música de lindeza absoluta)
Não precisam de ouvi-las, mas eu gosto.
Eu falo mais nas notas finais, por isso vão ler...



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  - Não tenhas medo, Ama-chan. Ela não te morde. – ri-me, para de seguida entrar no gabinete, sem cerimónias. Para quê hesitar? Eu já era conhecida ali.

  - Bom dia. – disse baixinho, a menina tímida ao meu lado. Eu sorri.

  - Oi, Diana. – cumprimentei, sentando-me folgadamente na minha cadeira.

  Sim, minha. Era onde eu me sentava todas as vezes que vinha cá. Existiam duas cadeiras e duas poltronas na sala da diretora. Uma das poltronas era dela. Os outros três assentos eram para os delinquentes se sentarem. E quase todos tinham o seu preferido. Eu já tinha dado mais do que um soco a Afonso por aquela cadeira. Ele também gostava dela, mas quando eu estava ali, ela era minha. Toda a gente sabia disso.

  - Menina Almeida. – ela disse, com tom de aviso.

  Ela não gostava que eu a chamasse pelo primeiro nome, e eu fazia-o por isso mesmo. Mas eu também não gostava que me chamasse Almeida. O meu nome todo é Diana Almeida Takashima. E eu acho extremamente irónico o meu apelido ser igual ao do meu guitarrista favorito. Mas o meu pai, que tem descendência japonesa, disse que é um apelido bem normal lá. Eu apenas acho interessante.

  - Eu chamo-lhe “diretora” ou “senhora professora”, mas só se me chamar “Menina Takashima”. – chantageei, fazendo uma cara sugestiva. Ela fez cara feia, mas assentiu.

  - Muito bem… Menina Takashima. – ela pronunciou o meu nome com asco. Aquela mulher é a pessoa mais preconceituosa que eu conheço. Na escola isso é muito mau. Desfavorece pessoas de cor, estrangeiros, homossexuais, pessoas com estilos diferentes, e toda a gente que não entra no seu padrão de perfeição. Cabra.

  - Muito obrigada. – disse, fazendo um sorriso cínico.

  - Agora, Amanda, o que é que a Menina Takashima fez para a mandar para aqui? – ela perguntou, simpática, mas ainda utilizando o meu nome com desprezo. Que ultraje! Para mim, que lhe dedico muito tempo (senão não estava sempre aqui), é uma autêntica besta, e para a Ama-chan, que nunca meteu os pés aqui, é toda fofura e sorrisos.

  - Nada. Na verdade, eu é que fiz. – ela disse, espantando a diretora e, sinceramente, a mim também. Não que eu pensasse que ela me entregasse (mesmo que eu, desta vez, não tenha feito nada de mal), mas não pensei que arcasse com as culpas. Realmente, ela foi expulsa da sala por rir… - Eu é que ri demasiado alto, senhora diretora. – concluiu cabisbaixa.

  - Riste-te? – a Diana perguntou, estupefacta. Sim, eu vou continuar a referir-me a ela com o nome próprio. Ela mesmo me disse uma vez: “não se deve confiar na palavra de um delinquente”. É um bom aviso, a final.

  - Exato. – ela confirmou, ainda baixinho.

  - Eu vou despedir aquela professora incompetente! – ela exclamou, assuntando a Amanda – E você, Menina Takashima?

  - Adormeci na aula. – respondi, indiferente – E disse à ‘stôra que a aula dela é uma seca.

  - Inglês? – ela perguntou, já divertida, eu apenas assenti.

  - Tu não mudas! Sabes que eu te posso suspender? Aliás… - foi interrompida pelo toque do meu telemóvel.

  - Posso atender?

  - Podes, mas aqui dentro. – a diretora respondeu, fixando o olhar no aparelho que tocava. Agarrei nele, e atendi.

  - Oi! – exclamei, a diretora fez uma cara de desaprovação, e a Ama-chan veio sentar-se ao meu colo, para tentar ouvir melhor a conversa.

  - Bom dia. Fala a Daniela Almeida Takashima? – uma voz feminina e bem-educada perguntou do outro lado.

  - Sim, a própria. Quem fala? – comecei a ficar desconfiada, eu não tinha contato com ninguém tão bem educado.

  - Daqui Liliana, da Assistência Social. – ela apresentou-se.

  - Assistência Social? Porque me estão a ligar? – perguntei, ainda mais desconfiada.

  - Eu não queria ter de dar a notícia de uma forma tão brusca, mas disseram-me… Que tinha de ter tempo para se acostumar com as mudanças. E, peço desculpa, mas… - ela começou a enrolar o assunto, e a gaguejar. Eu não tinha paciência para aquilo!

  - Pode deixar de ser tão bem educada, e dizer-me o que precisa? – perguntei, de forma amável, não rude.

  - Claro. – ela disse, acalmando-se – Hoje, por volta das 11 e 25 minutos, os seus pais sofreram um acidente de carro. A sua mãe faleceu imediatamente, e o seu pai 18 minutos mais tarde, pouco depois de dar entrada no hospital. – ela falou, tentando que eu percebesse tudo.

  O quê?! Tenho a certeza que a minha expressão devia demonstrar a surpresa que eu estava a sentir. Eu não devia ter ouvido bem. Sim, devia ter sido isso. Eu amo os meus pais e, mesmo não sendo a melhor filha do mundo, sei que eles não me abandonariam assim. Eu não tenho mais família. Todos estão mortos, até a irmã do meu pai, que vivia lá no Japão. Eu estou órfã? Impossível. Vou viver para um orfanato? Nem morta.

  - Desculpe, podia repetir o que disse? – pedi, assustada.

  - Os seus pais faleceram, peço desculpa. – ela disse com uma voz compreensiva, como se já lhe tivesse acontecido.

  - Eles… M-Morreram? – perguntei, trémula, ao que ela concordou – O que… M-Me vai acontecer… Agora? Eu… Eu não tenho mais família… - disse, fazendo muitas pausas.

  - Na verdade Daniela, você tem apenas um parente vivo suficientemente próximo para ficar consigo. Ele vive no Japão. – ela explicou.

  - Quem? Apenas tinha uma tia lá, chamava-se Takashima Yune. E ela também já morreu. – argumentei.

  - Takashima Kouyou. Mãe: Takashima Yune. Pai: Desconhecido.

  - Eu tenho que ir viver com ele? – perguntei, receosa.

  - Sim. O enterro da sua mãe será daqui a dois dias e, no dia seguinte, irá para o Japão. O seu primo irá ligar-lhe em breve.

  - Takashima Kouyou, disse você? – perguntei. Esse nome dizia-me algo… Mas eu não me lembro de quê, e não me apetece minimamente pensar nisso. Amanda fez uma expressão estranha, como se também se estivesse a tentar lembrar de onde ouvira o nome.

  - Exato. Ah! Só mais uma coisa: A barreira linguística. – ela disse, ansiosa por terminar a conversa. Não devia ser divertido dizer às pessoas que a família já cá não estava. Mas o que tinha a barreira linguística? Eu sabia falar… Mas nem todos sabem. Ok, percebi.

  - Não há problema. Eu sei falar coreano, japonês e um pouco de mandarim. Não vai ser empecilho. – respondi, sem reação. Eu ainda estava muito chocada.

  - Tem a certeza que está bem?

  - Sim… - respondi, desligando o telemóvel de seguida.

  Encostei-me às costas da cadeira como se, de repente, eu estivesse exausta, e tentei puxar o máximo de ar para os meus pulmões. Ama-chan olhava com dúvida para mim. Eu não devia estar com boa cara. Abracei-a de repente e comecei a chorar violentamente. Ela apenas retribuiu e deixou-me descarregar a minha tristeza e choque. Eu, realmente, amava a minha maknae. Depois de 15 minutos, afundada no ombro da Amanda, finalmente consegui recompor-me, o suficiente para falar. Afastei-a um pouco. A diretora olhava para mim, num misto de curiosidade e pena. E ela ainda nem sabia o que tinha acontecido…

  - Os meus pais… Eles morreram. – expliquei, vendo a Amanda passar de preocupada a horrorizada num segundo. Ela adorava os meus pais, e eu não a censurava.

  - E agora? Tu não tens família, pois não? – perguntou Diana, bastante interessada.

  - Não, vou viver com um primo, que eu nem sabia que existia, para o Japão.

  - Deduzo que seja o tal Takashima. – Ama-chan disse, e eu assenti. Ela parecia triste. Mas eu sei que dela devia esperar apenas preocupação e carinho para a minha pessoa.

  - Desculpe, senhora diretora, mas eu gostaria de ir para casa hoje. Visto que eu não vou voltar mais a esta escola… E eu não me sinto apta pra as próximas aulas.

  - Ok, podes ir. Amanda, querida, vai também. – ela disse. Por uma vez na vida, a diretora estava a pensar no bem dos outros, e não apenas no dela.

  - Podemos levar a Bea? – perguntou a loirinha. A diretora voltou a concordar, e depois mandou-nos sair. E nós fomos buscar a Bea, para ir embora… Para eu não voltar aqui… 

 POV Uruha [finalmente!] 

[Informação Importante: Nesta fic as idades deles não são as originais. O Ruki tem 25, o Reita, o Uruha e o Kai têm 26 e o Aoi tem 28. Isto é, basicamente, a idade que eles tinham há cinco anos. Ou pelo menos foi o que eu percebi…]

  Eu estava a chegar a casa. Depois de um dia inteiro a ensaiar, eu queria o meu merecido descanso. Coisas a fazer: Tomar um longo e relaxante banho, encomendar comida, ver televisão até me dar sono, dormir o máximo possível. Amanhã era a nossa tão esperada folga. Eu já nem sabia o que isso era.

  Claro que não ia passar o dia em casa. Isso não é do meu feitio. Ia ao shopping, ou qualquer coisa para extravasar o stress. E o dinheiro… Claro, sem chamar a atenção. Isso não era bom. À noite ia, como sempre, para uma boate qualquer. E era um daqueles dias especiais, em que Aoi e Ruki também iam comigo. O Reita já era uma companhia habitual, e o Kai… Nem morto entrava num sítio daqueles. Já ouvi muitas fãs dizerem que ele era o mais responsável do grupo, que era quem mantinha a ordem… Ele é só chato, na verdade. Responsabilidade? Como se ele não passasse a vida a perder coisas. É apenas uma imitação de mãe galinha, melhor e ainda mais chata, para nós. [Nota-se que gostas do Kai…]

  Mas o Aoi ia. E era a minha grande oportunidade de ficar com ele. Vocês não imaginam o que aquele beiçudo faz quando esta bêbado. Basta empurrar o Ruki para o enfaixado e ficar a sós com o meu moreno. Toda a gente fica feliz! Principalmente eu e o Reita…

  Entrei em casa, sendo seguido por certo baixinho. Há mais de um ano que dividíamos o apartamento, e eu nunca tinha tocado no Ruki. Mesmo assim, a mãe dele achava que nós namorávamos e, sempre que pode, acusa-me de me aproveitar da altura do chibi. Como se eu fosse assim! [cof cof] Mas voltando à casa, era grande, tinha três suites, um quarto e um escritório. Para além de mais uma casa-de-banho [banheiro], uma sala e uma cozinha. Era grande. Por isso é que, quando o chibi a escolheu, pediu a alguém para morar com ele.

  Fiz tudo o que queria. Tomei banho, pedimos comida e logo fomos ver televisão. Metemos num filme qualquer, que Ruki queria muito ver. Mas eu não sei bem sobre o que era. O meu pensamento logo voou para longe. Comecei a pensar na minha mãe, e no quanto sentia a sua falta. Ela sempre tinha aceitado a minha opção sexual, e tinha-me ajudado em tudo. Continuo a achar injusto que ela tenha sido tirada de mim sem mais nem menos. Felizmente, nessa altura já tinha 17 anos, e pude viver sozinho.

  - Kou. – chamou Ruki, chocalhando-me. E pela cara dele percebi que não era a primeira vez. O meu olhar focou-se nele, pois se não o fizesse aquele minorca ia chatear-me eternamente.

  - Sim? – perguntei, afastando-o de mim. Ele estendeu a mão para mim. Tinha lá o meu telemóvel.

  - Moshi moshi. – atendi.

  - Bom dia. – cumprimentou um homem, com dificuldade. Não era japonês, e estava com problemas para falar. Mas deixei-a continuar, pois se conversássemos em inglês não se ia perceber nada. Não é o meu forte…

  - Quem fala? – perguntei, olhando para o chibi curioso ao meu lado. Era mesmo bisbilhoteiro, tinha até encostado a orelha ao telemóvel para ouvir a conversa. Enxotei-o.

  - Assistência Social. – respondeu, bem educado.

  - Não é japonês pois não?

  - Não. Sou português. Vim apenas avisá-lo que os seus tios, Roxane Almeida e João Takashima faleceram hoje. – disse frio, como se não se importasse com os meus sentimentos.

  - O meu tio… Morreu? – perguntei, originando um olhar preocupado de Ruki.

  João Takashima era o irmão mais novo da minha mãe, tendo apenas mais 20 anos que eu. Não nos vimos muitas vezes, mas sei que casou e teve uma filha. Vi Roxane, a esposa dele, apenas uma vez na vida. E posso apenas dizer que era uma mulher querida e muito bonita, mas eu tinha apenas nove anos nessa altura. Eu gostava bastante deles, mesmo que a maior parte do contato que mantínhamos fosse pela internet.

  - Sim, lamento muito. Mas não é esse o problema. Os seus tios tinham uma filha.

  - Eu sei. Daniela, não é?

  - Exato. – ele respondeu, levemente irritado por ser interrompido – Ela ainda é menor. E o senhor é a única família que ela tem. Pelo que sei, a menina tem alguns problemas comportamentais, mas não a mandaria para um orfanato. E para isso não acontecer…

  - Eu tinha de tomar conta dela? – completei.

  - Exato. Então? – ele perguntou, desta vez ignorando a interrupção.

  - Pode dar-me um minuto?

  - Claro. – ele respondeu, e eu logo me apressei a afastar o telemóvel do ouvido.

  - Então… O que se passa Uru? – perguntou o chibi.

  - Bem, já percebeste que os meus tios morreram.

  - Sim. – ele respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Mas esse não parece ser o problema.

  - É que eles tinham uma filha. Menor de idade. E eu sou a única família que ela tem. Eu não quero mandar a minha prima para um orfanato por egoísmo. – expliquei.

  - Quem és tu e o que fizeste ao Uruha?! – ele exclamou, rindo – É claro que ela pode vir para cá. Vai que entretém o Kai e ele para de encher o nosso saco.

  - Então aceitas? – perguntei, esperançoso. Ele tinha razão, normalmente, eu não agiria assim. Mas ela era a única família que me sobrava. O baixinho assentiu e eu passei a informação ao homem do telefone.

  - Ok, então. Ela chega aí daqui a três dias. Vá busca-la ao aeroporto. E tem de ligar-lhe em seguida, pois ela está a ser informada sobre o acidente neste momento. – ele avisou, deu-me o número do telemóvel de Daniela, para depois desligar.

  - Vamos ter uma hóspede nova! – exclamou Ruki, muito contente. Demasiado até…

  Claro que a primeira coisa que ele tinha de fazer era avisar toda a gente que a minha prima vinha. Daniela… Coitada. Vai ter de levar com aqueles quatro. Espero que ela goste de j-rock, e da nossa banda, né…


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Notas finais do capítulo

Bem... Gostaram? Eu espero que sim. Eu adorei este cap, mesmo que eu não seja boa a tentar fazer drama. Gostava que cometassem, pois no cap passado eu tive só um review, e foi do meu melhor amigo chato.
Este cap é dedicado ao Dani, fofo não gostoso, que me tem andado a chatear para eu lhe didicar algo. E à Bea, que conseguiu a proeza de marcar comigo no msn para falar desta fic e deixar-me pendurada 4ª, sáb, e hoje.
Hoje são os anos do meu pai, por isso estou a postar à pressas. Eu nem devia estar aqui...
Espero mesmo que tenham gostado, porque eu estou com um pico de inspiração e se não tiver reviews ele pode parar.
BjsS