Amuleto Da Sorte escrita por Luísa Rios


Capítulo 3
Colheita


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Vou postar mais amanhã porque já ta quase tudo pronto aqui :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/242555/chapter/3

A semana passou rapidamente. Nos dias comuns – sem ser a semana da colheita – fico cinco horas na escola, dez treinando e nove descansando (incluindo dormir, tomar banho, fazer o que as pessoas que não treinam fazem, etc). Mas essa semana ta matando. Apesar de que desde meus doze anos eu forço mais a barra na colheita, – pois só podemos ser tributos se tivermos de doze a dezoito anos – eu ainda fico cansada. Ou melhor, morta.

Mas enfim chegou o dia. Acordei bem cedo, coloquei uma roupa bem bonita, peguei meu diário – eu não levava aquele objeto tão importante para todos os lugares, mas durante as colheitas eu o mantinha comigo, me trazia sorte - e fui para a praça, onde eles montavam um palco perto do Edifício da Justiça – onde os tributos ficam antes de ir embora do distrito. Todos os habitantes do distrito dois são obrigados a ir.

Cheguei na praça e entrei na fila das garotas de dezesseis anos. Eles fizeram o típico “corte no dedo”, no qual eles pegam seu sangue e carimbam em seu nome para se certificar de que você está ali, pronto para ser chamado se for sorteado. Foram se formando fileiras ao redor do parque. Fiquei em meu devido lugar respirando calmamente. Olhei para trás, na minha diagonal. A fila dos meninos de dezoito anos. Cato já estava me olhando, lhe dei uma piscadela para que ele visse que não estou nervosa e nem preocupada.

Quando todas as fileiras já estavam completas foram posicionadas duas bolas de vidro - que me lembram aquários - e entre elas um microfone. Logo aparece o prefeito e se posiciona em frente ao microfone. Ele começa com o mesmo discurso toda vez, sobre Panem, como se levantou das cinzas de um lugar antigamente chamado de América do Norte, lista todos os desastres acontecidos enquanto passa um vídeo “ilustrando” suas palavras.

–Os agradecimentos podem ser muito bem feitos aos grandes carreiristas ganhadores do distrito dois. – assim ele lê os nomes dos muitos vencedores que tivemos até hoje. Muitos. Perdi a conta quando ele disse um nome meio estranho. O último vencedor que tivemos foi Jonh Beckett, ele seria mentor dos tributos, chegou, abraçou o prefeito e anunciou a entrada do homem da capital, aquele que eu nunca lembro o nome e ele começou a falar. Me toquei que não só as roupas eram azuis, a pele, o cabelo, os pelos nos braços e a barba. Essa é a “moda” na capital. Eu acho estranho.

–Os Jogos Vorazes estão para começar. E que a sorte esteja sempre a seu favor - ele disse, no mesmo tom de sempre – Primeiro as meninas, é claro!

Ele foi até uma das bolas de vidro, colocou a mão bem lá dentro, no meio mesmo. Pegou um papelzinho, o analisou e leu com uma voz claramente animada.

–Clove Sevina!

Todo o distrito dois explodiu em aplausos e gritos de encorajamento. Meu coração foi a mil, desde os doze anos eu sonho por esse momento. Mas não queria que fosse naquele dia. Quando fosse meu último ano, mais experiente, eu me ofereceria como tributo e provavelmente ganharia, trazendo glória a minha família. Mas não, foi com dezesseis mesmo.

–Clove Sevina! – ele repetiu.

Andei devagar até o palco, subi com cuidado os três degraus que me levavam a ficar bem ao lado do homem. Eu olhei para Cato. Ele estava mandando um olhar alerta as meninas de dezoito anos. Esperando que alguém se voluntariasse. Ninguém foi meu lugar. Ele estava com um olhar meio desesperado. Eu de verdade não sabia o que ele iria fazer. Tinha o fato dele ter treinado a vida toda para esse dia, mas ele não queria me matar. Ele podia me deixar me virar e desistir de ir para os jogos, mas esse era o sonho dele. Não sabia mesmo o que ele ia fazer.

–Agora os rapazes. – o homem azul foi até a bola de vidro onde haviam os nomes dos garotos. Fez exatamente a mesma coisa que fez na vez das garotas, colocou a mão bem no meio. Tirou um papelzinho de lá. Tentei espiar, mas não consegui.

–Benjamim Eberick!

Antes das pessoas aplaudirem o garoto – que eu não pude identificar – Cato se manifestou.

–EU ME OFEREÇO COMO TRIBUTO! – disse ainda meio incerto.

Todos aplaudiram, Cato havia contado a todos que quisessem ouvir que iria se voluntariar, e lá estava ele, vindo para meu lado com uma cara indecisa.

–Qual seu nome, garoto corajoso?

–Cato Larek. – os aplausos continuam.

O prefeito lê o grande – e tedioso – Tratado da Traição, como sempre faz depois dos tributos se posicionarem em seu devido lado do palco, mas eu não prestei atenção. Só consegui pensar que somente um de nós – eu e Cato – poderia voltar para casa. Depois de alguns minutos de tédio – e talvez um pouco de desespero – a leitura acaba e o prefeito nos manda apertar as mãos. Cato está parado de nervosismo, ao contrário de que seu rosto expressa: Glória e felicidade. Mas o conheço o bastante para saber o que está acontecendo. O hino de Panem soou alto em nossos ouvidos.

Quando terminou, dois Pacificadores altos, fortes e vestidos de branco arrastaram Cato e eu para dentro do Edifício da Justiça. Nem sei pra quê mandam aqueles monstros arrastarem a gente. Se eu quisesse eu pegava a faca no meu cinto e matava aqueles dois. Cato ainda me ajudaria.

Dentro do Edifício da Justiça, Cato e um dos monstros foram para um cômodo. O outro Pacificador me jogou dentro de uma sala logo em frente. Era o tempo que eles davam para os tributos se despedirem de seus amigos e familiares. Só familiares no meu caso. Meus pais entraram – inacreditavelmente – com sorrisos de orelha a orelha.

–Oh, minha filha! Quanto orgulho teremos de você – minha mãe disse. Ainda não consigo acreditar que eles estão felizes.

–Eu terei que matar Cato, mãe. – eu disse, mas nem minha mãe nem meu pai estremeceram um milímetro de seus enormes sorrisos.

–Detalhes, detalhes. Você precisa sacrificar algumas coisas para conseguir a glória, querida. – disse meigamente me olhando nos olhos.

Eu fiquei realmente nervosa, mas não surpresa. Minha mãe não dá valor as coisas mais “abstratas”. Só a bens matérias. Muito fútil. Pra falar a verdade, eu nem sei porque sou assim. Meus pais são exemplo de futilidade. Eles continuaram sorrindo e falando como e o que eu deveria fazer nos Jogos, mas eu nem prestava mais atenção. Logo o Pacificador chegou e os avisou que teriam de ir embora. Me abraçaram e logo foram arrastados para fora.

Nós éramos encaminhados a capital antes de entrar nos games. Lá nos encontraríamos com estilistas, entrevistadores, e juízes para que tudo saia perfeitamente bem. E para conseguir patrocinadores.

A estação de trem aqui no dois era quase inutilizada. Era meio longe de tudo – apesar dos trilhos passarem por todos os lados. Somos um distrito rico, mas pequeno. A parte mais “usada” do distrito é perto de tudo, ou seja, só se usa o trem quando vai pra muito longe. Tipo agora.

A nossa viagem até a estação foi silenciosa e estranha. Cato me olhou durante todo o percurso, fiquei meio constrangida. O homem azul não fez questão de se comunicar. Quando chegamos na estação de trem vários repórteres falando alto, câmeras com flashes e luzinhas vermelhas piscando que me deixavam tonta, aquele visual estranho em 99% das pessoas de lá me deixara enjoada. Me senti um alienígena. Saí do carro e os repórteres começaram a puxar a mim e Cato, tentei correr em direção ao trem, mas eram muitas pessoas e eu era muito pequena, não consegui mais me mover, segurei forte meu diário em minha mão um pouco suada. De repente, percebi que alguém tirou todo o tumulto de cima de mim. Era Cato. Ele me abraçou e me levou o mais rápido possível para dentro do trem. Lá não havia ninguém.

–Obrigada. – eu disse.

–Eu disse que ia te proteger, não disse?

Então era isso. Ele se voluntariou pra me proteger.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Eu needo muito kkk Digam aí o que gostaram, o que não gostaram e etc e tals. Amanhã posto mais, lembrando que mais ou menos daqui pra frente os caps vão ficar mais "love, love" kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amuleto Da Sorte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.