The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 9
Complications, actions and feelings


Notas iniciais do capítulo

Oi! Estou muito contente pelos comentários! Por isso, está aqui mais um capítulo. AVISO: não tenho muita expriência com cenas mais... quentes, pelo que fiz o melhor que pude, ok? Então se tiverem algo a dizer deixem nos comentários.



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As minhas mãos tremiam de nervosismo e, metalmente, eu amaldiçoava o desgraçado que tinha inventado a regra que proíbia que os tributos de puderem usar armas fora do tempo de treino. Só a vontade que eu tinha de ir buscar as minhas facas ao quarto… Suspirei e estalei os dedos das mãos, estava na hora de impressionar os idealizadores.

As notas eram baseadas na apreciação dos idealizadores em relação às capacidades de cada tributo, que tinha de, totalmente sozinho, impressioná-los e fazê-los acreditar que merecia viver. As notas eram dadas de 1 a 12 e a média comum era de 7 ou 8. Contudo, sendo eu uma carreirista, a minha nota teria de ser entre 8 e 11. Raramente era atribuída a nota de 12 a um tributo, mesmo a um carreirista, e, às vezes, a nota mais alta era um 9. Sim, houve Edições dos Jogos Vorazes com tributos realmente muito fracos, houve até uma Edição em que mais de metade deles morreu no primeiro dia. Mas eu não tinha esperança que isso acontecesse desta vez, havia tributos demasiado fortes e nenhum deles desistiria facilmente para dar a vitória a outro. Quero dizer, acho que eu era uma pequena exceção nesse caso, mas valeria a pena desistir de ganhar os Jogos Vorazes para Cato atingir a glória. Era tudo aquilo porque ele tinha sonhado. Toda a pressão que o pai de Cato fazia nele, todos os sacrifícios que o garoto da espada fazia desde pequeno, tudo isso valeria a pena no final. Ele ia ganhar aqueles Jogos, mesmo que eu tivesse de matar a mim própria para que isso acontecesse, pois eu sabia muito bem que Cato nunca iria concordar com isso. Mas quem mandou o idiota voluntariar-se? É… Ninguém mesmo.

-Clove, boa sorte! – desejou Cato quando chamaram o meu nome. Sorte. Como se alguma vez eu tivesse sorte!

-Obrigada, Cato. – murmurei ao passar por ele, sendo alvo dos olhares odiosos de Marvel. Ri quando passei por ele, com um olho meio arroxeado e um corte fino e quase imperceptível no canto do lábio inferior. É, só mesmo um burro como ele que mesmo sendo carreirista levou uma surra daquelas – E que a sorte esteja sempre a vosso favor! – repeti o que a gente da Capital e Niah levavam todo o tempo a dizer. Aguns hábitos pegam-se. Antes de fechar a porta ainda pude ouvir alguns risinhos atrás de mim.

Aquele momento passou bem rápido, limitei-me apenas a fazer aquilo que aprendi durante os vários anos de treino com Enobaria e algumas coisas com Cato e o antigo treinador dele. A minha parte preferida, e aquela onde, obviamente, estive melhor foi a das facas. Peguei em nove facas e lançei-as com precisão contra todos alvos. Não falhei uma única vez. Eu nunca falho. No final, os idealizadores aplaudiram-me, embora alguns estivessem concentrados no banquete que tinham á sua disposição. Havia várias garrafas de bebida, que supus, serem alcólicas. Agradeci mentalmente por ser do Distrido 2, quando fosse a vez dos últimos tributos já os idealizadores estrariam, na sua maioria, embriagados e demasiado distraídos.

Saí da sala com um sorriso no rosto, eu ia ter uma boa nota. Como era baixa sempre fui mais rápida e ágil que os outros carreiristas e isso ajudava muito na luta corpo contar corpo, pois eu usava mais a estratégia e a rapidez do que a força. Os que optavam por usar apenas a força acabavam por ficarem cansados demasiado cedo, enquanto, se optassem pela estratégia e pela lógica, tinham apenas de advinhar os próximos passos do adversário, esperar que ele os fizesse e, sem seguida, desviar ou defender e depois era só atacar. Foi isso também que eu fiz para os idealizadores, mas também usei o arco e outras armas e exercícios que me ajudariam não só a ter uma boa nota como também a sobreviver na arena. A inteligência era fundamental naqueles Jogos. Mas não só a inteligência, é claro, o sangue frio também contribuía imenso para o sucesso na arena. E eu tinha sangue frio com praticamente todas as pessoas que eu conhecia, quase todas, com uma exceção que não só seria errada como também fatal. Porém, a força também era importante. Claro que se eu fosse mais forte me sairia melhor numa luta corpo a corpo, mas tinha de me contentar com o que tinha.

*

-Clove, vai começar! – o berro de Cato desperou-me dos meus pensamentos e fui a correr para sala, onde ele se encontrava com Niah e Brutus, todos sentados no sofá, com um lugar vazio no meio guardado para mim. Quem nos visse daquela forma até pensaria que eramos todos amigos. Na verdade, até nos dávamos bem, a Niah sempre nos irritava ou nos fazia rir e o mau humor de Brutus fazia lembrar-me de mim própria, o que era estranho e nojento.

-Já estou aqui, já estou aqui! – sentei-me ao lado de Cato, entre ele e Brutus, e coloquei os pés sobre a mesinha de vidro que estava á nossa frente. Os resmungos de Niah de nada lhe valeram, era um velho hábito que eu tinha e, além disso, aqueles malditos sapatos da Capital faziam-me doer os pés de tão apertados e altos que eram.

O programa de Caesar começou e, depois de uma pequena apresentação, as notas foram apresentadas. Primeiro apareceu a imagem de Glimmer, com um 8 por baixo. Depois Marvel, com um 9. Cato resmungou quando viu a imagem de Marvel no ecrã e pude ver os seus punhos fecharem com força. É, Marvel tinha mexido com a pessoa errada.

Logo em seguida veio o meu nome. Dez. Eu tive um dez! Sorri orgulhosamente para o ecrã e agradeci os elogios e palmadinhas nos ombros. Quem me dera naquele momento ser uma mosca para ver a reação dos tributos mais fracos! Eles deviam estar quase a morrer de medo.

-É isso, Cato! – bati no ombro de Cato enquanto ele sorriu preçunsosamente para a televisão. Ele tinha tido a mesma nota que eu, um 10 – Que coincidência, hein?

-Totalmente! – Cato sorriu ainda mais – Somos imparáveis! – ri da sua expressão e da figura que ele fez quando pegou na minha mão e a levou ao ar juntamente com sua – Os melhores do Distrito 2! – rimos os dois e voltámos a prestar atenção ás notas dos outros tributos. Até ao Distrito 12 todos os tributos tinham notas inferiores às nossas. Todas eles menos um tributo que, incoscientemente, ao ter um 11 como nota, tinha acabado de conquistar não só o meu ódio e o de Cato mas também o primeiro lugar na lista das pessoas que eu queria ver mortas. E essa pessoa era ninguém menos do que Kattniss Everdeen, a “Garota em Chamas”.

*

Cato estava trancado no quarto fazia quase duas horas e ainda era possível ouvir o som dos seus grunhidos, gritos e pancadas contra a parede e outros objetos que, na sua maioria, também era possível ouvir quando se quebravam. As minhas costas estavam encostadas na porta do quarto dele e a minha cabeça estava tombada para o lado. Estava cansada, revoltada e preocupada com Cato. Eu detestava assistir os momentos em que ele perdia o controlo, era a pior coisa que eu podia ver e, infelizmente, essas imagens nunca deixavam a minha cabeça. Nunca fiquei com medo que Cato me pudesse magoar, eu sabia que, tal como eu com ele, o meu melhor amigo nunca faria isso comigo, mas ele podia magoar todos os outros e isso podia trazer péssimas consequências. Tal como quando, depois de uma discussão com os pais que acabou com o pai dele tendo de ser internado, Cato foi levado pelos Peacekeepers. Confesso que fiquei com medo nesse dia, medo de nunca mais voltar a ver o garoto da espada. Mas ele voltou, ele sempre voltava. Eu apenas temia o dia em que isso deixasse de acontecer, o dia em que o lado “assassino” de Cato o dominasse e ele se perdesse. E eu o perdesse. Então era isso que eu fazia ali, com as costas contra a porta e o corpo esticado sobre o chão frio do corredor, estava á espera que Cato voltasse ao seu estado “normal” e, de preferência, que fosse antes de eu adormecer naquele maldito corredor.

 Eu apenas queria esquecer a nota de Katniss e resolver as coisas com Cato, depois nó iriamos dormir. Aquela seria a penúltima noite antes de sermos enviados para arena e que queria aproveitar. Talvez eu tivesse sorte e morresse logo no primeiro dia. Mas duvidava muito que isso acontecesse. Infelizmente, e tal como temia, os meus olhos começaram a ficar pesados e o sono mostrou-se mais forte que eu. Se não estivesse tão cansada talvez tivesse resistido e não tivesse adormecido ali no corredor, encostado á porta do quarto de Cato.

Acordei quando senti o meu corpo ser levantado do chão, um par de braços fortes e quentes, que me eram bastante familiares, seguravam-me com cuidado. Abri sonolentamente os olhos e encarei o rosto de Cato, eles olhavam em frente e estavam totalmente inespressivos. Fechei novamente os olhos e fingi continuar a dormir, mas, infelizmente, Cato me conhecia demasiado bem.

-Não vale a pena fingir, Clove, sei que está acordada. – ele murmurou ao colocar-me cuidosamente sobre a cama.

-Como pode saber disso? – perguntei, já de olhos abertos. O rasto de um sorriso apareceu no rosto de Cato e, é claro, o sorriso era totalmente convencido. “Arrogante idiota”.

-Eu te conheço melhor do que você própria. – e era verdade, tal como eu o conheçia melhor do que ele próprio se conhecia.

-Não me pareçe.

-Não minta, pequena, isso apenas confirma aquilo que eu disse. – Cato continuou imóvel á frente da cama e, com pouca vontade, levantei-me e fui até ele.

-Está mais calmo agora? – perguntei com preocupação, ele sabia que eu me preocupava.

-Nem por isso. – forçei um sorriso e tentei animá-lo.

-Nós tivemos uma nota quase tão boa como a dela…

-Quase, Clove! Quase! – Cato gritava novamente, a raiva vindo ao de cima mais uma vez. Eu não gostava de o ver assim, doía porque eu sabia que ele sentia mal quando estava nesse estado. Cato era péssimo com emoções e se irritava com extrema facilidade e isso magoava-o, quase tanto como me magoava a mim.

-Nós ainda a vamos matar, Cato. Pense nisso. – falei calmamente, mas isso pareceu inquietá-lo ainda mais, pois Cato empurrou-me contra a parede e encarou o meu rosto.

-Eu. Vou. Matá-la. Só eu. – ele rosnou e eu apenas concordei. Claro que queria ser eu a ter a honra de matar a parva do Distrito 12, mas pelo menos ainda tinha mais 21 tributos para fazer isso.

-Está bem, você vai matá-la, - murmurei em concodância. Os olhos de Cato mostravam o quanto ele sofria, a dor era vísivel neles. Cato estava tendo uma batalha interna, havia algo que Cato queria fazer e não sabia se podia – eu compreendo.

-Eu não… - Cato fechou os olhos, a sua voz estava fraca e parecia que ele ia chorar, eu nunca o tinha visto daquela forma. Estava chocada. Cato abriu novamente os olhos e me encarou de uma forma tão doce que ninguém poderia associar a Cato Ruthless – Eu não quero perder você, pequena.

-Eu também não quero perder você. – sussurrei dolorosamente. Era péssimo saber que eu própria faria ele me perder, mas tinha de ser.

Os segundos asseguir foram silênciosos e tensos. Mas algo estranho aconteceu. Num segundo eu encarava Cato e, no outro logo asseguir, apenas pude ver o seu rosto a vir na direção do meu e sentir os seus lábios quentes chocarem furiosamente contra os meus. Eu já tinha beijado alguns garotos antes de Cato, mas nada mais que isso. Tinham sido aqueles beijos bobos de criançinha, um simples encostar de lábios. Mas, de longe, aquele foi o melhor de todos. As nossas linguas exploravam-se e os nossos lábios moviam-se em sincronia. Sentia-me como se tivesse acabado de descobrir algo novo. Algo surpreendentemente viciante, agradável e definitivamente a minha nova atividade favorita. Quase podia ouvir foguetes na minha cabeça. Cada toque, cada fricção entre as nossas peles me deixava sedenta por mais. As minhas mãos subiram pela nunca de Cato, acariciando-a e fazendo-o gemer. Sorri contra os seus lábios, satifesita por ele estar gostando. Os meus dedos apertavam com força os cabelos curtos de Cato e as mãos dividiam-se harmoniozamente entre as minhas costas e as minhas ancas. Deus, aquilo era errado, mas muito, mesmo muito bom. Mesmo estando a ficar sem ar, eu não conseguia separar-me de Cato, eu queria mais e mais. Queria apenas perder-me nele e desejava que aquele momento durasse para sempre.

Cato afastou o rosto do meu quando ambos já não tinhamos ar. Pensei que ele ia ficar irritado ou que ia mandar-me embora e fingir que nada tinha acontecido, mas não. Ele sorriu absurdamente feliz, tal como eu. As nossas respirações estavam irregulares e ofegantes e os lábios de Cato estavam, tal como eu apostava que estavam os meus, inchados e vermelhos.

-Isso é que foi um beijo, hein? – gracejei quando já conseguia respirar normalmente.

-É, isso sim foi um beijo. – Cato acariciava o meu rosto com os dedos e as nossas testas estavam encostadas uma á outra. Os nossos olhos, por sua vez, não se deixavam -  É por isso, Clove, que eu não posso perder você.

-Por causa dos meus beijos? – fingi confusão e Cato suspirou e olhou para mim tristemente.

-Não, Clove. – o seu polegar acariciou a minha maçã do rosto – Não é pelos beijos, é por tudo. É por tudo o que você é. – “Toma lá, Glimmer! Ele não disse isso para você, pois não?” uma voz gritou na minha cabeça, enquanto fazia mira e atirava dezenas de facas ao mesmo tempo para um alvo. Glimmer.

-Eu também não posso te perder, Cato. – retruqui com firmeza – Está fora de questão. Mas, como você disse antes, podemos não pensar nisso? – um sorriso safado apareceu no rosto de Cato. E eu gostei, oh, se eu gostei!

-Mas só porque há coisas melhores para fazer. – e mais uma vez, os nossos lábios estavam juntos.

O meu corpo continuava pressionado contra a parede mas, agora, as minhas pernas rodeavam o quadril de Cato, que era repetidamente friccionado contra o meu. Eu gemia contra a boca dele, cujas mãos agora passeavam livremente pelo meu corpo. Cato não gemia, ele grunhia contra a minha boca e, por vezes, parecia até rosnar.

-Gosta assim, pequena? – ele friccionou o quadril com força contra o meu e eu gemia alto. Eu nunca estivera assim tão intimamente com nenhum garoto e sim, aquilo era muito bom.

-Oh, sim… - gemi e apertei os seus cabelos, trazendo-o mais perto de mim.

Cato mordia levemente os meus lábios e com uma mão tinha o meu cabelo enrolado no punho. Nós eramos um poucos selvagens, mas não nos magoávamos um ao outro. Pelo contrário, as nossas carícias demonstravam aquilo que sentíamos e não tinhamos coragem, ou, naquele momento, forças para dizer. Três pequenas palavrinhas que sabíamos que eram recíprocas, mas que eram proíbidas. As nossas ações falavam por elas.

Levámos mais uma hora acordados, sempre aos beijos ou abraçados. Isso era algo que tentava ignorar desde sempre mas que, naquele dia, veio ao de cima. Eu não gostava de Cato e ele não era meu amigo. A realidade era que eu amava Cato e ele muito mais do que um amigo. O nosso amor não era normal, era louco e masoquista, mas nós nos protegíamos um ao outro. Suspeito seriamente que, depois de beijar Cato, ele não fosse facilitar a minha decisão de o deixar ganhar. Agora é que ele não ia mesmo concordar. Bem, isso também funcionava para mim, porque, agora mais do que nunca, eu não podia viver e saber que Cato morreu, muito menos quando a culpa diso era minha. Não, isso estava totalmente fora de questão.

Naquela noite eu não tive pesadelos nem sonhos. Devo dizer que, até aquele momento, aquela foi a melhor noite da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Comentem! E é só para dizer que daqui a dois capítulos essa dupla louca vai entrar na arena, por isso, não desesperem. Bjs