The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 26
The final countdown


Notas iniciais do capítulo

Peço muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitas desculpas por ter demorado tanto tempo, mas este capítulo é super tenso e não sabia como o escrever. Então, não vou empatar mais.
Boa leitura e LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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A armadura era leve e tinha o comprimento exato do meu corpo. O capacete, por sua vez, era pesado e um pouco desconfortável, mas também era fundamental. Eu estava na floresta, Cato tinha ficado na tenda e eu vim caçar. Ele convenceu-me a vestir logo a armadura, apenas para o caso de eu encontrar Katniss ou Peeta pelo caminho. Os meus sentidos estavam a recuperar, mas eu ainda notava algumas falhas no meu cérebro. Os meus reflexos foram um pouco afetados e isso fez com que eu apenas conseguisse caçar dois coelhos e um esquilo – o que mesmo assim já é muito.

Não há sinal de nenhum dos tributos do Distrito 12, mas ainda é cedo. Mantenho-me atenta durante todo o percuso, sempre com pelo menos três facas na mão direita. Cato tratou da pequena ferida que a seta de Katniss fez no meu braço esquerdo, no banquete. Mesmo depois de tratado, o golpe limitou os meus moviementos. Ainda bem que não lanço facas com o braço esquerdo, caso contrário eu estaria condenada caso encontrasse Katniss ou Peeta.

Peeta. Esse nome causa-me alguma raiva e curiosidade simultâneas. O que sie eu sobre ele? Aquele garoto de aspeto vulnerável, que pareçe não ser capaz de fazer mal a uma mosca. Esse mesmo garoto conseguiu enganar um grupo de carreiristas, manipulá-los, levando-os a acreditar que estavam a ser guiados até á ao seu maior inimigo. Quando, na verdade, talvez Peeta fosse o verdadeiro alvo a abater, como eu sugeri que fizessemos no início e nos outros dias em que durou a nossa aliança com os outros carreiristas. Todos eles acreditaram nele. Em certo ponto, Peeta era tão perigoso quanto Katniss. Ele podia levar-nos a acreditar que estava no nosso lado, quando, afinal, se preparava para nos apunhalar pelas costas. Ele era um traidor, mas também era um ótimo mentiroso – o que penso ser uma das principais carecterísticas dos traidores. A pergunta será se ele sente remorsos. Não, não. A pergunta é se isso é o suficiente para o fazer ganhar os Jogos. Obviamente, a resposta é negativa. Talvez ele ou a “Garota em Chamas” voltassem para casa se estivessem numa Edição diferente dos Jogos Vorazes. Talvez.

Cansada e com sede, sentei-me no chão, encostando-me ao tronco de uma árvore que estava ali. Tirei a mochila das costas e coloquei os animais mortos lá dentro. Tirei a garrafa de água e bebi o máximo que pude, ainda deixando alguma para se tivesse sede antes de voltar para a tenda. Cato e eu tinhamos feito uma espécie de acampamento á volta da tenda. Depois de recolhermos os animais que ficaram presos nas armadilhas que construímos com as cordas de Thresh, usámos as cordas para fazermos armadilhas que capturassem humanos. Thresh estava morto, o que poderia encorajar a Katniss ou o Peeta a irem para aquela área da arena, e, por essa razão, decidimos que era melhor prevenir do que remediar. Além disso, eu sabia o quanto aqeula garota podia ser perigosa com um arco e alguma flechas. Aposto que foi assim que ela matou o Marvel e também sei que foi com uma seta que ela fez explodir o acampamneto dos careeiristas. A única razão de eu ter escapado ao destino de morrer com uma seta no coração, durante o banquete, foi por ter anos de prática. Mas qualquer outra pessoa, que não tenha reflexos tão rápidos como os meus ou os de Cato – ou não tivesse os anos de prática de um carreirista -, teria morrido num segundo.

Encostei a cabeça ao tronco da árvore e fechei os olhos. A arena estava calma. Eu podia ouvir o canto dos mockingjays, a brisa a fazer as folhas balançarem nos seus respetivos ramos, as asas das aves a abrirem e a fecharem em movimentos hamoniosos e rítmicos. Deixei-me ficar ali durante algum tempo. Se Katniss ou Peeta me encontrassem, nenhuma arma que eles pudessem ter me feriria mortalmente naquele momento.

Não sei em que momento foi, mas acabei por adormecer contra o tronco da ávore. Quando acordei, já o sol se escondia no horizonte. Levantei-me sobressaltada e olhei á minha volta, certificando-me que nem Katniss nem Peeta me tinham encontrado.

–Você é tão burra, Clove! – resmunguei, batendo na testa, esquecendo-me de que ainda usava o capacete – Merda! O Cato deve estar louco de preocupação…

Peguei na mochila, voltei a pô-la às costas e foz o meu caminho para onde se encontrava Cato. Porém, foi a meio do caminho que notei algo alarmante. Os pássaros tinham parado de cantar enquanto eu dormia, já não se avistavam aves no céu e eu tinha a mesma sensaçãoque tive no dia em que os Idealizadores incendiaram a floresta, quase matando Cato durante o processo. Senti o meu coração bater aceleradamente e começei a correr, não me importando com o barulho que fazia. E se alguma coisa tivesse acontecido com o Cato? Ou se alguma coisa fosse acontecer ao Cato? Não. Isso estava fora de questão.

–Cato! – gritei quando cheguei ao nosso acampamento. Ele não estava lá fora, pelo que fui procurá-lo dentro da tenda – Merda! – choraminguei quando vi que a tenda estava vazia. Não havia sequer a hipótese de ele me ter deixado, porque estava tudo ali, intato. Tudo menos o meu namorado.

Saí da tenda lentamente, controlando a vontade de chorar. Compreendam-me, por favor. Nós estávamos nos últimos quatro e isso significava que eramos o alvo a abater, tanto pelos Idealizadores como pelos outros dois tributos. Porque raios eu fui adormecer precisamente naquele dia? Fechei os olhos e inspirei, tentando acalmar-me. Enquanto fazia isso, ouvi passos a aproximarem-se de mim. Abri os olhos rapidamente e só me dei conta do que tinha feito quando ouvi o som da lâmina a cortar o vento em direção á figura que se aproximava. Cato.

–Porra, Clove! Está tentando me matar? – ele perguntou depois de se desviar da minha faca, que ficou presa no solo. Levei a mão á boca quando o vi. O Cato estava bem, sem um arranhão sequer. Não havia razão para me preocupar. Ou talvez houvesse, mas não agora.

–Cato… - corri até ele e abraçei-o com força. Cato devolveu o abraço, mas eu sabia que ele estava confuso – Onde você estava, seu idiota? – Cato riu.

–Oh, você vem a correr para me abraçar e depois me chama nomes?

–Eu estava preocupada, babaca. – afasto-me dele e tento regular a minha respiração. Cato tem um ar mais sério agora, mas continua com aquele sorriso trocista e convencido nos lábios – Agora me diz, onde você estava?

–Isso era eu quem devia perguntar, pequena. – rolei os olhos e ele riu – Fui á sua procura porque você estava demorando demais. – Cato lançou-me um olhar inquisitor e eu sussurrei:

–Adormeci. – a expressão do meu namorado passou de puro choque para algo que mais me parecia raiva.

–Como você pode adormecer assim na arena, Clove? – encolhi os ombros e ele levou as mãos ao ar, exasperado – E se a Katniss tivesse encontrado você, hein?

–Eu teria matado ela. – respondi com confiança e foi a vez de Cato rolar os olhos. Em seguida, ele segurou rudemente o meu queixo e me fez olhá-lo nos olhos – Cato, me solta. – ordenei e ele negou.

–Não até você me prometer que não volta a ser tão descuidada. – bufei e ele apertou ainda mais o meu queixo – Clove, - o meu nome foi proferido lentamente e percebi que aquilo era a sério. Não havia outra opção senão obedecer ao que Cato me dizia e, logo de seguida, obedecer-lhe – esta é a reta final. Tudo pode acontecer agora e eu vou fazer de tudo para que você volte comigo para casa. Mas não consigo fazer tudo sozinho, pequena. Você tem de estar sempre atenta ao perigo.

–Eu sei, Cato. – afaguei o rosto dele e senti o aperto no meu queixo a afrouxar – Foi só esta vez, ok? E eu estava atenta, até porque foi por isso que vim para aqui a correr. – a expressão de Cato era agora confusa – Acho que os Idealizadores estão a preparar alguma coisa para hoje.

–Você tem razão. – Cato abre um sorriso torto e beija a minha testa – Por isso mesmo, eu não vou deixar que você saia de perto de mim novamente.

–Gosto dessa ideia.

*

Já era de noite e eu estava mais atenta do que nunca. Cato e eu estávamos fora da tenda, sentados na grama e de mochilas às costas. Ambos tinhamos as nossas armas nas mãos, preparados para qualquer coisa que pudesse acontecer. Só havia um pequeno problema: não havia mais água. As temperaturas tinham vindo a subir absurdamente e isso levou-nos a beber tdoa a água que tinhamos. A minha garganta estava seca e eu precisava mesmo de água.

–Cato, - chamei – tenho sede. – ele passou a mão nos cabelos, nervosamente.

–Eu também, pequena. – Cato olhou á nossa volta e suspirou – Vamos ao lago então.

–Você não acha que é perigoso? Ou que os Idealizadores podem aproveitar esta oportunidade para nos apanhar de surpresa?

–Tudo é possível auqi na arena, Clove. Tudo. Mas acho melhor arriscarmos. Temos tanto a perder como a ganhar. – assenti e levantei-me, porque Cato estava certo.

Quando chegámos ao lago, juro que fiquei cega de raiva. Não havia porra de água nenhuma! O que estava á minha frente não passava de um buraco poeirento onde outrora escorria a água que vinha fresca e límpida.

–Não, não! – Cato saltou para dentro do lago seco, procurando algum vestígio de água – Clove, vem para aqui!

–Não há nada aí, Cato. – respondi friamente, enquanto tentava controlar a vontade de me vingar dos Idealizadores. É claro que eles tinham planeado isto, eu própria já o tinha admitido em voz alta alguns momentos antes! – Vamos embora, Cato.

–Não podemos ir ainda. Tem de haver alguma água aqui!

–Cato, vamos embora! – gritei, totalmente irritada. Cato olhou para mim, com surpresa nos olhos, mas isso rapidamente se tornou em raiva.

–Se você quer tanto ir embora, pode ir! Eu fico aqui. – abanei a cabeça. Eu sabia que ele só estava a dizer aquilo porque estava com raiva dos Idealizadores, mas, naquele momento, eu também estava.

–Pode ter a certeza de que vou. – voltei as costas e começei a andar – Avise-me quando deixar de ser um imbecil! – ouvi um grunhido e em seguida alguns passos atrás de mim, mas decidi ignorá-lo.

–Clove, espera! – ele gritou. Era mais uma ordem do que qualquer outra coisa, na verdade. Abanei a cabeça e continuei a andar, ouvindo Cato a chamar-me – Clove, volte aqui! Clove!

–Iditota… - murmurei antes de parar de repente. Um som vindo do meu lado esquerdo captou a minha atenção, mas quando olhei para lá não vi nada. O som repetiu-se, desta vez um pouco mais alto. Parecia um… rosnado – Merda. Cato, volta para trás! – gritei antes de começar a correr na direção do meu namorado.

Talvez tenha sido o pânico na minha voz que o fez obedecer-me ou então foi o animal enorme e de pelagem clara que saltou de um arbusto. Não tive tempo para analisar o animal, nem paa saber se ele era um mutante, apenas corri ainda mais depressa. A armadura não atrapalhou, pois era leve e não me estava apertada nem larga demais. Mas a minha garganta passou a arder ainda mais enquanto eu corria. No entanto, eu estava focada em Cato, que estava alguns metros á minha frente.

Saltei para dentro do lago seco, aterrando no solo poeirento e continuei e correr atrás de Cato. Não me atrevi a olhar para trás, sabendo já que o animal nos perseguia. Anguns metros á nossa frente, estava o fim do lago. Cato e eu aproveitámos esse sítio para sair do lago, nunca parando de correr.

–Clove? – Cato gritou, certificando-se de que eu continuava a segui-lo.

–Estou aqui, Cato. – respondi, ofegante - Não pare de correr!

Já não estávamos muito longe do fim da floresta quando vi duas figuras a uns 50 metros de Cato. Eram o Peeta e a Katniss. Os dois tributos só se aperceberam da nossa presença quando Cato passou por eles. Katniss pegou numa flecha e preparou-se para disparar na minha direção. Felizmente, a “Garota em Chamas” pareceu não reparar no capacete que eu e Cato usávamos e, por isso, apenas descobriu que ambos tinhamos uma armadura quando a flecha embata no meu peito e cai “inexplicavelmente” para o lado. Vi a surpresa nos olhos dela e segundos depois Katniss gritou para Peeta:

–Eles têm armaduras! – continuei a correr, sentindo os meus pulmões a lutarem por ar. A minha cabeça estava a começava a doer outra vez, mas ignorei a dor, julgando que se deve-se apenas ao esforço extremo que eu estava a fazer, correndo á mais de vinte minutos sem parar uma única vez.

Olhei para a minha frente, procurando por Cato e vi que ele já tinha saído da floresta. Ele ia para a cornucópia, o único sítio onde aquele animal – e os outros que eu tinha a certeza virem atrás dele – não nos podia apanhar. Espretei rapidamente para ver se Katniss e o Peeta já tinham percebido que estávamos a ser seguidos por animais selvagens e foi apenas nesse momento que eles começaram a correr, quando um dos animais saltou para cima de Peeta – que escapou porque a Katniss a puxou para atrás a tempo de o animal abocanhar nada senão ar.

Uns dois o três minutos depois, eu estava a dez metros da cornucópia. Agora, era apenas uma estrutura de forma estranha onde se podia ver o reflexo da lua. Mesmo correndo, bufei quando vi o Cato parado á frente da cornucópia, á minha espera. Idiota!

–Suba, Cato! – ele abanou a cabeça – Agora! – cheguei ao sítio onde ele estava e ele pegou nas minhas mãos.

–Eu ajudo você a subir e vou atrás. – assenti, não tinha tempo para discordar.

Subo agilmente, enquanto Cato me ordena que suba mais depressa, mas não é fácil. Em poucos minutos já estou no topo da cornucópia e estendo a minha mão para que Cato a possa alcançar, ajudando-o a subir. Olho para onde Katniss e Peeta estão, ele a uns quinze ou vinte mentros atrás dela. É aí que reparo nos “animais selvagens”.

–Mutantes. – olho para Cato, alarmada – São mutantes, Cato! – ele olha para trás e assente. Tento puxar Cato para cima, mas, caramba, ele é pesado! – Porra. O que você tem andado a comer?

–Não é altura para isso, Clove! – ele diz, mas sei que se estivessemos noutra situação ele teria rido.

Ranjo os dentes com força, sentindo a minha cabeça latejar violentamente, mas continuo a ajudar Cato. Os mutantes aproximam-se cada vez mais e Cato está com metade do corpo no cimo da cornucópia e com as pernas para fora, tentando encontrar algum sítio onde possa apoiar os pés, para que assim possa dar impulso e subir.

–Cato, mais depressa!

–Não consigo. – começo a ofegar de exaustão e desespero.

–Cato, não desista agora, os mutantes estão a chegar aqui! – e era verdade, eles estavam a menos de dez metros da cornucópia, enquanto a Katniss também ajudava o Peeta a subir.

Eu continuava a olhar para o Peeta e a Katniss quando ouvi um rosnado, seguido de um grito de dor. Senti as mãos de Cato apertarem ainda mais as minhas e quase que caímos os dois. Ele estava a ser puxado para fora da cornucópia. Mas foi só quando olhei para ele que percebi o que estava a acontecer. Um mutante de pêlo castanho brilhante e olhos verdes – iguais aos do Marvel – tinha os dentes cravados na perna do meu namorado, que esperneava, tentando soltar-se. O rosto de Cato estava extremamente vermelho e ele gritava de dor, enquanto pedia a minha ajuda. Abanei a cabeça e amaldiçoei-me por me ter distraído com os desgraçados do Distrito 12. O Cato precisava de mim e era agora.

Tirei do meu colete cinco facas e lançei duas delas ao mutante. Uma das facas acertou no olho do animal, fazendo com ele larga-se a perna de Cato, e a outra faca lançei diretamente no seu crânio. O corpo do mutante caiu sem vida no chão, mas já outros animais semelhantes a ele se aproximava. Com a adrenalina a correr no meu sangue, consegui encontrar força suficiente para puxar Cato para o topo da cornucópia apenas com um movimento. Ele estava de olhos fechados e maxilares cerrados e eu podia ver o esforço que ele fazia para não gritar de dor. A Katniss e o Peeta já estavam no tpo da cornucópia também, mas eles estavam distraídos com os mutantes e nem sei se tinham reparado que nós estávamos ali. Olhei para Cato uma última vez e beijei a sua testa rapidamente.

–Não se atreva a morrer, Cato. – murmurei e voltei-me para os tributos do Distrito 12.

Reparei que o Peeta tinha algo amarrado á perna, uma espécie de ligadura que estava manchada de vermelho. Sangue. Então a perna dele ainda não estava totalmente curada? Bom, isso era mais um ponto a meu favor. Katniss disparou uma seta para um dos mutantes, que ganiu várias vezes antes de cair incosciente no chão. Aproveitando que eles ainda estavam distraídos com os animais – e tentado livrar-me deles o maximo possível, pois a minha cabeça doía cada vez mais e Cato estava incosciente e a perder sangue – tirei mais algumas facas do meu colete e preparei-me para as lançar. Nesse momento, Peeta voltou a cabeça e olhou para mim. Não sei bem o que aconteceu naquele momento, mas acho que ambos ficámos um pouco perdidos na expressão um do outro. Tanto ele quanto eu tinhamos perfeita consciência que apenas dois de nós os quatro sairiam vivos e também sabíamos que ele queria tanto que Katniss sobrevivesse quanto eu queria que Cato voltasse comigo para o Distrito 2. Mesmo na escuridão, os olhos de Peeta brilhavam, de medo, coragem e determinação. Eu sabia que ele e a “Garota em Chamas” não iam desistir de viver facilmente. E com Cato ferido e incosciente, aquela ia ser uma batalha difícil, mas eu recusava-me a perder.

Antes que o Peeta pudesse avisar a Katniss sobre a minha presença, já uma das minhas facas voava na direção da perna dele, cravando-se exatamente no sítio onde estava a ligadura ensaguentada. Peeta gritou de dor, chamando a atenção de Katniss, e caiu de joelhos no chão – apenas depois de arrancar a faca da perna.

–Katniss… - ele choramingou – Mate ela! – rolei os olhos e lançei outra faca, que, desta vez, acertou o ombro de Peeta, que se deixou cair no chão.

–Peeta! Peeta, não! – a Katniss gritou, não saindo do seu lugar. A garota pegou numa flecha e preparou-se para disparar contra mim. Ela inclinou a cabeça na direção do Peeta, mas continuou a olhar para mim – Peeta, você me está a ouvir?

–Acho que ele não está, Katniss. – disse o nome dela com desprezo e tirei mais cinco facas – Ele não a está a ouvir, nem vai voltar a ouvir, porque vocês os dois vão morrer. – Katniss não respondeu, apenas continuou na sua posição. Estávamos ambas preparadas para atacar, agora só faltava uma de nós dar o primeiro passo e algo no olhar de Katniss me dizia que queria ser ela a fazê-lo – Sabe, - começei, encolhendo os ombros com indiferença – eu até perguntava se você está com medo, mas qualquer assunto ligado a você me dá vontade de vomitar.

–Então vamos despachar isto. - ela propôs, com um sorriso sarcástico – Acho que você quer perder tanto tempo como eu. – e ela tinha razão, porque Peeta e Cato estavam ambos desmaiados e a sangrar.

Ficámos assim durante mais alguns minutos. Eu de facas na mão, pronta para atirar, e Katniss de arco e flechas preparadas. Eu queria olhar para o Cato e certificar-me de que ele estava bem, mas a Katniss podia aproveitar essa oportunidade para me atacar. Mentira. Ela iria aproveitar essa oportunidade para me atacar. No entanto, ela parecia estar a sentir o mesmo em relação ao Peeta, mas os meus anos no Centro de Treinamento fortaleceram a minha força de vontade e a minha resistência a algo que de início pode parecer irresístivel. Penso que a “Garota em Chamas” nem se apercebeu quando, apenas durante alguns segundos, virou ligeiramente a cabeça, para olhar para o Peeta. Obviamente, aproveitei essa oportunidade. Não lançei nenhuma faca. Não, pelo contrário. Lançei-me a mim própria, jogando-me para o chão com impulso suficiente para chegar às pernas de Katniss e abraçá-las com força, fazendo-a cair no chão.

Desprevenida, a Katniss cai de costas contra aquilo que deve ser o teto da cornucópia. Porém, quando ela cai, acerta-me com o pé na cara, acertando exatamente onde eu tinha aquela dor latejante. Durante alguns segundos não vejo nada, estou desorientada e agora sim apetece-me realmente vomitar, mas coloco-me de joelhos e, o mais depressa que consigo naquele momento, levanto-me. A Katniss parece ter ficado um pouco pior que eu, pois a aljava onde ela tinha as flechas – que agora estão espalhadas pelo “chão” reluzente – magoou-a no ombro. Ainda bem.

Um passo é-me o suficiente para que eu chegue a Katniss e em poucos segundos já estamos na mesma posição em que eu quase a matei durante o banquete. Os meus pés empurram os ombros dela, fazendo-a choramingar. Vejo na expressão de Katniss que ela está a tentar controlar a dor, talvez para não me mostar o seu lado fraco, deixando-me saber que até agora estou a ganhar, ou evitando deixar que a irmã a veja naquela estado. A irmã. Aquela garotinha de cabelos loiros e olhos azuis que gritou por ela quando a Katniss se voluntariou. Tal como no banquete, hesito devido á imagem de Primrose Everdeen, a garotinha que deve estar agora a chorar no colo da mãe. Volto a olhar para o rosto magro e sujo de Katniss e tento decidir-me sobre o que fazer. Não tenho muito tempo, isso é um fato, mas estou confusa e com a ligeira sensação de que se me esforçar um pouco mais vou desmaiar, coisa que tenho a certeza de que a Katniss e o Peeta iriam adorar.

–Escolha as suas últimas palavras, “Garota em Chamas”, - digo maldosamente – pois esta é a última oportunidade que terá para o fazer. – os olhos cinzentos de Katniss brilham com revolta e raiva e ela tenta soltar-se, mas em vão. Está decidido, não vou ter pena nenhuma dela. Sorrio cruelmente, embora isso me faça doer o rosto – Eu até lhe diria para mandar um último beijo ao lover boy, mas acho que isso seria em vão.

–Peeta! – ela grita – Peeta!

–Calada! – levo o meu punho ao nariz de Katniss e solto uma gargalhada quando ela geme e fecha os olhos, enquanto o sangue lhe escorre livremente do nariz – Posso começar, ou você quer dizer alguma coisa? – provoco e Katniss volta a gemer de dor quando pressiono o meu pé ainda com mais força no ombro onde sei que ela está machucada – Vou entender isso como um não.

Ao contrário do dia do banquete, o meu objetivo não é dar um bom espetáculo. Não. Desta vez as pessoas da Capital estão em último lugar na minha lista de preocupações – com a exceção de quando se trata da lista de pessoas que gostava de ver morrer. Não quero dar uma morte rápida á Katniss, mas também não a vou prolongar demasiado. Apenas o suficiente para eu sentir que me consegui vingar dela. E depois será o Peeta. Tenho a certeza de que o Cato ficará furioso quando souber que eu matei o lover boy, mas não há outra opção.

Escolho uma faca comprida e de cerrilha. Katniss não faz nenhum som, mas juro que vejo um brilho de medo quando ela vê o tamanho e o formato da lâmina. Inclino ligeiramente a cabeça e olho para o Peeta.

–Não se preocupe, Katniss, esta faca não é para você. – ela parece confusa e eu rio – Não quero ser interrompida novamente, pelo que serei mais cuidadosa desta vez. – com isso lanço a faca para Peeta, acertando em cheio no crânio do garoto. Katniss solta um grito de dor, chamando pelo garoto, enquanto os cabelos loiros do lover boy ficam imediatamente sujos de sangue. Oiço o canhão e pego noutra faca. Katniss está agora a chorar e a debater-se violentamente, mas eu recuso-me a deixá-la ir. Irritada pela teimosia da garota, espeto a faca no braço dela. O berro de Katniss é ensurdecedor. Ela não estava preparada para tal dor e tenho a certeza de que a lâmina chegou ao osso, pois eu fiz bastante força. – Agora sim, vou começar.

Tiro outra faca do colete, pois as que eu tinha antes de atacar Katniss estão espalhadas no “chão” e acho que uma caiu para fora da cornucópia, onde os mutantes uivam e aguardam por um momento de azar em que um dos três tributos vivos se desiquilibre e caia.

Não sei porquê, mas nesse momento eu penso no Peeta, o garoto que matei há menos de dois minutos. Ele era como eu, pronto a dar a vida por alguém que amava. Ele teve uma morte rápida e talvez isso não tenha sido tão por acaso como eu pensei no momento. Talvez eu tenha tido um pouco de miserdicódia para com ele, pois tenho gravados na minha mente os momentos em que ele me tentou ajudar, aconselhando-me a admitir os meus sentimentos por Cato antes que um de nós morresse. Talvez eu tenha sentido simpatia por alguém que não Cato. Talvez eu não seja tão louca como pensava. É outro grito lacinante de Katniss que me traz de volta á realidade, onde os olhos dela estão cerrados, enquanto Katniss morde o lábio, tentando conter um grito de dor.

Sou invadida por um cansaço tremendo e quero que tudo termine. Não é culpa da Katniss que tudo isto tenha acontecido. Os únicos culpados são as pessoas da Capital. Engulo em seco e sinto-me demasiado fraca para pensar. Quase levo uma das minhas mãos ao nariz quando sinto algo húmido a escorrer até aos meus lábios, mas lembro-me de que a Katniss ainda está viva. No entanto, é o cheiro que me revela aquilo que agora me escorre abundantemente pelo queixo e quase me faz perder as forças e os sentidos. É sangue. Suspiro e digo:

–Abra os olhos, Katniss. – a garota continua de olhos cerrados – Agora! – a minha tentativa de grito chama-lhe a atenção e ela olha para mim. Levo a lâmina da faca ao pescoço de Katniss e pressiono levemente – Diga as suas últimas palavras, - murmuro – diga aquilo que você quer que a sua família saiba ou recorde. – Katniss parece confusa, mas ela entende tudo quando o nome de Peeta escapa dos meus lábios – Por ele, apenas por ele, “Garota em Chamas”. – ela assente e abre a boca para falar.

–Gale, - os olhos de Katniss dirigem-se agora para o céu da arena, onde estrelas cintilantes se fazem ver e a lua parece estar tão perto de nós que quase lhe podemos tocar – cui… cuide da Prim. Não a deixe pas… passar fome. Eu amo você, Prim. – Katniss volta a fechar os olhos e oiço-a fungar, mas estou agora a olhar para Cato. Ele está muito pálido e duvido que dure muito mais tempo. Tem de ser agora. Limpo com a manga do casaco o sangue que continua a fluir, escapando do meu nariz, e contenho a vontade de fazer aquele momento durar mais tempo. Mas não há mais tempo, é esse o problema.

Num movimento rápido e ágil, fiz com que lÂmina da faca na minha mão cortasse a garganta de Katniss. A garota esbugalhou os olhos de repente e começou a fazer sons estrangulados e a espernear. Cumprindo aquilo que tinha dito – ou dado a entender – momentos antes, usei essa mesma faca e cravei-a no peito de Katniss. O canhão soou menos de um minuto depois.

–Cato! – gritei, cambaleando até ao sítio onde ele estava – Cato, ganhámos!

–Pequena? – ele sussurrou e deduzi que tivesse acordado com o som do canhão que anunciou a morte da nossa maior adversária – Clove?

–Sou eu, sou eu, Cato. – ajoelhei-me ao lado dele e segurei o seu rosto, afagando-o. Cato tentou sorrir, mas não conseguia. Beijei a testa dele, deixando a sua pele agora branca marcada de sangue – Nós ganhámos, Cato. Ganhámos! – ele segurou na minha mão e levou-a aos lábios, beijando-a.

–Vamos voltar para casa… - sussurrou e eu assenti freneticamente, arrependendo-me no segundo seguinte em que algo no interior da minha cabeça pareceu ter sido quebrado – Clove? – o desespero na voz de Cato e senti algumas lágrimas no meu rosto. Eu estava a chorar. Outra vez – Clove, você está be… Você está sangrando! – ele sussurrou, exasperado, mas eu limitei-me a assentir fracamente, pois apenas via pontinhos coloridos á minha frente. Eu estava prestes a desmaiar.

Mas nós íamos ficar bem. Quero dizer, dali a um minuto dois ia aparecer um aerodeslizador que nos levaria para a Capital. Eles iam curar o Cato e a minha cabeça também – a única parte dela que podia ser curada. “Porra, não podiam se apressar um pouquinho, não?”. A minha cabeça doía imenso e houve uma altura em que deixei de sentir o meu corpo, deixando-me cair ao lado de Cato. Senti que ele me abanava e me chamava, mas eu não conseguia ouvir exatamente o que ele dizia e tentava manter-me acordada, embora isso se tornasse cada vez mais alto.

De repente, ouvi uma voz falar. “Finalmente” pensei a meio da minha agonia. Mas não ouvi o som de nenhum aerodeslizador a chegar. Não, apenas ouvi a voz de Cato, agora totalmente revoltada e irada, discutindo com a outra voz. Eu não percebia o que eles diziam, mas era suposto que a voz estivesse a declarar-nos como vencedores da 74ª Edição dos Jogos Vorazes. Então porque estava o Cato com aquele tom de voz que ele apenas usa quando está com vontade de matar alguém? E aí, no meio de uma dor excruciante que me faria berrar se ainda tivesse força para tal, todas as peças se encaixaram. Mas é claro que o Presidente Snow – esse miserável filho da puta – não ia permitir que dois tributos sobrevivessem no mesmo ano. Claro que não. Como pude eu acreditar que nós tinhamos mesmo oportunidades de ganhar juntos? A resposta é simples: eu deixei-me iludir com a esperança de um final feliz. Mas, como a Enobaria tantas vezes me avisou, não existem finais felizes. Sinto o meu coração a desacelarar e quero chorar pelo futuro que não poderei ter com Cato. “Ele viverá, ele será feliz e nunca terá de passar por isto outra vez. Isso é suficiente”.

E é com esse pensamento que eu desisto e lutar contra a escuridão que teima em embalar-me. E, desta vez, as minahs esperanças de voltar a acordar são completamente nulas.



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Notas finais do capítulo

Hello, hello! Espero que tenham gostado do capítulo, porque eu amei (sou a escritora, tenho de amar o que escrevo, né?). Eu juro que não volto a demorar tanto tempo, mas queria pedir dois favores a vocês.
1 - Recomendem! Please...
2 - A minha amiga Isabell precisa de ajuda no blog aren4. Ela é o único tributo vivo do Distrito 12 e ela quer mesmo ganhar esses Jogos. Os meus tributos morreram no banho de sangue... Mas vocês podem votar nela porque FOI A ISABELL QUE QUASE ME OBRIGOU A POSTAR ESSA FIC AQUI! Eu estava hesitante em postar a fic, mas a garota me ameaçou porque diz que ama a minha fic e eu, como boa amiga que sou, postei. Então agradeçam a ela da melhor forma possível: sejam patrocinadores dela! É só ir ao blog aren4.tumblr.com e no menu principal está uma opção que diz "patrocíne". É só clicar nessa opção e aparece uma página com o nome dos tributos todos. Votem na Isabell do Distrito 12. A sério, gente eu quero muito que ela ganhe porque a garota é ainda mais obcecada com os Jogos Vorazes do que eu. Ela leva esse negócio de ser tributo muito a sério (mesmo quando é na internet e ela não morre de verdade), mas eu também levo o negócio de amizade muito a sério e adoro ver a minha best friend contente.
Então, comentem, recomendem e votem! Eu, a Isabell, o Cato e a Clove agradecemos (hehe).