A Lua e as Trevas escrita por Lara


Capítulo 6
Capítulo 06 – Contrato


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas fofas! Aqui está o tão aguardado último capítulo dessa fic! Desculpe pela demora. De novo... a universidade... Bem, vamos para o que interessa! Espero que vocês gostem dele tanto quanto eu. Sério mesmo, eu amei este cap! Queria que algo assim tivesse acontecido no anime... Gostaria de deixar claro aqui que algumas das falas dos personagens foram de fato retiradas do OVA e não são de minha autoria, ok? Divirtam-se e tudo de bom! Obrigada por terem lido a minha fic e por favor deixem os seus comentários!



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“Não tinha escapatória. Sentia-me como se estivesse sobre areia movediça. A água ia me engolindo aos poucos até que eu já estava completamente submersa vendo o reflexo da lua sobre a superfície da água. As trevas pareciam ansiar por mim. Conseguia vê-las com mãos ameaçadoras que tentavam me alcançar enquanto eu, cada vez mais, me aproximava. Mas no fim fui salva por alguém que segurou a minha mão e nunca mais a largou.”

No próximo local do Sindicado a segurança era bem reforçada e por essa razão Hei teve que se disfarçar para conseguir entrar. Não tinha o menor interesse em lutar contra os seguranças, apenas contra os mandantes. Não teve muita dificuldade em encontra-los na parte mais protegida do prédio. Depois de matá-los, o contratante se dirigiu a área onde eles guardavam todas as informações para ver se eles tinham feito algum progresso com relação a Izanami. Desacordou alguns civis que trabalhavam ali e começou a analisar os documentos até que encontrou algo que achou a sua atenção. Era um programa criado recentemente como solução de último caso se eles não conseguissem controlar o despertar de Yin. Chamaram-no de “Projeto XING”. Nos documentos impressos não havia muitas informações sobre esse projeto, por essa razão ele foi para o computador tentando descobrir mais sobre isso. Seu acesso foi logo negado e bloqueado. Ele pegou um dos corpos desacordados e usou as suas credencias e digitais para finalmente conseguir acessar os arquivos. Foi então que viu fotos que o fizeram se levantar da cadeira em estado de choque. Ele não conseguia acreditar no que via diante de si. Em várias fotos aparecia um grupo de cientistas transportando um corpo de uma garota dentro de um cilindro. Não importava quantos anos havia se passado, ele reconheceria aquela pessoa em qualquer lugar. O rosto desacordado de sua irmã mais nova nunca saiu das suas memórias. O alarme começou a soar antes que ele pudesse absorver o que tinha acabado de descobrir. Não demorou muito para que os seguranças invadissem a sala de informações, porém Hei já não se encontrava mais lá.

Não havia duvidas de que aquilo não passava de uma armadilha para atrai-lo, mas o que ele ainda não sabia era se o corpo de sua irmã estava realmente na posse deles ou se aquilo era uma mera montagem para atrair a sua atenção. Independente de qual fosse a verdade, Hei já sabia o que faria. Aquilo poderia significar o seu fim, contudo sabia melhor do que ninguém que se não se arriscasse agora ele com certeza se arrependeria. Para sempre.

De mãos dadas, caminhavam descalços sobre a areia branca ouvindo as ondas do mar. Cada um segurava o seu par de sapatos parecendo não ter vontade de voltar para o hotel tão cedo. Queriam aproveitar cada instante que passavam juntos. Yin sentia o vento fresco passar por si e brincar com o seu cabelo. O chapéu que Hei havia lhe comprado impedia que o sol incomodasse a sua face e o seu vestido azul de bolinhas brancas balançava levemente junto com o vento. A jovem garota segurou com mais firmeza a mão que envolvia seus dedos como se quisesse ter certeza de que não a soltaria e o moreno em resposta a puxou para mais perto de si e beijou as costas da mão de Yin. Foi apenas neste momento em que ela notou a presença de alguém que vinha na direção contraria. Era um homem de vestes negras, assim como as botas e as luvas que usava, porém o que mais chamava a atenção era a máscara que usava na frente do rosto. Ela sentia o cheiro nauseante de sangue o qual ficava mais forte conforme o estranho homem se aproximava. Algo a alertava que não deveria se envolver com aquela pessoa, o entanto ao mesmo tempo sentia certa nostalgia. Ele passou pelo casal com indiferença e prosseguiu com o seu caminho até que sentiu uma mão segurando o seu pulso. Yin queria tirar aquela máscara para ter certeza de que conhecia aquele homem, mas antes que pudesse fazer isso começou a chover. A lembrança da primeira vez que se conheceram se manifestou diante dos seus olhos.

No dia em que chegou a Tokyo estava chovendo e ela havia se perdido. Isso começou a acontecer com frequência depois que se tornara uma doll. As memórias do passado a afetavam de tal forma que em um piscar de olhos já se encontrava em um lugar diferente do que pensava estar. Nada mais parecia lhe fazer sentido. Era como se tivesse perdido os seus sentimentos quando a sua mãe morreu. Ao parar diante de uma vitrine de uma loja de doces sentiu as gotas de chuva cair sobre si, mas não se incomodou. Na verdade, os pingos de água lhe confortavam como se fosse um abraço caloroso de um familiar. Foi apenas quando percebeu que as gotas tinham parado de cair sobre si que ela notou o estranho mascarado ao seu lado. Ele esticava parte do seu casaco para protegê-la da chuva.

– Obrigada... – Yin agradeceu tão baixo que pensou que talvez ele não a tivesse escutado, porém em resposta ele mexeu de leve a cabeça. Permaneceram o restante do tempo em silêncio até que o mascarado atendeu um telefonema. Ele retirou o casaco preto que usava e o colocou sobre o pequeno corpo pálido da jovem a qual o encarava sem entender.

– Vá para casa. – sussurrou em um tom repreendedor e logo em seguida sumiu ao adentrar pela cortina de chuva.

Poucos dias depois eles voltariam a se encontrar para realizar a sua primeira tarefa de equipe. Ela o reconheceu mesmo que não estivesse usando mascara porque já tinha a ideia de que ele era um contratante, contudo tinha a impressão de que ele não se lembraria dela, afinal nada mais era do que uma doll. Para a sua surpresa, ao completarem a missão, ele lhe disse algo que a fez perceber que a tinha reconhecido.

– Desculpe pelo que eu disse no outro dia. Não sabia que você era a garota que o Huang tinha me falado. – seus olhos se encontraram quando ele se virou para ela. – Vou direto ao ponto. Não acho que você sirva para este tipo de trabalho. Faz anos que estou nesta organização, por isso sei como funcionam as coisas por aqui. Apesar das suas circunstancias não acredito que deveria se sacrificar só porque não tem um lugar para voltar. – virou as costas para Yin. – Sua mãe não salvou a sua vida para que começasse a trabalhar com assassinos.

– Muito obrigada. – queria ter colocado sentimentos no tom da sua voz, no entanto as palavras que saíram da sua boca nada mais eram do um som monótono sem emoção. Nem sorrir mais ela conseguia. – Você provavelmente esta certo, mas... Esta foi a escolha que fiz antes de virar uma doll. Eu acho. Não consigo me lembrar mais. – ela não tinha certeza se o moreno a tinha compreendido. Tentar expressar o que pensava se tornava cada vez mais difícil como passar o tempo.

– Faça como quiser. – respondeu com frieza enquanto se afastava ao atravessar o outro lado da rua. Hei não voltou a mencionar esse assunto e começou a trata-la com indiferença, porém nunca como uma doll. Ele foi o único que nunca a viu como uma boneca sem vida e esta foi uma das razões que a levou a se apaixonar por ele. Yin amava e aceitava tudo que Hei era. Um humano, um contratante, um assassino, um irmão... Shinigami Negro. Por isso ela sabia que estava sonhando. O homem por quem tinha se apaixonado não poderia segurar a sua mão e andar pela praia durante o tempo que quisesse, não importava o quanto ela desejasse que isso acontecesse.

Desculpe, Yin. – as últimas palavras que ele havia lhe dito antes de adormecer agora eram nítidas, fazendo-a lembrar de tudo o que tinha acontecido antes de cair dentro desse sonho sem fim.

Finalmente acordou? – na sua frente estava alguém idêntico a si usando veste pretas. Ela flutuava com os braços atrás das costas. – Comecei a achar que talvez devesse acordá-la a força, mas felizmente vejo que não precisarei mais fazer isso.

– Onde ele esta?

Eu te avisei antes que as coisas ficassem desse jeito, não avisei? – começou a circular em torno de Yin. – Ele vai morrer por nossa causa se não fizermos nada. – a garota de vestes negras segurou o queixo da outra. - Até quando pretende fingir que é uma boa garota?

– Eu nunca quis matar ninguém.

Mentirosa. – soltou-a com certo desprezo. – Se isso fosse verdade ninguém teria morrido. – encararam-se. – Você o estava protegendo, ninguém tem o direito de repreendê-la por isso. Nem mesmo ele.

– Querer protegê-lo não me dá direito algum de tirar a vida das outras pessoas. – com passos lentos começou a se aproximar da outra Yin. - Eu prometi que se isso saísse do controle seria o nosso fim e pretendo cumprir com essa promessa. – ao passar pelo lado da outra garota que flutuava sua aparência mudou. Agora vestia roupas brancas semelhantes a da outra e seus cabelos também brilhavam só que em uma tonalidade mais clara. – Custe o que custar.

Estarei esperando ansiosa por este momento. – fechou os olhos e sorriu. – Não me decepcione.

Yin ao poucos sentia que voltava a ter controle do seu corpo e quando finalmente conseguiu notou que estava deitada sobre uma cama dentro de um quarto escuro. Alguém segurava a sua mão, aquecendo-a gentilmente. Todos que se encontravam naquele cômodo dormiam sem notar que ela havia acordado. Abriu os olhos lentamente. Não demorou muito para ela entender que estava dentro do quarto dele. O corpo da jovem garota começou a desaparecer dentro de uma luz que se assemelhava ao brilho da lua. Silenciosamente ela sumiu deixando para trás sobre a palma da mão que a segurava um anel prateado.

Não saberia dizer quanto tempo tinha se passado desde que conseguira entrar naquele laboratório e não se importava com isso. Diante de si estava o corpo da sua irmãzinha. Ela ainda trajava o seu uniforme de contratante e seus cabelos soltos se espalhavam pelo liquido que a cobria dentro do cilindro. Sobre a sua boca e nariz havia um aparelho respirador que a fazia parecer que estava simplesmente dormindo, porém ele sabia que a verdade era outra. Ele conseguia sentir. Para ser mais direto ele não conseguia sentir nada vindo daquele corpo e este era o problema. Começou a pensar o quanto tinha desejado por este momento desde aquele dia na América do Sul em que se separa dela. Agora não sabia ao certo o que fazer. Todas as portas ao seu redor se fecharam assim como as janelas e após poucos segundo não havia como escapar daquele lugar. Das pontas do laboratório começou a sair um gás que se espalhou rapidamente pelo ambiente. O contratante nem lutou contra os efeitos que o gás causava sobre si. De inicio suas pernas ficaram dormentes, fazendo-o se aproximar do chão enquanto perdia o controle sobre o próprio corpo. Logo já se encontrava no chão com os olhos semiabertos ainda os mantendo fixos no rosto de Bai. Quando finalmente perdeu a consciência homens dentro de uniformes de laboratório com o rosto coberto por mascaras de gás entraram e começaram a se aproximar dele. Antes mesmo que os homens pudessem se quer encostar em Hei, todos eles começaram a sofrer e a gritar enquanto seus corpos eram envolvidos por uma luz azul. Suas essências foram tiradas de seus corpos e se dirigiram para a jovem garota de vestes negras.

– Entendo. – ela se aproximou do cilindro passando por cima dos corpos e alisou o vidro frio com a mão coberta por luva. – Esta é a famosa Bai. A irmã mais nova que você tentou tão desesperadamente salvar. – por um instante não disse nada enquanto encarava a garota adormecida. – Ela se parece com você. Queria a ter conhecido quando ainda respirava. – afastou-se do cilindro e se abaixou próximo do moreno. – Realmente é um homem tolo. – ela afastou os fios de cabelo para que pudesse ver melhor o rosto dele. – Acho que já esta na hora de nos despedimos. – ela começou a se aproximar, contudo ele abriu os olhos revelando um par de olhos felinos roxos claros e usando a sua faca deferiu um golpe cortando a lateral do rosto dela para em seguida fugir rapidamente pela porta aberta. – Ora, parece que aquele cachorro ainda vive. – levantou-se com elegância passando a mão com indiferença sobre a ferida do rosto a qual logo desapareceu. – Ela tem muita coragem para possuir o corpo de Hei na minha frente.

Em algum banheiro nos andares mais abaixo do prédio Oni tentava acordar Hei e por enquanto nenhuma das suas tentativas foi bem sucedida. Ela estava com tanta raiva daquele rapaz que resolveu dar tapas fortes nos dois lados do rosto fazendo-o finalmente despertar.

– Acorde seu moleque imbecil! – deu o último tapa deixando uma marca vermelha no rosto do moreno que a encarava confuso. – Fique feliz. Se os tapas não tivessem funcionado eu teria atirado em um dos seus braços. – a mulher voltou a atenção para a sua arma.

– Oni? O que você esta fazendo aqui?

– Eu é quem deveria estar fazendo essa pergunta a você. – segurou com força a gola dele. – Que diabos acha que esta fazendo?! Você realmente ia jogar fora tudo o que fizemos até agora só porque queria encontrar com a sua irmã?! Tenha paciência! – soltou-o ao empurra-lo para a parede. – Eu já sabia que era um idiota, mas não esperava que fosse tolo a esse ponto.

– Onde esta o David?

– Por sorte, longe do alcance da sua doll. – respondeu se levantando e correndo em direção da janela. Lá fora homens armados com coletes, capacetes e carros blindados cercavam o perímetro do prédio. – Droga! Teremos que arranjar um outro jeito de sair daqui. – correu até a porta e a abriu. – Vamos! – e sem esperar por uma resposta saiu a toda velocidade. Hei a seguiu acompanhando a sua velocidade.

Estavam prestes a alcançar as escadas, no entanto seu caminho foi interrompido com a aparição de Yin de vestes pretas. A mulher militar puxou a sua arma para frente e atirou na direção da doll a qual desapareceu antes que as balas a atingissem.

– O que pensa que esta fazendo?! – gritou o moreno segurando a arma de Oni.

– Salvando as nossas peles. – ela puxou a arma com força, fazendo-o solta-la. – Mesmo que por algum milagre uma das minhas balas a atingem, duvido seriamente que ela morrerá. – correram em direção as escadas. – Então que tal parar de agir como um herói e tratar de se preocupar em sair daqui com vida?

– Por que você simplesmente não usou as passagens de avião? – ela deu uma risada irônica.

– E quem viria te salvar de si mesmo? – fez uma pausa. – Além do mais, não posso fugir. Meu cliente não ficaria nenhum pouco feliz com isso. – ao notar que a segurança subia pelas escadas eles entraram pela porta do quinto andar e a mulher trancou a porta ao atirar na trava eletrônica. – Se ninguém parar o despertar daquela doll o mundo estará condenado. – começaram a correr pelo corredor indo contra a maré de pessoas que iam para a direção oposta. – Eles foram muito tolos ao pensar que Contratantes iriam governar o mundo, mas você é o maior deles.

– Do que esta falando?

– Você realmente achou que poderia parar o despertar da doll, não achou? – ela sorriu, mas sem felicidade. – Provavelmente pensou que uma vida tranquila estava a sua espera. – pararam atrás de uma pilastra. Ela o encarou. – Estou curiosa. Exatamente que tipo de sonho você teve? – antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, a mulher arregalou os olhos e o empurrou com força para o lado.

– Que mulher irritante. – Yin de vestes negras segurou com força o pescoço de Oni enquanto a empurrava contra a pilastra. A arma que segurava caiu no chão devido ao enorme impacto que sofreu ao ir contra a pilastra. – Desapareça de uma vez.

– Yin! – gritou Hei parecendo desesperado.

– Pare. – do mesmo jeito que a Yin de vestes negras surgiu do nada, ao seu lado apareceu a outra Yin desta vez de vestes brancas. Ela segurava o pulso da outra impedindo que continuasse a enforcar a mulher militar. – Por favor.

– Por quê?

– Eu não quero machucar mais ninguém. – assim que terminou de falar tiros foram disparados sobre eles através da grande janela próxima deles. Duas balas acertaram o ombro e a perna de Hei que por causa disso acabou caindo da beirada em que se encontrava.

– Hei! – com certa dificuldade ele conseguiu usar o arame da sua faca para impedi-lo de cair e assim ele foi jogado para o andar de baixo. Acabou atravessando as janelas de um laboratório. Yin correu até Oni e percebeu que uma poça de sangue vermelho começou a se formar. A mulher tossiu algumas vezes antes de sorrir para a jovem garota a sua frente.

– Isso pode soar um pouco esquisito vindo de uma completa estranha. – Oni se mexeu para se sentar melhor. – Tenho a impressão de que você já sabe, mas eu observei e vigiei vocês dois desde o momento em que fugiram de Tokyo e mesmo assim nunca entendi por que são tão dependentes um do outro e provavelmente nunca irei. Talvez seja por ser uma contratante que não compreendo mais nada relacionado a sentimentos ou sonhos. – fez uma pausa. – Mas eu sei de uma coisa. Se você morrer, aquele idiota vai se quebrar de tal forma que nem mesmo você o reconhecerá depois, por isso... Pense nele antes de decidir qualquer coisa, esta bem?

– Mas eu não quero machucá-lo! – Oni suspirou irritada.

– São um par de completos idiotas. – segurou a parte de trás da cabeça dela e fez com que as suas testas se encontrassem com força. Yin choramingou passando as mãos sobre a testa. – Acorde de uma vez, princesa! Ele precisa de você, assim como você precisa dele. – ela sorriu enquanto o sangue escorria dos seus lábios. – Isso não é o suficiente?

Hei começou a se levantar do chão a principio usando as mãos como apoio até que usou a bancada mais próxima para se endireitar por completo. Trincou os dentes quando tentou mover a perna que não tinha levado tiro. Um pedaço de caco de vidro estava preso na lateral da sua coxa o qual retirou com cuidado. Todo o seu corpo doía de uma forma que apenas tentar movimenta-lo já lhe causava estremo desconforto.

– Já passou da hora de se decidir. – a voz feminina que geralmente parecia estar sem qualquer tipo de emoção, neste instante estava coberta por raiva. O contratante levantou a cabeça para poder encarar a Yin com vestes negras. – Vai me matar ou morrerá por minhas mãos?

– Eu não vou perder o que é importante para mim!

– Verdade? – o corpo do moreno se envolveu em uma luz azul e uma dor indescritível começou a se espalhar, fazendo-o cair de joelhos. – Se esta for a sua escolha... – o rapaz tentava guardar os gemidos para dentro ao fechar os lábios com força, porém a dor era tamanha que no fim ele não conseguiu mais se manter em silêncio. Sentia como se alguém estivesse tirando com força algo dentro de si. Não sabia por quanto tempo mais aguentaria aquilo, contudo recusava-se a morrer assim. Do mesmo modo que a dor surgiu espontaneamente, ela se foi do mesma maneira. Hei respirava e inspirava várias vezes sentindo o suor deslizar pelo rosto. Fechou os olhos e se forçou a se sentar usando uma das bancas como um apoio para as suas costas. Foi então que sentiu uma mão sobre o seu ombro e ele sabia que era ela. Ao abrir os olhos a observou sentada sobre as próprias pernas perto de si.

– Hei.

– Yin. – ele colocou a própria mão sobre a dela e a segurou com firmeza. Seus rostos se aproximaram e assim as testas se encostaram quando ambos fecharam os olhos.

– Quero ficar para sempre com você. – lágrimas começaram a escorrer pelas suas faces pálidas. – Mas... Isso é impossível. – fez uma pausa. – E você também sabe disso. – ele trincou os dentes e ela colocou a mão sobre o rosto dele. – Eu o amo, Hei, e não quero esquecer isso. Então, vamos parar de adiar o inevitável.

– Não...

– Por favor, Hei. – Yin agora segurava o rosto dele com ambas as mãos. – Aceite o meu destino. Não quero matar mais ninguém e também não quero que você sofra por minha causa. – ao abrir os olhos o moreno começou a se lembrar daquele sonho que o atormentava quase todas as noites. – Esta é a coisa certa a se fazer. – ela beijou a testa dele e seguir começou a se levantar, ajudando-o também. Quando ambos estavam em pé, Yin se afastou um pouco. Durante um tempo se encaram como se quisessem memorizar todos os detalhes da pessoa a sua frente. – Está na hora. – parecendo ainda não pouco relutante, Hei começou a aproximar o braço do ombro dela. No momento em que estava prestes a tocá-la. Uma mão o impediu ao segurar o seu pulso. Os dois olharam para essa pessoa e não acreditavam no que viam diante de si.

– Xing? – a irmã de Hei sorria com naturalidade. A última vez em que a viu sorrir dessa forma foi antes dela ter se tornado uma contratante. – Como você...?

– Tudo vai ficar bem, Oni-chan. – sobre a palma da mão que segurava do irmão ela colocou a lente do fragmento do asteroide e depois colocou a mão de Yin em cima da lente. – Façam um pedido. – uma luz cegante os engoliu assim como tudo ao seu redor.

Quando as autoridades chegaram ao local já era tarde demais. O Sindicado limpou qualquer indicio de seu envolvimento e BK-201 desapareceu novamente deixado para trás uma máscara quebrada. Misaki Kirihara encontrou em um dos laboratórios destruídos fragmentos no chão de algo que se assemelhava a uma lente. Quando ela foi encostar o dedo sobre o vidro quebrado ele de repente se transformou em pó e desapareceu junto com o vento. A policial começou a se perguntar se algum dia encontraria com ele novamente.

Hei e Yin foram para China se encontrar com Lian e os dois irmãos contratantes. Hei contou a Toru tudo que a sua irmã tinha lhe dito com relação aquele assunto que tinha prometido não contar a ele. Mesmo após saber a verdade, o rapaz não pareceu se abalar tanto quando o moreno esperava. Toru e Karen se despediram dizendo que precisavam sumir novamente do mapa. Lian queria passar mais um tempo com o filho, mas depois que Hei lhe disse que precisava ir para um local junto de Yin ele voltou para os Estados Unidos.

– Finlândia - (nevando)

– Boa tarde. Meu nome é Li Wang, mas você pode me chamar de Hei. Sua filha me contou um pouco sobre você já que infelizmente nunca teremos a oportunidade de nos conhecermos de verdade. Yin... Desculpe, eu quis dizer Kirsi. Ela não gosta muito de falar sobre o passado por ainda sentir certa culpa, mas tenho certeza de que ela logo perceberá que a culpa não era dela. – fez uma pausa. – Gostaria muito de tê-la conhecido para poder agradecer por ter tido e cuidado de Kirsi antes de eu a conhecê-la. – ele sorriu. – Ela significa tudo para mim e juro a você que cuidarei bem dela pelo resto da minha vida, por isso... Gostaria de pedir a sua permissão e a do seu marido. Atualmente nós temos que frequentemente mudar de casa, porém pode ficar tranquila de que esta não vai ser a última vez em que a visitaremos. Espero que agora consiga descansar com mais tranquilidade sabendo que a sua filha nunca mais ficará sozinha. – colocou um buquê de lírios brancos sobre o bloco de mármore. – Tem certeza de que não quer dizer nada a eles? – Yin negou balançando a cabeça. Escondeu metade do rosto no xale que envolvia o seu pescoço.

– Só de vir vê-los depois de todo esse tempo já me deixa muito feliz. – o rapaz entrelaçou os seus dedos com os dela. – Não acredito que você realmente pediu a permissão deles. – eles começaram a se afastar.

– Achou que eu estava brincando? – uma fumaça saia pela boca quando falava.

– Não, apenas não acreditei. – seus ombros se encostavam enquanto andavam. – Como estão os seus machucados? – instintivamente ele passou a mão sobre a perna que havia sido acertada dias atrás. A ferida ainda o incomodava, mas não tanto a ponto de se importar.

– Bem melhor. Posso até carrega-la se quiser comprovar. – a jovem de cabelos prateados lhe lançou um olhar repreendedor. – Se bem que você é tão leve que provavelmente não faria diferença alguma. – sem aviso deu um tapa justamente na parte do ombro dele em que havia se ferido e Hei soltou uma exclamação de dor parando de andar.

– Parece que alguém andou mentindo novamente. – cruzou os braços e o encarou. – Até quando pretende continuar essa péssima mania? – ao em vez de responder a pergunta dela, o moreno a envolveu entre os seus braços. – Estou falando sério, Hei.

– Eu sei. Desculpe, apenas não consegui resistir. – afastou-se o suficiente para que as suas testas pudessem se encontrar. – Você entende que eu ainda não estou acostumado a compartilhar tudo o que penso com alguém, certo? Afinal, fui treinado a mentir para os outros e provavelmente até para mim mesmo. – deu um riso irônico. – Ignorei por tanto tempo os meus sentimentos que agora me sinto perdido, sem saber exatamente o que fazer.

– Sim. – as duas mãos dela seguraram a parte da frente do casaco dele. – Eu também. – ela encostou o rosto sobre o peito dele e fechou os olhos. Conseguia escutar os batimentos do seu coração. – Somos iguais, por isso... Não devemos mentir um para o outro. – Hei beijou o topo da cabeça dela.

– Você esta certa. – a abraçou com mais força. – Não vai acontecer de novo. Prometo.

– Hei. Posso te beijar? – as palavras da jovem fez com que o moreno desse um breve riso. Ele afrouxou o abraço para poder observa-la. Passou a mão pela lateral do rosto pálido.

– Não precisa me pedir permissão para isso. – um sorriso genuíno estava na boca dele. – Quantas vezes você quer que eu diga a mesma coisa? – ela ia falar algo, porém ele a silenciou ao pressionar os seus lábios contra os dela. Não foi um beijo longo, mas foi o suficiente para deixar as bochechas de Yin coradas. – Eu sou seu e você é minha. – encostou de leve a ponta dos seus narizes. – Este se tornou o nosso contrato quando fizemos um desejo para o fragmento do meteoro, não foi?

– Mas... – mantinha os olhos longe dos dele. – Você... pode... mudar... de ideia.

– Nem em seus sonhos isso vai acontecer. – o rapaz se abaixou apenas o suficiente para levanta-la e coloca-la sobre o seu ombro bom. – Tenha mais confiança em mim.

– O que você fazendo?

– Levando a minha futura esposa de volta para o hotel. – sorriu de forma levada mostrando os dentes. – Parece que eu preciso mostrar a ela o quanto sério estou levando o nosso relacionamento. – o rosto dela ficou ainda mais vermelho.

– Tarado.


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Notas finais do capítulo

E aí? Que acharam? Me contem tudo!
E uma surpresa para vcs!!!
Capítulo extra!
"Lullaby"
Não percam! Beijos!



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