Era de madrugada e eu fui para o corredor que dava para o elevador com a esperança de vê-lo ali, e lá ele estava, sentado em frente a sua porta.

“E aí?” Ele disse quando me viu “Noite complicada, em?”

“Nem me fale.” Eu disse “E então gostou da minha irmãzinha? Achou ela gostosa?”

“O que quer dizer com isso?” Ele me perguntou, mas ao ver minha expressão de quem sabia o que ele iria responder ele resolveu me desafiar “Você por um acaso sabe minha resposta antes de fazer essa cara?”

“Na verdade, eu sei.” Eu respondi “É igual a de todos.”

“Então qual é minha resposta?” Ele me perguntou sorrindo.

“Claro que gostou dela.” Disse fula “Aposto que já até se masturbou pensando nela.”

Ele ria.

“Do que está rindo, idiota?” Eu o perguntei.

“Eu não preciso me masturbar.” Ele disse “Posso muito bem pagar uma prostituta pra me satisfazer.”

“Você me dá náuseas.” Disse caminhando para o meu apartamento.

“Ei, espera.” Ele disse “Ainda não sabe minha resposta.”

“Qual é então?” Eu o perguntei.

“Se ela fosse mais parecida com você eu poderia até gostar dela.” Ele disse “Mas por enquanto ela me dá náuseas.”

“O que está dizendo?” Eu sorria.

“Você é mais bonita, mais sexy, mais gostosa, inteligente, e gostosa.” Ele disse se levantando e se aproximando de mim.

“Você disse gostosa duas vezes.” Eu o disse sorrindo “E por que você gosta tanto de brincar comigo?”

“Eu não estou brincando com você. O que eu disse é a pura verdade.” Ele disse super sério “A verdade que só você não consegue enxergar.”

Ele se aproximava cada vez mais de mim até que começou a se inclinar para me beijar, mas aí eu disse: “Parabéns, você mente muito bem.”

“Eu já disse que não é mentira.” Ele disse “Bom, boa noite. Digo, feliz natal.”

Ele me deu as costas e entrou em seu apartamento, enquanto eu fiquei lá sem conseguir ao menos me mover.

Ele mexia comigo de uma forma incrível. Eu sentia algo que jamais havia sentido antes, o que me fez pensar seriamente na possibilidade de estar perdidamente apaixonada por ele.

Quando dei por mim, abria meus olhos no quarto de Max, mas aí percebi que aquilo tudo foi um sonho.

Espera um pouco! Aquilo foi uma lembrança.

Eu me sentei na cama e comecei a chorar de felicidade, Max acordou assustado.

“O que houve?” Ele me perguntou sem entender o que ocorria.

Eu simplesmente o abracei e disse: “Eu me lembro de você.”

Pude sentir que ele me abraçou mais apertado ainda.

“Eu sabia que um dia ia se lembrar de mim.” Ele disse, mas daí me lembrei que ele brincava comigo no sonho então comecei a bater nele.

“Ei, por que está me batendo.” Ele disse segurando as minhas mãos.

“Porque você brincava com os meus sentimentos.” Eu o disse.

“Do que se lembrou?” Ele me perguntou.

“Madrugada de 25 de dezembro do ano passado no corredor... Lembra de alguma coisa?” Eu o perguntei.

“Eu não brinquei com seus sentimentos.” Ele disse “Eu disse que era de você que eu estava a fim e você que foi burra e não percebeu droga nenhuma.”

“Burra?” Eu estava ultrajada “Com quem acha que está falando, Max William?”

Ele começou a rir.

“Do que você está rindo?” Eu o perguntei.

“A gente está discutindo.” Ele disse ainda rindo.

“E daí?” Eu o perguntei.

“Era o que a gente mais fazia depois do sexo.” Ele disse “Na verdade acho que empatava, mas...”

“Me desculpe.” Eu disse.

“Pelo o que?” Ele estava confuso.

“Por ontem.” Eu disse “Eu não consegui transar com você.”

“Tudo bem.” Ele disse “Estou super feliz por você se lembrar de nós.”

“Mesmo assim.” Eu disse.

“Fica tranqüila.” Ele disse “Quando estiver disposta eu vou estar aqui pra você.”

“Obrigada.” Eu o disse “Que horas são agora?”

“10 da manhã.” Ele respondeu.

“Isso quer dizer que Richard já foi trabalhar.” Eu disse “E tenho que ir pra casa.”

“Pra que?” Ele perguntou “Fica aqui comigo.”

“Eu quero dormir mais.” Eu o disse.

“Você acabou de acordar.” Ele disse.

“Eu quero me lembrar mais.” Eu o disse.

“Eu te amo.” Ele disse.

“Agora eu tenho certeza absoluta que eu também te amo.” Eu disse.

Eu voltei para o meu apartamento, troquei de roupa e me deitei na cama, onde eventualmente caí no sono.

Richard tinha viajado e esse não seria um dia muito diferente dos outros com um porém. Max passou aqui em casa. Quando o vi na minha porta apenas perguntei: “ O que está fazendo aqui?”

“Me desculpe o incômodo, mas eu não vi seu marido ir para o trabalho hoje.” Ele disse.

“Ele está viajando.” Eu não sabia bem o por quê, mas acabei respondendo.

“Quando ele volta?”

“Semana que vem.”

“Você vai passar o ano novo sozinha?” Ele me perguntou com um pequeno sorriso em seu rosto.

“Vou, e daí?” Eu o perguntei.

“Então vai estar livre no dia 31.” Ele disse.

“O que você tem com isso?”

“Sua companhia?” Ele chegava perto de meu corpo.

“O que quer dizer com isso?” Eu já podia sentir os músculos dele contra os meus seios mesmo com as roupas entre nós.

“Você sabe exatamente o que isso quer dizer.” Ele inclinava seu corpo para me beijar, mas eu dei um passo para trás “Eu sou casada. E eu não vou arriscar isso por desejar alguém como você.”

“Alguém como eu? O que quer dizer com isso?” Ele perguntou sorrindo.

“Você é incapaz de pertencer a uma só mulher.”

“Quem disse isso?” Ele chegava perto de mim de novo.

“Eu disse.”

“Você ainda não percebeu? Eu pertenço a você desde daquele dia com as sacolas.” Aqueles olhos envolventes começavam a me hipnotizar.

“Você está mentindo só pra transar comigo.”

“Não estou mentindo. Jamais encostaria em uma mulher casada, por mais gostosa que ela fosse, se eu realmente não sentisse algo por ela.”

“Então por que você transou com aquela vaca loura naquele dia?” Eu dei um passo para trás de novo.

“Pra tentar provar para mim mesmo que eu não estava apaixonado por você.” Ele disse chegando perto de mim de novo.

Dessa vez eu estava encurralada contra a parede, então eu o perguntei: “A que conclusão chegou?”

“Deixe-me mostrá-la.” Ele disse me beijando em seguida.

O seu beijo era a melhor sensação que eu jamais sentira na vida. Nossas línguas estavam em sintonia era como se tivessem ensaiado uma dança.

De repente ele me pega em seus braços e me coloca sobre a mesa de jantar e foi então que percebi suas mãos desabotoando minha blusa, eu parei de beijá-lo, mas ele não tinha parado. Ele já beijava meu pescoço e ia descendo até os meus seios, onde podia perceber sua mão, novamente, tentando tirar o meu sutiã também. Tive que Pará-lo antes que fosse tarde demais.

“Vamos parar aqui.” Eu disse.

“Por que? Não está gostando.” Ele disse parando finalmente.

“Não é isso.” Eu disse “Vamos pelo menos agora não passar daqui.”

“Ah, eu esqueci que você era casada.” Ele disse saindo de cima de mim com um pouco de raiva.

“Eu posso entender sua raiva...”

“Raiva?” Ele mentia “Não estou com raiva, eu estou ótimo. Eu só odeio o fato de que você ainda não está livre.”

“‘Ainda’?”

“É, você não planeja se divorciar?” Ele me perguntou.

“Não agora.” Eu disse.

“Você quer brincar de bancar a infiel? E é claro que eu vou ser o amante, não é mesmo?”

“Não é tão fácil como pensa.” Eu disse.

“Me desculpe.” Ele disse coçando a cabeça “Eu espero.”

“Obrigada.” Eu disse.

“Bom, vejo você depois então.” Ele disse beijando minha cabeça e saindo do meu apartamento, mas eu corri e agarrei seu braço direito “O que houve?”

“Eu estou apaixonada por você.” Eu disse.

“Eu também.” Ele disse me beijando pela última vez naquele dia.

De repente ousso a voz de Richard.

“Meu amor?” Ele dizia.

“Richard?” Eu o perguntei.

“Dormindo a essa hora?” Ele me perguntou.

“Me desculpe.” Eu disse “Estava com sono.”

“O jantar está pronto.” Ele disse.

“Eu já estou indo.” Disse.

“Te espero.” Ele disse.

Eu me levantei da cama, olhei pela janela e lá Max estava fazendo abdominais.

Eu o amava e agora eu sabia disso, mas também sabia que ele teve que ter uma paciência enorme comigo.

Só que agora meu objetivo é me lembrar do acidente de carro e de quem é o cara que me... Enfim, o cara que me estuprou.