Bati na porta de Peeta e fiquei esperando alguém abrir, demorou até que finalmente ele abriu.

– E ai gracinha o que falou com seus pais? - Ele perguntou dando espaço para que eu passasse. Entrei em seu quarto e fechei a porta.

– Queriam saber... Como anda a escola. - Falei mexendo nervosamente nos meus dedos, não queria entrar especificamente nesse assunto.

– Ah é? - Peeta não me parecia muito convencido. - Katniss acho melhor você se preparar porque vamos ir fazer um piquenique.

– Sério? - Estava grata por termos mudado de assunto. - E onde vamos?

– Naquele lago lá que não pisamos a muito tempo. - Ele sorriu minimamente. - Vou me preparar.

– Você tá bem? - Perguntei indo em sua direção mas ele me afastou.

– Ótimo, mas vou ficar melhor ainda quando você decidir confiar em mim, pensei que tivessemos passado dessa fase.

– Não tem como eu te contar!

– Então me envolve e você que não quer me contar, a escolha é sua, não se esqueça que eu te conheço bem. - Ele disse irritado.

– VERDADE NÉ, VOCÊ VIU QUANDO EU ESTAVA LOUCA E QUERIAM ME POR EM UM HOSPICIO. - Gritei pra ele que ficou assustado com a minha atitude.

Virei e sai do seu quarto batendo a porta.

Fui correndo para o meu dormitório, chegando lá, tudo já estava arrumado e as meninas estavam arrumando as coisas para o piquenique.

– Katniss você tá vermelha, o que houve? - Clove perguntou.

– Me exaltei demais. - Falei caindo na real. O pior que eu sabia que o surto que eu tive era um dos efeitos da bipolaridade e eu precisava me manter afastada disso, não podia ficar doente de novo, ficar louca novamente. - Briguei com Peeta.

– Ai meu senhor porque? Você não pode se estressar muito você sabe e ele também!

– Não estou mais doente Madge! - Exclamei um pouco chateada. - Não me trate como uma doente.

– Ninguém está te tratando assim. - Concertou Clove. - Só não queremos vocês brigando, vocês dois já passaram por mal bocados, brigas não devia afetar nada.

– Nem vai. Vou pedir desculpa e não vou me alterar mais. Agora vamos ver esse negocio do piquenique logo.

20 minutos e nós três estávamos prontas. Coloquei meu óculos de sol e fui abrir a porta para Annie e Johanna.

– Vocês estão incríveis. - Annie disse. - Ah e Madge tem um garoto da turma C que está atrás de você... Sabe de ontem a noite.

– Eita droga. - Madge exclamou. - É o Miles, eu chamei ele para acampar com a gente.

– Nós nem conhecemos ele direito. - Clove disse cruzando os braços. - E se ele contar para a inspetora que voltamos para o lago? Ela vai nos proibir!

– Ele gosta de mim demais para fazer isso. - Madge falou. - Não precisem se preocupar com isso eu me ocupo e vocês vão ver como ele é uma boa pessoa.

– E o Henri? - Perguntei. - Ele meio que deu uma sumida.

– Falei com ele ontem... Ele está chateado com você.

– No momento só lamento por ele. - Falei e não queria entrar em detalhes sobre esse garoto porque ele foi um idiota tentando colocar eu contra Peeta e geral estava querendo fazer isso, eu não estava aguentando mais. - Podemos ir logo, porque eu quero comer muito, to morrendo de fome.

– Se eu não conhecesse suas historias eu diria que isso é outra coisa. - Clove zombou de mim, e eu fechei a cara pra ela de brincadeira.

Descemos as escadas e chegando la embaixo, vi os meninos de um lado e do outro Madge cumprimentando um outro menino que eu nunca vi, devia ser o tal do Miles, ele parecia mesmo gostar dela, além de parecer legal, mas por enquanto ele só parece, preciso conhecer mais.

– Ta menos estressada?- Peeta perguntou parando bem do meu lado e se apoiando em mim.

– To. - Falei apenas.

– Eeeh.

– O que foi? - Perguntei me virando em sua direção como se eu fosse uma boneca.

– Ta seca.

– Não to nada, só te respondi, qualquer pessoa pode responder um “to” sem estar estressada, meu deus!

– Então diz que me ama. - Ele disse me abraçando.

– Você tá um saco hoje. - Falei brincando.

– Diz.

– E se eu não disser?

– Vou pedir pra Melanie dizer, ela não vai negar.

Eu o empurrei para longe.

– Não fala o nome dessa idiota perto de mim. - Falei irritada e voltei para o lado das meninas. Ele ficou me olhando com cara de tipo “qual o seu problema”. Um dos meus problemas era fazer meus pais desistirem dessa viagem, por que eu não conseguia parar de pensar sobre isso, e de como todos ficariam sem mim, se ficariam felizes, contentes e se euia ser trocada pela pessoa que mais odeio no momento.

Saimos para o lago com todos muito animados, menos eu... E Gale. Acho que ele não gostou muito do amigo, peguete, ficante da Madge, ele olhava como se fosse matar o pobre coitado. Veio até falar comigo quando percebeu que eu estava meio de lado.

– O lago, nosso lugar, velhos tempos e a Madge vai la e tras esse cara que não tem nada a ver. - Ele disse indignado.

– Ah é mas temos que aceitar que ela tem outra pessoa agora, na verdade você em especial tem que aceitar isso, até porque ela disse que ele é de boa então não vejo muito problema nisso.

– So é estranho Katniss, da primeira vez que viemos aqui eu gostava dela.

– E agora não gosta mais?

– Gosto, só que da primeira vez era mais possível a possibilidade de ter um futuro em relação a isso, e até tivemos um futuro, agora vendo assim, parece mais impossivel do que nunca, ela parece me odiar e faz tudo para que eu fique com raiva então eu tento me convencer de que não gosto mais dela e tentar ficar com outras.

– Escuta... Ela gosta de você, e se você pensasse um pouquinho ia perceber que ela faz essas coisas exatamente para que você faça alguma coisa, mude, corra atras dela pelo menos um pouquinho, mas até esse momento você não fez nada, e agora ela tá com outro, não reclame.

– Então você tá dizendo que não tem mais jeito?

– Agora eu não sei, mas que ela ainda gosta de você tenho certeza, talvez não tão intensamente quanto antes, mas ainda gosta.

– Ok,obrigado. Vou tentar pensar em algo a respeito, algo para fazer.

– Boa sorte.

Demorou mais alguns minutos e finalmente chegamos no lago. Vi Peeta sentar na velha arvore, nossa arvore de qualquer maneira. Fui e me sentei do seu lado sem falar nada e ficamos uns bons minutos no silencio.

– Eu tenho que te contar uma coisa séria, se eu não te contar, vamos continuar brigando, vou ficar mais estressada, você não vai entender nada e só vai piorar as coisas, então é melhor te contar.

– E isso é tão ruim assim? - Ele perguntou segurando na minha mão, onde estava o meu anel de noivado. As vezes eu até esquecia como era lindo e como eu realmente estava comprometida. Muito comprometida. Eu precisava confiar nele. Sempre que possível.

– Para nos dois principalmente é sim. - Falei levantando, o puxei junto comigo e começamos a caminhar para longe de todos, continuando além do lago, era um caminho traçado, mas eu não sabia para onde ia levar, só queria andar com ele e falar logo tudo de uma vez.

Peeta entrelaçou nossos dedos e continuamos andando.

– Qualquer coisa da pra suportar.

– Bem... Minha mãe não esta muito bem aqui, acho que ficar aqui não esta sendo muito bom pra ela, ela me disse que tudo lembra a minha irmã e eu só tenho a concordar com ela e isso é muito triste. Mas com isso, eles resolveram se mudar.

– Se mudar para onde? - Peeta perguntou. Ele parecia compreender toda a situação, mas tinha um pouco de medo em sua voz, era perceptivel, e era justamente o que ele provavelmente estava pensando.

– Inglaterra. E eles querem me levar junto. - Minha frase soou tão rapida quanto quando ele parou de repente de andar e olhou pra mim.

– Ingla... terra. - Peeta perdeu a cor. - Te levar? Quando isso?

– Querem assim que acabar o meu ano escolar. Mas eu to negando, eu juro. Ando evitando falar com eles, mandei minha mãe pensar, desliguei na cara dela, eu não quis te contar porque ainda não tinha certeza e não queria te deixar preocupado, mas não teve jeito.

– Mas no fim do ano você já vai ter 18, vai ser responsavel pelos seus atos, pode ficar aqui comigo. Digo, não no colégio mas fora, vamos entrar em alguma faculdade e alugar um apartamento, arrumar um trabalho temporario, vamos ficar bem.

– Sim, eu gostaria muito que isso acontecesse, mas meus pais... Não sei se eles apoiariam, de uma forma ou de outra eu ainda moro com eles e tudo mais.

– Então se case comigo logo.

– Peeta não quero me casar por necessidade.

– Não é necessidade, é solução. So estou tentando pensar em qualquer coisa que te prenda aqui, não vou permitir que você va, não mesmo.

– Vamos pensar em alguma coisa, eu prometo. - Falei e o abracei. Ele retribuiu meu abraço de maneira carinhosa.

– Obrigado por me contar.

– Te amo.

….

– Foi um saco. - Clove disse. - Pra variar Cato não foi né, sempre treinando, sempre estudando, sempre ocupado demais para algo que envolva os amigos e a própria namorada.

Era domingo e estavamos na casa de Madge, pela primeira vez. Nunca tinha estado ali, mas era bonita e enorme.O quarto dela era a copia do quarto de uma barbie, tinha tanto rosa que eu estava quase ficando enjoada, mas era Madge e quando se trata dela,melhor nos acostumarmos.

– Eu adorei. - Madge disse. - O Miles foi um amor comigo, ficamos conversando sobre coisas muito legais, sério e eu até aceitei ir jantar com ele fim de semana que vem, em um restaurante super chique.

– Você ai no maior love e eu aqui amaldiçoada com o Cato.

– Me conta essa historia com o Cato. - Pedi pra Clove.

– Ok, foi assim, primeiros meses foi perfeitos eu realmente não tenho do que reclamar, voltamos para o colégio só que agora terceiro ano,e parece que ele adora se amostrar porque é do terceiro ano, ocupa uma das melhores posições no jogo, tá famosinho, resolveu estudar uma coisa que realmente é muito rara e agora tá assim, chato, não aguento nem conversar com essa criatura. Ao mesmo tempo que o Peeta se converteu e deixou o lado obscuro, o Cato que sentava com a gente mudou da noite pro dia.

– Ja tentou conversar com ele? - Madge perguntou.

– Não tenho paciencia, mas as vezes ele vem, mas as vezes MESMO, da uma de amoroso e eu idiota caio e esqueço tudo quando ele tá comigo, mas assim que vai embora da vontade de me bater por ser tãosangue fraco.

– Carne fraca. - Corrigi e ela me deu dedo.

– Foda-se só sei que quero que ele volte a ser como era antes, faço qualquer coisa.

– Quer que eu peça pro Peeta conversar com ele? São amigos, ele pode dar uma força e mostrar como saiu dessa, ai vai ser melhor e quem sabe o Cato não mude mesmo.

– Meu sonho é que ele apareça e fale que mudou por mim. Eu morro. Custou para eu ficar com esse garoto e agora acontece essas merdas? Mas sim, eu quero Katniss, eu adoraria que você fizesse isso, vou te amar eternamente.

Eu e Madge caimos na risada.

– Okok.

– E o noivado? - Madge perguntou. - Vocês estão bem né?

– Isso, essa historia de noivado que não fui muito bem informada.

– Estamos bem e continuamos noivos. So passando por uns problemas, mas não entre nosso relacionamento. Por incrivel que pareça nos resolvemos bem, e Clove me desculpa eu ando esquecendo de contar, tipo contei pra Madge e ia te contar mas aconteceu tanta coisa.

– Tudo bem, em bem que notei esse anel ai e o Cato me contou. Antes de virar um idiota.

– Relaxa que pro Cato tem volta.

– Espero que sim, sabe eu estava pensando em apresentar ele pra minha família, quis muito fazer isso. Como vocês sabem eu nunca namorei sério e quero fazer as coisas certas agora.

– Isso é otimo e muito fofo, super apoio. - Mad falou.

– Sim, amanha eu falo com o Peeta e já pode ir se preparando mentalmente para esse jantar, vamos ajudar com todo o necessario.

– Inclusive preparação. - Madge disse sorrindo.

Clove assentiu e alguém bateu na porta, era a empregada.

– Madge tem visita para a senhorita... Ever... Everd...

– Everdeen, eu mesma. - Falei estranhando.

– Vamos la ver.

Descemos as escadas todas juntas e quando chegamos na entrada encontrei com meus pais, eles não pareciam nada contentes.

– Desculpa aparecer aqui, mas temos algo serio a falar com você, primeiro é sobre a viagem e segundo sobre... Os pais da Delly. - Meu pai disse.

Acho que nesse momento todo mundo congelou.

– O que tem eles?

– Precisamos conversar em particular.

Olhei para as meninas, não queria ir embora, planejamos uma tarde toda jogando conversa fora, esses programas retardados que garotas marcam. Ia ser bem legal antes dos meus pais aparecerem, agora eu duvidava muito que meu dia continuasse bom.

– Tudo bem Kat, depois você volta.

– Ok.

Abracei as duas e me desculpei, em seguida sai com meus pais. Entrei no carro deles e meu pai foi dirigindo para a nossa casa.

– Não gostei do jeito rude que falou comigo no telefone a ultima vez. - Minha mãe disse.

– Estava expressando minha raiva.

– Belo modo de expressar, vamos conversar sobre isso também.

Revirei os olhos e esperei chegarmos em casa. Foi muito rapido até. Sentamos na sala e meu pai começou a falar.

– Estava ainda em processo o caso dos pais da Delly, o crime. Queriam abrir queixas contra você por causa do acidente mas isso foi um absurdo porque era ela que estava querendo te matar, deixamos isso por fora. Os pais dela não iam levar cadeia pela prim, por causa de testemunhas, eles tem muitos contatos, muito dinheiro e são da pesada. Conseguimos um apoio muito forte e hoje pela manhã eles foram condenados a 45 anos de cadeia, ou seja, já era pra eles.

– E a justiça foi feita, pelo menos alguma coisa.

– Sabe com quem arrumamos esse apoio muito forte?

– Quem?

– Com os Mellark, fomos trocando favores, muitos favores, um deles erade que nossas empresas se juntassem e fizessem uma grande parceria uma coisa que nunca ocorreu antes.

– Hum... Interessante. A preço de que?

– Da parte deles é deixar você ir embora conosco.

– COMO?

– Pelo visto você não ia aceitar ir com a gente para a Inglaterra, então selamos um acordo de família, acha que não sabemos, uma das suas opções é se casar com Peeta quando fizer 18 e não ir, outraé tomar rumo da sua vida e ficar com ele. Mas você vai com a gente, e por isso vamos antes de você fazer 18 e antes do colégio acabar. Peeta não tem permissão nenhuma de fazer com que você fique, nem casar.

– VOCES ESTAO LOUCOS? EU NUNCA VOU ACEITAR ISSO? NEM ELE? VOCES SAO DOENTES? TUDO ISSO PARA EU IR PRA AQUELA PORCARIA.

– Ficar aqui tá perigoso pra você e nossa família, os pais de Delly foram presos mas existem outros....

– VIROU MAFIA AGORA E?

– Entenda que é o melhor que estamos fazendo.

– Me separando de Peeta?

– Temporariamente, depois vocês vão se ver, eu prometo.

– Não acredito em nada que venha de vocês, eu odeio vocês!

– Katniss!

Sai da sala e fui para o meu quarto correndo. Tranquei a porta e peguei meu celular, eu estava tremendo.

– Amor? – Peeta disse atendendo.

– Me diz que você já sabe dessa ideia doente dos meus pais.

– Sei, meus pais estão quase me implorando para que eu não impeça você de ir e que isso vai ajudar o acordo das empresas mas eu não to nem ai, neguei tudo, não vou deixar que você va.

– Mas eles vão me arrastar.

– Você quer ficar comigo?

– Claro que quero, se eu pudesse...

– Isso é a coisa que você mais quer? Eu preciso saber, eu arrisco qualquer coisa.

– Eu quero; é a coisa que mais quero passar minha vida com você, eu te amo.

– Eu te amo muito. Preciso te ver. Ja tenho um plano.