Nathalia pov

Por que a Giullia insiste em não me entender, em não se tocar que eu sou exagerada e desligada para as coisas? Quando ela vai entender que eu fico olhando para algo diferente, e paro brisada para aquilo?

- Nathalia.... acorda menina – ela me bateu tão forte no ombro que realmente não tinha como não acordar.

- Que é... – disse baixo, resmungando. Virei minha cabeça para cima, e estava a cabeça de Giu de encontro a minha. Mostrei a língua pra ela, e ela retrucou.

- Vamos fazer compras. Precisamos de alimentos para estocar aqui em casa, se não morreremos de fome! – exagerada ela. Quem aqui um dia irá pensar em morrer de fome? Ah é, ela por que é gorda, faminta e ... brincadeira!

- Vem vamos... – ela disse me puxando, e só deu tempo de colocar a minha sapatilha que estava jogada no chão, a poucos metros do sofá. Coloquei uma ao contrário, e sai mancando enquanto Giullia trancava a porta cuidado. Ainda tentando colocar a sapatilha no pé, esbarrei em uma garota que estava na porta do elevador.

- Opa... desculpa. – soltei uma risada escandalosa, e a garota deu risada. Do que ela tava rindo? – Oi meu nome é Nathalia. – sorri desejadamente.

- Ah oi... – respondeu com um sorriso enorme no rosto, realmente muito fofa. Olhei-a dos pés a cabeça, e a menina estava vestida devidamente bonita, e fiquei encantada. – Meu nome é Karla, prazer. – ela estendeu sua mão, e fui de encontro a sua.

- Aquela ali é Giullia. – apontei para ela que ainda fechava a porta, e abriu um sorriso ao ouvir seu nome. – Estamos hospedadas aqui nesse apartamento, vamos passar as férias aqui em Londres. – sorri, finalizando.

- Ótima escolha... a cidade é maravilhosa! – respondeu Ká sorrindo, e cumprimentando Giullia que vinha em nossa direção. – Praaaaaazer! – berrou ela.

- Estão indo para onde? – perguntou Karla ao entrar dentro de elevador. Fizemos o mesmo, e apartamos o botão do térreo.

- Vamos fazer algumas comprinhas. – respondeu Giullia. – Precisamos de alimentos. – sorriu.

Karla ofereceu uma carona para nós, e nos deixou no mercado mais famoso da cidade, como disse ela. Fui olhando com atenção cada movimento das pessoas, e estava adorando tudo aquilo. Giullia foi no banco da frente do carro de Karla, e puxava assunto a todo segundo. Havia gostado dela, e acho que Giu também. Ela se despediu, dizendo que tinha de ir para a faculdade, pois ainda não estava de férias. Peguei minha bolsa, e agradeci Ká, indo em direção de Giullia que já estava perto da porta de entrada do mercado. Corri para pegar um carrinho, e Giu fez cara feia. Ok, fui criança agora, mais nada demais. Depositei minha bolsa dentro do carrinho, e fomos direto para a sessão de guloseimas e doces.

- Isso vai, isso aqui também, e opa.... isso é ótimo! – disse enquanto puxava um pacote de doritos, algumas bolachas doces, e uma barra de chocolate.

- Vamos engordar desse jeito.. temos que nos manter saudáveis sua pestinha. – disse Giullia puxando um pacote de bolacha salgada da prateleira. Férias com bolacha salgada? Ah não, isso não cairia bem.

- Giulliaaaaaaa – gemi baixinho, enquanto ela fazia cara feia para mim. – Pega aquela barrinha de morango ali vai, é bem melhor. – apontei para ela.

- Vai Nat, pega logo.. mais engorde sozinha também! – ela riu, e fomos para a sessão de pães. Pegamos alguns presuntos, mortadelas, queijo e pão francês. Depois enchemos o carrinho com papel higiênico, sabonete, shampoo e todas aquelas coisas de higiene que é necessário para duas meninas sozinhas e perdidas em outro país. Pagamos com o cartão de crédito da Giu, e saímos com as sacolas devidamente apertadas em nosso braço. “Ai isso doí” – pensei enquanto arrumava a sacola que estava no meu braço direito mais para cima. Giullia tentou chamar um táxi, mais o primeiro passou reto. Mesma coisa com o segundo e terceiro que passavam nos minutos seguintes.

- Qual é, eles não parar para nós? – perguntei quase gritando, e Giullia mandou eu calar a boca. Acho que tinha umas seis sacolas em cada braço meu, e a mesma coisa no de Giu. Ouvi uma voz falando atrás de nós, mais pensei que não era com a gente, então ignorei.

- Ei, vocês mesmas! – apontou uma menina bonita por sinal, belo corpo e loirinha clara. Ela atravessou a rua, parou na nossa frente e começou a falar.

- O ponto de táxi é no final da rua, eles nunca vão parar para vocês aqui. – ela piscou. – Querem ajuda até chegar lá? – estendi uma das minhas mãos, e ela pegou três sacolas minhas, e três da minha amiga. Fomos andando seguindo a garota que ainda não tinha comentado seu nome, e íamos totalmente de cara feia, afinal brasileira é toda preguiçosa né? – Meu nome é Isabella, mais se quiserem podem me chamar de Isa. – a menina continuava sorrindo, simplesmente muito simpática e fofa. – Meu nome é Nathalia – sorri para ela, e respectivamente ela deu risada. – sim, sou atirada mesmo e não to nem ai, ri em pensamento.

- Meu nome é Giullia... me chame de Giu, eu gosto mais! – disse Giullia que estava com a respiração acelerada, devido à nossa bela caminhada até chegar no tal ponto de táxi.

- E vocês devem ser gringas! – disse Isa rindo. – Nada contra, mais o inglês de vocês tem um sotaque bem diferente! São da onde? – perguntou.

- Somos do Brasil! – respondeu Giu. – Nosso inglês não é tão bom, mais foi o suficiente para conseguirmos nos comunicar fora do nosso país. – finalizou.

- O inglês de vocês não está nada ruim! – incentivou. – Está perfeito! – disse ela  colocando as sacolas no chão. – Adoro brasileiras! – disse com empolgação.

- Obrigada Isaaaaaaaa. – gritei de animação. – Aqui é o ponto? Ah sim, é aqui mesmo. – respondi fazendo Isa e Giu darem risada.

- Meu telefone está anotado aqui. Se precisarem de alguma coisa me liguem. Adorei conhece-las. – ela entregou um papel para Giu, que deu uma olhada básica, e guardou em seu bolso. – Preciso ir agora meninas. Prazer! – Isa beijou nossas bochechas, e saiu andando rua à fora.  Olhei soltando um sorriso para Giu, e ela contribui, pegando novamente as sacolas que estavam no chão. Cinco minutos depois, um táxi para na nossa frente, e peço para que nos leve no nosso apartamento. Pago o motorista com as belas notas inglesas, e íamos para o hall de entrada.

- Essas sacolas estão machucando o meu braço! Olha como estão vermelhos. – estendi meu braço para Giu e ela soltou uma risada feia.

- Menina, larga de frescura, já estamos chegando. – respondeu com dificuldade, afinal não era apenas eu que estava com dores nos braços de levar essas sacolas pesadas.

- Vocês querem ajuda? – ofereceu um garoto, não muito alto, de cabelos dourados. Vi Giu conversar com ele quando chegamos, mais não prestei atenção e nem me lembrei dele em seguida. – Posso ajudar vocês à levarem as sacolas até o apartamento? – ele sorriu.

- Ah a-h-h é que... ah-ah, agradeceríamos a sua ajuda. – respondi em plena crise de dificuldade, aquele garoto era muito lindo para ser um simples zelador. Sacanagem.

- Obrigada Liam. – respondeu Giu entregando apenas 3 sacolas para ele, que também pegou algumas minhas.

- Vocês se conhecem? – perguntei na dúvida, afinal meu nome é Nathalia e sou curiosa mesmo.

- Hoje de manha quando chegamos ele se apresentou para mim! – dei uma engasgada, e Giu riu em seguida. Liam continuou andando para o elevador, e fomos caindo em paixões nos pés dele. Como disse, aquele garoto era muito bonito para ser zelador!

Subimos até o nosso vigésimo andar, e Giu bufou de cansaço. Compreendi, e peguei as sacolas da mão de Liam, fazendo nossas mãos se tocarem por alguns segundos.

- Ah desculpa! – disse tímida, mais de tímida vocês sabem que não tenho nada, e isso foi apenas charme.

- Não tem nada! – piscou para mim, e me entregou as sacolas. Ok, foi isso mesmo? Ele piscou pra mim? Giullia me carrega no colo que eu vou morrer em poucos minutos.

Colocamos todas as compras em cima do balcão, e voltei para fechar a porta. Liam não estava mais lá, nem na frente da porta do elevador. Menino misterioso esse, pensei. Fui para a cozinha escorregando no chão que estava sujo de poeira, olhei torto para Giu e ela simplesmente deu risada de mim.

- Hmm, gostou do zelador. – disse debochando.

- Que nada, ele só é gatinho... – respondi sentando em cima do balcão. – E aí, o que vamos fazer hoje? – perguntei entusiasmada.

- Primeiro dia de férias, e já que fazer algo? Amiga, vamos descansar. – disse Giu toda preguiçosa, se jogando no sofá, deixando suas pernas totalmente para cima.

- Não quero descansar. – gemi, e sentei do seu lado. Olhei para a televisão que estava empoeirada, e desligada. Pude ver o reflexo de Giullia na tv, e gemi baixinho “giu, vamos sair vai...”

- Tá tá... você me convenceu! Vamos onde então? – ela perguntou se levantando, sentando em postura reta ao meu lado.

- Sei lá... tem algum panfleto de atrações da cidade? – dei risada, e Giu caiu na gargalhada comigo. – Tá exagerei, mas... – a campainha toca, e dou um pulo sem querer do sofá.

- Quem será?

- E eu vou saber? Só vamos descobrir se atendermos né.. – fiz cara de deboche, e ela bateu em meu braço. Fui em direção da porta, e olhei no olho mágico. Giu começou a me bater, perguntando quem era, e apenas respondi com “é uma menina”. Ela fez sinal para que eu abrisse a porta, então assim fiz.

- Oi garotas! – disse a menina na porta, não muito arrumada, porém muito bonita. Era baixa, cabelos claros, e olhos azuis. Seu shorts cinza curto rasgadinho nas pontas, e sua t-shirt de London dava um charme para o seu estilo. Desci os meus olhos para o seus pés, e vi a menina de havaianas, ual, algo do Brasil por aqui. Voltei meus olhares para as suas mãos, e vi que a menina carregava uma bandeja prata, e o cheiro parecia bom. Ótimo, comida caseira.

- Oiiiiiiiiiiiiiiii. –respondi alegre. – Vem entra. – puxou a Giu.

- Fiquei sabendo que duas meninas iriam se hospedar aqui no condomínio, e resolvi agrada-las com uma sobremesa deliciosa. Sejam bem vindas! – ela se sentou no sofá após convidarmos para isso, e abriu a bandeja que estava em sua mão. – Bolo de chocolate – ela sorriu.

- Meu deus! Eu amo bolo de chocolate. Foi você quem fez? – disse Giu se aproximando da bandeja, passando o nariz nela, fazendo cara de desejo.

- Não exatamente..... – ela riu de canto, enquanto a Giu ainda cheirava o bolo.

- Sua mãe?? – dei risada tentando converter a situação.

- Meus amigos... – ela entregou, e então sorri. – Eles queriam mexer na cozinha, não achei uma boa ideia mais se não fizesse o pedido deles, iriam me comer viva. – a garota deu risada, olhando para a Giu que se afastou da bandeja após saber que homens fizeram aquilo. Não na maldade, mais poderia sair algo venenoso dali. Homens na cozinha não dá muito certo.

- E quantos anos esses seus amigos tem? – perguntou Giu fazendo charme.

- Uma média de 18 anos! – peguei a bandeja do colo da garota, e coloquei na mesinha de frente para o sofá. A menina era muito legal por sinal, e ficamos conversando ali por quase quarenta minutos. Perguntamos o seu nome, e assim ela fez com a gente, e demos muitas risadas.

- Bom Giu e Nat, vou indo... tenho algumas coisas pra fazer lá no apê! A gente vai dar uma festa amanha, se vocês quiserem ir, estão convidadas pelos meninos, que por sinal não estão aqui! – ela riu, e então caímos na gargalhada juntas. Fui para a porta me despedindo dela, e então ela desapareceu pelo corredor.

- Um amor ela! – disse Giu sentando no sofá, e abrindo a bandeja para pegar o bolo.

- Gostei dela também... mais vou gostar mais quando ver os tais amiguinhos dela. – sorri maliciosa, pegando um pedaço do doce.

- Calada que você gostou do zelador! – disse Giu debochando da minha cara, e então caímos na gargalhada juntas, comendo o bolo de chocolate.