Datherine Forever escrita por Martina Santarosa


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi gente bonita! Mais um capitulo! Esse ficou grande! haha'
Obrigada a todos que acompanham! Espero quem gostem!
XOXO



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                Alcanço a porta do quarto com dificuldade. Minhas pernas tremem e agradeço em silencio por ninguém aparecer no corredor. Não conseguiria ser forte o bastante pata enfrentar alguém, não agora.

                Entro no quarto cambaleando e descanso a testa na porta fechada. Uma sensação de calma invade meu corpo ao sentir o deliciosos aroma que toma meu quarto. Respiro fundo e deixo meu corpo relaxar. Apoio minhas mãos na porta para evitar cair. Sei que em algum lugar no caminho entre a cela de Damon e meu quarto eu perdi meu coração.  Simplesmente não o sinto mais bater. Há um vazio em meu peito que não vou preencher, porque não é possível. Não sem ele.

                – O passeio foi cansativo?

                Me viro em um pulo, assustada. Estive tão mergulhada em minha dor que nem percebi Klaus em meu quarto, sentado na ponta de minha cama coberta de flores. Sim, coberta de flores. Olho em volta e olho de novo para ele, tentando entender.

                – O que achou? – Ele sorri.

                Olho para as flores e retribuo seu sorriso. Não sei bem o que é isso, mas tenho de admitir que é lindo. Inúmeros delicados cravos vermelhos e brancos,que perfumam todo quarto, me deixando relaxada, e no meio uma linda e exuberante orquídea roxa.

                – O arranjo é lindo – suspiro.

                Caminho até a cama e ele se levanta. Pego um cravo e levo ao nariz, inalando o delicioso perfume e vejo que Klaus sorri de leve. Fecho os olhos e desligo toda dor. Forço tudo o que acaba de acontecer, todas as palavras ditas e não ditas, os sentimentos por Damon, meu vazio emocional, tudo a ficar em um canto da minha mente.

                Olho Klaus pelo canto do olho e sorrio, maliciosa.

                – Tudo pra mim?

                – Passei por uma floricultura, e achei bonitas – ele da de ombros. – Achei que ia gostar.

                – Sou uma “prisioneira de honra”! – rio, irônica, mas ele não ri.

Deixo a flor em cima da cama e caminho até minha prateleira de livros, com o passo lento e sensual, passando muito perto dele, fazendo com que ele acompanha cada passo meu com o olhar. Não sei se isso é certo, dada à situação, mas as frustrações do dia me deixaram com saudades da velha e poderosa Katherine, me deixaram com vontade de brincar.

Deslizo meus dedos pelas fileiras de livros, sem pressa, até que acho o exemplar que estava procurando. Tiro o livro da estante e me viro para Klaus, mostrando-lhe a capa com um sorriso de quem arma um plano malvado.

– Significado Das Flores – leio o titulo em voz alta com um sorriso de conspiração, me aproximando dele. – Vamos ver o que querem dizer as flores que o senhor me deu.

– Vamos lá – ele sorrir também, deixando que eu folheia as páginas.

Sinto que Klaus me acompanha com os olhos, e sei que ele se diverte com isso. Normalmente também me divirto com meus jogos, mas hoje sinto esgotada. Mas mantenho o sorriso irônico e sexy em meus lábio e tento não deixar transparecer em meus olhos os sentimentos que lutam para voltar.

Acho a pagina e indico com o dedo sorrindo.

– Orquídeas – olho de relance e vejo que ele sorri. – As orquídeas são flores com longa duração de vida e particularmente são perfeitas para muitas ocasiões. Sua reputação como uma flor exótica e incomum evoca um senso de refinamento. As orquídeas possuem um lugar e significado especial como uma das flores mais sedutoras e cativantes, podendo significar beleza feminina, perfeição, desejo e luxúria – leio.

 Um sorriso malicioso surge em meus lábios e me aproximo dele, apoiando minha mão em seu peito e encostando minha coxa na dele. Encaro seu lábios, com cara de segundas intenções e depois fito seus olhos mais uma vez, mordendo o lábio.

Desejo e luxuria? – falo de vagar e insinuante.

Ele me olha com um olhar na mesma intensidade do meu, e realmente penso em beija-lo. Talvez afogar minhas magoas em sexo. Isso funciona às vezes. 

Me aproximo ainda mais dele, a ao olhar seus lábios mais uma vez me lembro da primeira vez em que o beijei. Meu Deus, como as coisas mudaram. Me lembro da menina que eu era. Eu tinha 17 anos, estava apaixonada por um lorde sedutor e misterioso e nunca diria não a ele. Lembro como na época pensei que ele curaria as feridas em minha alma, como tive esperança de que com ele pudesse ser feliz de novo. Esperança, sempre essa palavra.

Meu sorriso diminui com todas essas lembranças. Abaixo os olhos, fingindo olhar para o livro, tentando me controlar, mas a cada lembrança a barreira em meus sentimentos fica mais fraca, o muro se desfaz. Imagens do passado passam pela minha mente, e os sentimentos afloram, querendo se libertar, sair pelos meus olhos, pela minha garganta, me derrubar. Faz tanto tempo que não penso nisso...

– Por que não vê o que significam os cravos? – Ele segura meu queixo com a ponta dos dedos, levantando meu rosto e me olhando, dessa vez, com carinho.

Dou um sorriso irônico diante do olhar obviamente falso dele. Tento não admitir, mas isso machuca um pouco. Mostra o quão patética estou, com meus sentimentos claramente aparentes, tentando me tornar mais uma vez aquela menina indefesa que era quando o conheci.

Folheio as páginas, me recusando a ser aquela menina patética mais uma vez. Nesse instante odeio Damon. Em 500 anos, ele foi o único que conseguiu me alterar, me trazer de volta, me humanizar.

Respiro fundo ao encontrar a página. Me preparo mentalmente para parecer normal, fria, sensual, no controle. Dois segundos depois o encaro, com os olhos sem expressão e vejo seus olhos brilharem de leve. O odeio mais do que nunca nesse momento, vendo como se diverte com minha auto destruição. Serro os dentes e o olho com uma cara de raiva dessa vez, e me afasto dele.

– Os Cravos foram descobertos no Extremo Oriente, sendo mencionados em toda a mitologia grega romana – faço uma pausa, pulando a introdução e procurando direto o que as cores de cravo em minha cama significam. – Cravos brancos e vermelhos representam carinho e entrega, enquanto os vermelhos escuros denotam amor puro e latente – rio, cínica. – Acho que não fez a melhor escolha de flores.

– Eu acho que não poderia ter escolhido melhor – ele sorri de um jeito estranho e se aproxima de mim. – Sabe, nunca gostei de comprar nada que eu não saiba o significado, por isso sempre verifico antes.

Olho para ele, totalmente incrédula. O que ele estava dizendo?

– Já sabia do significado das flores? – Ele se limita a assentir com a cabeça e tenho vontade de espanca-lo. – Quer dizer que...

– É tão difícil assim de acreditar? – Ele parece até um pouco magoado ao perguntar.

Me distancio dele, não o quero perto de mim. O que ele esta dizendo? Que me ama? Tenho mais vontade ainda te mata-lo. Como ele pode fazer uma brincadeira estupida assim? Ele olha em meus olhos e se aproxima de vagar, mas a cada passo que ele da perto de mim eu dou um passo para me distanciar. Tudo de vagar, como se nós dois tivéssemos medo que algo explodisse. E eu sabia que esse algo seria eu.

– Vá embora – digo, quando já estou quase encurralada contra a parede. Ele continua avançando, sem prestar atenção no que eu falo. – Eu disse pra ir embora! – Tento gritar, mas minha voz falha. Aperto os dentes, não posso chorar. Não aqui, não na frente dele.

Ele ignora todos os meus protestos e me segura pelos braços. Tento empurra-lo, me soltar dele, mas ele é muito mais forte. Consigo atingir um soco em seu rosto, fazendo ele me soltar e cambalear para trás. Ele me olha chocado e eu respiro fundo, já com os olhos cheios de lágrimas.

– Eu disse pra você ir – minha voz não passa de um sussurro e sinto meu corpo fraquejar e meus joelhos cederem, mas não luto contra isso. Já fui maltratada, ridicularizada e acusada hoje e não consigo mais ser forte, não consigo impedir que todos os sentimentos que mantive tão distante por 500 anos voltem à tona. Então simplesmente deixo que meu corpo caia.

Mas não sinto o chão, não sinto o impacto contra meu corpo. Alguma coisa me impede de cair. Braços. Braços que me seguram e me aninham, como se tentassem me proteger. Mas nada disso importa, pois não são esses braços que quero envolta de mim. Não é nesse ombro onde apoio a cabeça que quero chorar. Mas apenas me aperto contra Klaus, deixando que ele me deite na cama, e choro. Choro tudo que não chorei em 500 anos. Choro por tudo que já me aconteceu. Choro até não haver mais lágrimas, até meus olhos estarem tão inchados que mal posso abri-los.

Penso em minha família que morreu por minha culpa. Penso em minha filha, que nunca pude conhecer, que foi levada de mim. Penso na solidão que sentia quando era humana. Penso em Klaus e em como ele terminou de destruir o que restava de bom em mim. Penso em todos esses anos que vaguei pela terra. Penso em Damon e em todas as vezes que errei com ele, em como ele nunca será meu.

Me encolho em minha dor, deixando que ela me consuma, que me mate por dentro, que revire minha alma. E depois que as lágrimas secam e os soluços diminuem, sinto que estou sendo levada, que tudo fica mais leve e escuro. Imagino que a morte deva ser assim, um momento de paz, quando depois de toda a agonia, você finalmente descanse. E enquanto deixo o torpor do sono me levar, desejo poder estar morrendo. 


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Notas finais do capítulo

E ai? o que estão achando? Se tiverem sugestões mandem, as vezes fico sem ideias!