Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 72
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Notas iniciais do capítulo

Yo people! Capítulo 72 pra vocês. Caprichei ao máximo, então espero que gostem :)
*ficha do Eriol disponível, ficha do Issei a caminho*



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Gray não ficou surpreso por muito tempo. Nick já esperava isso, mas no fundo queria que o impacto de sua aparição durasse mais do que trinta segundos.

Quando seu suposto ídolo avançou, a Vambrance estava crescendo em seu punho novamente, mas dessa vez Nick estava mais disposto a evitar outro buraco em seu peito – o ferimento que a placa de gelo cobria era de fato um buraco que tinha sangrado bastante antes de ser coberto, como se ele tivesse levado um tiro certeiro. Nicolas esquivou-se girando para o lado, aproveitando-se do gelo que formava a arena, mas dessa vez não tentou atacar Gray pelas costas. Preferiu se afastar, se agachar e pôr mão no chão da arena.

Ela tremeu e quatro pilares de gelo se ergueram em volta de Gray. Estes se juntaram e trancafiaram o veterano num paralelepípedo congelado. Agora sim Nick arriscou se aproximar. Tomando todo o impulso que pôde, socou um dos lados do paralelepípedo. Seu alvo afundou e ouviu o gemido de Gray. Só que não deu muito tempo para comemorar a vitória; em pouco tempo o gelo começou a se voltar contra o loiro e ele se viu na mira de garras de gela originadas da parede criada por ele mesmo. A risada do veterano soou através de sua prisão.

– Sua criatividade é impressionante. Mas vai precisar de mais do que isso se quiser “me dar uma lição”.

As garras se fincaram no ombro de Nick. Ele gritou de dor e as paredes de gelo, junto com as garras, se quebraram. Um satisfeito Gray apareceu. Girou, e com apenas um chute mandou o loiro de volta à beira da arena.

– Bem, bem... Isso já está ficando repetitivo.

O veterano foi até o rapaz caído e o levantou pela gola da camisa. Seus lábios se retorciam num sorriso torto, sádico e assustador. Ele ergueu a mão, que ganhou uma lâmina de gelo branco, e avançou.

Mas aí foi Nick que começou a rir. E então voltou à sua forma de gelo e derreteu.

– É mesmo? E que tal isso?

Gray se virou. O verdadeiro Nick ainda estava no pilar de gelo, agora segurando um grande arco de gelo e carregando uma flecha, cuja ponta brilhava.

– Você precisa treinar seus olhos, Gray.

Mas Gray já não estava mais lá. Nick se assustou. Em um piscar de olhos...

– Você também – o veterano sussurrou em seu ouvido.

A lâmina ainda em sua mão foi ficada no ombro de Nick. Ele trincou os dentes e tremeu de dor, mas não gritou. Desfez seu arco e jogou a cabeça para trás. Atingiu direto no queixo de seu oponente e o fez recuar. Nick também se afastou. Sua cabeça doía, mas era isso ou ter o ombro totalmente destruído.

Aproveitou o temporário atordoamento de Gray para cobrir seu ombro com mais uma placa de gelo. No entanto se interrompeu para dar uma olhada em sua roupa. A blusa xadrez que usava sobre a camisa se encontrava suja, com alguns rasgos, molhada e com um buraco onde Gray o atingiu com sua lâmina. Isso somado à luta com Yuri e as anteriores a deixava bem gasta. Nick suspirou e se livrou dela antes de cobrir seu ferimento.

Gray se recuperou e notou a blusa jogada no chão. Olhou para ela e para Nick com curiosidade, mas nada disse. O loiro estranhou.

– O que foi?

– Nada. – Ele retomou sua usual carranca. – Se for fazer strip tease, me avise logo para eu procurar um oponente mais interessante.

Disse o cara que está sem camisa...

– Não se preocupe, não irei.

– Ótimo. – Gray abriu um sorriso grotesco. – Por mais incrível que pareça, você está me interessando de verdade.

O chão voltou a tremer. Nick olhou para baixo, ansioso e preocupado. Não era ele dessa vez.

– Uma pena que você não seja o único capaz de controlar essa arena. – O sorriso do veterano desapareceu subitamente. – Eu a criei. Não ouse se achar o dono dela de novo.

Oito bazucas de gelo branco emergiram do gelo, duas de cada lado do rapaz, ainda presas ao chão. A abertura de cada uma começou a brilhar, indicando o disparo iminente. Nicolas ficou nervoso, contudo disfarçou isso em sua melhor expressão de indiferença.

– Sinto muito, mas acontece que você não tem muito poder sobre mim.

A área onde Nick estava de pé se abriu num buraco e o garoto mergulhou propositalmente na água fria do rio. Ainda pôde ver os oito tiros de gelo negro se chocando no ar antes de o buraco se fechar e ouvir um resmungo mal educado de Gray.

Nicolas se esforçou para identificar a extensão da arena. A água dificultava sua visão e temia que seus pulmões não fossem os melhores. Então encontrou seu centro e nadou até lá. Pôs a mão ali para colocar um grande círculo mágico e, alguns metros para a esquerda, usou sua magia para abrir outro buraco para emergir.

Gray o notou e se virou para o loiro. Este ainda tentava caprichar em sua indiferença enquanto o encarava. Depois de sair do rio duas vezes, estava mais do que encharcado e com muito frio, e o vento e a neve em sua pele não ajudavam em muita coisa. Seu oponente o encarava, imóvel, o rosto mandando uma mensagem clara de subestimação. Nick estava ansioso para tirar o sorrisinho crescente de seu rosto e correu.

A região onde seus pés estavam tremeluziu quando um anel branco de luz se originou ali e foi crescendo para percorrer toda a arena a medida que Nick corria. Cada espaço preenchido pelo anel mudava da cor branca para a azul-gelo. A cor do gelo de Nicolas.

Quando Gray entendeu o plano do oponente, este já estava bem perto dele e já tinha dominado toda a arena. Nick freou no meio do caminho e, sendo arrastado pela própria velocidade, se abaixou para tocar a chão. Agarrou algo que crescia ali e puxou, revelando uma larga espada de gelo com um leve brilho prateado na lâmina. Diante do inimigo, Nick a girou em sua direção.

Ice Make: Sigmund’s Sword!

Mas Gray se preparou para isso, confeccionando sua própria espada: esta, extremamente larga, grossa e poderosa.

Ice Make: Cold Excalibur!

As duas espadas chocaram-se com um grande barulho. Porém elas não quebraram ou racharam, ao contrário do que o som sugeriu. Ambas permaneciam intactas, uma lenda tentando superar a outra.

E então Gray sorriu, aquele sorriso assustador que já lhe era característico, e a ponta de sua espada se modificou. Ela cresceu e se curvou para continuou avançando na direção de Nick. Este ainda conseguiu se virar no último segundo para que a espada, ao invés de atingir o meio de seu rosto, cortasse apenas sua bochecha, sua orelha e um pouco de seu cabelo. Quando pensou que tinha o ataque tinha acabado, porém, a Excalibur de Gray voltou ao normal e a estendeu na direção do rosto do oponente. Apertou seu cabo com força e ela estourou numa nuvem violenta de fragmentos de gelo.

Se Nick não tivesse fechado os olhos com certeza estaria cego a essa altura. Cada caquinho de gelo atravessava sua pele como espinho, alguns perfurando e outros cortando. Passaram por seu rosto, seus braços, seu abdômen... Parecia não ter fim. Nicolas estava cansado de ficar preso nessa nuvem de dor. Ergueu a mão e focou-se em absorver cada partícula que o feria. Sua mão foi arranhada no processo, mas conseguiu criar um pequeno círculo mágico azul e aos poucos trazer para si os cacos que flutuavam, enlouquecidos, ao seu redor. Pedacinhos de gelo dolorosos como agulhas saíram de sua pele para se juntar a nuvem. O sorriso de Gray, daquele que deveria ser seu ídolo, foi morrendo aos poucos. Através de tantos cacos de gelo, o rosto de Gray parecia ainda mais frio e sem vida. Foi naquele momento em que Nick soltou o suspiro de conformação final: aquela pessoa a sua frente não era a pessoa que ele idolatrava desde a infância. O resquício de esperança desapareceu e isso foi bom. A ideia de que aquele Gray era seu inimigo predominou em sua cabeça e sentiu que de alguma forma algo foi destravado dentro dele com isso.

–--

– O que faz aqui, homenzinho?

Um Nick de dez anos de idade se sobressaltou com a chegada repentina de uma mulher. Recolheu os livros que deixou cair no chão da biblioteca da Fairy Tail e os recolocou em seu lugar, tremendo com o susto.

– Ei, se acalme. – A mulher se abaixou diante dele. – Sou Kazumi. E quem é você?

– Eu... Eu sou Nicolas Evans. Pode me chamar de Nick.

– É um prazer, Nick. Novo na guilda?

– Sim.

– E o que faz aqui? – Repetiu a pergunta.

– Estava procurando algo sobre Gray Fullbuster...

Kazumi assentiu e passou a examinar os livros nas prateleiras enquanto falava.

– E por que quer algo sobre Gray?

Os olhos da criança brilharam.

– Porque ele é meu ídolo! Ouvi falar dele na Blue Pegasus e soube que foi um grande mago de gelo! Quero ser como ele!

A moça voltou a olhar para ele e sorriu.

– Você é um mago de gelo então?

– Sou. Ainda estou em treinamento, mas... – O menino confeccionou uma miniatura de espada de gelo na mão. – Eu tenho alguns truques.

Kazumi alargou o sorriso e bateu breves palmas.

– Eu vou te ajudar, então. – Kazumi se levantou. – Pra começar, tem uma menina aqui que também é uma maga de gelo. Seu nome é Sasha e ela é só um pouco mais velha que você. Posso falar com ela e perguntar se pode te treinar. Enquanto isso eu mesma procuro algum registro de Gray Fullbuster aqui. – Ela se inclinou e baixou o tom da voz como se fosse contar um segredo. – Aqui em baixo é empoeirado demais para você passar um dia inteiro.

O rosto da criança se iluminou.

– Você faria isso por mim?

– Claro. Considere isso um presente de boas vindas.

– Obrigado! – Nick abraçou a cintura da moça. – Eu vou dar meu melhor nos treinos!

– Que bom. E tem mais uma coisinha...

Kazumi tornou a se abaixar e procurou algo no bolso. Tirou de lá um colar prateado com um pingente em forma de floco de neve. Os olhos do pequeno brilharam quando ela pôs o objeto em suas mãozinhas.

– Eu achei isso há algum tempo e estava procurando a pessoa certa para dar de presente. Acho que serve perfeitamente para você.

– Uau! Muito obrigado, tia Kazumi!

O rosto da moça ficou estranho, seus lábios tremeram e se contorceram num sorriso forçado e muito, muito estranho. Ainda assim, ela disse:

– Não tem de quê, rapazinho. E como bônus vou te dar um conselho.

– Qual é?

Ela fez um gesto para que o menino se aproximasse e sussurrou em seu ouvido:

– Não importa o que quanto Gray tenha sido poderoso e o quanto você o idolatre. Lembre-se de nunca seguir os passos de outra pessoa e sempre seguir seu próprio caminho até achar sua própria força interior.

–--

Nick nunca se sentiu tão grato por Kazumi ter lhe dito aquilo ao invés de matá-lo por chamá-la de “tia”.

Antes de desfazer por completo cada caco de gelo a sua frente, Nick se deteve por um momento. O rosto frio e opaco de Gray que aparecia através da nuvem estava diferente: tinha mais cor, ainda que trêmula, e era enfeitado com sorriso curto e um olhar que misturava severidade e carinho. Era estranho, porém, reconfortante e familiar.

Nicolas desfez a nuvem e Gray voltou a sua figura preta e branca. Decidiu ignorar o breve acontecimento anterior. Sentia-se restaurado, com uma onda de poder passando por seu corpo. Seus membros se fortaleceram, e tinha certeza de que isso não se devia apenas pela absorção dos cacos de gelo.

Pouco se importou com os detalhes.

O loiro diminuiu a distância entre ele e Gray dando um passo largo para frente com o punho erguido. O veterano logo preparou a defesa, mas Nick novamente aproveitou-se do gelo e deslizou rapidamente para trás do oponente. Ergueu o resto do braço para batê-lo em sua nuca. Dessa vez Gray foi empurrado com mais força para frente. Girou o corpo novamente e mais uma vez de abaixou para tocar o chão da arena. Círculos mágicos se espalharam ao redor de seu adversário e deles saíram punhos de gelo que cresceram e caíram juntos sobre Gray. Nick continuou o bombardeio de socos enquanto uma cortina de flocos de gelo se erguia enquanto o chão se rachava. Então, achando que tinha sido o suficiente, ele parou.

Nicolas já estava prestes a relaxar quando sentiu um nervoso repentino. Era como se uma onda de poder e medo se espalhasse por toda a arena e cada músculo do rapaz ficou tenso. A voz de Gray soou gradualmente, passando de um sussurro para um grito.

– Como você se atreve a achar que pode me dominar?!

A última onda de poder veio trazendo à arena a cor branca de volta. Nick deslizou no gelo que já não era mais dele e Gray socou o chão para executar sua magia.

Ice Make: Gungnir!

A arena tremeu e uma lança gigante surgiu cresceu logo abaixo de Nick, o prendendo na ponta. O rapaz sentiu todo o corpo paralisando e gelando. Lá embaixo, ao contrário do que esperava, Gray não riu.

– Nenhum poder novo que você possa conseguir vai te soltar daí. Espero que a altura seja boa o suficiente para que veja a cidade toda, para que contemple a desgraça de cada um de seus amigos. E como punição por tamanha ousadia, você será solto após a morte deles para viver sozinho e com um sofrimento maior do que pode aguentar.

Nick conseguiu ouvir os passos de seu inimigo quando ele se virou e começou a se afastar.

Teve vergonha disso, mas naquele momento não pensou tanto em seus amigos da Aliança. Por mais que os amasse, só conseguiu pensar em Hearther. Só conseguiu pensar que Gray estava indo para a cidade, se juntar àqueles que queriam destruir o que restou dos Evans. Esse sentimento fez crescer nele um calor estranho, um sentimento similar a loucura. As atitudes de Nick após isso foram totalmente inconscientes.

Ele abriu a boca e procurou o gelo acima dele. Conseguiu morder um pedaço e o gelo que sentiu na boca foi estranhamente gostoso e fez o calor em seu corpo se intensificar. O que restou de sua consciência notou que aquilo não passava de um poder de origem desconhecida. Seu lado inconsciente, porém, só pensava em usá-lo ao seu favor – e por algum motivo sabia exatamente como fazer isso.

O poder foi para sua boca e o calor ficou gelado de repente. Um formigamento passou por sua gengiva, sua língua e seus dentes. Então ele ergueu a parte não congelada de seu corpo e simplesmente soprou.

Esse ato simples liberou um rugido de inúmeros flocos de gelo.

O rugido se descontrolou, atingindo construções perto do lago, a beira do mesmo, a ponte, e por fim o gelo que o cobria. Os passos de Gray pararam de soar. A Gungnir foi quebrada e Nick caiu, mesmo que em nenhum momento o rugido fosse interrompido. Ele atingiu a arena e, consequentemente Gray. O chão se partiu em várias plataformas menores e Nicolas caiu em uma delas, alguns metros distante do veterano. O rugido agora atingia apenas Gray. Torturava Gray. Era um poder enorme e, por mais que Nick quisesse parar, incontrolável.

O ataque só parou quando seu poder se esgotou. O loiro precisou ofegar várias vezes para recuperar o fôlego. Caiu tontamente em sua plataforma e localizou seu oponente boiando no rio, as outras plataformas já despedaçadas. Nick não sabia exatamente o que tinha acontecido, mas mesmo assim respirou fundo mais algumas vezes e nadou até o corpo enfim inanimado de Gray. O carregou até o morrinho à beira do lago e se deitou ao lado dele. Seu cansaço já quase o fazia desmaiar quando uma curiosidade repentina apitou em sua cabeça. Meio temeroso, ergueu os braços.

Dessa vez as escamas os cobriam por inteiro.

Desmaiou.


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Yui)
Não sei como entendi o problema de Juvia, mas de uma coisa eu sei: ela é forte. Muito. Há uma diferença enorme entre minha água e a de Juvia, e agora mais do que nunca tenho que usar minha magia de gelo se quiser levar vantagem.
Calma, Yui. Você consegue. Você não está sozinha, afinal.
Não perca o próximo!
"A Magia do Criador"
Soreha, sayounará!



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