“O escuro, o fim;

A luz, o princípio;

Yin-Yang”

– Pare, Aiko! O que você está fazendo?!

Os magos da Fairy Tail gritavam, na tentativa de fazer Aiko parar o ataque. Ela começara a atacá-los sem mais nem menos, sem nenhum motivo aparente. Ela tinha os olhos opacos e murmurava de vez em quando algo sobre vingar seu avô.

Trancados na prisão de gelo, Dante, Ammy, Marry e Yui eram atacados a toda pela adaga da maga de gelo. Ela tinha uma velocidade incrível e uma habilidade impressionante com a lâmina, tornando cada vez mais difícil se desviar dos ataques. Aiko conseguiu desferir um corte na bochecha de Dante, um no braço de Yui, um no abdômen de Marry e um na perna de Ammy. Embora o motivo daquilo ainda fosse desconhecido, uma enorme onda de raiva e sede vingança a dominava, confundindo seus pensamentos e a impedindo de controlar o próprio corpo.

“Yin-Yang”, repetia uma voz dentro de sua cabeça.

“Saia da minha cabeça!”, ela respondia mentalmente.

“Oh minha jovem, deixe o Yin dominá-la! A escuridão é a chave! Deixe a escuridão possuí-la por completo!”

Aiko continuou atacando os outros contra a sua vontade. Ela juntou as mãos, preparando uma magia Ice Make. Uma bazuca de gelo foi surgiu em suas mãos. Aiko apontou para os magos da Fairy Tail, que ficaram encurralados em um dos cantos da prisão de gelo.

– Aiko... Não faz isso... – Pediu Yui.

– Ela está fora de si... – Murmurou Marry.

– Ice Make...

Aiko colocou o dedo no gatilho, e de repente mirou para a parede ao seu lado.

–... Ice Bazooka!!

O tiro destruiu a parede e continuou até explodir na mata, não muito distante dali. Os olhos de Aiko voltaram ao normal, sua mente clareou e ela desabou, sendo socorrido por Dante, que impediu que a garota caísse no chão.

– Você está bem? – Preocupou-se Yui.

Ela tinha acabado de tentar matá-los e agora todos se preocupavam com ela...

– Eu que devia perguntar se vocês estão bem! Desculpe pessoal, não sei o que aconteceu...

– Você ficou descontrolada – disse Marry. – Ficava falando sobre vingar a morte de seu avô, tentando nos matar... Estava muito estranha.

– Eu... Ouvi uma voz. Era de um homem, mas eu não reconheci... Porém, eu consegui localizar de onde seu dono vinha, e atirei naquela direção.

Ela apontou para o caminho devastado que se estendia após a parede de gelo quebrada. As outras três foram se desfazendo aos poucos. Uma pessoa caminhava na direção do grupo, e quanto mais ele se aproximava mais era possível identificá-lo: era um homem alto, usando roupas de mágico completamente negras, inclusive as luvas. Sua pele era bem clara e seus olhos tinham um tom profundamente escuro, e carregava uma expressão serena no rosto.

– Devo dizer que fiquei impressionado, minha dama! – Disse o estranho enquanto limpava a poeira de seu paletó.

Aquela voz...

– Era você! – Reconheceu Aiko. – Quem você acha que é para invadir minha mente?!

– Francamente... Sendo chamada de “dama”, esperava que agisse como tal.

– Seu canalha! Você é o único aqui que não pode ficar nervoso!

– Não estou nervoso, estou decepcionado – corrigiu. – Oh, que deselegante. Nem mesmo me apresentei!

O estranho fez uma reverência, tirando o chapéu e o colocando no peito, revelando um cabelo metade preto e metade branco, com uma mecha meio a meio caindo na sua testa.

– Sou o senhor das profundezas, o lorde dos céus! Sou aquele que marca seu início e seu fim! Sou o representante dos deuses e dos demônios! Sou Isaac, mestre do Yin-Yang, mago classe S da Realm of Darkness!

– Você é um cara bem contraditório – murmurou Ammy.

– Realm of Darkness? É uma Dark Guild? – Perguntou Marry.

Isaac se endireitou e puxou a manga de seu paletó e de sua camisa social. Em seu pulso estava marcado um símbolo de um castelo totalmente negro, no estilo mal assombrado.

– Nossa guilda é a mais poderosa entre as Dark Guilds! Sintam-se honrados por serem atacados por um dos mais fortes magos de lá.

– Acho que eu vou vomitar – disse Aiko.

Isaac apontou para a garota.

– Você, Aiko Fullbuster, é incrível! Tem uma quantidade equilibrada de luz e trevas preenchendo seu corpo! Com um pouco de treinamento será capaz de controlar seus dois lados perfeitamente, e eu posso te ajudar. – O mago estendeu a mão. – Seja uma aprendiza da arte Yin-Yang!

– Do que você ta falando...?

Diante de Isaac surgiu uma imagem do Yin-Yang.

– Yin: o escuro, o fim. Yang: a luz, o princípio. Todos os seres são compostos por luz e escuridão. Senhorita Fullbuster, vi que sua escuridão possui uma força imensa, e está em constante luta contra sua luz! Mas quando eu puder fazer sua escuridão vencer, e finalmente terá a sua vingança!

– Mas eu não quero me vingar. Não desse jeito.

Aiko se posicionou, como se estivesse se preparando para uma possível luta.

– Eu quero me vingar de forma justa e correta, não do seu jeito. Você me controlou para fazer algo horrível, Isaac, e eu não posso perdoá-lo por isso. Quando chegar a hora da minha vingança, me vingarei de meu próprio jeito.

Isaac sorriu.

– Então me diga: como irá se vingar?

– Descobrirei quando chegar a hora.

O mago tirou uma varinha de mágico da manga e a agitou. A vareta cresceu, e uma lâmina surgiu na ponta.

– Creio que você já tenha descoberto, se é assim.

Aiko não entendeu. Isaac bateu o cabo de sua lança no chão e sua pele aos poucos foi escurecendo. Suas roupas mudaram de preto para branco, assim como seus olhos.

– Aiko Fullbuster, tu és interessante. Seu objetivo é vingar seu avô, morto por um mago da Fairy Tail, e cria laços com pessoas dessa mesma guilda! Ainda assim não desiste de seu objetivo, continua determinada a matar esse assassino! E embora seu Yin grite tão alto, seu Yang a mantém firme e controlada! Esse equilíbrio é incrível...

– O... O que aconteceu com você...?

Isaac fez outra reverência, novamente colocando o chapéu no peito. Seu cabelo continuava o mesmo apesar da transformação.

– Essa é minha forma Yin. Aquela responsável por minhas más ações, a responsável pela morte de Gray Fullbuster.

A maga de gelo arregalou os olhos, assustada. Dante, Marry, Amy e Yui continuavam pasmos. Um mago da Fairy Tail havia assassinado Gray? Não era possível... Nunca tinham ouvido falar de Isaac na guilda. E mesmo que ele realmente tivesse sido um membro de lá, aparentemente não existia nenhum motivo para que ele matasse o membro do lendário Team Natsu. Não fazia sentido.

– Por quê?! Por que você fez isso?!

– Acho que uma boa pergunta seria: quando você foi um membro de nossa guilda? – Perguntou Dante. – Nunca ouvimos falar de você, e nunca vimos seus registros.

– Oras, quer dizer que o Mestre apagou meus registros? É justo...

Aiko sacou sua adaga e encostou a ponta da lâmina no peito do homem.

– Por que você matou meu avô, seu desgraçado?!

Apesar de toda a raiva, a garota queria chorar. Finalmente estava cara a cara com a pessoa que não só entrou em sua mente para controlá-la, como também matou seu avô, a pessoa que ela mais amava na vida.

– Eu te fiz uma pergunta!

– Se você quer tanto saber... Contarei. Mas não é uma história feliz.

– Isso é meio óbvio, não é?

Isaac suspirou e encarou a garota nos olhos.

– Se é o que você deseja...

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Fiore, X836...

Aiko tinha 5 anos naquela época. Seus avós continuavam vivos, embora já tivessem passado dos 70. Juvia e Gray, assim como vários veteranos da Fairy Tail, continuavam indo à guilda acompanhados de seus netos ou filhos. Aiko estava sempre lá com eles, embora não costumasse se interagir com outros netos de magos da guilda.

– Vá brincar com as outras crianças, Aiko-chan – aconselhava-a Juvia. – Natsu e Lucy trouxeram seus netos!

– Mas obaa-chan, eu quero ficar com vocês...

– Deixe ela, Juvia – dizia Gray. – A Aiko tem todo o direito de querer ficar com a família!

Naquela época, diversas guildas recebiam pedidos para caçar um criminoso. Diziam que essa pessoa era um Dark Mage e que já tinha cometido um assassinato. Por mais que os magos tentassem, não conseguiam encontrá-lo.

Embora os mais velhos da guilda já tivessem falecido – Macao, Makarov, Wakaba, entre outros – a alma da guilda continuava acesa mesmo com o envelhecimento dos membros mais populares. O Team Shadow Gear, Team Natsu e a Raijunshu tinham seus membros vivos, porém devido à idade não faziam mais missões. Era estranho ver todos velhos, mas infelizmente o tempo passa para todos. Contudo, eles deixaram seus sucessores para que a guilda nunca deixasse de existir, assim como o espírito da Fairy Tail.

Mas então aquilo aconteceu, e de repente tudo começou a desabar.

Gray estava caminhando até sua casa até que ouviu um grito sufocado não muito longe dali. Desconfiado, o mago de gelo seguiu o som, chegando até um beco sem saída, onde um jovem estava parado diante de um corpo inconsciente e com uma lança em mãos. Não devia ter mais de 12 anos.

– Ei, garoto. O que aconteceu aqui?

O garoto se virou assustado para Gray e apontou a ponta da lâmina para ele.

– Afaste-se.

– Você o matou?

– Afaste-se!

Então, o mago percebeu que em seu pulso estava a marca da Fairy Tail, na cor preta.

– Você é da Fairy Tail...? E tem coragem de matar uma pessoa sendo membro da nossa guilda?! Você é uma criança! O que ele fez?!

– Ele... Descobriu que eu sou... O Dark Mage...

Gray deu um passo para trás, assustado.

– Você...? O Dark Mage é só um garoto?

E de repente, ele começou a chorar.

– Desculpe! Eu matei esse cara e outra pessoa porque descobriram minha identidade! – Ele caiu de joelhos. - Eu não posso ser pego, por favor, senhor Gray, não me entregue...

– Desculpe, garoto. Não posso deixar você solto, não posso deixar que cometa mais crimes.

O garoto se levantou e encarou o idoso seriamente. Aquele choro tinha sido pura chantagem emocional. Ele ergueu a lança e, num rápido movimento, perfurou o peito de Gray com sua lança. O mago de gelo ficou sem reação, e quando percebeu já tinha um buraco no peito. Ele caiu no chão, inconsciente, se tornando mais uma vítima do Dark Mage.

– Minhas desculpas, senhores – disse ele, como um elegante adulto. – Eu pedi. Eu os pouparia se vocês me ouvissem. De qualquer forma, rogarei por suas almas para que tenham um bom descanso no céu.

– Ojii-chan!!

O garoto foi surpreendido pela voz de uma criança, e aparentemente ela se aproximava do beco. Ele viu uma janela que dava para o beco aberta, escalou a parede e entrou no apartamento, bem a tempo de ver uma garotinha se aproximar do corpo de seu avô. Aiko se ajoelhou diante dele e começou a sacudir seu corpo, e sem obter resposta, se pôs a chorar desesperadamente. Então sua atenção foi voltada à janela, onde viu um garoto que a olhava com um misto de pena e culpa. O mais importante: em seu pulso estava a marca da Fairy Tail. O garoto fechou a janela e correu como um fugitivo. Naquela hora, a intuição de Aiko apitou, indicando que ele era o assassino de seu avô.

Sem deixar de chorar, ela foi avisar todos os outros da guilda.

O beco não demorou a ficar apertado. O outro morto era um mago da Pegasus, sua guilda foi avisada e o corpo levado. Porém, achar Gray morto era diferente de achar um estranho morto. Natsu disse algo sobre querer ser jovem de novo para descontar sua raiva em tudo ali. Lucy chorou, desconsolada por perder um grande amigo. Erza e Wendy se sentiam tão mal quanto ela. Levy era consolada por Gajeel. Cana tentava não chorar, sem sucesso. Aiko estava encolhida num canto, se debulhando em lágrimas.

Mas sem dúvidas a pior reação foi da Juvia. A senhora passou por todos até conseguir ver seu amado já falecido. Não conseguiu conter as lágrimas, e nem quis. Queria chorar até não poder mais.

– Gray-sama...

A maga colocou a mão em seu peito e gemeu. Começou a cair, sendo acudida por Natsu e Romeo, mas não adiantava. Juvia havia tido um enfarte, e com muito pesar, se juntou ao seu amado.

– Obaa-chan!! – Gritou Aiko.

Gray fora assassinado. Juvia sofrera um enfarte. Aiko estava só, sem as duas pessoas que mais amava no mundo, e quase não podia suportar isso. Apenas o desejo de vingança a deixava em pé.

Do topo do prédio, Isaac assistira à tudo, e no final seu arrependimento foi tanto que lhe deu vontade de vomitar.

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– Seu desgraçado... Seu grande desgraçado!!

Descontrolada, Aiko partiu para atacar Isaac com sua adaga, porém ele desviava com agilidade. Isaac não parecia estar se divertindo com isso, não ria sadicamente do sofrimento da garota. Se Aiko parasse um pouco e prestasse atenção, perceberia que o homem estava realmente arrependido pelo que fez.

– O Yin está a dominando – disse Isaac. – Assim como me dominou. Acredite, irá se arrepender disso.

Isaac desviou de mais um ataque da garota e agarrou seu pulso, desarmando sua adaga. A garota tentou socá-lo no rosto, sem sucesso. O homem deu-lhe uma joelhada no estômago, fazendo-a se curvar de dor. Isaac a empurrou para que ela caísse no chão e logo em seguida apontou a ponta de sua lança para o rosto de sua oponente. Àquela altura, ele já tinha voltado ao normal.

– Eu tinha 12 anos, e matei três pessoas. A partir do momento em que descobri que sou um Dark Mage, eu perdi tudo. Meus pais se afastaram, ficaram com medo de mim. Eu fugi, tive que roubar alimentos e dinheiro para sobreviver. O Yin me dominou aos poucos... E um dia eu usei minha magia. Ela saiu do controle, e começou a destruir tudo. Foi então que eu me tornei um criminoso, um Dark Mage caçado por todas as guildas da cidade. Duas pessoas me descobriram e tentaram me prender, e eu os matei em legítima defesa. Quando seu avô me achou... Eu já estava dominado pelo Yin. E ele era muito mais poderoso do que meu Yang. Eu era uma criança, e perdi minha inocência muito cedo. Cresci muito cedo. Tornei-me uma pessoa má.

Aiko não ouvia. A cena de ver seu avô morto não saía de sua cabeça, e quando soube que seu assassino estava bem ali na sua frente, a única coisa em que pensava era em matá-lo. Ela não se importava se Isaac havia tido uma infância difícil, pois ele a fizera passar pela mesma coisa.

– Mas... Como você foi parar na Fairy Tail? – Indagou Marry.

– Eu precisava de um abrigo, e como ninguém conhecia meu rosto e não suspeitavam que eu era uma mera criança, procurei uma guilda. Primeiramente achei que meu lugar era numa Dark Guild, mas isso me tornaria mais suspeito. E como a Fairy Tail tinha uma boa fama, me juntei à ela na esperança de passar despercebido. Ainda coloquei a marca num lugar discreto, pois caso eu fosse descoberto, poderia simplesmente colocar uma pulseira. Ninguém veria minha marca, e a guilda sairia impune. – Isaac abriu um meio sorriso. – Mas é claro que ninguém reconhece isso. Ninguém reconhece quando um vilão faz algo bom. Porque a imagem de vilão é gravada para sempre nele, e todos esquecem que ele também é uma pessoa, esquecem que ele possa ter tido vários problemas os quais o levaram a vida do crime.

Isaac afastou sua arma do rosto de Aiko e abaixou-se para encará-la.

– Jovem dama, entenda que nem todos são maus porque querem. Nem todos fazem maldades porque querem. Às vezes, a vida os obriga a isso.

Mas ela ainda não ouvia.

Aiko deu-lhe uma cabeçada que o deixou atordoado. Rolou para o lado e recuperou sua adaga, porém, quando ia dar o golpe final de Isaac, Dante a segurou por trás.

– Me solta!!

– Não. Não vou deixá-la cometer esse erro.

– Do que você está falando, Dante?! Esse maldito matou meu avô! Ele acabou com a minha vida!

– Não acabou, não – disse Yui. – Seu passado já passou. O que importa é o que você é agora. Se você matar Isaac, aí sim destruirá sua vida.

– Um passo errado pode mudar seu destino, sabia? – Alertou Ammy. – Não faça isso consigo mesma.

– Aposto que seu avô não gostaria de vê-la matando alguém de propósito – afirmou Marry. – Ele era um mago da Fairy Tail, e nessa guilda nós não matamos nem mesmo a mais terrível das pessoas. Não temos o direito de tirar a vida de alguém. Ninguém tem.

– Calem a boca!! – Aiko estava decididamente descontrolada. – Calem a boca, calem a boca...

“Eles estão certos, Aiko.”

Era a voz de seu avô. Parecia mais jovem, mas com certeza era ele. Mas... Como? Como ela podia estar ouvindo a voz de seu falecido avô?

“Não o mate, Aiko. Eu não o mataria. Você tem sangue de um mago da Fairy Tail correndo em suas veias, não desonre sua família.”

“Ojii-chan... Ele te matou... E por causa disso, a obaa-chan também morreu...”

“E graças a isso, você é a pessoa que é hoje. É uma garota forte e madura. Faz parte de uma guilda onde tem amigos que se importam com você. Talvez isso não acontecesse se Isaac não tivesse me matado.”

“Mas... Como você pode dizer isso?! Você dizia que desejava que todos tivessem um final digno depois de passar a vida defendendo seus amigos e o mundo...”

“E meu final foi digno. E tenho certeza que Juvia também pensa assim. Com a nossa morte você traçou seu destino, e eu não poderia estar mais orgulhoso da minha neta.”

Ninguém entendeu quando Aiko começou a chorar.

“Eu sinto sua falta, ojii-chan. Da obaa-chan também. Sinto saudades do tempo em que estávamos sempre juntos.”

“Nós estamos sempre juntos, Aiko. Sei que você ainda pode sentir nossa presença em seu coração.”

E naquele momento, a garota chorou mais ainda.

“A vingança é sempre a pior escolha. Eu já quis vingança uma vez, e isso resultou na morte de uma pessoa muito especial para mim, e meu melhor amigo enlouqueceu. Não quero que algo assim aconteça com você. Desista da vingança, é o pior caminho que você pode seguir.”

Aiko assentiu, e todos continuaram sem entender. Dante a soltou quando viu que a maga estava mais calma. Ela foi até Isaac, que agora estava ajoelhado com os olhos fechados e a cartola sobre o peito, como se pedisse perdão silenciosamente. Ele realmente havia passado por maus bocados, e talvez realmente não tivesse tido escolha. Talvez a vida tenha o obrigado a cometer crimes.

– Eu honrarei o nome da família Fullbuster – disse Aiko. – Honrarei o sangue de magos da Fairy Tail, mesmo não sendo dessa guilda. Não decepcionarei meu avô, nem a minha avó. Não seguirei o caminho errado. Não destruirei meu futuro. – De alguma forma, ela conseguiu sorrir. – Não vou te matar.

Isaac abriu os olhos e a encarou sorrindo.

– Fico feliz que tenha conseguido me perdoar.

– Não disse que te perdoei. Só que não vou te matar. – Aiko soltou um suspiro antes de continuar. – Você teve uma infância horrível, eu sei. Eu também tive. Temos isso em comum, mas sabe o que nos diferencia, Isaac? O Yin te dominou. E eu lutei para fortalecer meu Yang.

Ela deu as costas ao homem e continuou a viagem, sendo seguida em silêncio por seus amigos, rumo ao desconhecido.

–---

Era o enterro de Gray e Juvia. Todos da guilda e amigos apareceram. A grande maioria chorava. Outros lutavam para não chorar. Mas Aiko não chorava, e não parecia fazer força para não chorar. Ela simplesmente já tinha derramado todas as lágrimas que podia.

Ao final, Lucy se abaixou diante dela.

– Você está bem, querida?

– Estou.

Mesmo assim ela a abraçou com força, porque sabia que a menina estava mentindo.

– Pode ficar na Fairy Tail – convidou Laxus. – Cuidaremos de você lá.

Aiko negou.

– Um mago da Fairy Tail matou o ojii-chan. Não posso ficar lá.

– Aiko, você está falando como uma adulta... – Espantou-se Erza.

– Eu trilharei meu próprio caminho, tia. Vou treinar, e caçar esse assassino. Vou me vingar.

– Não faça isso, Aiko... – Pediu Lucy.

– Deixe-a, Lucy – disse Natsu. Ele continuava sério desde que viu seu amigo morto. – A Aiko tem o direito de decidir que caminho seguir.

– Eu posso treiná-la, se quiser – ofereceu-se Lyon.

– Obrigada, tio Lyon. Eu adoraria.

O velho mago sorriu e a beijou na testa. Como amigo e senpai de Gray ele tinha o dever de cuidar menina até o final de seus dias. E seria um final digno, pois estaria fazendo a neta de seu melhor amigo se tornar tão forte quanto ele.

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