Blaine P.O.V

Eu estou me recuperando aos poucos. Já faz 20 dias desde que meu pai apareceu em casa e me espancou e eu, afinal, poderei voltar para a escola. Nunca achei que diria isso, mas sinto falta daquele lugar.

Para facilitar nossa locomoção, Burt comprou uma van de verdade, onde podíamos ir todos os dez. E ainda passávamos pegar o resto do clube do coral. Alguns dias depois, os garotos passaram a tarde pintando-a e agora parecia a do Scooby-Doo.

Como eu ainda estava mancando um pouco por causa dos machucados, Artie me emprestou sua cadeira sobressalente, pelo menos até a fisioterapia acabar. Finn e Puck me carregavam quando não dava para usar a cadeira e no resto do tempo, Kurt me empurrava.

Enquanto eu e Kurt andávamos pela escola, senti vários olhares sobre nós, de vários tipos: alguns eram de admiração, pois toda a cidade já sabia do acontecido, mesmo a gente não tendo prestado queixa formal contra meu pai, para evitar problemas.

Outros, e esses era uma minoria, para minha surpresa, eram de reprovação. Incluindo o de Joe Hart, que veio querer zoar-nos com raspadinha. Mas uma olhadinha de Finn e Puck o fez desistir.

Na sala do coral, uma verdadeira festa me esperava. Mesmo já tendo visto todos a caminho do colégio, eles me recepcionaram ali e disseram que me esperaram para, juntos, guardarmos nosso primeiro troféu.

Contaram sobre como havia sido a assembleia e que Santana e Mercedes tinham deixado todos embasbacados.

_ E depois, nós cantamos Tongue Tied. – contou-me Sugar – E ai sim todo mundo ficou maluco de vez.

_ Queria ter estado aqui. – garanti e eles sorriram.

_ Bom, o senhor não estava na assembleia, mas nada vai fazê-lo escapar das Regionais, mocinho. – ouvi Shelby, entrando na sala – Muito bem crianças, temos que conversar.

Rachel P.O.V

_ Eu vou me aposentar. – disse minha mãe simplesmente.

_ O que? – gritamos todos.

_ Traduz mãe! – pedimos eu e meus irmãos.

_ Desde que Hiram e LeRoy morreram, eu venho pensando muito nisso. – explicou ela, encarando as mãos – Eu trabalho muito crianças, não só como professora substituta aqui no colégio, como também treinando vocês. E isso não acaba quando eu saio daqui. Eu tenho que pensar nisso tudo em casa, além de exercer meu papel de mãe. Então eu conversei com o Figgins e eu vou ficar com a parte de instrutora vocal de vocês, mas quem vai cuidar do Glee será Will Schuster.

_ O professor de espanhol? – perguntou Britt e ela assentiu.

_ Will já foi do Glee, quando jovem. Eles ganharam uma Nacional. Ele vai treiná-los bem e eu, claro, estarei auxiliando. Mas eu quero ter mais tempo agora para ser mãe de vocês três. – disse ela nos olhando.

_ Você é uma ótima mãe. – garanti a ela, a abraçando. Logo Santana estava ao nosso lado e, nada discretamente, Puck também.

_ E, é claro, vou precisar de muito tempo para mimar meus netos. – brincou ela quando nos afastamos, fazendo todos rirmos e Quinn corar, enquanto meu irmão a beijava a acariciava sua barriga – O que me lembra que tenho que levar vocês dois ao medico.

_ Os dois é o cacete, por vamos todos nós! – disse Santana – Eu me recuso a perder as imagens dos meus sobrinhos. Tenho que escolher qual será meu afilhado oras.

_ E quem disse que você vai ser madrinha? – brincou Noah e ela se fingiu ultrajada.

_ Sou tua irmã gêmea, é praticamente lei que tenho de ser madrinha dos seus filhos. – disse ela, emburrada.

_ Epa, então eu também tenho que ser! – disse me levantando.

_ Devo lembrar que são só dois bebês? – perguntou Quinn – E eu também tenho uma gêmea.

_ Eu não quero ser madrinha. – disse Britt – Bebês são entidades do mal, revestidas de fofura. Não quero chegar perto deles até eles terem saído daí.

Todos a encaramos chocados, mas demos de ombros, nos voltando para mamãe.

_ Ok... Você vão na van. – disse ela, apanhando sua pasta – Só pra saber: quando vocês dizem todos, são os dez moradores da casa ou o clube inteiro.

_ Que pergunta mulher! – disse Kurt – Claro que o clube todo.

Ela riu, revirando os olhos e saiu da sala, deixando-nos ali gargalhando.

Quinn P.O.V

Sinto que virei um circo. Sério. Ainda bem que o ultrassom agora é externo e não por dentro de mim. Mamãe e Shelby conversavam na sala de espera, alheias a tudo em volta. A recepcionista parecia chocada com tantos adolescentes ali, mas não falava nada.

_ Eca, sua vagina vai ficar assim? – perguntou o nada discreto Rory, tomando um tapa de Sugar. Estávamos vendo um livro ilustrado sobre toda a gravidez, até o parto.

_ Mesmo que fique, você não vai saber. – garantiu Sugar e ele concordou, com medo do olhar da namorada.

_ Quinn Fabray? – chamou o medico e se assustou, vendo todos se levantarem – Todos vão entrar? – assentimos – Vai pau né?

Eu e Puck sentamos com nossas mães, enquanto os curiosos olhavam os quadros e maquetes. Ele fez as perguntas padrão, meu deu mais vitaminas e disse para trocar de roupa. Quando eu voltei, todos já me esperavam ansiosos.

O medico mediu minha pressão e batimentos cardíacos, mandando deitar logo depois. Quando eu expus a barriga, todos se admiraram. Só Puck a via exposta e ela estava realmente grande.

Ele despejou o gel, ligando o pequeno monitor dele e um maior, quase no teto, que era onde todos nós olhávamos. Ele apontou os dois bebês e nos deixou ouvir o coraçãozinho. Para variar, eu e Puck fomos as lagrimas, mas para minha surpresa, ouvi outras fungadas.

_ Ai que coisa mais liiiiiinda. – chorava Tina, secando os olhos com um lenço, fazendo todos se assustarem.

_ Bom, vocês querem saber o sexo? – perguntou ele e outras 15 vozes responderam ‘sim’ por nós dois. Eu e Puck demos de ombros e o médico riu, observando mais atentamente.

_ Bom... Esse é o pipi do filho de vocês. – disse ele, apontando o bebê da direita.

_ Ha, esse é meu garoto. – comemorou Puck, fazendo todos rirem.

_ Menos Noah, que eu já te vi pelado. – disse Rachel e ele lhe olhou cético.

_ É bom que tenha sido só a mim mesmo. – ameaçou ele e ela e Finn gargalharam.

_ E, como eu disse na primeira consulta, essa é a garotinha de vocês.

Todos pararam de repente, encarando a tela. Eu principalmente. Minha filha e meu filho. Um menino e uma menina. Uma princesinha e um principezinho. Noah sorriu, me beijando na bochecha, tão feliz que achei que explodiria. Santana e Rachel pulavam no lugar, abraçadas e Finn zoava meu namorado, que nem ao menos o escutava.

_ E como vão chamar? – perguntou minha mãe e eu e Noah sorrimos.

_ Só quando eles nascerem vocês vão saber. – disse meu namorado, fazendo todos fecharem a cara e começarem a protesta, enquanto nós dois riamos.