Lily acordou com olhos inchados e tão vermelhos quanto seus cabelos, ela não havia parado de chorar desde a hora em que entrou em seu dormitório e não importava o quanto suas amigas tentassem lhe consolar ela não parava de chorar.

“Não te entendo Lily”- lembrou-se do que Alice disse – “Você o trata mal desde o primeiro ano, sempre o botando para correr, sempre dizendo que não gostava dele, mas assim que ele desiste de você... Você começa a se desmanchar em lagrimas.”

“Eu também não entendo Lice, mas a dor é tão forte é como... como se alguém me chutasse no rosto varias e varias vezes.”

“Isso se chama coração partido, Lily” – disse Marlene “Apesar de você negar, você o ama.”

“Eu não amo o Potter” – gritou – “Eu só...”

“Só o que Lily Evans?” – perguntou Marlene “Gostava da atenção? Das flores? Dos apelidos? Ou de quando ele te chamava de senhora Potter? Admita Lily, você está caída pelo Potter!”

“Não, eu nunca...”

“Por Merlin, Lily” – gritou Alice completamente raivosa – “Você chama o nome dele enquanto dorme, nós te víamos sorrir toda vez que o via, ficava preocupada quando ele se machucava nos jogos e enciumada quando alguma garota se aproximava dele.”

“Oh, Merlin!” – exclamou Lily - “ Não pode ser, eu...eu não posso estar apaixonada por ele!”

“Ah querida, você só percebeu isso agora?” – perguntou Alice docemente enquanto acariciava o cabelo de Lily.

“É tarde demais, ele me odeia.”- sussurrou em meio às lagrimas, abraçando a cintura da amiga em busca de conforto.

“Te odeia?” – grunhiu Marlene parecendo que iria avançar no pescoço da ruiva – “No dia em que James Potter te odiar o inferno congela”

“Ele me odeia sim, eu pude ver nos olhos dele.” – insistiu, desejando o contrario.

“Tão tolinha” – murmurou Alice –“Querida, ele só está cansado de tantas patadas, não percebeu que ele ate parou mais com todas aquelas confusões que ele aprontava com os marotos e nem mesmo voltou a perturbar o Snape. Tudo isso por sua causa, ele estava tentando demonstrar que mudou, mas você nunca deu uma chance. ”

“Você é muito inteligente Lily, mas às vezes –principalmente quando você briga com ele- me dá uma vontade de te azarar por sua idiotice. ”

“Marlene está certa, além disso... Quem disse que está tarde demais?”

“Lice, ele não me quer por perto.”

“Só será tarde demais quando ele disser que não a quer, Lily.” – disse Alice olhando em seus olhos.

“Lute por ele, faça-o ver que você o ama.” – completou Marlene. “Lute, Lily Evans, lute.”

Em seu peito o coração batia dolorosamente, seria possível que James ainda sentisse algo por ela, mesmo depois de tudo o que ela fez e disse durante esses anos todos? Lily queria pensar que sim, mas e se ele não voltasse a falar com ela? E se não olhasse para ela da mesma forma? E se uma garota chamasse sua atenção? E se...

-Lily! – gritou Dorcas enquanto a sacudia. – Vai ficar parada aí, olhando para a parede?

-Desculpe. – murmurou em voz baixa e se dirigiu ao banheiro.

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Junto de suas amigas ela se sentia melhor e a dor diminuía consideradamente, infelizmente não ia embora ou ficava fácil de ignorar e foi pior quando ela sentiu o seu perfume. Ele descia as escadas de seu dormitório com os amigos atrás de si, os olhos de Lily se encheram de lagrimas, suas pernas travaram e uma vontade enorme de correr e abraça-lo se apoderou dela.

-O que de errado, Lily? – ouviu a voz distante de Alice perguntar, no entanto seus olhos nunca se desviaram do maroto de óculos. – Lily? LILY? – gritou Alice.

James virou-se em sua direção e por alguns instantes seus lábios se curvaram em um sorriso, o coração de Lily perdeu uma batida e então se acelerou em alegria, seria possível que ele estivesse feliz em vê-la? Então como se o sorriso nunca houvesse estado ali, seus lábios se transformaram em uma fina linha e James Potter saiu pelo retrato da Mulher Gorda.

Lily sentiu-se melhor, pelo menos ele não voltou a ignora-la como ontem, mas será que ela havia imaginado o sorriso? Suas amigas a arrastaram para o Grande Salão, Alice estava ansiosa para encontrar Frank e Marlene resmungava sobre quanta fome estava sentido, Dorcas ainda estava no quarto caçando seu livro de Transfiguração. Ela deixou-se ser empurrada em um acento qualquer por Alice e começou a tomar café calmamente, sua mente estava tão longe que ao ouvir sua voz ela quase se engasgou com o suco que estava bebendo.

-Evans, poderia passar o suco de abobora? – perguntou James em um tom de voz neutro, tremula Lily passou a jarra para ele, decidindo se as amigas mereciam ser azaradas por a colocarem ali de proposito.

Seus braços e pernas se roçavam a cada movimento que faziam, Lily pensou que sua cabeça ia explodir por tantos pensamentos que lhe dominaram a mente.

“A pele dele é quente e tem um cheiro bom” – pensou assim que organizou sua mente – “Ele é forte também, mas não de uma forma exagerada” – ela engoliu em seco com o próximo pensamento – “Queria saber como seria sentir esses braços a minha volta, seus lábios parecem ser macios, eu poderia ficar ao seu lado para sempre.”

-Evans? – chamou ele, erguendo uma sobrancelha.

-Sim? – respondeu assim que notou o olhar de expectativa dos marotos e de suas amigas sob si.

-Dumbledore pediu para lembrar-lhe que temos ronda hoje à noite. – informou e levantou-se partindo.

Ele estava indo embora e ela não conseguia pensar em nada para fazê-lo ficar, em seu desespero ela quase gritou e ficou contente que havia poucas pessoas no Salão e que nenhuma delas estava prestando atenção nela (com exceção de Sirius, Remus, Marlene e Alice).

-Pot...James! – chamou. Ele não se virou, mas parou de andar. - Preciso conversar com você.

Ele girou em seus calcanhares e a encarou, seus olhos pareciam brilhar, mas sua expressão era vazia de qualquer sentimento.

-Mas não aqui – apressou-se em dizer – e não agora. – disse mordendo os lábios nervosamente, o brilho nos olhos dele desapareceu. – Ah... Na biblioteca, na hora do almoço, tudo bem para você?

-Claro Evans.

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Lily não conseguia se concentrar em nada do que os professores falavam durante as aulas, seus olhos grudaram no relógio, seus nervos a estavam enlouquecendo na espera para a conversa que teria com James.

-Acalme-se Lily, pelo menos ele não parecia estar com raiva, ou feliz, ou triste, ou... – enumerou Marlene.

-Cale-se Marlene, ele não parecia estar sentindo nada, apenas incomodo e bem... vazio.

-Vazio? – questionou Alice.

-É...

-Gostariam de compartilhar o que tanto conversam? – perguntou severamente professora McGonagall.

-Perdão professora. – disseram as três ao mesmo tempo.

-Que isso não se repita Srtas. Evans, McKinnon e Preston.

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As horas restantes se passaram como um borrão, mas quando a hora marcada chegou ela correu para biblioteca a espera de James.

Ela sentou em uma mesa distante dos Ravens que estavam estudando ali, quando James passou pela porta Lily se perguntou como fora tão estupida em não perceber que gostava daquele garoto, como ela não notara que seu coração batia enlouquecido em seu peito, que suas mãos suavam e tremiam, que seu estomago parecia estar lotado de borboletas. Tudo isso apenas por vê-lo e quando ouvia sua voz, suas pernas fraquejavam, os pelos de seus braços se arrepiavam e todo o seu corpo esquentava com exceção de suas mãos que ficavam geladas.

-E então? – perguntou ele indiferente ao sentar-se em sua frente. – O que queria dizer Evans?

-Me perdoe. – sussurrou com a voz embargada e um grande fluxo de lagrimas acumulou-se em seus olhos. – Por tudo Pot...James.

James ficou calado por alguns minutos e parecia estar realmente chocado por suas palavras.

-Eu fui uma estupida, agi como uma... como uma... – soluçou e tentou achar a palavra certa.

-Shi!

Ele segurou sua mão e sem solta-la deu a volta na mesa e sentou-se ao seu lado a abraçando ternamente.

-Eu...

-Não diga nada, apenas respire fundo. – tentou faze-la se acalmar, mas os soluços e as lagrimas romperam toda a coragem que ela havia reunido, ao senti-lo ali tão próximo... as palavras escaparam de sua mente.

Lily agarrou-se em James como se ele fosse uma tabua de salvação, ela soluçava e o apertava, James apenas ficou ali abraçado com sua ruiva, esperando que ela se acalmasse não se importando com os olhares e cochichos e nem com as lagrimas que ensopavam sua roupa.

-Lily, tudo bem, pare de chorar, por favor, uma garota não deve chorar. Principalmente uma tão linda. – falou docemente secando suas lagrimas com o polegar.

Ela ficou hipnotizada por aqueles olhos cor de avelã, dando um último abraço apertado em James ela se afastou e ele voltou para a cadeira em frente a ela.

-Me perdoe James, eu fui uma cadela por todos esses anos. Confesso que ainda acho que você mereceu grande parte daquele tratamento, mas eu fui mais rude do que o necessário.

-Tudo bem, não precisa se estressar. – disse sorrindo – O que passou, passou. Sem drama e sem choro. – piscou.

-Durante todo esse tempo eu fui agressiva, maldosa e extremamente rude com você. – o jorro de palavra continuou.

-Lily...

-Só queria que soubesse que entendo o tratamento que me deu, mesmo que me machuque...- engoliu o nó que se instalara na garganta – eu sei que mereço.

-Lily...-tentou de novo.

-Não James, me deixe terminar – ele calou-se – sei que agora me odeia – ele abriu a boca para protestar, mas Lily botou um dedo o impedindo – mas gostaria de pedir que se possível, algum dia... me perdoasse.

-Lily, olhe para mim – pediu erguendo seu queixo com delicadeza, olhos verdes se encontraram com olhos cor de avelã – Você não precisa do meu perdão – dessa vez ele precisou colocar um dedo em sua boca para cala-la – e eu só fui grosso por que estava triste e magoado, mas eu tomei uma decisão aquela noite. – o coração de Lily se apertou pela intensidade do olhar de James – Eu nunca mais serei tratado daquela forma Lily Evans... e sabe porque? – perguntou em um tom serio que nunca antes foi usado contra ela (não por ele), ela negou com a cabeça sentindo as lagrimas transbordarem novamente, ele iria dizer que a odiava e não a queria por perto. – Por que eu entendi seus motivos e mudei, por que eu nunca vou deixar de te amar e por que nós seremos amigos. – depositou um beijo em sua mão – Agora vamos, ou nunca conseguiremos comer alguma coisa. – disse com um sorriso triste.

Lily não conseguiu pensar em nada para dizer, apenas se deixou ser levada por James. Ao sentarem a mesa para almoçar ela sentiu-se tão vermelha quanto os rubis de Griffindor com tantos olhos sob si, mas se forçou a agir normalmente mesmo estando constrangida e com o coração sangrando.

E tudo em que podia pensar era: Amigos? Por que amigos?