Edição 74 Jogos Vorazes Por Clove escrita por Lucia Ludwiig


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Ainda abraçada a Cato, consigo dormir. De madrugada, tenho um sonho, um sonho não, pesadelo. Tava amanhecendo na cornucópia e eu e Cato já estávamos lá, esperando por ela. Cato deu o sinal e eu corri na direção dela, quando fui atirar uma das minhas belezas nela, um trovão e um raio fez tudo ficar escuro. Então, o 11 chegou por trás de mim e arremessou-me pro ar e depois disse alguma coisa que eu não entendi e correu. Cato apareceu na minha frente sem um braço e todo ensanguentado e disse a mim que eu era uma idiota de achar que ele gostava de mim e etc... Depois, a garota quente disse que tinha que terminar o que o garoto do 11 tinha começado. Então, ela mata Cato na minha frente.

Eu simplesmente dou um pulo dos braços de Cato, que até ele se espanta.

- Clo, você tá bem? Foi um pesadelo?

- Cato, promete, por favor...

- Prometo o que quiser, fala...

- Não me deixa... Por favor...

- Claro que eu não vou te deixar Clove... Não tem sentido isso. Vamos, deita aqui.

Ele me puxa pro seu abraço e eu consigo dormir de novo. Dessa vez só acordo quando o sol já está lá no alto. Levanto e não encontro Cato ao meu lado, chamo o nome dele, que sem demora, aparece.

- Calma Clo. Eu tô aqui. Fui buscar comida pra gente.

- O que você trouxe?

- Consegui dois esquilos e um peru selvagem.

- Peru selvagem? Aqui tem isso?

- Acho que sim, né? Lembra... A gente já comeu uma vez aqui.

Lembro-me da sena da fogueira, eu depenando o peru e olhando feito uma boba a Cato...

- Bem, vamos comer então.

Cato faz o fogo enquanto eu depeno o peru e tiro lascas de carne dele e dos esquilos. Teremos espetinhos de carne de esquilo e de peru para o café da manhã.

- Tá pronto, Clo.

Sento-me ao seu lado e começo a comer o esquilo. Cato olha pra mim e fala:

- O que será que vai acontecer hoje?

- Sei lá, mas espero que seja um dia bom... Quantos tributos ainda restam, Cato?

- Eu e você, a ruivinha, o monumento do 11 e o “casal desafortunado”. – ele ri depois de falar isso.

- Casal desafortunado... Fala sério! Isso é... Sei lá... Péssimo! -digo

- É verdade... Já devem estar fazendo as entrevistas né?

- Aham... O que será que eles vão perguntar para as nossas famílias?

- Sei lá... Devem tá perguntando que agora que estamos tão pertos de vencer, o que eles acham disso... sei lá, essas coisas...

- Hm, mamãe diria que “a Clo sempre foi muito determinada e eu tenho certeza que ela vai vencer”.

- O problema nisso, é que determinação não conta para a sobrevivência...

- É mesmo. Bem, pelo menos, eu já ganhei um presentinho de patrocinadores, então, eu vou morrer feliz.

- Que pensamento é esse, Clove? Nem começa, viu? Agora estamos muito perto do fim dessa edição, e quando restar apenas nós dois...

- O que?

- A gente vê como faz.

- É melhor pensar agora, Cato. A capital não espera por muito tempo.

- Eu sei, mas eu não quero ter nenhum pensamento equivocado, então esse assunto termina aqui e agora.

- Ok, então.

Levantamos e arrumamos o nosso pequeno acampamento, que consiste em uma fogueira e um colchão de dormir. Tudo o que temos agora consiste em duas bolsas, com um colchão, fósforos, óculos de enxergar no escuro, as folhas que eu peguei com a droga do Conquistador, duas garrafas de água e outras coisinhas menores. Nós já estamos prontos para caçar. Primeiro, passamos no rio para encher nossas garrafas e nos refrescar um pouco. Examino a água do rio com cuidado, e de repente, dou um pulo dentro da água.

- Clo! Sai daí!

- Não!

Ele não pensa duas vezes e pula junto a mim. Brincamos na água, feito duas criancinhas tomando banho de banheira. Depois de um tempo, ele sai e estende a mão pra me ajudar a sair.

- Que ideia, hein?

- Eu tava com um pouco de calor... –digo

- Agora estamos ensopados!

- Isso não é problema, Cato... Não para nós...

Depois de uns pulinhos para retirar um pouco a água, entramos na floresta e começamos nossa jornada. Tiro o meu casaco e o penduro na mochila, para não ficar resfriada. Cato faz a mesma coisa. Caminhamos bastante, até que ele dá uma topada segura em uma pedra.

- Ai! Droga!

- Calma, foi só uma topada.

Cato tira o tênis – é, nós banhamos calçados – e deixa a mostra o dedo ensanguentado. Não queria dizer nada, mas isso tá realmente nojento!

- Eca, Cato.

- Ai! Tá doendo.

- Sobrou algum remédio na bolsa?

- Acho que não.

- Que ótimo então!

De repente, um paraquedas cai perto de Cato.

- Eu vou lá ver.

Abro-o e encontro uma caixinha com gaze e um pó, e um bilhetinho dizendo “amarre bem, e lembre-se de não se preocupar com besteiras”. Tá, o que ele quis dizer com “besteiras”? Tem haver comigo, ou só com o dedão dele mesmo?

- O que é?

- Gaze.

- Obrigado.

Mergulho a gaze no pó estranho e amarro bem firme no dedo de Cato.

- Ai! Tira esse negoço! Tira, tira! Tá ardendo! Ai!

Cato berra e tenta tirar a gaze, mas eu fiz um nó muito bem feito. Agora eu me lembro! Esse pó é o mesmo que aquela menina botou no meu dedo quando ela tirou um bife dele... Éguas, isso arde muito!

- Calma Cato, daqui a pouco passa.

- Já passou.

- Você vai calçar o tênis?

- Não.

- Cuidado pra não furar o pé, então.

Seguimos no mesmo ritmo, até que dessa vez sou eu quem para.

- Que foi Clove?

- Tô com fome.

- Então vai buscar nosso almoço!

Olho pro dedão dele, e a gaze está ensopada de sangue. Pelo visto, vou ter que caçar.

- Só dessa vez, viu?

Pego a faca da mochila e ando pra qualquer direção. Avisto algo se mexendo nas árvores, e atiro minha faca. O animal cai mortinho a poucos metros de mim. Que ótimo, peguei uma ratazana! Será que isso é comestível? Tanto faz. Pego, é claro, um esquilo. Volto para onde Cato está e jogo os animais na frente dele.

- Pronto, ta aí.

- O que é isso daqui?

Ele pega no rabo da ratazana e ergue o bicho com uma cara meio estranha.

- Isso é uma ratazana. Um rato grande.

- Eu não vou comer isso, Clove. – e ele joga o bicho pro lado.

- Vai sim! Quem mandou machucar o dedo? – vou no animal e pego-o pelo rabo, em seguida, arremesso em Cato.

- Que nojo. Você come isso e eu como o esquilo, pode ser?

- Não, oras...

- Por favor...

Ele me olha com um olhar tão... tão... fofo, que eu aceito sua proposta. Faço fogo e boto os animais lá, enquanto o folgado do Cato só fica vendo. A única coisa boa disso tudo, é que minha roupa já secou. Os animais ficam prontos, e nós os comemos. Terminamos e ficamos sentados, sem dizer nada. Sabe, depois de comer uma ratazana nojenta e ruim, é só isso mesmo que eu quero fazer.

- Eaí, tava bom o rato?- ele pergunta com um riso no canto da boca.

- Não – Olho pra a ele com muita vontade de vomitar em cima dele.

- Pois o esquilo tava uma delícia!

- Que raiva, para com isso menino. Vamos logo!

Levanto-o e andamos mais um pouco. Não demora muito, e um barulho de trombeta se inicia. Logo, a voz de Claudius Templesmith invade o ambiente, e ele diz uma coisa... A coisa mais importante que eu ouvi nesses últimos dias... Ele disse que as regras mudaram, e que dois tributos do mesmo distrito poderiam vencer. Olho para Cato, e ele abre um sorriso enorme e diz:

- Vamos voltar pra casa, baixinha!

Pulo em cima dele, e em seguida, ele me beija. Sim, agora sim! Poderei voltar para casa e construir minha família ao lado de Cato! Prepare-se garota quente, porque eu já estou preparada.


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Notas finais do capítulo

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