Cato olha pra mim, e depois fita a parte da floresta que está completamente em chamas. O fogo avança com uma velocidade incrível, e quando me dou conta, já estamos correndo a uma velocidade mais incrível ainda. A Ginger vai correndo atrás, muito ofegante. Ela para algumas vezes para recuperar o fôlego e rapidamente continua a correr. Estou correndo muito rápido, posso dizer que estou na liderança. Cato vai ao meu lado, e Marcos bem atrás da gente. O Conquistador se movimenta bem rápido também, mas, assim como Ginger, para algumas vezes pra recuperar o fôlego. Cato desvia de alguns galhos, e por estar bem próximo a mim, acaba me empurrando. O fogo vai ficando bem atrás, e decidimos parar quando encontramos um lago. Jogamo-nos dentro dele, sem nos preocuparmos com a roupa. Meu braço esquerdo tá um pouco machucado devido aos “leves” empurrões de Cato, que faziam com que eu o batesse em galhos, ou até mesmo, em troncos de árvores. Olho para o braço, e depois pra ele.

- Obrigada – digo a Cato

- Não tem de quê.

Reabastecemos as nossas garrafas com bastante água, depois de sairmos do delicioso lago. Nossas roupas estão encharcadas, e Ginger aproveita a deixa para tirar o casaco e ficar só com a regata branca ( que tá totalmente transparente). Marcos olha pra mim e depois pra ela, e diz:

- Esse riacho veio a calhar, não é mesmo?

- Nossa, Marvel, ninguém entendeu esse duplo sentido! – falo

Ele ri junto comigo, e acho que a Ginger ficou chateada ou constrangida, porque ela coloca o casaco imediatamente.

- Marvel, vai junto com o Conquistador pegar comida pra gente? – pergunta Cato

- Ah, Cato, tô cansado...

- Deixa o Marcos descansar, eu posso ir junto com ele.

- Valeu Clôzinha – Marcos fala depois de se espreguiçar e se encostar em um tronco.

- Clôzinha me lembra cozinha. Não me chama mais assim.

Pego mais uma faca na bolsa, estou com quatro no total, e saio junto com meu companheiro de caça. Eu não me saio muito bem nisso, mas consigo pegar um esquilo de bom tamanho. O Conquistador pegou dois, e mais um coelho. Depois, nós voltamos para o acampamento que os meninos arrumaram, porque é claro, a Ginger não fez nada. Isso me irrita muito! Por que essa lesada não ajuda um pouco? Nem que seja pra acender a fogueira, ou sei lá. Que droga, a gente se mata pra arrumar a comida e as barracas, enquanto ela fica reclamando que “a unha dela tá horrível, e que ela precisa cerrar”. Ah, faça-me o favor!

- Se você reclamar de mais alguma coisa, eu juro que eu mesma vou aí te calar.

- Nossa, tô morrendo de medo!

- É pra tá mesmo.

- Vai cuidar da sua vida, idiota.

- Eu tô cuidando! E você devia me agradecer porque eu tô ajudando a cuidar da sua.

- Como é que é, garota?

- Você acha que esses esquilos vieram caminhando na maior felicidade dizendo “me matem, por favor!”? Não! E você, que não faz nada, ainda vai comer deles. Sabe, você deveria ir arranjar seu próprio alimento.

- Eu não. Foi você mesmo que se encarregou de conseguir a comida.

- Eu devia ter pego o suficiente para quatro pessoas.

- Claro que não! Nós somos aliadas esqueceu?

- Não. E sabe por quê?

- Não.

- Porque você ainda tá viva.

Dou a conversa por encerrada. O Conquistador ficou calado o tempo todo, enquanto Marcos e Cato preparavam o jantar. De vez em quando algum deles parava pra ouvir. A comida rapidamente fica pronta, e comemos em silêncio. Depois, na hora de dormir, eu falo:

- Eu não quero dormir com ela.

Eles me olham, e Ginger concorda.

- Então, o que a gente faz? – pergunta Marvel. – Eu poderia dormir perfeitamente com a Glimmer.

- Não Marvel! – ela dá um corte rápido

- Se não se importa Conquistador, eu prefiro dormir sozinha hoje.

- Não, tá legal.

Eu fui dormir na barraca dele, sozinha. Não fiz questão de saber quem morreu, se é que algum morreu, e nem de saber quem ficou de guarda. Arrisco que Marvel fez o primeiro turno, e depois o Cato. Gostei do que aconteceu hoje na arena, um pouco de adrenalina, era o que faltava. O que será que vai acontecer amanhã? Espero que eu encontre a garota quente. Como será que ela tá lidando nessa arena? Bem mal, espero. Depois de longos pensamentos, acabo adormecendo sonhando com Cato e eu sendo vitoriosos da edição 74º dos Jogos Vorazes.