Pov: Narradora.

Às vezes nos deparamos com coisas impossíveis, coisas que lutamos para fazer possíveis, sempre. Pode até parecer loucura tentar lutar contra o inevitável, mas as vezes não vemos que o chamado de "impossível" pode ser somente difícil. Alguns dizem que tudo depende de você acreditar ou não que pode reverter a situação, mas outros, bem, estes preferem acreditar que tudo que uma questão de sorte, se der, você consegue. Existem milhões de teorias por aí que dizem o que podemos ou não fazer, que servem apenas para nós dar o intuito de que há sempre algo que não podemos conquistar, algo fora do alcançe de nossas mãos, mas... (sempre existe um "mas") somos capazes de desafiar todas as teorias, somos capazes de fazer diferente. É comum encontrarmos obstáculos no caminho, é quase certo que isso acontecerá, mas existe a tragédia comum de que muitas das vezes desistimos por ver que teremos que lutar um pouco mais para conseguir. O problema da maioria das pessoas é parar de lutar quando vê que o inimigo é muito maior, mas e aqueles que continuam lutando? Eles chegam lá? Sim, eles chegam lá, depois de um longo caminho... mas vale a pena, porque eles podem dizer que venceram, porque eles podem dizer que foram até o fim. É assim como aquelas histórias de amores proibidos (é nesse ponto que queria chagar), eles nunca são fáceis, mas são reais... e sempre enfrentam o mundo para que que pelo menos no fim haja um final feliz, ou algo assim, pelo menos, com um final feliz ou não, os protagonistas podem dar o exemplo de "formos até o fim". Muitos tem medo da chegada do fim, porque afinal, o fim é simplesmente o fim. Não sabemos o que vem depois dele, mas a parte principal nos romances impossíveis é justamente lutar com unhas e dentes para chegar ao fim, seja ele bom ou não.

Percy poderia muito bem dizer que já vivera o bastante de seu "amor proibido" e podia muito bem concordar de que chegara o fim, mas havia um parte dele, muito forte, que queria continuar lutando, uma parte que gritava que aquele final não era o fim certo para eles. Ele iria lutar por ela, ainda não estava pronto para largar aquela batalha, eles teriam um final melhor que aquele. Não fazia ideia de como reverter aquilo, mas ainda podia ter uma chance... uma chance de ser feliz com ela. Mas para isso, primeiramente, ele teria de se afastar, não haveria mais como ficar perto dela, pelo menos não naquele momento. Ele sentia sua vida sair de seu corpo, sentia... não sentia mais nada. Não era mais humano, não era mais aquele homem que Annabeth conheceu, agora ele era apenas mais um guardião. Não havia mais nenhum ponto nele que permanecesse humano, era apenas mais um espírito, um ponto de luz, algo assim.

Ele não podia sentir mais nada, mas ainda guardava o amor que sentia por ela dentro do peito. Estava de volta no palácio dos guardiões mais uma vez, fizera a sua escolha. Decidira deixá-la. Podia parecer egoísmo, mas não era. Era a sua forma de ficar ao seu lado outra vez, ele podia estar com ela mais um vez, mesmo de longe, como no início de tudo. Estava sem ela, mas estava com ela mais uma vez. Ele não desistiria de estar com ela, não desistiria daquele "nós" que estava construíndo com Annabeth. Ele sonhou tanto com aquele "nós" que o mínimo que podia fazer era proteger o que restara dele. O momento da escolha fora o mais difícil de sua vida. A morte lhe pareceu interessante, pelo menos ele não sofreria mais por não poder estar com ela, seria rápido, fácil e sem maiores complicações, mas tinha um porém... ela teria de vê-lo morto e ainda teria a tarefa de enterrá-lo, e ele não queria isso, não queria que ela o visse partir assim. Escolheu voltar ao mundo a que pertence, pelo menos assim ele podia continuar ao lado dela. Ele sabia que não voltaria  descer ao mundo dela, mas mesmo assim continuaria alí, com ela, sempre. Ele sabia que tinha contrariado as espectativas de Nico, sabia que além dele, todos do conselho ficaram sabendo que escolhera voltar, a maioria deles deveria estar realmente impressionado com sua decisão, a maioria poderia até ter ficado desapontada com ele, Ele deveria ter ao menos uma morte honrosa, do estilo "prefiro morrer ao deixá-la".

Mas Percy não queria ser o "Romeu" da história, muito menos fazer de Annabeth sua "Julieta", não era sua intenção tornar aquela história mais um exemplo de amor impossível que acaba mal, não nada disso. Ele não tinha um plano, muito menos uma estratégia de como agir para pelo menos tê-la de novo, nem sabia se isso era possível, mas não iria desistir. O laço que criaram era forte, muito mais forte do que ele imaginara, não podiam romper aquele laço, nem com a força mais poderosa do mundo. Era difícil saber ao certo o que estava reservado à ele. Ouviu uma vez alguma coisa sobre antigas profecias e destinos trilhados, algo que ouviu Gabriel falar sozinho uma vez sobre alguma coisa haver com isso, tinha medo do que podia acontecer, mas se permaneceria forte, por ela, sempre.

-Percy! -Nico disse cumprimentando o amigo animado. -Você está vivo, cara! -disse quase que impressionado.

-É, é o que parece. -Percy respondeu sem animação. -Se você chama isso de estar vivo. -apontou para si mesmo, sua aparência horrível, a tristeza evidente em seu olhar, não estava bem.

-As coisas vão melhorar. -disse Nico tentando dar um apoio ao amigo, mas os dois sabiam que nada garantia que isso iria mesmo acontecer.

-Quem sabe? -Percy tentou paracer animado.

-Você ainda está protegendo-a?

-Sim... Foi o único jeito que consegui para permanecer perto dela.

-Gabriel deve ter ficado feliz com a sua volta.

-Ficou, mas ainda temos coisas pra conversar... -disse ele com um certo mistério.

-O quer dizer com isso?

-Que essa história ainda não acabou, eu ainda vou ficar com ela.

-Percy... você sabe que as regras não deixam... -Nico começou a dizer, mas Percy o cortou.

-E desde de quando eu deixo que essas regras me impeçam de fazer alguma coisa? Eu a amo... Nada vai me deixar longe dela por muito tempo, esperei 18 anos para poder estar com ela, posso esperar um pouco mais para ficar com ela para sempre...

-Percy...

-Não há nada que você ou o Gabriel possam dizer para me fazer mudar de ideia. Eu não desistirei do "nós" que construí com Annabeth