The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente! Esse está meio grandinho, né? =/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232076/chapter/7

A lua já se encontrava no céu quando sai da casa de minha avó com seu fusca velho.

 Lembrava-me que a prefeitura não ficava muito longe dali... Mas, pensando bem... Todos os lugares eram consideravelmente pertos, pois a cidade era um ovo de tão minúscula.

 Minha mãe gostava de me trazer na prefeitura para ver os papéis que ela costumava mexer. Mamãe já foi secretária do prefeito uma época e dizia que não gostava, era muita intriga, muita chateação e incômodo, então preferiu sair da cidade e ir para cidade grande tentar carreira como jornalista, foi em uma entrevista de emprego que ela conheceu meu pai... Richard. Ela costumava dizer que no momento que o viu sabia que ele era o homem certo para ela, o que é claro! Era mentira.

 Papai sempre foi muito reservado e quieto, não gostava de intrigas e só falava o que deveria, nunca o vi levantar a voz ou se exaltar, era um excelente pai, adorava quando ele sorria para mim após contar uma história para eu dormir, quando tinha uns 5 anos de idade. Seus dentes são tão brancos... Era o que eu sempre pensava quando ele sorria. Dentes certos e brancos, lábios finos, porem rosados, pele branca, olhos cinza com pequenas rugas aparecendo, demonstrando sua idade, cabelos cor de fogo, já com algumas mechas em grisalho e corpo esquio, alto e forte. Costumava chamá-lo de Rony Weasley, se parecia muito com o personagem da saga Harry Potter, só que bem mais velho.  

 Meus olhos já estavam começando a se encher de lágrimas. Doía-me muito lembrar de meus pais, eles sempre foram muito presentes na minha vida. Apesar de eu ser bastante fria em relação a isso, ninguém sabe como meu coração aperta ao lembrar que eles não estão mais ali e que nunca mais irão voltar. O que me conforta é pensar que eles estão em um lugar melhor, mas o vazio é mais forte que qualquer concepção da vida após a morte. Espero que eles fiquem orgulhosos de mim quando eu conseguir provar que não fui eu que os matei. Eu os amo! Por que faria isso?! Não faz nenhum sentido! Mas, irei descobrir quem foi e vingar a morte deles!

 Já começava a ver a construção antiga da prefeitura. Grande com seus pilares sustentando uma varanda feita para nada! O telhado velho, mas pintado fazendo-o parecer intacto, a cobria. Apesar de ser uma linda construção com pilares e uma cor de madeira avermelhada, deixando-a mais chique e rústica, ainda sim era defeituosa.

 Tinha uma escadaria não muito grande, um jardim bem cuidado na frente e um caminho cortando-o. As luzes estavam acesas e já de onde eu estava conseguia ouvir a música e a voz alta de pessoas escandalosas.

 Estacionei meu carro no antigo estacionamento, ao lado do casarão.

 Desci e pus as chaves no decote de meu vestido. Eu realmente deveria ter trazido uma bolsinha! - pensei.

 Nunca gostei de bolsas, sempre de mochilas transversais, me davam uma segurança de poder vê-la e senti-la batendo contra minha coxa.

 Caminhei corajosamente até o portão de entrada. Era uma porta realmente pesada, grande e de classe.

 Eu não sabia o que esperar... Não sabia onde era exatamente, mas pela multidão, já no térreo imaginei que fosse ali mesmo.

 Passei por várias pessoas que nunca havia visto na vida! Ou havia visto, mas não me lembrava, ultrapassei a pesada porta e meus olhos se encheram de luz.

 A prefeitura não se encontrava mais como eu lembrava, pelo menos por dentro. Estava cheia de lustres enormes de cristal no teto, toques de ouro nas escadas que davam para o segundo andar, piso de porcelana branco e paredes pintadas de creme. Nada que eu me lembrava estava lá... O piso de madeira, as lâmpadas quase despencando do teto alto, paredes pintadas de branco e escadas de madeira. Eu particularmente preferia do jeito que era.  

 Adentrei cada vez mais, com passos pequenos e olhos bem abertos para ver se encontrava Petrick, não gostaria de ficar sozinha a metade da festa.

 Havia uma grande mesa com comidas refinadas que eu nem quis ir ver o que era, mas de longe dava para ver a lagosta exposta como prêmio no centro da mesa.

 Várias pessoas estavam em pé, conversando com taças de vinho branco nas mãos. Mulheres bem maquiadas, vestidos longos, penteados que devem ter demorado horas para serem feitos e sapatos altíssimos, o que me fez pensar que eu jamais usaria alguma coisa nos pés com mais de um centímetro. E os homens de terno e gravata borboleta. Uma festa realmente chique!

 -Que bom que veio! – ouvi a voz grossa e melódica de Petrick.

 Virei-me no mesmo instante e pude ver o quanto ele ficava bonito em um terno.

 -Ah! – disse ao me espantar com seu enorme sorriso. – Olá! – sorri de volta para ele.

 Ele veio em minha direção, o que me fez estremecer por alguns segundos, até ver o que ele realmente iria fazer. Ele me deu um beijo em cada bochecha, beijos rápidos, mas que já me fizeram ficar um pouco nervosa e corada, quando comecei a arranhar meu vestido.

 -Está linda! – disse ele ao se afastar e me analisar por um momento.

 -Obrigada! – disse super envergonhada.

 A única vez que um homem disse que eu estava bonita era meu pai na minha festa de 15 anos. Eu não era acostumada a ouvir elogios, então não sabia como reagir a eles.

 -Quero que conheça meus pais! – disse ele me puxando delicadamente pelo braço.

 -Por quê?! – será que ele achou que eu estava realmente interessada nele e já queria me apresentar para os pais?!

 Eu nunca tive um namorado e mesmo que ele fosse bonito, galante, fofo, forte e tudo mais... Não era ele que eu queria como namorado. Tinha alguma coisa nele que não me agradava.

 -Meu pai é o prefeito. Quero que conheça você. – sorriu ele em frente a um homem de cabelos grisalhos, alto, com costas largas e com terno preto e a uma mulher de vestido azul marinho até os pés e cabelos loiros presos em um coque bem desenhado.

 -Não... – sussurrei para Petrick, mas ele já havia cutucado o braço do pai.

 -Esta é Melany Black. – disse ele ao pai. – Melany, este é Hugo Randerson.  

 Mas, ele não me apresentou como uma menina nova na cidade e sim como uma pessoa que foi embora e retornou. Mas, quando vim pela última vez era criança e não havia conversado ou nem se quer olhado para nenhum menininho.

 Seu pai parecia-se muito com Petrick! Rosto angelical, boca rosada e olhos azuis acinzentados, seu sorriso estampado nos lábios não me parecia muito contente, portanto forçado.

 -Olá Melany! É um prazer te conhecer! – disse ela cutucando sua esposa para que me olhasse.

 Olhos verdes, pele branca e esticada, boca vermelha como o sangue, olhos pintados de preto, uma completa esnobe, olhando-me de cima.

 -Olá... – falou ela pouco se interessando.

 -Oi! – falei menos interessada que ela.

 Já não queria falar com os pais dele, agora... Menos ainda!

 -Amor! Olha como fala! – disse o homem entre os dentes para a mulher.

 -Hum! – disse ela com seu nariz em pé e caminhando em direção a outro casal que estava perto das escadas.

 Olhei-a ir até eles, mas o pai de Petrick voltou a falar e me tirou a atenção:

 -Desculpe pela minha mulher, ela é um pouco... – ele parecia não achar a palavra.

 -Esnobe? Estranha? Arrogante? Estúpida? – falei alto, agora a encarando novamente. Esperava que ela ouvisse.

 Petrick arregalou os olhos, juntamente ao pai e a mulher.

 -Vamos ser sinceros... – falou o pai de Petrick, curvando-se um pouco para frente. – Sim, isso mesmo! – riu ele.

 Ok! Pensei que eu iria afastá-los de mim, mas não! Ele concordava comigo. O que não é uma coisa boa, pois são marido e mulher, ele deveria tentar argumentar alguma coisa, dizendo que ela não é nada do que parece e que só está em um dia difícil, mas já que fez o contrário e ainda riu, significa que ele é falso com ela, assim não é confiável.

 Mas, como sei ser como eles, ri do comentário que fez, que até tinha um pouco de graça. O marido zombando da própria esposa... Realmente hilário!

 -Mas, então Melany... - Falou Hugo. - O que te traz aqui? – ele pos o braço em meus ombros e partimos a andar pelo salão junto a Petrick.

 Seu pai já parecia um pouco alegre demais, talvez fosse fraco para bebida, ou apenas se embriagou. Conseguia sentir o cheiro com álcool vindo de sua boca.

 -Vim visitar parentes. – falei, tentando afastar meu rosto de seu rosto.

 -Dolores, pai. – disse o menino, se metendo na conversa. Estava começando a não gostar mais tanto dele.

 -Ah! Sim... – falou ele com a voz já começando a ficar alterada. – Ótima mulher, esta! – sorriu ele.

 -Pai... – falou Petrick, tirando o braço de Hugo de cima de meus ombros. – Acho melhor ir mostrá-la a prefeitura. – disse ele, claramente desajeitado.

 -Sim, vá! – falou ele rindo e indo em direção a mãe de Petrick que eu nem ao menos sabia, mas não fazia a mínima questão.

 -Desculpe meus pais. – falou ele cabisbaixo, me conduzindo entre várias pessoas até algum lugar.

 -Tudo bem. – sorri.

 Andamos em silêncio pela multidão até uma sala de troféus da cidade. Não havia muitos, mas os que estavam ali, eram lindos! Grandes, de ouro e prata, muito bonitos.

 -Vai ficar aqui por mais tempo, não é? – disse ele, aparentemente esperançoso que eu ficasse.

 -Não. Irei hoje, mais tarde. – não queria dizer que só não fui embora ainda por que eu queria vir nesta merda de festa. Pensei que Petrick fosse mais... Não sei... Cavalheiro.

 -Que pena... – disse ele, olhando para um dos troféus.

 -É... – eu estava louca para ir embora! Preferia ir para casa do que ficar ouvindo aquela música chata, olhar para os pais dele e ver o quanto ele não era o que eu esperava.

 Ficamos em silêncio por um momento, até que ouvimos uma mulher gritar.

 Todos correram em direção ao grito, me incluindo.

 Mas, era ridículo o motivo pela qual ela gritou. Seu anel tinha caído dentro do ponche e não queria sujar as mãos delicadas dela. Odeio gente fresca!

 -Não se preocupe senhora... – já estava dando meia volta quando ouvi a voz de alguém, um homem, mas ao me virar surpreendi-me ao ver um garoto que deveria ter entre 18 e 19 anos dobrando sua manga e terno para pegar o “precioso” anel da madame. Não sabia que naquela cidade havia tantas madames.

 O garoto mergulhou seu braço e pegou o anel.

 -Obrigada! – disse a mulher que aparentava estar na meia idade, com vestido preto e decotado com um sorriso enorme após pegar seu anel.

  -De nada senhora. – falou ele rindo e tirando o braço de dentro do ponche.

 Estava de costas, então não pude ver seu rosto, mas quando se virou, vi que apesar do corpo de um garoto, sua voz e rosto eram de um adulto.

 Olhos verdes e expressivos, embaixo de sobrancelhas grossas, nariz fino, boca volumosa e meio rachada, cabelos bagunçados e castanhos claros, com um piercing no lábio inferior. Mas, havia algo nele que eu não conseguia decifrar. Seu terno era despojado, e sem gravata. Mas, uma coisa de assustou terrivelmente. Ele tinha uma serpente tatuada no braço esquerdo e com a cabeça em suas mãos.  

     

     

 

            

       


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Curiosos?! =D